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architectourism ISSN 1982-9930

Catedral de Brasília. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
O passeio por Sevilha revela a miscigenação de uma grande cidade europeia que se apoia na herança artística árabe através de monumentos arquitetônicos singulares e justaposições arquitetônicas que remetem a um período em que o oriente era só luz.

english
The tour inSeville reveals miscegenation of this great European city that is supported by the Arab artistic heritage through unique architectural monuments and architectural juxtapositions that refer to a period when the east was only light.

español
El paseo en Sevilla revela mestizaje de esta ciudad europea que se apoya en la herencia artística árabe a través de monumentos arquitectónicos únicos y yuxtaposiciones arquitectónicas que hacen referencia a un período en que el oriente era sólo la luz.


how to quote

DE OLIVEIRA JORGE, Liziane; ENCARNAÇÃO, Fabrício Sanz. Sevilha. Miscigenação que vem do oriente. Arquiteturismo, São Paulo, ano 09, n. 103.04, Vitruvius, out. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/09.103/5794>.


Sevilha causa um impacto tão grande em nossos sentidos que não seria injustiça nenhuma afirmar que ela está entre as cidades mais interessantes do nosso pequeno planeta. Desde a influência árabe que resplandece em suas belas mesquitas, palácios, minaretes e torres até a música flamenca que toca nas rádios locais e embala o turista que chega a cidade e toma um táxi. Sem se esquecer, é claro, da comida maravilhosa e do cheiro das laranjeiras que impregnam todos os lugares.

Parque público, Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

No tempo em que o oriente era luz e o ocidente era treva, a ocupação muçulmana de Sevilha pelos Mouros em 711, deixou como legado uma cidade singular, onde se percebe a religiosidade islâmica nos mínimos detalhes de uma arquitetura e uma urbanização idiossincrática. Uma arquitetura que prioriza as relações sociais e o conforto do cidadão em contraponto com a arquitetura romana que era mais monumental e imponente. A persistência do califado mouro em Sevilha transforma essa cidade espanhola singular em uma pequena amostra do que foi a era das conquistas muçulmanas na Europa. Afinal, os oito séculos de domínio árabe na península ibérica reverberaram decisivamente na arquitetura, na arte e na cultura da cidade. Pode-se afirmar que a música, a língua, a melodia e a dança que constituem a tradicional arte flamenca é uma reinterpretação da cultura árabe.

Aliado a essa herança muçulmana não podemos nos esquecer da importante contribuição dos cristãos e dos judeus. A herança muçulmana se traduz em ornamentação intensiva, no excesso do arabesco, nas superfícies decoradas, nos azulejos geometrizados e coloridos, nas caligrafias em relevo, nos pátios internos e nas fontes que compõe as obras da Giralda, do Alcázar e da Igreja de São Marcos. A herança dos Judeus traduz se no bairro de Santa Cruz com suas ruazinhas apertadas e sua atmosfera de mistério. Um local para se perder, literalmente, e achar, depois de percorrer suas ruas labirínticas, um cantinho para aproveitar o entardecer.

Bairro Santa Cruz, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Também os cristãos, que reconquistam a cidade em 1248, veem contribuir com esse múltiplo caldeirão cultural que foi a formação da cidade de Sevilha e que hoje, turistas e moradores, podem desfrutar, graças a uma preservação exemplar do patrimônio artístico cultural. Outro legado urbanístico deixado pelos antepassados foi a arborização pública com árvores frutíferas. A cidade exala o maravilhoso perfume das laranjas, conhecidas como naranjas amargas, utilizadas maciçamente na arborização urbana de vias, orlas, praças, parques e pátios. Marca registrada da cidade, nativa da Ásia, foi introduzida na Andaluzia no século X, apreciada como árvore ornamental e na perfumaria.

“Pode comer!?!”, logo vem a pergunta na cabeça do visitante de primeira viagem...

Em resposta, os moradores dizem que o gosto é extremamente amargo e a exposição aos agentes contaminantes e à toxidade do ar constituem um perigo a saúde. O paisagismo com laranjeiras, mais famoso, fica no Pátio das Laranjeiras da Catedral de Sevilha no claustro.

Pátio da Catedral de Sevilha, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Também na Catedral de Sevilha, podemos observar essa multiplicidade de influências culturais que moldaram a cidade. Nesta obra podemos observar que a célebre La Giralda, torre remanescente de uma antiga mesquita muçulmana chamada Alfama, que foi incorporada à imponente Catedral gótica cristã construída no século XV. Lá, pode-se apreciar o mausoléu de Cristóvão Colombo e o reluzente retabulo da capela maior, com narrativas em madeira e ouro com cenas do Antigo e Novo Testamento. Consagrada como a maior catedral gótica do mundo, associa aos tradicionais arcos ogivais, triforios e pináculos, 95 metros da estrutura autônoma da Giralda, cujo simbolismo e verticalidade remetem a onipresença dos antecessores da em Sevilha.

