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my city ISSN 1982-9922

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TABORGA CORTÉS, Rodrigo; CARMONA HORMAZABAL, Mauricio. Informe sobre a Igreja de Guayacán, monumento nacional no Chile. Minha Cidade, São Paulo, ano 07, n. 077.02, Vitruvius, dez. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/07.077/1934/pt>.


Antigo retábulo


Novo retábulo

Retábulo construído pelo Padre Juan Van Hecke

Foto atual da igreja

A Igreja de Guayacán, Monumento Nacional desde 1977, desenhada pelo famoso francês Gustav Eiffel e construída na Bélgica em 1888. Foto de como era antigamente

 

Primeiramente gostaríamos de destacar que o nome original deste monumento nacional é Igreja do Coração Imaculado de Maria. Desconhece-se quem começou a registrar o nome da Igreja como Nossa Sra. do Rosário, com certeza isto ocorreu devido à veneração que a imagem de Nossa Sra. do Rosário de Guayacán tem neste templo. O nome Coração Imaculado de Maria foi dado porque no retábulo se encontrava a imagem à qual estava dedicada esta Igreja, e é aqui onde começa esta história.

A capela de Guayacán

Os historiadores da segunda revolução industrial e principalmente do desenvolvimento da indústria siderúrgica mencionam que, na Europa até 1860, devido ao convertedor Bessemer que em 1856 começou a produzir aço em abundância a um preço razoável unido aos avanços tecnológicos, que de certa forma substituíram os arquitetos por engenheiros e os pedreiros e carpinteiros por mecânicos e funileiros, permitiram que as oficinas oferecessem por catálogos grande variedade de pontes, pavilhões, edifícios, estruturas de aço facilmente ensambláveis com cavilhas.

O Chile não esteve à margem daquela corrente progressista e na Província se destacavam o ancião Carlos Lambert, Don José Tomas de Urmeneta García-Abello, Maximiliano Errazuriz Valdivieso e Adolfo Eastman. Os irmãos Edwards Ossandon e muito outros vinculados ao EUA e à Europa que conheciam desta indústria crescente.

Das Oficinas de Gustav Eiffel tinham-se trazido desmontadas (1874-1875) a Aduana e a Catedral de Arica São Marcos, duas criações para o Chile, deixando marcada a confiança no avanço tecnológico associado à beleza, que sem problemas resistiram ao terremoto de 1877.

Maximiliano Errazuriz em concordância com os avanços industriais e tecnológicos europeus, como engenheiro, adquiriu em 1889 na Societé Anonymé Des Forges D`Asean da Bélgica, uma construção pré-fabricada metálica de aço e ferro tipo meccano, que foi transportada nos primeiros dias de 1889 para ser instalada como igreja, para o que se contratou os serviços de um engenheiro belga, sendo montada em duas semanas, na data de 2 de março de 1889.

Instalada sobre carris e uma base de “pedras negras” no pátio dos Estabelecimentos, terminada a terraplenagem e a pintura, a igreja foi benzida pelo Bispo de La Serena Dom Antônio Orrego em uma cerimônia religiosa ante autoridades e personalidades do mais seleto da sociedade.

Detalhes arquitetônicos

A igreja apresenta uma estrutura leve e fácil de montar, inteiramente metálica de aço, com um fechamento perimetral de resistentes placas em releve de latão encaixadas em pilares e vigas que enrijecem o conjunto, amarrado interiormente na altura do telhado por tirantes de ferro redondo.

A estrutura do campanário se assemelha a uma armação de meccano. Encaixadas em quatro pilares de esquina que sobem até a base do capitel, se encontram as plataformas do coro com sua balaustrada de traceria, a plataforma que serve de teto para o órgão e a plataforma onde se penduram os sinos. Um agudo capitel arremata o campanário.

A torre central que harmoniza a fachada simples consegue mais altura através de sua agulha. Possui cinco colunas e oito janelas ogivais em ambos lados. A grande harmonia interior provida de placas em releve e perfilaria metálica forrada formam a capela e uma estrutura de sacristia adossada atrás do presbitério.

