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português
Em João Pessoa, a deficiência de integração entre os equipamentos de transporte é uma questão a ser abordada, dado seu papel essencial para a qualidade de vida da população.
english
In João Pessoa, the lack of integration between transport equipment is an issue to be addressed, given its essential role for the quality of life of the population.
español
En João Pessoa, la falta de integración entre los equipos de transporte es un tema a tratar, dado su papel esencial para la calidad de vida de la población.
OLIVEIRA, Giulia Lena de; SOUZA, Eloise Lins Gomes de; SILVEIRA, José Augusto Ribeiro da; PEREZ, Letícia Palazzi. Equipamentos urbanos de transporte em João Pessoa PB. Minha Cidade, São Paulo, ano 20, n. 234.03, Vitruvius, jan. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/20.234/7600>.
Historicamente as cidades se formaram próximas aos rios, mares, lagos, não só pela proximidade das fontes de acesso de água e alimento, mas também por uma diversidade de atrativos, entre eles, a possibilidade de deslocamento e o transporte de mercadorias (1).
Se o tamanho da cidade denominada pré-moderna era proporcional ao deslocamento a pé, entre quaisquer dos seus pontos, ao longo da segunda metade do século 20, acelerou-se o crescimento dos aglomerados urbanos, em número e tamanho (2), aprofundando os problemas ligados ao deslocamento com algum tipo de transporte motorizado ou mecanizado.
Se nos Estados Unidos da América ocorreu o processo de urban sprawl (3), designando o processo de urbanização periférica que se deu pela produção de subúrbios planejados, notadamente a partir dos anos 1970 e por parte de uma população de classe média em busca de um novo estilo de vida, aproximação com a natureza e a fuga dos centros urbanos, na América Latina esse processo trouxe o espraiamento das cidades principalmente por assentamentos urbanos de população de baixa renda, desencadeando o “processo de periferização urbana e declínio da qualidade urbanística” (4).
Alexandre Silva, Milena Dutra Silva e José Augusto Ribeiro da Silveira (5) relatam alguns problemas oriundos do urban sprawl, no ambiente urbano latino-americano:
Os mesmos autores (6) consideram ainda que as cidades, no caso as brasileiras, tendem a crescer também de forma dispersa e fragmentada, com baixa densidade, e que estas questões estão relacionadas à fragilidade do planejamento e da indicação de áreas prioritárias para ocupação e adensamento.
Em João Pessoa, terceira cidade mais antiga do país, a problemática do crescimento urbano, aliada às deficiências do planejamento e à lentidão das ações, seja por falta de capacidade institucional ou por falta de recursos públicos para implantar, no caso, equipamentos urbanos que possam suprir as necessidades da população, é visível principalmente no que diz respeito a transportes e desenvolvimento urbano (7).
Assim, explora-se aqui a distribuição espacial dos equipamentos públicos de transporte em João Pessoa, que buscam conectar os bairros e, principalmente, o Terminal Rodoviário, o Terminal de Integração Intraurbana e o Terminal VLT, este último que interliga a capital às cidades da Região Metropolitana.
Equipamentos urbanos
Os serviços oferecidos pelos equipamentos urbanos, segundo Christopher Lovelock e Lauren Wright (8), se constituem como um ato ou desempenho que cria benefícios para a população. A importância do equipamento urbano é traduzida pelo aprimoramento do conforto da cidade, como complementação da sua urbanização (9). Além de oferecer os serviços à população e complementar a infraestrutura, os equipamentos se caracterizam como a materialização estrutural das instituições.
Na Constituição Federal Brasileira de 1988 inclui entre competências municipais “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o transporte coletivo, que tem caráter essencial”. Em relação ao transporte interurbano, que se dá nos Terminais Rodoviários, a competência é do Estado.
Observa-se que muitas estruturas do ambiente urbano necessitam da presença dos equipamentos para disponibilizar qualidade de vida, como uma orla marítima caminhável, as habitações populares, os parques e a própria mobilidade urbana.
Dada a importância dos equipamentos urbanos para o bem-estar da população, existem problemáticas que interferem negativamente na qualidade da vida na cidade. A falta de integração dos equipamentos é uma delas.
Se a falta de integração entre, por exemplo, os parques urbanos e a rede de ciclovias podem implicar em perdas de uso e de qualidade da utilização dos próprios espaços públicos, em relação ao transporte coletivo e à mobilidade, esta má integração tem influência no dia-a-dia da população.
No Brasil, grandes equipamentos urbanos como Terminais Rodoviários e os Terminais de Integração sofrem com a falta de manutenção, mas, principalmente, com a falta de integração com outros equipamentos de transporte urbano.
O mapa de Terminais e Densidade de João Pessoa mostra a distribuição espacial dos equipamentos de transporte em João Pessoa, disposto sobre os dados censitários da densidade populacional, em 2010.