Catedral gótica de Sevilha e suas justaposições. À direita, o minatere remanescente da mesquita. Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Detalhes do minatere. Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Catedral gótica de Sevilha. Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Interior da Catedral gótica. Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Mausoléu de Cristóvão Colombo, Catedral de Sevilha, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Outra obra impressionante é o Real Alcazar, Patrimônio da Unesco, um excepcional conjunto de origem medieval que reúne palácios, jardins, solares e muralha. Transformado substancialmente em épocas posteriores, permanece como um dos mais bem conservados exemplares da arquitetura islâmica e mudejar, além de manifestar estilos gótico e renascentista. Após sucessivas reformas, criou-se uma simbiose artística, onde as identidades cristã e muçulmana se fundem em um conjunto exótico, acrescido a um paisagismo escultórico, com grutas e fontes.

Real Alcazar – Exterior, Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Real Alcazar – Exterior, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Real Alcazar – Pátio, Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Detalhes Real Alcazar, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Jardins do Real Alcazar, Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

Jardins do Real Alcazar, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Já a Praça de Espanha, resplendor da Expo de 1929, situada na extensão do Parque Maria Luisa, destaca-se por uma extravagante conformação semicircular cujo simbolismo representa o abraço às antigas colônias espanholas. A homenagem às províncias é distribuída ao longo do percurso semicircular, ornado com azulejos que retratam mapas e ilustrações históricas relacionadas a cada uma delas. Aqui, tudo é encantador, romântico e vistoso.

Praza de Espanha, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Deve-se adotar passos lentos para atravessar as pontes, apreciar os tijolinhos, os inúmeros detalhes em cerâmica decorada, o passeio dos enamorados pelo canal. O Parque Maria Luiza, por sua vez, de extensões colossais, representa o pulmão da cidade e aqui, o paisagismo faz juz ao encantamento, ao romance e ao sonho.

Praza de Espanha, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

No centro de Sevilha, está a controversa e impactante obra do Metropol Parasol, que é a vertente contemporânea dessa miscelânea de culturas e estilo que caracteriza a cidade. Trata se de uma abstração ornamental que coroa um espaço urbano tradicional provocando intencionalmente uma total desarmonia com o local e causando bastante estranheza ao desavisado, ou até mesmo ao avisado. É mais uma daquelas obras que tem o objetivo de incluir a cidade em um circuito turístico internacional, onde obras de arquitetura e urbanismo são transformadas em ícones globais. Fica situado no coração da cidade, adjacente à antiga Plaza de la Encarnación, e é um complexo que reúne museu arqueológico, mercado, restaurante e espaço cívico.

Metropol Parasol, Sevilha, 2015
Foto Liziane Jorge

O espaço se desenvolve em níveis e apresenta em sua cobertura de madeira uma surpreendente justaposição de forma que se assemelha a um cogumelo gigante interconectado ou até mesmo um grande alien que pousou na cidade. Essa “topografia” da cobertura é uma celebração à forma-arquitetura, materializada através de um sofisticado instrumental de modelagem e fabricação digital de formas. O convite à exploração do espaço já é grande pelo simples motivo de querer ver até onde vai esse “negócio”. E ainda é reforçado pelas escadas que nos leva a uma praça elevada e pela ausência de paredes bloqueando o acesso a essa megaestrutura. Por ter seu piso elevado a praça desconecta visualmente outro lado da cidade, conduzindo o pedestre a subir as escadas e assim descobrir, além da praça, um acesso para um mirante que revela uma bela vista da cidade.

Metropol Parasol, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Metropol Parasol, Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

As prospecções de uma Sevilha futurista, por sua vez, situam-se nas imediações do sítio que abrigou a controversa Expo 92, que finaliza a construção do primeiro arranha céu da cidade, expoente do poder econômico e financeiro contemporâneo. Ao despontar na paisagem do waterfront de Sevilha, percebe-se o abandono do encantamento original de uma cidade que resplandece pela síntese de seu passado idiossincrático, que agora tenta se reinventar com mais um ícone internacional da cultura contemporânea.

Primeiro arranha-céu de Sevilha às margens do rio Gualdaquivir. Torre Caja Sol, Cesar Pelli. Sevilha, 2015
Foto Fabricio Encarnação

Ainda bem que do outro lado do rio fervilha uma cidade cativante pela sua multiplicidade de heranças culturais, em especial a exuberante influência da cultura árabe que ajudou a construir essa cidade cheia de luz, mistério e esplendor.

sobre os autores

Liziane de Oliveira Jorge é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha (UVV). Graduada em Arquitetura e Urbanismo/ UFES; Mestre em Arquitetura/ UFMG; Doutora em Arquitetura/ FAUUSP.

Fabricio Sanz Encarnação é arquiteto-urbanista da Prefeitura Municipal de Vitória (ES); Graduado em Arquitetura e Urbanismo/ UFES; Especialista em Gestão de Cidades.

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