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my city ISSN 1982-9922

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NUNES, Luiz Antonio de Paula. É o canal! Minha Cidade, São Paulo, ano 01, n. 001.001, Vitruvius, ago. 2000 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/01.001/2108>.



Quando você pensa em Santos várias imagens podem dar conta de sua "personalidade", mas não há dúvida que dois fatos urbanos, como diria o arquiteto Aldo Rossi, ganharam um destaque especial tornando-se verdadeiros símbolos da cidade: os jardins da orla e os canais.

No último Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura, realizado recentemente no Rio de Janeiro, apresentei a comunicação "Santos, Jardins da Orla ". Esse trabalho, desenvolvido na Universidade Santa Cecília, traz um histórico sobre a apropriação da paisagem marítima da orla de Santos e os conflitos que passaram a ocorrer cada vez que se apresentava uma proposta de intervenção nessa área.

Em relação aos canais ocorre o mesmo tipo de processo. Incorporados à paisagem santista na primeira década deste século, passaram a criar um vínculo tão forte com a comunidade que qualquer tentativa de alterá-los gera uma expectativa de dissociação do imaginário coletivo e de sérios prejuízos que, certamente, poderão ocorrer a posteriori.

Inicialmente projetados quase que exclusivamente em função de sua utilidade, mas com as mais modernas técnicas disponíveis no momento e com o espírito pioneiro de um desenho urbano que, apesar de inspirado em modelos do século XVIII e XIX, possuía a modernidade de enxergar a cidade como um todo, transformaram-se também em um dos símbolos da cidade, como pode ser comprovado no belíssimo artigo de Gilberto Mendes publicado em 1997 em A Tribuna.

O conflito de idéias que se estabelece em relação a utilização dos jardins e canais causa um certo imobilismo devido a esse caráter simbólico assumido por eles. Valor esse que normalmente ganha um destaque maior que o valor estético ou utilitário que eventualmente possua a intervenção ou mesmo os próprios jardins e canais.

Estamos em 2000 e repete-se a proposição de cobertura dos canais, ainda que parcialmente, e novamente esse conflito se estabelece, como em 1997. A recomendação então permanece a mesma: qualquer proposta de intervenção na orla ou nos canais deve ser encarada de forma global, dentro de um plano que abranja toda sua extensão, e que seja permitido um amplo debate com a sociedade.

Esse debate, ocorrendo de forma séria e com espírito aberto a críticas e sugestões, poderá incorporar ao projeto, da melhor forma, os anseios dessa comunidade, representada pelos seus valores, sejam eles meramente utilitários, técnicos, estéticos ou simbólicos.

Afinal, quando projetamos, seja arquitetura ou urbanismo, não estamos lidando apenas com as questões programáticas e funcionais e sim, e principalmente, com o espírito e as emoções humanas.

sobre o autor

Luiz Antonio de Paula Nunes é arquiteto, mestrando em Estruturas Ambientais Urbanas na FAU USP, professor na FAU UNISANTA. Representante na Baixada do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado de São Paulo.

como citar

NUNES, Luiz Antonio de Paula. "É o canal!". Minha Cidade, ano 1, vol. 1. São Paulo, Portal Vitruvius, ago. 2000, p. 001.

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