Nota-se que os terminais estão concentrados em duas áreas da cidade: na porção oeste e na porção sul e que uma área adensada próxima à orla, não possui nenhum terminal de ônibus.
Segundo Odaris Gonçalves e Giácomo Balbinoto Neto (10), a importância do estudo dos terminais rodoviários ou estações rodoviárias deve-se ao fato de que eles constituem um componente chave do sistema de transporte rodoviário de passageiros do país e contribuem de modo significativo para a acessibilidade e mobilidades dos indivíduos e cargas. Além disso, em regiões metropolitanas, a integração entre o transporte intraurbano e interurbano é essencial.
Nesse sentido, o Terminal Rodoviário Severino Camelo é um exemplo de falta de planejamento adequado, integração e, também, conservação. Como é possível observar nas imagens de satélite do local, o sistema ferroviário, o Terminal Rodoviário e o Terminal de Integração de Ônibus urbanos, apesar de muito próximos, não estão nem fisicamente nem operacionalmente conectados.
Se entre o terminal rodoviário e o terminal de ônibus são apenas 80m, entre ambos e o terminal VLT são 500m de distância, atravessando uma rua local e uma avenida de duas faixas.
As imagens do local mostram a visão do Terminal VLT, desde a Rodoviária. As fotos mostram parte do trajeto que os passageiros devem fazer, a pé, desde a Rodoviária ou desde o Terminal de Ônibus até o Terminal VLT para integração intermunicipal e o caminho de 80m a ser percorrido pelos passageiros entre o Terminal de Ônubis e a Rodiviária.
Conclusões
Juntamente à infraestrutura, os equipamentos urbanos são fundamentais na cidade para oferecer e para viabilizar a maioria dos serviços necessários à população, visto que é através deles que é possível atender e aperfeiçoar vários serviços essenciais que a população demanda cotidianamente, como o transporte público.
Apesar da importância que os equipamentos urbanos de transporte possuem, a falta de planejamento sistematizado é o principal problema para a mobilidade urbana e a qualidade de vida da população.
A falta de integração entre os equipamentos, a má distribuição espacial, a má conservação, e mesmo a poluição visual ou estética também compõem um grupo de elementos que afetam a qualidade dos equipamentos na cidade, muitas vezes desconsiderados como um objeto – polo componente de um sistema urbano.
Tendo em vista que os equipamentos urbanos têm uma grande importância na cidade, é essencial que sejam aplicadas políticas públicas para a sua estruturação dinâmica, monitoração e conservação, bem como implantações de novos dispositivos tecnológicos que busquem analisar as diferentes demandas pelos equipamentos, para que se compatibilizem, de forma organizadora e eficiente, às exigências atuais do atributo mobilidade.
notas
1
OLIVEIRA, José Luciano. Uma contribuição aos estudos sobre a relação transportes e crescimento urbano: o caso de João Pessoa, PB. Dissertação de mestrado. João Pessoa, PPGCAM UFPB, 2006 <https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/9708>.
2
BENTES, Julio Cláudio da Gama. Dispersão Urbana no Médio Paraíba Fluminense. Tese de Doutorado. São Paulo, FAU USP, 2014.
3
OJIMA, Ricardo. Novos contornos do crescimento urbano brasileiro? O conceito de urban sprawl e os desafios para o planejamento regional e ambiental. GEographia, n 19, 2008, p. 46-59.
4
SILVA, Alexandre; SILVA, Milena Dutra; SILVEIRA, José Augusto Ribeiro da. Lugares e suas interfaces intraurbanas: transformações urbanas e periferizações. João Pessoa, Editora UFPB/ Editora da Paraiba, 2016.
5
Idem, ibidem.
6
Idem, ibidem.
7
OLIVEIRA, José Luciano. Op. cit.
8
LOVELOCK, Christopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. 6ª edição. São Paulo, Saraiva, 2006; MASCARÓ, Juan L.; YOSHINAGA, Mário. Infra-estrutura urbana. Porto Alegre, Masquatro, 2005.
9
MOURTHÉ, Claudia Rocha. Mobiliário urbano em diferentes cidades brasileiras: um estudo comparativo. Dissertação de mestrado. São Paulo, FAU USP, p. 280.
10
GONÇALVES, Odaris; NETO, Giácomo Balbinoto. A Regulação da Estação Rodoviária: Teorias e Evidências para o caso gaúcho no período 1997 – 2007 <https://www.ufrgs.br/ppge/wp-content/themes/PPGE/page/textos-para-discussao/pcientifica/2008_03.pdf>.
sobre os autores
Giulia Lena de Oliveira é aluna do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.
Eloise Lins Gomes de Souza é aluna do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.
José Augusto Ribeiro da Silveira é docente do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.
Letícia Palazzi Perez é docente do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba.