Visões transversais
O projeto é proposto inicialmente a partir de uma observação cuidadosa da implantação em diferentes escalas:
À escala da cidade entendida como elemento da paisagem, constatamos que Granollers é uma cidade longitudinal, seguindo o curso do rio Congost entre as diferentes serras paralelas ao litoral.
À escala de relação da cidade com a paisagem que a envolve, a linearidade de sua estrutura urbana propicia em cada cruzamento de ruas da cidade dois tipos de visões: as visões longitudinais, que mostram a perspectiva da cidade; e as visões transversais, que tornam patente à proximidade da paisagem que as envolve.
E à escala de relação da implantação proposta tanto com a cidade quanto com a paisagem que a envolve, a localização da nova avenida Marie Curie perpendicularmente aos eixos longitudinais da cidade permite repetir na fachada do novo edifício este cruzamento de visões: olhando frontalmente veremos a cidade e olhando transversalmente veremos a paisagem.
Tudo convida a olhar transversalmente.
Aprofundando à escala do terreno, entendemos a decisão urbanística de propor a edificação da Rambla não como um bloco linear de grande dimensão, mas como pequenos edifícios alinhados mantendo a continuidade graças à proposição de um corte porticado e algumas alturas reguladoras. A materialidade das edificações que rodeiam o terreno, fundamentalmente de obra vista, e a obrigatoriedade de construir os telhados com planos inclinados de telha cerâmica, se agregam ao desejo de aproveitar esta uniformidade.
Interessa a continuidade material da fachada, sem perder a possibilidade de diferenciá-la dando ritmos diferentes mediante diversas tipologias de abertura.
Para responder a estas duas questões se propõe, por um lado, aproveitar a possibilidade de balanço parcial de 1 m em relação ao plano de fachada que permite a normativa – tanto na forma de varanda como de galeria fechada com vidro –; E por outro lado, adaptar a imagem do edifício ao material cerâmico, pesquisando suas capacidades técnicas atuais e utilizando-o nos diversos formatos que oferece e para o cumprimento de outras funções, brise soleil, até hoje reservadas à madeira, ao plástico ou ao alumínio.
A soma destas duas ações, avançar e recuar-se para dirigir os olhares à cidade ou à paisagem, e a existência de uma vedação atenuadora da luz solar, brise soleil, tanto próximo como distante do fechamento de vidro ao que protege, permite a existência de diferentes tipologias de abertura.
- Varanda, prolongamento do espaço interior que avança sobre o plano de fachada e se constrói com fechamento de vidro totalmente aberto às vistas transversais e tamisado com lâminas cerâmicas às vistas frontais.
- Galeria, espaço exterior anexo ao interior que avança sobre o plano de fachada e se situa entre o fechamento de vidro que nos separa do interior, as lâminas cerâmicas às vistas frontais e um parapeito às vistas transversais.
- Sacada, espaço exterior que avança sobre o plano de fachada e se situa ao exterior do fechamento de vidro protegido com lâminas cerâmicas, aberto assim tanto para as vistas frontais como para as transversais.
- Terraço, espaço exterior anexo ao interior, recuado em relação ao plano de fachada e limitado pelo fechamento de vidro que nos separa do interior e pelas lâminas cerâmicas para as vistas frontais.
A combinação da tipologia de planta escolhida -um elemento principal sala-saladejantar- cozinha, perpendicular à avenida Marie Curie, com dupla orientação, que distribui o acesso às outras dependências da habitação-, com as diferentes soluções propostas para relacionar-se com o exterior –varanda, galeria, terraço e sacada- permitem variar as qualidades das habitações segundo sua posição.
A construção deste fechamento cerâmico exterior, contínuo em cobertura e na fachada, tanto em suas partes opacas como em suas partes translúcidas, se consegue mediante o emprego de peças cerâmicas de diversos formatos da marca Terreal pensadas para ser colocadas em seco e adaptar-se com facilidade às diferentes geometrias das seções propostas mediante o uso de pequenas subestruturas de aço galvanizado. Como se poderia construir com outros materiais de última geração mas sem perder as propriedades térmicas, de durabilidade e de qualidade de acabamento da cerâmica.Tecnicamente, a fachada funciona como uma fachada ventilada com a seguinte seção interior-exterior: papelão gesso-muro de gesso-isolamento térmico com placas de poliestireno extruído-câmara de ar e suportes mecânicos da envolvente-peças pré-fabricadas de cerâmica de medidas variáveis. Em aberturas, esquadria de alumínio com climalit-câmara de ar-lâminas cerâmicas. Solução construtiva idônea para dar uma resposta bioclimática às diferentes orientações mediante o aparecimento de câmaras ventiladas.
ficha técnica
Projeto
8 habitações sociais em Granollers – Rambla Marie Curie s/n
Promotor
Granollers Promocions S.A.
Jordi Domingo
Josep Vila
Construtor
Dentell S.L.
Responsável em obra: Monika Parra
Fachada
FCV
Responsável em obra: Fabio
Autores
Bailo Rull ADD+ Arquitectura
Manuel Bailo Esteve
Rosa Rull Bertran
Responsável
Concurso: Natali Canas
Projeto e obra: Marc Camallonga
Colaboradores
A.Brito / A. Estevez / N.Font / M.Hita / P.Jenni / A. Mañosa / J. Maroto / J.Palà / A. Rovira / M.Rull / L.Troost
Arq. Técnico
Joel Vives
Estrutura
Martí Cabestany
Instalações
Victor Barnés
Fotógrafo
Jose Hevia
Ano projeto
2005
Ano término obra
2007
Superfícies
1213.12 m2 superfície Construída (não computa o subsolo)
1039.93 m2 superfície útil
Orçamento
574.723 euros