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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público de Projetos para a Sede do IPHAN em Brasília. Projetos, São Paulo, ano 07, n. 075.01, Vitruvius, mar. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/07.075/2769>.


Pressupostos conceituais

O projeto tem como conceito arquitetônico básico a idéia de, através de um edifício aberto em todos os sentidos, marcar simbolicamente e de maneira afirmativa uma instituição que pretende construir para si um novo direcionamento, aproximar-se da sociedade dividindo com ela a tarefa de zelar pelo patrimônio cultural do país.

Além disso, a proposta busca também:

  • Criar uma edificação que proporcione um ótimo funcionamento das atividades técnicas e administrativas da autarquia, através do correto entendimento das condições físico-climáticas da cidade de Brasília e da geração de micro-climas corretivos em seu entorno e no seu interior.
  • Pensar na arquitetura de maneira republicana propondo um edifício em função da cidade, ao invés de colocar a cidade em função do edifício. Estratégia que o diferencia da arquitetura comercial média e que convém a um prédio público.
  • Materializar no edifício o caráter urbano de Brasília a partir da conciliação de suas quatro escalas, Monumental, Gregária, Cotidiana e Bucólica. A escala monumental se expressa nas formas adotadas para o edifício, cuja imagem forte e pregnante pretende fazer elevar a sede do IPHAN à condição de m arco urbano; sua composição plástica e volumétrica intenciona fazer com que o edifício mantenha sua força expressiva mesmo a grandes distâncias. A escala gregária realiza-se ao nível do chão: o desenho do território delimita uma praça rebaixada que, a um só tempo, cria espaços de reunião e encontro e distingue-se da via pública. A escala cotidiana faz-se presente acima do nível do solo, nos pavimentos que abrigam as atividades técnico-administrativas, além dos espaços de uso coletivo como restaurante e biblioteca; todos estes espaços se conectam a praça através da fruição visual. Por fim, a escala bucólica faz-se presente no paisagismo vegetal e aquático que ambienta os espaços internos, tornando tanto a permanência nas áreas de trabalho como a circulação entre eles, mais agradáveis.
  • Gerar um grande espaço aberto, uma praça, para abrigar atividades culturais que vão além do programa proposto, capaz de receber manifestações de caráter mais livre e popular, sem, no entanto, fazer com que esta adição ao programa básico proposto represente um incremento no custo da implantação da instituição.
  • Resolver a questão de frente/fundo do edifício uma vez que o acesso principal ao mesmo não poderia, de acordo com o regulamento e a legislação distrital, fazer-se pela avenida principal de onde ele será mais visto. Foi trabalhado um conceito que  diferencia claramente duas frentes: a frente visual, o lado do prédio que fica voltado para avenida principal, caracterizado por uma imagem marcante percebida a grandes distâncias e pela paisagem do cerrado que separa o prédio da via e contorna a praça. Do outro lado, na via interna da quadra onde se encontra o acesso principal, optou-se por criar uma frente funcional, caracterizada por uma grande rampa de entrada e por um grande vazio no encontro dos dois blocos principais que marca a entrada à maneira de um grande pórtico.
  • Por último, equacionar o dilema conceitual que é colocado ao se discutir publicamente a concepção de um prédio para abrigar o Instituto de patrimônio Histórico, com relação ao tipo de linguagem arquitetônica a ser adotado ou mesmo no que diz respeito às possíveis relações paradoxais entre passado-presente-futuro: A proposta se vale das lições construtivas do nosso passado arquitetônico, de forma a garantir uma melhor adaptação ao clima e ao sítio. Busca utilizar as tecnologias e sistemas construtivos mais atuais em nosso país, a garantir de maneira clara a criação de um edifício que simbolize nosso tempo presente. E, por fim, através do conjunto de soluções arquitetônicas propostas, garantir uma edificação capaz de resistir dignamente ao teste do tempo, aumentando seu grau de permanência e sua vida útil em direção ao futuro, aspecto tão caro a um prédio público. Em suma, um prédio que respeita com igual peso, passado, presente e futuro.

Caracterização geral da proposta arquitetônica

A implantação do prédio se baseia em dois grandes blocos perpendiculares entre si, formando um “L” e gerando uma área central aberta, uma grande praça para a celebração da cultura, através de suas mais diversas manifestações e com isto, aproximando as pessoas e afirmando o caráter aberto e democrático da instituição. Além destas atividades, a praça cria espaços propícios para o lazer e o descanso no cotidiano da instituição. Esta praça desenvolve-se através de um piso contínuo que realiza de forma suave a transição entre o nível da via pública e o interior da quadra. Desenhando o piso com patamares sucessivos, toma emprestada a lição das praças italianas: uma boa praça raramente é plana, evita sempre a horizontalidade estrita.

