Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
O artigo de Roberto Andrés traz uma crítica à inauguração da "Barreira de Proteção ao Patrimônio" pela prefeitura, na Praça Rui Barbosa em Belo Horizonte

how to quote

ANDRÉS, Roberto. Prefeitura de Belo Horizonte inaugura Barreira de Proteção ao Patrimônio na Praça da Estação. Minha Cidade, São Paulo, ano 10, n. 119.03, Vitruvius, jun. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/10.119/3461>.


A Praça da Estação em Belo Horizonte com a nova Barreira de Proteção ao Patrimônio


A Praça da Estação em Belo Horizonte com a nova Barreira de Proteção ao Patrimônio

 

Chegará ao fim o embate da prefeitura com setores da população de Belo Horizonte que insistem em querer fazer ‘eventos’ na Praça Rui Barbosa, a Praça da Estação. A ser inaugurada esta semana, uma Barreira de Proteção ao Patrimônio (BPP) resguardará o importante bem público de atos de vandalismo, shows de música Gospel, passantes não-identificados e moças em pequenos biquinis portando isopores com cerveja.

A praça, presente na história da capital mineira desde sua fundação, foi revitalizada em 2007. Naquela reforma, o rio que ali passava foi asfaltado, dando lugar a um Bulevar verde com árvores grandiosas, que separa o conjunto em duas partes, com referências franco-italianas. De um lado, árvores, bancos e jardins em estilo Louis XIV. Do outro, uma esplanada árida que remete aos tempos áureos da arquitetura de Mussolini. Foi desse lado, visando proteger o precioso patrimônio composto por, além do edifício da estação, um piso acimentado, uma magnífica estátua, uma árvore e doze totens de iluminação, que a Prefeitura de Belo Horizonte enfrentou os vândalos festeiros.

Na foto aérea da Praça Rui Barbosa, no Google Maps, mal se vê o piso. Uma multidão assiste a um show, e as ruas laterais estão repletas de passantes. Desde a revitalização, a área serviu a uma série de eventos públicos de grande porte, quase sempre musicais, abrigando uma matiz que vai de música evangélica a Clube da Esquina. Acontece que a aglomeração de pessoas muitas vezes causa danos ao patrimônio, gera sujeira e encontros – todos inconcebíveis em uma cidade moderna como a capital das Alterosas.

Em dezembro de 2009, visando resguardar e proteger o patrimônio público, a Prefeitura soltou um decreto proibindo a realização de eventos de “qualquer natureza” na praça. Os evangélicos, que não estão para briga, pouco se manifestaram. A reação, no melhor estilo esquerda festiva, veio de um grupo jovem ligado à indústria de sundown, que ali instalou uma praia, com direito a cerveja, guarda-sol, chuveiradas e frescobol. A cada fim de semana dos primeiro meses deste ano, os mineiros tiveram sua riviera urbana, aproveitando para entoar cantigas de desordem e protesto.

Rigorosa no seu papel de guardiã do patrimônio, a Prefeitura não deixou barato: convidou arquitetos renomados (os mesmos que desenharam, por ali, bancos de granito extremamente confortáveis e o Bulevar com árvores grandiosas) para pensarem uma solução de proteção contra os farristas. Com um projeto que concilia inovação, austeridade e respeito à tradição, os arquitetos criaram uma BPP que nada deve ao West Bank Barrier Israelense ou aos “Ecolimites” construídos por Sérgio Cabral nas favelas cariocas.

Ao mesmo tempo em que protege a Praça das multidões, a barreira não impede a visada do edifício da estação pelos passantes de helicóptero e permite a entrada de pessoas munidas do Documento de Comprovação de Registro junto ao Departamento de Controle de Acesso a Praças e Jardins – recém criado pela administração para oferecer mais segurança, ordem e controle no uso da cidade.

Do lado de dentro, a praça descansa em paz. Todos os dias, às 11h e às 16h, a fonte esguicha sua água costumeira. Entre a imagem do muro que se forma em uma poça d’agua e sua presença monumental na paisagem, no chão seco que as separa, quatro pombas defecam.

nota

1
Artigo originalmente publicado no Jornal "Hoje em Dia".

2
Esta reportagem imaginária ainda não aconteceu, sendo as fotomontagens realizadas por Roberto Andrés, com colaboração de Rodolfo Provetti.

sobre o autor

Roberto Andrés é professor na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, artista residente no JA.CA e editor da revista PISEAGRAMA.

Roberto Andrés, Belo Horizonte MG Brasil

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided