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architectourism ISSN 1982-9930

Monumento “Mão Aberta”, Chandigarh, Índia, arquiteto Le Corbusier. Fotomontagem Victor Hugo Mori, 2010

abstracts

português
No ano de 2012 fizemos uma viagem turística de quase três semanas na Turquia. Visitamos ao todo dez localidades, perfazendo uma volta na metade ocidental do país. Viajamos com facilidade e aproveitamos muito o passeio.

english
In the year 2012 we made a tourist trip of almost three weeks in Turkey. We visited a total of ten locations, taking a tour of the western half of the country. We travelled easily and enjoyed the ride a lot.

español
En el año 2012 hicimos un viaje turístico de casi tres semanas en Turquía. Visitamos un total de diez localidades, haciendo un recorrido por la mitad occidental del país. Viajamos con facilidad y disfrutamos mucho del viaje.


how to quote

GUIMARÃES, Marcos. Uma volta por meia Turquia. Arquiteturismo, São Paulo, ano 15, n. 170.01, Vitruvius, maio 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/15.170/8170>.


Foi em 2012 quando eu e minha esposa fomos de passeio para a Turquia por quase três semanas. Optamos por uma viagem independente, sem muito planejamento. Compramos um guia e fizemos uma reserva de hospedagem em nossa chegada. A partir daí, íamos estudando os percursos e perfazendo trechos de ônibus. Sendo inverno, rigorosíssimo por sinal, contamos ao menos com uma baixa estação turística, sem maiores problemas de transporte e pouso. Com os dias disponíveis que tínhamos e a extensão do território, acabamos optando por uma volta na metade ocidental do país. Foram ao todo dez destinos, escolhidos pelos atrativos que representavam e pelo parcelamento do percurso em trechos confortáveis para viagens. Nossos interesses comuns em torno da cultura, da história e da natureza também ajudaram a definir as localidades e lugares visitados.

Mapa da parte ocidental da Turquia com indicação das dez localidades visitadas
Imagem divulgação [Google Maps, 2021]

Chegamos pelo aeroporto de Istambul e gastamos nossos primeiros dias nessa maravilhosa cidade. Por sorte, ficamos hospedados a uma curta distância a pé do parque Sultan Ahmet, que alberga as enormes mesquitas Azul e Santa Sofia, atrativos de visita obrigatória, tanto do ponto de vista exterior como do interior (Fig. 2). Em comparação com o aspecto absolutamente monumental dessas antigas mesquitas, o complexo do Palácio de Topkapi é mais doméstico, mas seus espaços suntuosos, edifícios trabalhados e interiores com detalhes decorosos inundaram nossos sentidos. Ali perto encontra-se ainda a impressionante cisterna construída durante o Império Bizantino, com suas enormes colunas a sustentar um teto abobadado debaixo da urbe (Fig. 3). Sem dúvida, caminhar pelos labirintos da cisterna ouvindo o gotejar de água foi uma experiência de voltar no tempo.

Templo de Santa Sofia. Istambul, 2012
Foto Marcos Guimarães

Uma caminhada agradável nos levou ainda ao Grande Bazar, espécie de mercado coberto imenso com as mais variadas mercadorias, ótima oportunidade para fazer compras, sempre seguindo a divertida tradição de barganhar até as últimas consequências. Em algumas lojas, ao receber o casal, o vendedor colocava um banquinho ao pé do marido e lhe servia um bom e tradicional copo de chá preto, para que as negociações fossem realizadas sem pressa.

Cisterna. Istambul, 2012
Foto Marcos Guimarães

Em uma outra ocasião, sempre a pé, rumamos para norte em direção à ponte de Gálata. No caminho, além de curtirmos um trecho urbano mais espontâneo, menos turístico, visitamos o pequeno – se comparado com o Grande Bazar – Mercado de Especiarias e a Mesquita Yeni. Cruzando o braço de água conhecido por Chifre de Ouro, aproveitamos para subir na Torre de Gálata para uma incrível vista de 360 graus da cidade.

Vista geral da cidade desde a torre de Gálata. Istambul, 2012
Foto Marcos Guimarães

Em outro passeio que fizemos, pegamos um barco para conhecer o Bósforo, canal de água que conecta o Mar Mediterrâneo, via Mar de Mármara, ao Mar Negro. Foi interessante conhecer um dos arredores da cidade e visitar o Castelo de Yoros, com suas vistas monumentais, torres circulares na entrada e muros de camadas intercaladas de alvenaria de tijolo e pedra. Nesse dia, na hora do almoço, percebemos que conseguíamos manejar bem o cardápio, pois àquela altura tínhamos aprendido os nomes de alguns pratos e aproveitamos para saborear uma deliciosa baklava de sobremesa acompanhada do também tradicional chá de maçã.