Seu estilo e decoração são de forte influência neogótica, destacando-se sua simplicidade de linhas, seu esplendor de espaço luz, permitindo a entrada de jogos de cores.

Sua nave central é de 10 x 20 metros de forma retangular.

Estrutura, fundações e materiais

A igreja apresenta uma estrutura leve de aço completamente encaixada (tipo meccano), suas fundações são a base de pedras negras (queimadas em forno) instaladas em carris e um terrapleno.

Seu fechamento perimetral é de latão com ferragens e nervuras para sua maior resistência e vigas que enrijecem o conjunto estrutural (tirantes e tracionamentos). Seus muros interiores são de revestimentos metálicos e seu piso é completamente de tábuas de madeira, a igreja contempla janelas tipo vitrais com vidros de cor e marcos de ferro fundido que dão uma grande harmonia em suas fachadas. Seu teto é completamente de latões ondulados estruturados sobre barrotes, que por sua vez (o telhado) está suportado por 10 colunas interiores (5 de cada lado) que dão harmonia ao conjunto.

Sobre o telhado, na fachada da igreja, se levanta o campanário (capitel) também de tipo meccano, sustentado sobre pilares de esquina, todo revestido com latões e pinturas.

Quanto ao estilo predominante da arquitetura gótica da igreja de Guayacán, o sistema de construção tem como elementos principais a “abóbada de cruz ogival”, o arco em ponta (ogival) e a oposição de abóbadas e de arcos independentes da espessura dos muros, que a fazem única em seu estilo arquitetônico em nosso país.

História recente

A finais dos anos 50 chegou a Coquimbo o sacerdote holandês Juan Van Hecke pertencente à Congregação dos Missionários da Sagrada Família. Com idéias avançadas trazidas da Europa, onde se estava gerando todo um movimento modernista apoiando-se nas mudanças que vinham ocorrendo na Igreja Católica a partir do Concilio Vaticano II, destruiu a decoração interna de vários Templos de Coquimbo entre as quais destaca-se a Paróquia São Luís e principalmente nossa querida Igreja de Guayacán que foi a que mais sofreu os desmandes deste Religioso.

Com o pretexto de restaurar a Igreja em seu interior fechou-a por um tempo, após o qual a entregou ao povoado com a decoração que atualmente se pode apreciar, o impacto foi tal entre os fiéis que até os dias de hoje os idosos lembram esse instante de voltar a entrar em sua Igreja totalmente mutilada, alguns fiéis, emocionados, comentam este acontecido que escandalizou a muitos e os afastou até hoje em dia deste templo já que nada se podia contrapor ao Padre Juan por seu conhecido caráter. Como contam alguns dos que trabalharam na demolição do patrimônio arquitetônico do templo, não encontravam razão nisso já que o retábulo e demais acessórios se encontravam em perfeitas condições, colocando abaixo o argumento de que estava todo maltratado e envelhecido.

O próprio Padre, com serrote na mão, destruía o formoso retábulo despojando de todo seu esplendor interno. No centro deste retábulo sobre o altar à altura das janelas se encontrava a formosa imagem de Nossa Sra. com seu Coração Imaculado, imagem tão nostálgica e recordada pelos fiéis idosos de Guayacán. Ao lado desta imagem se encontravam as do Sagrado Coração de Jesus no lado direito, e a de São José no esquerdo.

As imagens do retábulo medem aproximadamente 1,50 m cada uma. Na altura destas imagens, no centro sobre o altar, o retábulo tinha um trono para a exposição do Santíssimo Sacramento. Este retábulo era todo de madeira fina e hoje só se podem apreciar umas mínimas partes dele, a ponta ou agulha gótica em que arrematava o retábulo se encontra na casa de um particular em Guayacán e outras partes na Paróquia São Luís.

