O local de intervenção
O campus da UFMS, projetado pelos arquitetos Sergio Zaratin e Willian Munford em 1967, abrigava originalmente edifícios administrativos e escolares.
Os edifícios obedeceriam a uma tipologia horizontal, com uso predominante do concreto e do tijolo.
Posteriormente, foram anexados outros edifícios ao campus, dentre eles o Teatro Glauce Rocha e o Restaurante Universitário do arquiteto Armênio Iranick Arakelian, o Hospital Universitário dos arquitetos Armênio Iranick Arakelian e Oscar Arine, o Parque Aquático do arquiteto Avedis Balabanian e o Estádio de Futebol Pedro Pedrossian, conhecido como “Morenão”, do arquiteto Cyríaco Maymone Filho.
O uso do concreto aparente bruto é predominante em todos esses edifícios, mantendo uma unidade de linguagem.
Um dos princípios que norteiam a proposta é justamente a continuidade desse estilo arquitetônico sobre uma linha de tempo imaginária, através da atualização da linguagem, porém sem perda de sentido no contexto geral do campus, buscando o que seria a evolução natural dos conceitos iniciais estabelecidos no plano original, agora interpretados em 2006.
A idéia
A partir do desafio proposto pelas entidades organizadoras do concurso, no intuito de “criar um projeto do centro de convivência da UFMS, em uma área interna do campus, no lugar conhecido como Autocine, com o objetivo de integrar a comunidade acadêmica da UFMS, ao oferecer produtos de convivência e prestar serviços diferenciados de lazer, cultura, entretenimento, arte e apoio ao estudante”, a estratégia foi optar por uma organização circular, radial e democrática, facilitando os acessos para e a partir do Centro de Convivência, e mesmo através dele, de forma a não criar barreiras, mas sim um elemento integrador compatibilizado com seu entorno.
O círculo é uma figura centralizada, integradora que é normalmente estável e auto-centralizadora em seu meio.
A organização radial proposta combina elementos das organizações centralizadas e lineares. Consiste em um espaço central dominante a partir do qual uma série de organizações lineares se estendem de uma maneira radial.
Implantado em posição central em relação ao terreno e em frente à tela de concreto do antigo Autocine, foi proposto o bloco de convivência, composto de lanchonetes e espaço para exposições ligados por uma praça coberta a serviços como livraria, gráfica e papelaria, por exemplo. O conjunto é complementado por um bloco administrativo posicionado estrategicamente ao lado do palco de eventos (projetado junto à tela) sob o qual se localizou o mini-auditório.
Estrutura x forma
O objetivo da estrutura é organizar planta e volume de modo a considerar os efeitos dos elementos estruturais e suas implicações para a estética e o uso dos espaços. Portanto, foi proposta uma estrutura que pudesse relacionar forma, técnica e materiais de modo a expressar-se arquitetonicamente. A estrutura participa da forma e os elementos estruturais como os pilares, as lajes nervuradas e a grelha de concreto, por exemplo, afetam a percepção e o uso dos espaços.
O Pavilhão de Portugal na Expo 98 por Álvaro Siza, onde a forma ondulada da cobertura é definida pela estrutura, é um precedente utilizado no setor das lanchonetes.
Materiais e técnicas
A escolha dos materiais e técnicas construtivas levou em consideração aspectos econômicos, tecnológicos e de manutenção, por se tratar de uma obra pública, e também o ambiente natural e construído, objetivando inserir-se no contexto atual do campus da UFMS. Por isso foram escolhidas tecnologias conhecidas e disponíveis, como concreto armado para as estruturas de sustentação, o tijolo cerâmico e o vidro para as paredes de vedação e divisórias leves para compartimentação dos ambientes.
Já as proteções solares (brises-soleil) e esquadrias são projetadas em alumínio, conferindo uma característica mais contemporânea ao conjunto de edificações.
O princípio adotado
A produção arquitetônica visa ao usuário e, portanto, a compreensão do comportamento e das necessidades deste e sua relação com o espaço se tornam essenciais.
O objetivo adotado foi buscar a apropriação do espaço pela comunidade da UFMS, especialmente os estudantes, ou seja, trazer o usuário para junto do projeto. Fazer com que ele perceba e use os espaços, estabelecendo relações.
Estratégias
- Organização radial possibilitando acessos em todas as direções;
- Adequação do projeto ao terreno existente e integração com o ambiente construído (Campus);
- Ocupação apenas dos espaços já construídos (área Autocine);
- Privilegiar espaços amplos e abertos proporcionando encontro, congregação;
- Utilizar técnicas e materiais conhecidos e disponíveis na região;
- Projetar com a natureza. Preservar e adensar a vegetação existente;
- Manter e atualizar a linguagem arquitetônica predominante nos prédios do campus da UFMS.
Arquitetura explorando os cinco sentidos
A proposta adota uma ocupação que procura diluir-se na paisagem através de blocos de um único pavimento, evidenciando a tela do cinema como marco absoluto no sítio de implantação.
O projeto incorpora princípios projetuais que garantam eficiência energética, sustentabilidade, funcionalidade, racionalidade, viabilidade econômica e uma composição formal que evidencie a cultura contemporânea.
A utilização cuidadosa e sensível da luz cria formas que ritualizam os espaços de estar e de convívio, especialmente no ambiente de exposições sob a grelha de concreto, onde os vidros coloridos criam um jogo de cores dinâmico, auxiliado pelos microbrises em formas de aletas que protegem da radiação solar direta.
Os ambientes de convivência e de estar, por se tratarem de espaços amplos e abertos possibilitam sombreamento e ventilação natural, promovendo a integração da obra com a natureza.
ficha técnica
Coordenação
Arq. Gilfranco Medeiros Alves
Acadêmicos de arquitetura
Gabriela Monteiro Paiva
Matheus Seity Takayama
Matheus Sabadin Bueno
Rodolfo Jambas Guilherme
Rogério de Souza Versage