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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Nacional de Idéias - Memorial à República. Projetos, São Paulo, ano 02, n. 020.02, Vitruvius, ago. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/02.020/2170>.


O concurso proposto tem objetivo diversificado e heterogêneo. Consiste, ao mesmo tempo, na constituição de um Memorial à República e a seu primeiro presidente civil, Prudente de Moraes, e na re-organização de um espaço público de grande potencial para a cidade de Piracicaba. Este espaço, por sua vez, deve adequar-se, de acordo com o programa, a dois usos distintos. O primeiro, aberto ao público em geral e voltado para atividades de lazer e culturais, trata da criação de uma praça, de um auditório para 300 pessoas, de uma biblioteca virtual, de um espaço expositivo e de um restaurante-café. O segundo, de vocação educacional e restrito às crianças matriculadas, trata da criação de uma creche para 250 crianças. Foi toda a complexidade deste programa que nosso projeto procurou abarcar.

1. Duas praças

O atual Jardim da Ponte é parte do percurso definido pelo Rio Piracicaba, que desempenha um papel fundamental como elemento estruturador da cidade. Trata-se, na verdade, de seu grande eixo urbanístico e histórico, cujo significado vem sendo atualizado por iniciativas públicas e privadas, que procuram fazer valer seu grande potencial turístico, cultural e de lazer. Nossa praça, no entanto, está afastada um quarteirão da orla do rio, isolada parcialmente pelo hotel Beira Rio, que oblitera a visão de quem está no terreno.

Assim, mais do que a relação com o rio vizinho, elegemos e atribuímos caráter permanente em nosso projeto a dois elementos físicos internos ao Jardim da Ponte: a topografia do lote e as árvores ali existentes. Entendidos como elementos fixos, orientaram todo o projeto da praça.

Assim, toda a transformação por que passará o desenho da praça atual se dará em torno da manutenção e da fixação da topografia do lugar, que é a própria relação com o rio Piracicaba, e das árvores que ali cresceram ao longo do século passado, como uma digital do tempo transcorrido. Na verdade, aquilo que numa obra deste porte parece moldável e transitório (a vegetação e o perfil do lote) serviu de fundamento poético ao projeto. A característica central do lote é sua queda acentuada desde o ponto mais alto na cota fixada como +50.00m (a esquina das ruas Saldanha Marinho e Tiradentes) até as demais extremidades.

A idéia básica do projeto foi constituir um plano horizontal perfeito e transparente, sobre este solo inclinado, projetando em nível a cota mais alta do terreno (+ 50,00), ponto em que este plano coincide com o plano do terreno real. Duplicamos, com isto, a metragem quadrada da praça, fazendo uma nova praça sobre a primeira, sem dificultar em nada o uso da praça original.

O terreno do solo sob esta grade suspensa terá sua inclinação fixada num plano contínuo de grama, sem acidentes, elevações ou depressões súbitas, tendo sua geometria rigorosamente regularizada a partir das cotas de nível das calçadas, com total acessibilidade desde o entorno. Desta forma, criam-se duas áreas verdes: o jardim baixo, de onde brotam as árvores, protegido pela sombra da grade, e o jardim suspenso, que se abre para deixar passar estas árvores, estabelecendo uma nova relação com suas copas e com o céu, à medida que o chão se distancia.

Para unir os dois planos (além da entrada pela esquina da cota +50,00, onde ambos coincidem) há um único elevador, localizado no meio da praça. O plano elevado se estrutura através de pilares tubulares com vão de 10 metros entre eles, vencidos por uma composição de vigas-vagão, que diminuem o vão para 5x5 metros. Vigas menores estruturam o piso de grade eletrofundida. Este piso é interrompido em vãos de contorno regular cercados por guarda-corpos, que deixam passar as copas das árvores. Os pilares mais altos recebem reforço em estrutura espacial tubular.

2. Os edifícios

Na fração menos elevada do terreno, ao longo do alinhamento com o hotel, que corresponde ao segmento desprovido de vegetação, estão implantados os edifícios que atendem ao programa sugerido pelo edital do concurso. Estão dispostos em três volumes. O auditório comparece como uma caixa fechada, medindo 30x30 metros, com vigas de aço apoiadas em empenas de concreto. Possui acesso de serviço ao nível da rua Vergueiro, comunicando diretamente com a lateral do palco. O acesso do público é feito através do foyer, um volume de vidro suspenso protegido do excesso de sol sob a cobertura de grelha, e que se apóia em seis pilares de aço que fazem parte da estrutura da praça superior. O acesso ao foyer acontece por meio de elevador e escada compreendidos no volume do auditório.

O volume do auditório sobe até atravessar o chão elevado da cota +50.00m, e no seu último plano, abrindo-se diretamente para o jardim suspenso, abriga a cafeteria, a biblioteca virtual e a sala de exposições. Em frente a ele, na cota +50.15m, há um jardim alto, de fechamento móvel, que faz também a vez de solário da creche. Este conjunto (café/restaurante, sala de exposições, biblioteca virtual) complementa o uso variado e cultural do Memorial, com acesso externo diretamente pela praça suspensa, que deve ser toda percorrida até que se chegue a ele.

A creche ocupa aproximadamente a mesma localização da atual. Está organizada em três pisos mais um terraço, a partir de uma circulação periférica que se abre visualmente para a praça (à qual se tem acesso através de uma rampa) e para a rua. A mesma grade de piso da praça é aplicada como brise, contornando as faces externas do volume, enquanto as salas de aula abrem-se para a circulação através de janelas altas.

3. O Memorial

Procuramos, ao pensar num Memorial para a República e para seu primeiro presidente civil, Prudente de Moraes, preservar toda a ambigüidade e a tensão deste momento histórico. A gestão de Prudente de Moraes foi marcada por ameaças de quebra institucional, e por uma quase guerra civil - a campanha de Canudos, onde cerca de 50 por cento dos efetivos do exército nacional foi empregado para massacrar uma rebelião regional. Apesar, portanto, do avanço democrático (imprensa livre, voto direto, alternância no poder) representado pelo advento da República, não é possível esquecer os graves conflitos que eclodiram ao longo de todo este período. Consideramos em nosso projeto que a forma mais adequada e neutra para tratar desta ambigüidade seria utilizar, através da apropriação de elementos internos a ela, a própria imprensa da época. Com isto, poderíamos remeter à visão que a época teve de si mesma, em seus acertos e em seus enganos.

Nossa proposta para o Memorial da República será ampliar em grande escala (2,40 metros x 3,50 metros cada), ao longo de uma borda contínua que percorrerá os 350 metros de calçada que circunda a praça, o relevo em negativo das páginas de rosto de jornais da época de Prudente de Moraes. A técnica de impressão era a tipografia, ou seja, uma fonte em relevo invertido que transferia a tinta para o papel. Seria ampliado na calçada, feita de concreto, este relevo tipográfico de 100 primeiras páginas de jornais, selecionadas entre diversos exemplares da imprensa nacional, durante a gestão de Prudente de Moraes.

Assim, o acesso do público ao Memorial se dará ao caminhar por sobre a transcrição, gravada em relevo e em escala monumental, mas invertida especularmente, da história segundo o ponto de vista da época homenageada. Estes ready-made agigantados, como cifras quase ilegíveis do tempo passado, envolvendo a praça em sua incógnita, poderão ser esclarecidos e complementados por informações contidas e disponíveis na biblioteca virtual.

source
Keila Jane Costa
São Paulo SP Brasil

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original: português

source
IAB-SP
São Paulo SP Brasil

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