Bruno Padovano: O senhor é considerado um dos líderes de um movimento de grande importância para a arquitetura, que foi chamado desconstrutivismo, na década de 80. Como você definiria sua posição neste movimento?
Bernard Tschumi: Em 1988, houve uma intervenção no Museu de Arte Moderna, envolvento sete arquitetos. Cada um destes arquitetos estavam explorando maneiras de re-conceituar a arquitetura, desconstruindo os processos formais até então utilizados. Alguém, muito esperto, falou: "vamos fazer uma exposição, e vamos tentar achar um título", e o título ficou Deconstrutivismo. Mas nunca houve um movimento. Cada um dos sete arquitetos estavam explorando a desconstrução tanto da forma quanto do contexto idealizado, por trás desta forma, de uma maneira diferente – e continuam, cada um à sua maneira, com seus diferentes embasamentos conceituais, o que reflete na diferença da leitura, das relações espaciais encontradas nas obras de cada um dos sete.
BP: A próxima questão é sobre "O arquiteto como a materialização de um conceito". Poderia dizer algo sobre como o senhor faz este intercâmbio – do conceito ao projeto, ao desenho. Qual é a relação entre ambos?
BT: Existe uma quantia enorme de arquitetos, especialmente no país onde passo grande parte do meu tempo – América – que começa a projetar através de uma forma que se inicia através de uma imagem do passado, e muitas vezes permanece como uma referência estática. Então eles reproduzem colunas dóricas, ou ainda conceitos formais de Le Corbusier. Eles fazem uma arquitetura de "papier-marchê", que vem da lógica construtiva do material que eles nunca utilizaram.
Eu sou antagônico ao uso da forma como imagem pura. Eu vejo uma correlação direta entre o conceito, o material, e os resultados finais. E esta é uma abordagem um pouco mais complicada, porque atualmente, a noção de relação direta entre o material e o que se faz com ele tem sido mais uma questão de uso de novos softwares – um computador é quem acaba decidindo o que pode ser feito ou não, espacializando matematicamente – sem referências à lógica do material.
Considero que a concepção de uma inspiração que reúne idéias, tecnologia, materiais e intercâmbios.
BP: Isto tem a ver com o Paradigma da Complexidade, que as pessoas estão tanto falando, nos dias de hoje?
BT: Não necessariamente pode ser a idéia central. Em outras palavras, a arquitetura assume uma complexidade, por definição, se ela é o reflexo, também, das atividades, dos movimentos dos corpos no espaço, dos sons, das forças...é inevitavelmente complexa – e não tem nada a ver com a complexidade da forma.