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my city ISSN 1982-9922

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ROCHA, Alexandre Luiz. Sede da CESP. Meio ambiente e patrimônio cultural em Limeira. Minha Cidade, São Paulo, ano 03, n. 034.03, Vitruvius, maio 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/03.034/2040>.


Sede da CESP em Limeira


Sede da CESP em Limeira, arquitetos César Bergstrom Lourenço, Nina Maria Jamra Tsukumo e Fernando Chacel
Foto Nelson Kon

 

 

Além de chocante, pela insensibilidade, é no mínimo incoerente que uma Municipalidade que promove concurso do melhor jardim da cidade seja a responsável por uma devastação como a recém ocorrida em suas próprias dependências.

Não se trata apenas de seguir a regra que é válida para todos, qual seja, a de pedir autorização para efetivar o corte, de submeter a quem de direito opinar sobre a pertinência ou não da intervenção.

No caso específico desse jardim, o que se está fazendo é uma agressão a um projeto de autoria de um dos mais notáveis paisagistas desse país, do mesmo quilate de Roberto Burle Marx.

Trata-se de Fernando Magalhães Chacel, brasileiríssimo, mais de 45 anos de atuação profissional, ex-professor em Montreal, na Escola de Arquitetura da Paisagem, discípulo de Burle Marx (com quem trabalhou, inclusive), autor de obras do maior interesse onde transparece seu imenso respeito pela natureza (2).

É dele, por exemplo, o projeto de recuperação ecológica da área de mangue da Barra da Tijuca, no Rio, além do tratamento paisagístico de áreas como as das Usinas de Paraitinga, Furnas e Itaipu.

Fernando Chacel trabalhava para a CESP à época de desenvolvimento do projeto da sede regional em nossa cidade (1976), tendo dividido esta tarefa com os Arquitetos César Bergstrom Lourenço e Nina Maria Jamra Tsukumo, autores do edifício.

A antiga sede se encontra agora em obras para receber os representantes da população limeirense. E é aí que vemos com que insensibilidade, prepotência e mesmo ignorância os novos ocupantes se arvoram (!!!) no direito de agredir dessa forma uma obra feita com critério e profissionalismo.

Limeira, cidade dos viveiros de plantas, ponto de encontro de paisagistas, perde assim, mais um elemento de seu patrimônio ambiental e cultural.

Sinceramente, não me incluo entre aqueles que se sentem representados pela Câmara nessa atitude.

notas

1
O presente texto circulou pela internet via Boletim do Docomomo Brasil, DOCO-MEMOS 43.

2
A autoridade e o talento de Fernando Chacel no seu trabalho pode ser atestada em sua obra Paisagismo e Ecogênese, publicada pela editora carioca FRAHIA, em 2001.

sobre o autor

Alexandre Luiz Rocha é arquiteto.

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