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PORTAL VITRUVIUS. Projeto Beira-Rio – Etapa 2: Largo dos Pescadores. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 059.01, Vitruvius, nov. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.059/2565>.


Este projeto de requalificação do Largo dos Pescadores/Casa do Povoador, em Piracicaba, SP, inscreve-se no âmbito das ações do denominado "Projeto Beira-Rio", de responsabilidade do poder público municipal daquela cidade.

O Projeto Beira-Rio vem sendo desenvolvido desde 2001 e se constitui como um processo matricial de ações focadas na legitimação, recuperação e potencialização da relação identitária entre a cidade e o famoso corpo d'água.

O Projeto parte do pressuposto de que rio e cidade em Piracicaba conformam um único e amplo sistema bio-cultural e aponta para um escopo de ações integradas que busca escapar da consecução de melhorias pontuais à beira rio, tônica, até então, da ação municipal neste waterfront.

As relações operantes entre o rio e a cidade se manifestam sob diversos matizes: sociais, folclóricos, urbanísticos, ambientais, econômicos, turísticos - culturais, enfim. Desta constatação iniciou-se o trabalho por um diagnóstico antropológico/participativo, que interpretou as potencialidades e problemas do binômio rio/cidade (2001-2002). Seu resultado foi incorporado à etapa subseqüente, a elaboração de um Plano de Ação que sintetiza e estrutura as diretrizes para a ação pública em toda a orla do rio dentro do município, com reflexos, inclusive, na região (2002-2003).

O eixo desta gestação teórica do Projeto Beira-Rio foi a questão da sustentabilidade, que perpassa o diagnóstico (intitulado "A cara de Piracicaba"), o Plano de Ação Estruturador (com foco no Planejamento Ambiental e Desenho Ambiental) e também a Agenda 21 Local ("Piracicaba 2010", da qual o Projeto Beira-Rio é premissa).

O Projeto Beira-Rio espelha as múltiplas interfaces da relação entre rio e cidade por meio de diretrizes integradas de prevalência do pedestre no espaço urbano, a cultura como definidora de projeto, inserção social e preservação dos recursos naturais e construídos por meio do fomento ao turismo como fonte de renda "limpa" e inclusiva, visando a uma reaproximação objetiva e subjetiva com o rio.

Uma modalidade de ações apontadas pelo Plano de Ação Estruturador é a da intervenção urbana; desta forma teve início o Projeto Beira-Rio na Rua do Porto (cujas obras foram executadas em 2004).

A etapa subseqüente a esta é o projeto ora apresentado, de requalificação do entorno do Largo dos Pescadores e da Casa do Povoador.

Originado do movimento secular de viajantes cruzando o rio ao longo da rota setecentista de Cuiabá, o Largo conecta-se espacial e historicamente à chamada Casa do Povoador, antiga construção em taipa que se fixou no imaginário popular como tendo abrigado o fundador oficial da cidade, capitão-povoador Antonio Corrêa Barbosa.

De forte simbolismo para a cidade, a estes espaços são propostas transformações a partir dos conceitos gerais do Plano de Ação do Projeto Beira-Rio: a prevalência do pedestre, a recuperação do patrimônio público natural e construído, o dado cultural como elemento definidor, a manutenção dos usos consolidados - a aproximação do cidadão com o rio.

Memorial

Diferentemente da primeira obra do Projeto Beira-Rio (requalificação da Rua do Porto), onde a soma de pequenas intervenções se uniram para obtenção do resultado desejado, neste novo projeto a utilização dos recursos se concentrou principalmente no uso de uma ferramenta principal: a manipulação do sistema viário. Esta postura se justifica pelo fato dele próprio ser razão de grande parte dos problemas ali diagnosticados.

Fruto das desenvolvimentistas décadas de 1950 e 1960, a avenida Beira Rio recolocou a área ribeirinha no mapa da cidade, mas, como a maior parte das intervenções deste período, com ênfase excessiva no trânsito motorizado em detrimento dos espaços públicos.

O Largo dos Pescadores, antigo entreposto e porto fluvial do "picadão de Cuiabá", teve suas dimensões amputadas e seu contato com o rio isolado pelas duas faixas de rolamento da nova avenida. Da mesma forma, um antigo e importante exemplar de arquitetura vernacular em taipa (Casa do Povoador) foi quase soterrado pela presença esmagadora do muro de arrimo de sustentação das referidas pistas.

O passeio público lindeiro ao rio ficou espremido entre as guias da avenida e um contínuo guarda-corpo de proteção e isolamento em relação às margens. As calçadas da face oposta tampouco receberam uma dimensão apropriada à circulação e ao descanso, situações contrastantes com os novos espaços do recém-finalizado Calçadão da Rua do Porto - cujo início é justamente ao final da avenida Beira Rio.

