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architectourism ISSN 1982-9930

Agra, Índia. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Ronda, cidade espanhola situada na Andaluzia, tem o impacto dos lugares inesperados. Assentada no alto de um despenhadeiro, tem vistas espantosas e uma atmosfera andaluza que encanta poetas, escritores e turistas exploradores do abismo.

english
Ronda, a Spanish city located in Andalusia, has the impact of unexpected places. Perched on top of a cliff, it has amazing views and an Andalusian atmosphere that delights poets, writers and tourists who explore the abyss.

español
Ronda, ciudad española ubicada en Andalucía, tiene el impacto de lugares inesperados. Situada encima de un acantilado, tiene unas vistas increíbles y un ambiente andaluz que deleita a poetas, escritores y turistas que exploran el abismo.


how to quote

JATOBÁ, Sergio. Explorando abismos em Ronda. Arquiteturismo, São Paulo, ano 14, n. 162.01, Vitruvius, set. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/14.162/7898>.


Ronda tem o impacto dos lugares inesperados. De fato, o que é mais belo e impactante nessa cidade situada em Andaluzia, Espanha, são as vistas que se tem dos miradores próximos à Puente Nuevo e ao hotel onde ficamos. Os despenhadeiros e as vistas são deslumbrantes. Hemingway gostava de Ronda, assim como Rilke, Orson Wells e outros poetas, escritores e artistas. A cidade é inspiradora e seus abismos fascinam, assustam e parecem explicar a alma dos personagens exploradores do abismo que povoam o livro de contos do escritor espanhol Enrique Vila-Matas, Segundo as palavras de Daniel Pelizzari:

“O abismo não nos separa, ele nos cerca. Foi o que escreveu Wislawa Szymborska com palavras polonesas, e também por escrito afirmou que ao cairmos no abismo, desabamos de um céu a outro. Não há separação entre uma coisa e outra. Tudo é abismo. Nos contos de Exploradores do Abismo, Vila-Matas estende uma corda para equilibristas que não parecem tão interessados na travessia, mas sim em mergulhar em si mesmos, explorar o vazio, desaparecer no abismo que é a vida cotidiana” (1).

Hoje, 24 de abril de 2014, exploramos os abismos de Ronda. De manhã fomos ao Puente Viejo, que fica na parte mais antiga da cidade. Antes entramos nos Jardines del Rei Moro, mas não baixamos à cava que leva ao rio. Continuamos baixando até os Baños Turcos (resquícios do que existia nos primórdos da cidade, cuja entrada se dava pela Puente de San Miguel ou Puente Arabe) e então continuamos andando por uma estradinha rural até a entrada de Molino. A subida foi dura, mas fizemos outro caminho pelos Jardines de Cuenca. No caminho avistamos um casal “jovencito” se beijando ardentemente em uma parte mais abaixo do Jardim. Lembramos nossa juventude que já vai longe no tempo. Depois do almoço, fui sozinho ao Mirador Arco de Cristo, bem na beira do abismo.

nota

1
PELIZZARI, Daniel. Texto da orelha do livro. In: VILA-MATAS, Enrique. Exploradores do abismo. São Paulo, Cosac Naify, 2013.

sobre o autor

Sérgio Jatobá é arquiteto e urbanista (UnB, 1981), doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB/Universidad de Valladolid, 2006). Pesquisador do Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais – NEUR e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. Foi pesquisador bolsista do IPEA e Gerente de Estudos Urbanos da Codeplan/GDF, dentre outras funções públicas.

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