Em uma das paredes laterais, de um lado do presbitério, se encontrava o lustre do Santíssimo. Em ambos os lados do presbitério se encontravam em pedestais de madeira do mesmo estilo do altar, as imagens de Nossa Sra. do Rosário de Guayacán no lado direito e de Santa Inês no esquerdo. Os bancos originais tinham seus suportes de metal com alegorias de videira, no caso das laterais, e simples nas centrais, com madeira no respaldo e no assento. O comungatório era todo de metal com o apoio de madeira. As estações da via crucis eram litografias em molduras decentes. No centro do teto da Igreja pendia um lustre “aranha” precioso. No final da Igreja na escada que dá ao coro se encontrava o confessionário de madeira em estilo gótico e no setor da escada para subir ao campanário a imagem de Nossa Sra. de Pompeya.

Guayacán foi declarada zona típica pelo governo em finais de 2005 com o que se pretende proteger o patrimônio arquitetônico do povoado junto aos dois monumentos nacionais existentes na cidade de Coquimbo, a igreja e a Casa Urmeneta, localizada ao lado dela. Esta casa foi propriedade do alsaciano Charles Saint Lambert, que a ocupava como residência de verão. Construída pelo mestre carpinteiro Averell. É uma edificação patrimonial do povoado de Guayacán de 1840, de materialidade vernácula de dupla crepitação. Foi ocupada como casa comercial Urmeneta e Errazuriz, laboratório químico e declarada monumento histórico em 1990. Atualmente se denomina “Casa de Administração do estabelecimento de Guayacán”.

Mudanças efetuadas pelo Padre Juan Van Hecke

Uma vez retirado o retábulo se colocou em seu lugar um triângulo achatado maciço com um Crucifixo no centro e aos pés deste o sacrário todo em madeira de qualidade muito inferior ao do retábulo anterior. No lugar do altar colocou uma grande mesa exagerada totalmente contrária ao mandato litúrgico, em que estão proibidos os altares com forma de mesa vulgar. Outras mudanças efetuadas pelo Padre Juan Van Hecke:

  • as imagens do retábulo e as outras, exceto a de Nossa Sra. de Guayacán, foram retiradas da Igreja e repartidas em diversos lugares.
  • a lâmpada do Santíssimo foi eliminada.
  • o comungatório foi retirado e largado no pátio da casa das irmãs Contreras, atrás da igreja.
  • no presbitério e no corredor colocou flexit que nada tinham que ver com o contexto arquitetônico.
  • no lugar da via crucis colocou estampas menores em quadros ordinários sobre uns triângulos achatados imitando o que está no presbitério.
  • os bancos originais foram retirados e distribuídos em vários lugares, colocando em seu lugar bancos modernos em madeira de baixa qualidade.
  • o lustre “aranha” foi eliminado e colocados em seu lugar tubos fluorescentes dependurados.
  • eliminou as imagens das laterais do presbitério com seus pedestais. Só conservou a imagem de Nossa Sra. do Rosário para a qual confeccionou um móvel moderno situando-o em uma esquina abaixo do presbitério.
  • colocou atrás do móvel da Virgem do Rosário em uma das laterais do presbitério o primeiro carrilhão confeccionado por ele e um cartaz eletrônico que conta um pouco da história da Igreja de Guayacán.
  • o Padre Juan pediu a um de seus trabalhadores que queimasse o confessionário gótico, que foi salvo porque esta pessoa o entregou a um sacerdote amigo, em seu lugar colocou um moderno como os bancos, o qual depois foi levado a outra capela.
  • a imagem de Nossa Sra. de Pompeya foi retirada e levada à então Capela São João Batista.
  • nas paredes laterais da Igreja colocou alguns pedestais com imagens menores que as antes existentes.
  • o harmônio da Igreja foi levado para a Paróquia São Luís, mas depois foi recuperado.
  • foram retirados vários objetos litúrgicos: um par de cálices, um conjunto de seis candelabros mais a cruz do altar, o sacrário, o pedestal do acéter, etc.