Nas faces externas da edificação, optou-se por uma epiderme homogênea e que evidenciasse a idéia de uma edificação aberta. Isto foi possível através da utilização de chapas perfuradas nos planos externos do prédio, em diferentes graus de abertura, para as diferentes situações, sempre aparafusadas na estrutura metálica principal do edifício.

O bloco paralelo à avenida principal concentra as atividades das Diretorias Técnicas, Coordenadorias e Presidência. No outro bloco, perpendicular à avenida principal, estão as atividades do setor de interação, os laboratórios e as funções administrativas.

O projeto apresenta uma distribuição funcional ao longo de seus quatro pavimentos que propõe um gradiente de acesso do nível térreo mais público, ao último andar, onde o acesso é mais restrito. No último pavimento,  privilegiou-se o contato dos setores mais nobres, como a presidência, com o terraço-jardim que ambienta este nível.

No nível térreo foram concentradas quase todas as atividades de interação, principalmente as que podem se integrar ao uso cultural proposto para a grande praça central do projeto: teatro, galeria, espaço de memória, café e livraria. O setor de interação comparece, portanto, em complementação ao espaço aberto da Praça.

A biblioteca e o arquivo estão no nível imediatamente acima, acessado por uma rampa que atravessa a galeria, em um percurso contínuo que favorece a fruição das obras que ali se instalarão em caráter permanente ou provisório. Desta forma, cria-se uma maior privacidade para estes espaços, locais de estudo e concentração sem, contudo, distanciá-los física e visualmente dos espaços públicos de interação e da praça.

O acesso principal de pedestres é feito pela via interna da quadra, onde uma rampa de inclinação suave acolhe o visitante e o conduz ao interior do terreno.

O acesso e a saída dos estacionamentos coberto e descoberto, feitos pela mesma via, concentram-se em um só ponto de modo a otimizar o controle.

No encontro dos dois blocos principais do projeto foi criado o núcleo principal de articulação vertical do projeto. Através dele as duas alas se conectam entre si e com a praça e espaços de interação no nível térreo e restaurante na cobertura no bloco perpendicular a via principal.

No bloco paralelo à via principal foram criados três núcleos de circulação vertical externos ao corpo principal do prédio e distanciados de forma a atender as distâncias máximas de fuga de incêndio. Neles estão localizados os núcleos de instalações sanitárias gerais, copas e d.m.l, fazendo com que o corpo principal do prédio pudesse ficar livre de instalações de água e esgoto, o que aumenta sua flexibilidade funcional ao longo do tempo. Nestes núcleos localizam-se também elevadores que conectam diretamente os setores da presidência, coordenadorias e diretorias técnicas ao estacionamento coberto, tornando o acesso de funcionários mais direto.

Foi criado um corredor de serviço e manutenção por onde se faz toda a carga e descarga do complexo a partir de uma doca para dois caminhões, acessada por uma rampa suave desde a via interna da quadra. Desta forma elimina-se a interferência visual deste setor na entrada principal do prédio, uma vez que a doca ficará escondida para que entra pela rampa principal de acesso. Através do corredor de serviços, a doca se conecta com a reserva técnica, almoxarifado central, vestiários e com o complexo teatro/galeria/centro de memória. Este corredor de serviços se conecta à circulação vertical de serviço (escada de serviço e elevador de carga), permitindo sua conexão com os laboratórios, biblioteca, arquivo e demais setores localizados nos andares superiores.

As áreas de trabalho foram idealizadas de modo a tornar a divisão funcional o mais flexível possível, permitindo ao edifício incorporar as mudanças de funcionamento da instituição sem comprometer a integridade da solução arquitetônica. Para tanto, os pavimentos oferecem vão livres que permitem as mais livres e diversas organizações internas.

Sistemas construtivos + qualidade ambiental + eficiência energética

Optou-se pela adoção de sistemas construtivos industrializados por sua agilidade, rapidez de montagem, redução dos desperdícios e resíduos de construção e custo, gerando menor impacto ambiental.

Todo o edifício e revestido por uma epiderme semitranslúcida, que refaz a estratégia de controle térmico e lumínico dos muxarabis da arquitetura colonial brasileira com elementos construtivos contemporâneos como a estrutura de perfis metálicos e chapas perfuradas. Essa segunda pele permite a passagem de luz, mas reduz sua intensidade, o que reduz os problemas de ofuscamento provocado pelo excesso de luz natural em determinados momentos do dia. Além disso, assim como os cobogós, elementos tradicionais na arquitetura modernista brasileira, fazem o controle da radiação solar direta e permitem e livre fruição visual da paisagem externa.

