As Ilhas Baleares estiveram sob dominação muçulmana de 902 até 1229 quando foram conquistadas pelo rei Jaime I de Aragão. O centro do poder era Madina Mayurqa, que manteve o nome Maiorca. Dos cinco banhos que existiram nos documentos antigos se conservou esta edificação (século 9), que é apenas a parte central (caldarium) e uma sala menor de vestiário (apodyterium). Desapareceram os ambientes de banhos mornos (tepidarium) e frio (frigidarium). Os banhos árabes surgiram a partir das termas romanas do norte da África.
O caldarium possui uma planta quadrada com doze colunas internas e doze arcos em ferradura formando um corredor em cada lado das paredes (ver esquema na foto do desenho). O que me pareceu singular é que pelo lado interno, se desprezou as quatro colunas de canto, construindo arcos maiores (abatidos) enviesados ligando as colunas centrais, criando um octógono irregular (intercalando arcos maiores e menores). Essa solução criativa, permitiu apoiar a base circular da cúpula. Parece simples, mas essa técnica geométrica dispensou a solução de “pendentes” (triângulos esféricos) já utilizados pelos romanos, como solução para apoiar uma cúpula esférica em base quadrada.
O peso da cúpula central assentada sobre oito colunas esbeltas tem o empuxo lateral absorvido pelas grossas paredes perimetrais, transferido pelas abóbadas de berço dos corredores laterais.
As colunas e capitéis são de materiais e desenhos diversos e, provavelmente, como nas colunatas da Mesquita de Córdoba, foram retiradas de templos e edificações romanas e visigóticas. Os arcos em ferradura, que se tornaram um padrão na arquitetura islâmica, são uma reapropriação do arco em ferradura dos templos cristãos dos visigodos, que foram destruídos pelos árabes. Da Península Ibérica esse desenho de arco se espalhou pelo mundo islâmico e não o contrário como se imagina.
sobre o autor
Victor Hugo Mori é arquiteto do Iphan São Paulo desde 1987. Autor de Arquitetura militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos (Imesp/Funceb, 2003) e organizador de Patrimônio: atualizando o debate (Iphan/Dersa, 2006).