Paradeiro dos itens desaparecidos

Depois de um tempo de investigação pudemos encontrar o paradeiro das seguintes coisas:

  • a imagem do Imaculado Coração de Maria se encontra na Capela do setor La Perla em Pan de Azúcar.>
  • a imagem do Sagrado Coração de Jesus se encontra no oratório do Hospital São Paulo de Coquimbo.
  • a imagem de São José que primeiramente se levou para a Paróquia São Luís e, ao deixar sua custódia, os Missionários da Sagrada Família levaram a imagem para a Casa São José que possuem no setor Sindempart.
  • as imagens dos anjos se encontravam na paróquia São Luís, um deles foi transformado na imagem de Santa Bernardita da gruta de Lourdes do setor Villa Dominante.
  • as imagens de Santa Inês e de Nossa Sra. de Pompeya se encontram na Paróquia São João Batista.
  • o confessionário gótico se encontra no interior do templo da Paróquia São José de Algarrobito, na porta lateral direita.
  • o par de cálices mais dois candelabros estão em poder do Padre Hugo Mercado Almonacid dos Missionários da Sagrada Família.
  • quatro candelabros, o sacrário e o pedestal de metal para sustentar acéter, etc. se encontram na Paróquia São João Batista de Coquimbo.
  • A cruz do conjunto dos seis candelabros do altar se encontra num Mausoléu do Cemitério Católico de Coquimbo pertencente a familiares das senhoritas Contreras.

Esperamos resgatar estas coisas o mais rápido possível, e poder restaurar nossa querida Igreja com seu esplendor de antanho.

Ficha técnica

Denominação
Igreja Coração de Maria de Guayacán.

Localização
IV Região Coquimbo, Comunidade Coquimbo, Rua Los Rieles, esquina com Rua Juan Pablo II, em frente à Praça Urmeneta, Povoado de Guayacán.

Origem
Suas origens remontam ao ano 1888 quando o Engenheiro Maximiliano Errazuriz importa da Bélgica uma Capela de aço tipo meccano que foi desenhada e confeccionada pela Societé Anonymé Des Forges D`Asean. A Igreja de Guayacán é uma construção pré-fabricada metálica de ferro e aço tipo meccano, que está situada sobre carris. Sua nave central é de 10 x 20 m. Possui 10 colunas interiores, duas plataformas, a do coro e do campanário. Seu capitel é de linhas elegantes e simples.

Estado
Atualmente em regulares condições pela falta de manutenção e maltrato da estrutura, como a pintura camada sobre camada, e dos objetos, como no caso das campanas. Além dos saques que sofreu com o correr dos anos.

Proprietários
Foi adquirida em 1888 por Don Maximiliano Errazuriz. Uma vez trasladada até Guayacán foi benta pelo Bispo de La Serena, naquele tempo o Monsenhor Antonio Orrego. A princípio a igreja era de propriedade e uso privado da Família Errazuriz, que mais tarde a abriu à população do povoado e entregou-a definitivamente ao Arcebispado de La Serena que é seu atual proprietário, conservando seu uso para o culto

notas

[tradução Ivana Barossi Garcia]

sobre os autores

Rodrigo Orlando Taborga Cortés, desde 2000 se dedicou a pesquisar sobre a Igreja de Guayacán. A princípios de 2001 consegue recuperar o antigo harmônio da Igreja de Guayacán que durante anos permaneceu abandonado na casa paroquial de São Luís de Coquimbo. Atualmente é o principal gestor do projeto de restauração interna da Igreja de Guayacán, Monumento Nacional desde 1977.

Mauricio Esteban Carmona Hormazabal cursa Filosofia na Universidade Católica do Norte, Campus Guayacán. Graças a sua proximidade com o Padre Van Hecke consegue obter informações sobre o que aconteceu com o desarme do retábulo da Igreja e a localização de outros objetos. Atualmente cursa Direito na Universidade do Mar sede La Serena colaborando bem de perto com o projeto de restauração interna da Igreja de Guayacán.

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