A entrada da baía de Havana, Cuba, conta com um sistema de defesa construída pelos espanhóis ainda no século 16: o Forte de San Salvador de La Punta e a Fortaleza de los Tres Reyes del Morro, de autoria de Bautista Antonelli e construída em 1583.
Mas se o navio corsário passasse pela entrada da baía protegida pela Fortaleza del Morro e pelo Forte de La Punta, do outro lado do canal encontraria a maior das fortificações da cidade – a Fortaleza de San Carlo de la Cabaña – e na Plaza de Armas da cidade o pequeno e maravilhoso Forte de la Real Fuerza (1558-1577), o primeiro do tipo abaluartado da América.
No casco antigo de Habana Vieja se destacam peças arquitetônicas do período colonial, tais como a Plaza de la Catedral de San Cristóbal, a Igreja de San Francisco, a Plaza de Armas, a Plaza Vieja e a Plaza de San Francisco. Mas em qualquer rua ou avenida é possível se deliciar com o casario, edifícios públicos e privados, edificações religiosas, barbearias, bares e farmácias em logradouros cheios de vida. E, surpresa final, o espaço sagrado da Sala Rosalía Castro no Buena Vista Social Club ainda existe, assim como La Bodeguita e La Floridita, bares frequentados por Ernest Hemingway!
Não só de arquitetura antiga vive a cidade. O edifício Habana Libre, clássico do modernismo latino-americano, foi inaugurado em 1958 como Habana Hilton. Projetado pelo arquiteto de Los Ângeles Welton Becket (1902-1969) e pelo casal de arquitetos cubanos Nicolás Arroyo (1917-2008) e Gabriela Menéndes (1917-2008). No ano seguinte com a Revolução, Fidel Castro instalou o comando provisório no hotel que passou a se denominar Habana Libre, hoje sob a administração da rede Meliá. O mural que cobre parte da fachada de cerâmica é da grande dama da pintura cubana do século 20, Amélia Peláez (1896-1968).
A antiga Plaza Cívica da época de Fulgêncio Batista conta também com arquitetura moderna início de 1950. Agora denominada Plaza de la Revolution, ganhou nas fachadas as figuras desenhadas em bronze de Che e Camilo Cienfuegos.
E quando tudo foi devidamente visitado e experimentado, sempre vai restar o final da tarde para visitar o Malecón, dique construído entre 1819 e 1958 para proteger a cidade das ondas do oceano, hoje um enorme calçadão que junto à orla, que vai de Habana Vieja até o bairro de Vedado, numa extensão de quase oito quilômetros.
Habana Vieja, patrimônio da humanidade.
sobre o autor
Victor Hugo Mori é arquiteto do Iphan São Paulo desde 1987. Autor de Arquitetura militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos(Imesp/Funceb, 2003) e organizador de Patrimônio: atualizando o debate (Iphan/Dersa, 2006).