A estrutura principal dos dois blocos, em perfis de aço, está distribuída em módulos de 12,00 x 9,60 metros para todo o edifício. Esta modulação mostra-se vantajosa pelo melhor aproveitamento das chapas. Também as estruturas auxiliares/complementares das fachadas duplas, passarelas, rampas são todas em aço, utilizando sub-modulações da estrutura principal. 

Além das chapas metálicas, as vedações externas foram pensadas como um sanduíche que encerra a estrutura com uma pele em gesso acartonado do lado interno. Com isto cria-se uma condição para a um só tempo minimizar as trocas térmicas entre interior e exterior, graças ao colchão de ar criado no interior deste sanduíche, e abrigar os mais diversos tipos de instalações e sistemas prediais, que podem ser acessados tanto por fora como por dentro abrindo-se as placas internas ou externas.

As esquadrias foram pensadas em perfis de alumínio e vidros laminados duplos, de forma a reduzir trocas térmicas com o meio externo e desta forma reduzir a utilização de sistemas de condicionamentos de ar. Além disto, este tipo de esquadria reduz significativamente a interferência de ruídos externos no ambiente de trabalho.

Em todo o projeto foram pensadas soluções integradas para o aumento da qualidade ambiental, através da criação de áreas com micro-climas diferenciados graças à presença de vegetação e água, para a melhoria do nível de conforto dos funcionários e do publico externo ao IPHAN, além da redução dos gastos energéticos despendidos com condicionamento artificial.

No bloco paralelo à avenida principal, a extensão das coberturas em balanço além de proteger as áreas publicas do nível da praça, geram farto sombreamento das fachadas envidraçadas adjacentes à Praça.

Ainda nesta face da edificação, o grande espelho d’água comparece com a função de amortecer os efeitos do clima rigoroso de Brasília. Sua presença é fundamental para a estabilização da umidade do ar interno que circula internamente. As fachadas orientadas para a Praça são compostas de quadros de vidro laminado em escamas, com grelhas reguláveis na parte inferior. As aberturas superiores das divisórias da circulação interna têm como objetivo criar diferenças de pressão entre fachadas opostas, permitindo a circulação transversal do ar umidificado no interior do edifício ao longo da estação seca. Nos períodos mais secos, aspersores serão acionados borrifando água e assim elevando a umidade relativa tanto na praça como nos ambientes de trabalho.

Também para qualificar ambientalmente os espaços de trabalho do bloco paralelo a avenida principal, na fachada voltada para o interior da quadra, fez-se uso de grandes porções ajardinadas protegidas e delimitadas por uma pele dupla solta do edifício. Esta segunda fachada é composta de chapas perfuradas e permite atenuar os efeitos da incidência solar direta da tarde no bloco e cria um intervalo vegetado entre o prédio e o exterior, proporcionando um microclima mais ameno sem interromper obliterar a percepção visual do exterior do edifício.

As áreas de trabalho terão sempre piso, paredes, divisórias e teto/forro pintados em clores claras, de forma a potencializar a reflexão de luz natural diminuindo a necessidade de iluminação artificial durante o dia.

No bloco perpendicular à avenida principal, os espaços de trabalho, voltados para o lado externo (nordeste) são protegidos também por uma pele solta em chapa perfurada que atenua os efeitos da radiação solar direta nas manhãs, e através do intervalo aerado gerado em relação à pele principal, reduzem os ganhos térmicos destes espaços.

Na biblioteca, que ocupa praticamente toda a fachada voltada para a praça no bloco perpendicular à avenida principal, foi utilizada uma esquadria com vidro duplo laminado com película refletiva, o que reduz significativamente a interferência de ruídos da praça e minimiza o impacto da radiação solar direta nos finais de tarde nesta face.

Foram criados grandes reservatórios subterrâneos para acumular água pluvial durante a estação das chuvas, que poderá ser utilizada para a irrigação das áreas ajardinadas na estação seca ou mesmo para a lavagem das áreas externas ao longo do ano.

ficha técnica

Autores
André PradoBru
no Santa Cecília

Colaboração
André Oliveira (estagiário)
Carina Guedes (estagiário)

source
Equipe premiada
Belo Horizonte MG Brasil

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075.01 Concurso
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original: português

source
IAB-SP
São Paulo SP Brasil

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075.02 Concurso

2º Concurso de Ideas en la Red “Construyendo las Ciudades de Todos”

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