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my city ISSN 1982-9922

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WILHEIM, Jorge. Vamos preservar o Vale do Anhangabaú. Minha Cidade, São Paulo, ano 05, n. 059.02, Vitruvius, jun. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/05.059/1974>.



Vi com espanto, no Portal Vitruvius (1), plantas e perspectivas de um Vale do Anhangabaú transformado por vias que o cruzam, trazendo novamente o tráfego para o grande espaço conquistado pelos pedestres! Que idéia mais retrógrada e anacrônica! E que desrespeito à opinião pública, aos usuários do Anhangabaú, para não dizer também, que desrespeito ao projeto vencedor de concurso nacional organizado pelo IAB e lá implantado há 15 anos...

Considerem-se as alegações feitas pela Associação Viva o Centro em defesa deste retrocesso:

(a) Já existem veículos a cruzarem esse calçadão (carros-cofre, carros oficiais, de limpeza), então se propõe a liberação do tráfego de forma disciplinada. Ora, proíba-se de vez o tráfego destes veículos, com as exceções de sempre: limpeza, polícia, ambulâncias, bombeiros.

(b) Os edifícios de escritórios não têm acesso para os automóveis de seus visitantes (pois as garagens de seus usuários sempre mantiveram seu acesso). Este pode ser o caso de quatro prédios à rua Líbero Badaró, a qual poderia vir a ter dois sentidos de direção, entre o Viaduto do Chá e o Largo São Bento, melhorando-lhes o acesso veicular.

(c) Sem carros circulando em frente, o comércio se desvaloriza. Ora, apenas postos de serviço exigem a presença de carros, o restante comércio somente atende pedestres, não é?

(d) A distância entre um veículo e um destino em calçadão chega a...100 metros! Ora, um quarteirão é distância excessiva para andar a pé?

(e) O Anhangabaú antes de sua pedestrianização constituía uma entrada monumental para o Centro. Ora, a quase totalidade do tráfego que por lá passa é de passagem, não se destina ao Centro, pois constituía e continua constituindo um importante eixo urbano norte-sul.

Por outro lado, considere-se o que São Paulo ganhou com o Anhangabaú re-urbanizado: a população já escolheu seus lugares para as atividades mais diversas: pregação evangélica, música, repouso, pontos de encontro variados, arquibancadas para ver e ser visto, o núcleo de segurança, e a tranqüilidade de um vasto espaço para reuniões, manifestações, eventos e o desfrute da paisagem; o atual Anhangabaú tornou-se a paisagem urbana mais bonita e civilizada desta cidade, bem iluminado à noite, um apreciado cartão postal que nos enche de orgulho...

Cidades mudam e ocasionalmente convém redesenhar seus espaços. Desde que haja motivos sérios para este re-fazer. No caso do Anhangabaú não existem tais motivos. Nada há que justifique as drásticas e despropositadas propostas feitas que apenas visam re-introduzir o veículo no espaço conquistado pelos pedestres, conceito elitista míope e retrógrado. Em lugar de destruir este espaço, proponho que o Condephaat o tombe como patrimônio do povo de São Paulo, perenizando esta sua conquista!

nota

1
ANELLI, Renato. "Calçadões paulistanos – em debate o futuro das áreas de pedestres do centro de São Paulo". Arquitextos nº 060. São Paulo, Portal Vitruvius, maio 2005 <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq060/arq060_00.asp>.

sobre o autor

Jorge Wilheim é arquiteto, Secretário de Planejamento do Município de São Paulo durante o governo Marta Suplicy (2001-2004) e co-autor, com Rosa Kliass e Jamil Kfouri, do projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú (1981-1991).

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