Baseada em contagens de veículos e análises de mobilidade da região, foi proposta a transformação do trecho final desta avenida em via de mão simples no trecho entre as ruas Prudente de Moraes e Rangel Pestana.

Cria-se assim um trecho diferenciado de apenas quatro quadras, sofrendo a circulação de automóveis uma restrição bastante pontual em seu percurso - constatação reforçada pelo caráter estritamente local da avenida; amplia-se, ainda, a calha da nova rua, antes insuficiente ao trânsito de dois veículos somados à faixa de estacionamento.

O projeto se utiliza do ganho espacial gerado pela exclusão de uma das pistas para articular uma série de mudanças nos espaços públicos. Entre o Largo e a Casa do Povoador foi definido um eixo diagonal que conduz a alterações simultâneas nestes espaços e na relação entre ambos.

Com o recuo da pista, a Casa do Povoador, hoje um pequeno museu municipal, ganha visibilidade com uma encosta mais suave, na qual foi proposta uma arquibancada de estar e acesso, que convida a entrar na casa-monumento ou à mera contemplação do rio e do salto, visíveis logo abaixo. O local, hoje quase despercebido, ganha assim vitalidade e se torna um pólo de atração.

Em relação ao Largo, as mudanças visam claramente a recuperar parte do espaço perdido para o viário. Foi proposto o nivelamento de seu piso, resultando em seu destaque em relação ao nível do viário.

Este recurso possibilita melhor apreensão visual do rio, hoje fragmentada pela distância e pelos obstáculos entre o Largo e as margens.

Local de acontecimentos de várias festividades que contam com o fechamento do fluxo de veículos durante suas realizações, ao Largo propõe-se a utilização do mesmo piso dos grandes planos moderadores de tráfego lindeiros. Resulta, no dia-a-dia uma clara prevalência do pedestre naquele encontro de fluxos e, durante as festividades, uma extensão da praça à população, sem a presença de guias e sarjetas.

Ao restante do percurso indica-se o alargamento dos passeios, em especial da calçada junto às edificações; na face marginal ao rio, a adequação da largura do piso e a retirada dos guarda-corpos, com a implantação de um talude gramado ao longo dos desníveis existentes. A retirada das barreiras e a atração natural e visual despertadas pelas águas deverão ser suficientes para um convite ao passeio na orla ou ao pouso descompromissado sob a sombra das árvores no percurso.

Ao final das propostas espera-se que os cidadãos percebam mais que a continuação coerente das aplicações das premissas do Projeto Beira-Rio, uma celebração de seus conceitos. Em tempos de correria, o projeto aposta na valorização e no estímulo de uma característica profundamente caipira: a matutagem preguiçosa - ou, soando mais globalmente, o "dolce far niente".

ficha técnica

Arquitetura e Urbanismo
Renata Toledo Leme
Eduardo Martini
Monica Salim
Fabio Guimarães Rolim

Colaboração
Ricardo Hofer
Thomas A. J. Burtscher
Melissa de Angelis

Edição/Organização
Fabio Guimarães Rolim

Coordenação Geral do Plano de Ação
Renata Leme

Coordenação de Arquitetura e Urbanismo
Eduardo Martini

Ilustrações
Fran Cavallari

Consultoria em desenho ambiental e autoria do plano de ação estruturador
Maria de Assunção R. Franco

Diagnóstico "A cara de Piracicaba"
Arlindo Stefani

nota

1
Implantação - 1. Avenida Beira Rio – trecho de mão dupla; 2. Bolsão de estacionamento: apoio aos eventos do Engenho Central e da Casa do Povoador; 3. Abertura do canteiro central: permissão de manobras de conversão em direção ao centro; 4. Supressão de uma pista: criação de talude vegetado recuado em relação a casa; 5. Arquibancada e arena de eventos: espaços de acesso, estar e contemplação; 6. Embarque e desembarque; 7. Escadarias: proteção das soleiras em relação aos alagamentos, assentos improvisados durante a realização de eventos; 8. Moderador de tráfego: área de preferência do pedestre e plano de expansão da praça em dias de festa; 9. Largo dos Pescadores: ajuste do piso, destacamento em relação à via, ampliação em direção ao rio; 10. Alargamento das calçadas; 11. Parada de ônibus; 12. Retorno do parque da Rua do Porto; 13. Ponte pênsil: acesso ao Engenho Central; 14. Rampa de barcos: adequação da angulação e alargamento da rampa para utilização simultânea; 15. Adequação do passeio e acessos: talude de acesso ao rio, integração margem e calçada; 16. Balsa por cabo: integração entre as margens, acesso ao engenho central; 17. Início do calçadão da rua do porto

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059.01 Institucional
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