“para conhecer a natureza dos povos é preciso ser Príncipe, e para conhecer a [natureza] dos príncipes, ser do povo”.
Maquiavel
Fotografar Brasília parece algo tão comum, tão elementar e, aparentemente, tão esgotado... Mas para este arquiteto, fotografar Brasília pode ser um exercício de convivência com a cidade, um exercício de estar entre a monumentalidade dos espaços cívicos e o intimismo das superquadras, em que a escala gregária se mostra intensamente urbana, enquanto sua instância bucólica se evidencia sem nostalgia. Para fotografar Brasília ele precisa deambular, mover-se, colocar-se em movimento: circular, subir, descer, entrar, ficar. Sua estratégia de perambular por Brasília com uma máquina — digamos, doméstica — possibilita jogar com seus fluxos, com suas cifras, com seus códigos e seus tempos. Andando malandramente de viés entre parangolés, barões e candangos, outras Brasílias se revelam para além da urbe/civita de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, JK, Ernesto Silva e outros pioneiros. A Capital implantada no cerrado subverte a lógica dedutível dos primeiros momentos e vai se revelando: é preciso conhecer para desmistificar. Estas dezesseis fotografias resultam deste exercício cotidiano, mesmo se tudo parece já ter sido mostrado, quando mais do mesmo, pode ser outra coisa.
[texto de Carlos Café, arquiteto, fotógrafo e curador]
sobre o fotógrafo
Eduardo Pierrotti Rossetti, arquiteto, técnico do IPHAN-DF, Doutor em arquitetura e urbanismo (FAU-USP), pesquisador associado junto à FAU-UnB