Rua com casario tradicional. Safranbolu, 2012
Foto Marcos Guimarães

Saímos cheios de emoção de Istambul, cidade vibrante, cosmopolita e com atrativos urbanos e arquitetônicos de interesse em cada esquina. Era hora de seguir viagem, então fomos para Safranbolu, pequena cidade de casario preservado que remonta ao século 17. A parte antiga se situa no fundo de um vale com ruas calçadas de pedras, tortas e íngremes, sobre as quais se debruçam as típicas casas de dois a três andares. As construções sem revestimento mostram estruturas de madeira recheadas por alvenarias de adobe e pedra, um traço distintivo da arquitetura otomana. Vale muito à pena visitar a casa-museu Kaymakamlar, pois além da beleza da casa e jardins restaurados, há boas informações gráficas e textuais em meio a incríveis cenas domésticas simuladas com móveis, objetos e bonecos vestidos.

Cômodo familiar tradicional na casa-museu Kaymakamlar. Safranbolu, 2012
Foto Marcos Guimarães

Contamos ainda com a sorte de hospedar-nos em uma pousada que ocupava um sobrado muito antigo, com quartos que evocavam interiores com painéis e nichos de madeira, banheiro escondido no armário e até mesmo objetos de decoração a ambientar uma aura ancestral. Não era permitido subir aos quartos de sapatos, tendo em vista a preservação dos lindos tapetes que forravam todos os quartos, escadas e corredores. O casal proprietário da pousada foi muito simpático, nos convidava à sala e nos oferecia chá e maçãs antes de dormir, mostrava fotos de seus filhos e falava da importância da família, ao som do programa religioso que a TV transmitia. Cabe ressaltar, finalmente, além dos prédios públicos como os da mesquita e do banho, os pontos altos dos arredores, desde onde obtém-se ótimas vistas da cidade.

Museu das Civilizações da Anatólia. Ankara, 2012
Foto Marcos Guimarães

Nossa próxima parada foi a capital política do país, Ankara, situada no interior do território, o que significa, no geral, temperaturas mais baixas. Uma motivação importante foi a quebra do trecho de viagem por ônibus, mas também havíamos ouvido falar sobre um dos principais museus históricos da Turquia, o Museu das Civilizações da Anatólia, algo absolutamente impressionante para um cidadão ocidental. Trata-se no geral de uma cidade moderna, mas ainda assim nos aventuramos a subir, debaixo de neve, as ladeiras que levavam às ruínas da cidadela com suas vistas panorâmicas do entorno.

Habitações escavadas nas formações rochosas cônicas. Göreme, 2012
Foto Marcos Guimarães

Quebrada a viagem, cheios de história e com a primeira neve na cabeça, estávamos prontos para rumar a um dos mais esperados destinos, a Capadócia, ponto mais oriental que alcançamos. Ficamos na localidade de Göreme que, apesar de bastante ocupada pelo turismo, apresenta um charme peculiar por suas casas de pedra situadas em meio às típicas formações rochosas em forma de cone. Contamos com mais um lance de sorte ao ficarmos hospedados em uma pousada que oferecia quartos escavados nessas estruturas cônicas de pedra, algo que foi, além de especial, muito quente e aconchegante. Acordar de madrugada ao som da mesquita naquele quarto absolutamente escuro foi uma experiência única em nossas vidas.

Vista interior da igreja cristã Elmali no Museu Aberto. Göreme, 2012
Foto Marcos Guimarães

Tais habitações trogloditas abundam no Museu Aberto vizinho, onde são encontradas várias igrejas que remontam à época cristã primitiva. Os interiores cobertos com pinturas de temas bíblicos e muito desgastadas pelas ações dos homens e do tempo são fascinantes. Na última manhã de nossa estada, uma última volta nas vielas de pedra para fazer fotografias foi de gelar os dedos. Fomos informados de que a temperatura era de 20 graus negativos, o inverno mais rigoroso dos últimos 30 anos. Era hora de partir.

Pátio do Museu Mevlana. Konya, 2012
Foto Marcos Guimarães

A cidade de Konya foi mais uma parada estratégica de descanso que, em todo caso, revelou aspectos de interesse. O ambiente moderno contrastava com a aclamada tradição religiosa, sendo o Museu Mevlana com seus pátios, prédios e coleções históricas o principal atrativo cultural. As ruas literalmente congeladas indicavam nosso último destino da parte mais continental da Turquia.

Vista do lago Egirdir. Egirdir, 2012
Foto Marcos Guimarães

O clima amenizou um pouco na paragem de Egirdir, situada à beira do lago homônimo. Tal paisagem lacustre, com suas casas de telhados e montanhas ao fundo, foi um diferencial na viagem. Era dia de feira e pudemos ver os diversos produtos expostos nas barracas de rua. Chamou-nos a atenção as ruínas do castelo, construído com as típicas camadas intercaladas de alvenaria de tijolo cozido e pedra, e a madrasa (escola) com suas trabalhadas entradas.

