Às vezes, até o sol parece que está com preguiça de levantar... Algumas vezes o que aparece é uma São Paulo enevoada... Outras tantas, da minha janela vê-se uma colagem... No meio da pandemia, posso demorar na conexão que antecipa a aula matutina: desculpe-me, estava ocupada com o nascer do sol... Mas me ocupo também com o pôr do sol... E, entre uma reticência e outra, montei uma pasta de “alvoradas e crepúsculos”, que agora compartilho... Uma das fotos aqui compartilhadas eu enviei para uma amiga querida aqui do prédio; ela, por sua vez, compartilhou com outros amigos e depois me retornou com uma mensagem luminosa, colorida e saborosa, com frescor da infância... A mensagem, um elogio do tamanho do mundo, segue abaixo...
As aquarelas de Rio Preto
Eliana Filippozzi
Outro dia compartilhei com alguns amigos uma linda foto de uma das alvoradas deste lindo outono que se encerra. Foto sem edição, tirada pela minha querida vizinha Claudia Stinco. Um dos amigos, que mora não muito longe e tem filhos pequenos, escreveu o seguinte:
“Poxa, nosso céu nesse mesmo dia também estava lindo. Até a pequena Olivia notou. Disse que o céu parecia sorvete. Mas não soube precisar o sabor”.
O sabor é delicioso! Sabor da espontaneidade que vem direto do coração e que só as crianças têm. E é por isso que não podemos negligenciar as nossas crianças. As que nos rodeiam e as que moram dentro de nós!
E quando a pequena Olivia e seus irmãos crescerem, apesar de toda a gravidade da atual situação, lembrarão dos momentos maravilhosos que estão vivendo tão intensamente com seus pais.
E a observação da pequena Olivia me remeteu ao relato de uma querida aquarelista de São José do Rio Preto, que pinta coisas lindíssimas, com várias premiações nacionais e internacionais, inclusive do Louvre de Paris, e exposições regulares no Vaticano.
O céu de Rio Preto é sempre muito bonito. Mas um final de tarde, em particular, se destacou com um pôr do sol belíssimo, ou talvez um arco-íris (não me lembro). Maria Helena Curti, minha amiga, estava no carro com seu netinho, que viu o céu e disse:
“Lena, você viu que lindo? Foi você que pintou?”
Acho que, de todos, esse foi o melhor troféu que ela jamais recebeu ou receberá.
sobre as autoras
Claudia Stinco, arquiteta, mestre e doutora pela FAU Mackenzie (2000, 2005 e 2010), onde é professora desde 2003. Foi Assessora Acadêmica dos cursos Lato Sensu do Decanato de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2003-2006).
Eliana Filippozzi é advogada formada pela USP e credenciada pelas Ordens de Advogados no Brasil, Portugal e Inglaterra/País de Gales. Trabalhou em Londres por dezoito anos e foi o primeiro profissional brasileiro a se qualificar como “solicitor”, advogado que lida diretamente com o cliente.