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interview ISSN 2175-6708

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Eduardo Aquino entrevista Floris Alkemade que é criador do escritório holandês MVRDV e colaborador no OMA de Rem Koolhas

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AQUINO, Eduardo. Floris Alkemade. Entrevista, São Paulo, ano 02, n. 005.01, Vitruvius, jan. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/02.005/3347>.


 

Block 6 Fachada Principal

Eduardo Aquino: Tive a oportunidade de vir aqui algumas vezes, e agora tenho uma noção do espaço e sinto o escritório – que até tenho dificuldade de chamar de escritório – como sendo muito mais um laboratório. Vocês estão sempre em busca de algo, sempre experimentando, sempre indo a fundo em questões. Caso o senhor concorde comigo que o OMA é muito mais um laboratório que tenta levar a prática às últimas conseqüências, então vocês estão em busca de quê?

Floris Alkemade: A natureza dos projetos e as condições nas quais o arquiteto tem de operar mudam muito rapidamente. Isso significa que se tentamos responder uma pergunta retrabalhando modelos existentes, vamos perder o novo. Isso freqüentemente leva a uma arquitetura que parece rejeitar o óbvio, simplesmente porque negligencia a verdadeira natureza do projeto.

Em nosso método de trabalho, estamos buscando a solução correta para o problema. Isso significa que temos que, primeiro, analisar o problema em toda a sua extensão. Sempre estamos tentando encontrar o que o problema nos propõe, o que poderia ser novo no projeto, o que poderia ser diferente, e nesse sentido sempre estamos investigando o que poderá ser a forma mais direta e radical de responder ao problema.

Por isso o papel de Rem Koolhass é importante, porque ele sempre indica o que investigar, sem dar as respostas, mas sempre nos orientando para questões que são relevantes nos casos específicos. Nesse sentido, é sempre a pesquisa – no trabalho em um local específico, em um projeto específico, e uma forma específica de ler as necessidades – que pode levar a algo novo, mais radical e mais brutal.

Num processo como esse, também é importante ter um cliente inteligente que entenda o que estamos investigando e porque estamos fazendo isso. Embora nunca admitam, muitos clientes preferem o feio ao radical. Portanto, investimos muito tempo na preparação de apresentações para o cliente, a fim de fazê-lo compreender.

EA: A posição de Rem não é a de um arquiteto tradicional. O arquiteto geralmente produz um desenho inicial, com um esboço ou um croqui. Rem age mais como um crítico.

FA: Exatamente. Ele sempre faz esboços num segundo momento, porém. Ele não define o contorno do que fazemos, mas desenha a fim de reformular o problema, indicando a direção que precisa ser investigada. No processo, isso acaba sendo muito mais essencial, e gera outras soluções diferentes, mais do que seria de se esperar. Nesse sentido, ele se aproveita do fato de que há uma enorme quantidade de pessoas no escritório que pode desenhar e experimentar de uma forma imprevisível. Percebemos que, de fato, uma boa idéia pode vir de qualquer um. Precisamos ser capazes de reconhecer uma boa idéia e não descartá-la por estar mal ilustrada, ou por outra razão qualquer – reconhecer qualidades é o que importa. Rem às vezes dá orientações que ninguém entende, mas isso gera muita investigação que potencialmente leva a novas formas de enxergar [o problema], e a partir daí pode surgir uma boa idéia.

Idéias desenvolvidas para um projeto às vezes não são apropriadas para ele, mas acabam se encaixando perfeitamente em outro projeto – há também essa troca de fertilização entre os projetos. Sempre há um processo de tentativa e erro, no qual Rem às vezes interfere e seleciona elementos que, do ponto de vista dele, são os mais promissores, ou simplesmente indica se há necessidade de mais investigação, porque ainda não chegamos lá.

Esses processos não são lineares. É como um movimento em todas as direções, e às vezes o primeiro esboço, o primeiro minuto, acaba sendo o certo, mas só descobrimos depois de muito tempo de tentativa e erro, aí voltamos para o primeiro. Isso acontece com freqüência, até. Parece que há um tipo de instinto que nos direciona para o caminho certo, antes de sabermos muito sobre o projeto. No entanto, isso só aparece depois de experimentarmos muito. É por isso que sempre se vê no escritório milhões de maquetes e experimentações. Rem é quem direciona o fluxo de idéias e escolhe as certas.

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