Porta da madrasa Dündar Bey. Egirdir, 2012
Foto Marcos Guimarães

A seguinte parada da viagem reuniu um elemento natural peculiar e um primeiro cenário de ruínas antigas. O parque natural da localidade de Pamukkale alberga piscinas naturais de formação calcária que descem em cascata uma encosta. O clima invernal até pode ter acentuado a sensação impressionante de percorrer aquele ambiente claro e poroso, uma experiência única. Havia poucos turistas e a paisagem era tão incomum aos nossos olhos que sentíamos estar em outro planeta. No alto desta mesma colina, se descortina o sítio arqueológico adjacente de Hierápolis, antiga cidade termal fundada pelos romanos, em que se destacam as ruínas do anfiteatro, incrivelmente restaurado. Apesar da obstrução parcial dos alicerces colocados para restaurar o cenário, pudemos apreciar o espaço das arquibancadas semicirculares com capacidade para até 12 mil espectadores.

Piscinas calcárias. Pamukkale, 2012
Foto Marcos Guimarães

Anfiteatro romano de Hierápolis. Pamukkale, 2012
Foto Marcos Guimarães

As estruturas romanas atingiram o auge em nosso seguinte destino, Éfeso, cidade próxima ao litoral e muito antiga, que já abrigou mais de 200 mil habitantes, população enorme para a época. O sítio arqueológico está repleto de ruínas de interesse, com peças de pedra esculpida, pilares, pedestais e alvenarias salpicadas ao longo das impressionantes calçadas de pedra.

Vista geral com biblioteca de Celso ao fundo. Éfeso, 2012
Foto Marcos Guimarães

Salta à vista o frontispício da biblioteca de Celso – com suas colunas, detalhes em alto relevo e esculturas bastante preservadas – e também o Templo de Adriano. Outro ponto alto são as casas nobres dispostas em platôs numa suave encosta, onde é possível uma leitura bastante clara dos cômodos com seus pisos em mosaico e pinturas parietais. E assim o visitante continua seu trajeto entre placas inscritas, templos e anfiteatros, uma verdadeira maravilha histórica e estética.

Casas nobres com mosaicos no piso e pinturas parietais. Éfeso, 2012
Foto Marcos Guimarães

Na esteira das ruínas romanas, já rumando ao norte, de volta para a origem de nossa viagem, nossa penúltima parada contemplou a localidade de Bergama ou Pergamum. As estruturas arqueológicas romanas não encontram-se tão preservadas – ou restauradas – como em Éfeso, mas percebe-se um charme local e o passeio torna-se mais contemplativo pelo significativo menor número de visitantes. Há dois conjuntos de interesse situados nos arredores do núcleo urbano, o Asklepion, espécie de centro de tratamento medicinal, e a Acrópole em si. Entre calçadas, colunatas e teatros, destaca-se na cidadela o denominado Templo de Trajano, com suas colunas estriadas e trechos de frontão.

Templo de Trajano. Bergama, 2012
Foto Marcos Guimarães

Detalhe do templo de Trajano. Bergama, 2012
Foto Marcos Guimarães

Chegamos finalmente em nosso último destino, a cidade de Bursa, com quase dois milhões de habitantes. Como se tratou de mais uma parada estratégica para quebrar a viagem, seria injusto tecer maiores comentários sobre a localidade. No entanto, nos hospedamos em um bairro tradicional perto da cidadela e das tumbas dos fundadores do Império Otomano, com rua e arquitetura a formarem uma peculiar ambiência.

Rua tradicional com minarete da Mesquita Sehadet ao fundo. Bursa, 2012
Foto Marcos Guimarães

Empreendemos então nosso último trecho de viagem de volta a Istambul, caminho este com um bonito lago na paisagem e uma travessia marítima de ferryboat. Ainda ficamos um par de noites na grandiosa cidade e aproveitamos para relaxar e revisitar alguns atrativos. Ficou um sentimento de enorme satisfação e de missão cumprida em nossa volta por meia Turquia. Apesar do inverno rigoroso e da língua para nós desconhecida, viajamos com facilidade e aproveitamos muito o passeio. Os habitantes de todas as cidades que visitamos foram muito receptivos e nos ajudavam sempre que solicitávamos. Sem dúvida, a boa vontade superou as dificuldades de comunicação, especialmente no interior, onde poucos falavam inglês. Fica então registrado aqui um fragmento de nossas deliciosas memórias. Nesse ínterim, surgiram dois tópicos que consideramos merecer maior atenção: um detalhamento de Istambul e a culinária turca, os quais desde já podem considerar-se promessas para futuras abordagens.

sobre o autor

Marcos Vinícius Teles Guimarães é arquiteto e docente no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federa de São João del-Rei.

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170.01 viagem cultural
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