No Verão norueguês, a cidade de Oslo é um convite à exploração! Com praticamente 20 horas de sol por dia, a cidade se ilumina e a população invade os espaços livres e o centro da cidade. Como as estações do ano são marcadas pela presença ou não do sol na Noruega, essa é a época em que as pessoas podem aproveitar a cidade como um ponto de encontro e para a prática de atividades de lazer.
Estive em Oslo no mês de junho de 2012, e fiquei encantada com os espaços urbanos e com a facilidade de orientação espacial e legibilidade da cidade. Não tive problemas para me locomover pela cidade, usar o transporte público, ou mesmo encontrar os pontos turísticos sozinha.
Na Noruega existe um Plano Nacional de implementação de Desenho Universal nos espaços livres e nas edificações públicas. A cidade de Oslo tem procurado implementar as diretrizes de desenho universal de forma bastante eficiente, o que é evidenciado na preocupação com a orientação espacial de seus cidadãos e das pessoas que visitam a cidade. Por toda a cidade há mapas mostrando onde a pessoa se encontra e o que há no entorno, incluindo informações em Braille.
No Aeroporto Internacional de Oslo (Lufthavn) todas as placas informativas estão em norueguês e em inglês. Neste mesmo aeroporto é possível acessar a Estação de Trem Gardermoen, onde há trens para o centro de Oslo e para outras localidades, com intervalo máximo entre trens de 10 minutos, normalmente em 2 minutos.
A estação de trem no centro de Oslo (Oslo Sentralstasjon) também possui uma facilidade incrível de orientação, com placas e pisos táteis levando às saídas principais. Em frente à estação há um grande largo com um posto de informações turísticas.
Ao atravessar a via Stradgata, em frente à estação central, se encontra um grande mapa da cidade, com informações de todos os transportes públicos da cidade (ônibus, trens e trens elétricos que são chamamos de trän), e também com informações táteis para as pessoas com deficiência visual.
Em todas as paradas de ônibus ou trän há informações sobre as linhas que passam naquele ponto, com indicação do mapa por quais pontos e vias o transporte passa e também há informação de quanto tempo de espera teremos até o próximo ônibus chegar, o que ocorre de forma extremamente pontual.
Com esta facilidade de orientação, não tive problemas em visitar e conhecer a cidade. Foi muito interessante conhecer os pontos turísticos, mas também as edificações típicas da cidade. Na via Storgata, me deparei com diversas edificações com características visuais similares que possuem um mesmo modo construtivo, gabarito, organização de fachada, tendo inclusive o mesmo tipo de ocupação (comércio no térreo e residência nos demais pavimentos).
No meio desta homogeneidade visual, deparei-me com a Schous, projeto do MAD, que transformou uma antiga cervejaria em um conjunto habitacional.
O centro da cidade é cercado por prédios históricos e pequenos largos onde a população pode se apropriar. Vale a pena uma caminhada pela via Karl Johans Gate para ver as praças urbanas, os largos, o comércio, os barzinhos. Esta é uma das principais avenidas da cidade e que contém boa parte do comércio central da cidade e algumas das edificações mais importantes também, como o Teatro Nacional.
Outra peculiaridade observada na cidade foi a reforma das edificações da Universidade. Suas fachadas estavam sendo restauradas e estavam cobertas por um painel com a imagem da própria fachada com o objetivo de proporcionar aos transeuntes a visualização da paisagem original no local.
Na região mais próxima à orla, encontram-se diversas edificações importantes para a cidade, como o Nobel Peace Center e o Oslo City Hall, e também a Praça Rådhusplassen em frente a baía, permitindo sua contemplação.
Tive a oportunidade também de realizar um passeio de barco, uma experiência única que permite admirar a cidade a partir da baía. Uma das edificações mais famosas em Oslo, o Opera Hall, tem sua fachada mais interessante de frente para a baía de Oslo.
O passeio de barco permite conhecer melhor os fiordes de Oslo e toda a ocupação do litoral da cidade. Uma das fotos mostra um pouco desta paisagem ímpar, com a famosa rampa de esqui Holmenkollen ao fundo.
Um pouco mais afastada do centro da cidade, conheci a Escola Fyrstikkalleen, uma escola de ensino fundamental e médio que teve sua reforma finalizada em 2010. Antigamente o edifício era uma fábrica que foi totalmente remodelado para receber a escola. O pátio da escola conta com uma configuração espacial em linha, que contempla diversos espaços de estar e também para a prática de esportes no período do verão.
Entre os locais mais interessantes para conhecer além do centro da cidade, sugiro também os parques, pois há belezas naturais, e o preciosismo com que as plantas são cuidadosamente compostas nos espaços verdes é realmente impressionante! Todos os espaços abertos são muito bem cuidados, com muitas flores e muito limpos, em especial o Jardim Botânico da Universidade Toyen Hagen.
Além disso, alguns parques tem uma preocupação com o acesso de todas as pessoas como, por exemplo, o Svarttjern Water Park (figuras 19 e 20) que possui uma rampa de acesso para pessoas em cadeira de rodas até a água.
A cidade de Oslo tem todas as características urbanas de uma grande cidade, bons parques, edificações contemporâneas representativas e preservação histórica de conjuntos antigos. Além disso, tem a peculiaridade de contar com um Plano de Desenho Universal Nacional que contribui muito para a exploração dos espaços urbanos. É, portanto, um ótimo local para conhecer!
sobre a autora
Vanessa Goulart Dorneles é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Atualmente é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (PósARQ) da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, onde também desenvolveu seu mestrado com o tema de acessibilidade para idosos em espaços abertos. Suas áreas de estudo concentram-se sobre os temas de desenho universal e paisagismo.