Onde e como começa Palmas? Como se constrói uma Capital de Estado recém-criado? O jornalista Salomão Wenceslau Rodrigues do O Jornal de Palmas arrisca um palpite:
...“Sonho, ideal, suor. Perseverança. Amor, muito amor em tudo que faz. Assim começa uma cidade.
A construção é tudo isso e muito mais. Tem trabalho, encontro, encanto e desencanto. Aos poucos as cumeeiras vão surgindo e com elas um novo horizonte. A substituição do cerrado bruto por uma cidade parece um toque de mágica, mas não é feita com uma vara de condão. Desde o sonho, desde os idealistas que traçaram no pensamento uma cidade planejada para a região central de Tocantins, até os dias de hoje, foram muitos...”
Palmas está completando quatorze anos, mas de construção. De sonho e ideal ela é bem mais antiga. Poetas ou sonhadores que um dia a projetaram, a queriam bela e formosa. São 14 anos de efetiva construção.
Palmas, o plano e a qualidade de vida
Apesar dos desafios diários representarem passos importantes na consolidação do plano urbanístico que a despeito da atenção que a capital tem merecido, em nível nacional e internacional, é importante que se ressalte que tudo isso, só foi possível, como um cidade planejada e especialmente, implantada seguindo preocupações com o meio ambiente e qualidade de vida.
De fato é o que preconiza Walfredo de Oliveira Antunes, um dos autores do seu projeto:
“É com perspectiva animadora a nossa avaliação. Por um lado, tudo isso é demonstrado pela qualidade de todos os profissionais que vêm acertando desde a escolha do local, até a construção da infra e super-estruturas urbanas, que hoje orgulham aos cidadãos palmenses, ao Tocantins e ao Brasil. Da outra parte, confere a todos nós, cidadãos desta nova capital, a obrigação de cuidar para que seus passos futuros continuem a gerar cada vez melhores condições de vida a todos.”
O arquiteto Oliveira Antunes vive e convive o cotidiano de Palmas desde a sua fundação.
Da Praça dos Girassóis, o coração da nova Capital, à quadras, as unidades de vizinhança.
O cruzamento da Avenida Teotônio Segurado e Avenida Juscelino Kubitscheck é o ponto zero de Palmas, o marco inicial da nova capital, onde se localiza a Praça dos Girassóis. Lá estão implantados os edifícios como o Centro Administrativo do Estado: o Palácio Araguaia; a sede do Executivo, o Palácio João D’Abreu; a sede da Assembléia Legislativo, o Palácio Feliciano Machado Braga; a sede do Tribunal da Justiça e as edificações das secretarias do Estado.
O que mais chama a atenção ao pisar Palmas, à primeira vez, é a grandiosidade deste eixo munumental norte-sul entrecruzando com o eixo leste-oeste. É a maneira de se referenciar e se situar, pois, a partir desta relação espacial permite-se passear por entre todo o restante das grandes avenidas que entrecruzam e formam a malha viária. É um conceito urbanístico que determina a estrututura básica do macro-parcelamento do todo e do específico de cada área, é o micro-parcelamento da quadra que determina a unidade de vizinhança.
A percepção do espaço de Palmas e sua identidade visual
Palmas tem o seu espaço planejado baseado em um Plano Diretor que obedece preceitos de conceitos urbanísticos e arquitetônicos. A espacialização destes através das obras sociais e físicas oferece ao cidadão, bem-estar associado à qualidade de vida. Foi com esta intenção que o Governo de Tocantins e a Prefeitura de Palmas reavaliaram a necessidade de estabelecer uma identidade visual e um sistema de identificação urbana para a cidade como um todo. Isto desde o aspecto do resgate da cidadania ressaltando a importância de situar o cidadão no contexto do seu endereçamento cotidiano, ou seja, da identificação da unidade urbana oferecendo a sua localização física, até a importância de sinalizar os pontos físicos da cidade ressaltando a sua visualidade dentro do contexto de marcos referenciais e a sua importância como potencial turístico. Este é o mote que norteou o projeto de identificação visual de Palmas.
Os elementos de identificação
O sistema de identificação urbana de Palmas incorpora, portanto, os seguintes elementos:
- Identificador da avenida e direcional de quadras e vias próximas;
- indicador de entrada da quadra;
- Sinalizador de logradouros internos (alamedas) da quadra;
- Identificador da unidade urbana final.
A identificação da avenida
O nó viário mais característico de Palmas é, sem dúvida, a rótula que constitue a rotatória nas avenidas. O seu posicionamento junto às vias, o torna um ponto estratégico e de tomada de decisão para orientar a indicação da próxima avenida, da quadra onde se localiza ou da próxima quadra.
O suporte do elemento visual identificador da avenida é uma estrutura metálica com três placas verticais em alumínio pintadas e com aplicação de películas refletivas. Tem a dimensão de 4,00 metros de altura e 0,50 metros de largura dispostos na avenida à uma distância que varia de 40 a 60 metros antes da rotatória. Traz na parte central a identificação da denominação da via onde se encontra e na parte superior a orientação e indicação cromática da quadra e a orientação para a próxima via.
Na parte inferior traz espaço para mensagem institucional
O totem de indicação da quadra
O totem de entrada da quadra é um elemento visual com a dimensão de 4,40 metros de altura e 0,80 metros de largura. É disposta no canteiro separador da via de entrada da quadra. Tem estrutura metálica com três placas em alumínio pintadas com aplicação de películas refletivas.
Traz a indicação, na sua parte superior, do número da quadra e o setor e o código cromático onde se localiza. Na parte central é disposto um mapa da cidade com a indicaçÃo cromática dos setores, das avenidas e a nomenclatura de todas as quadras, além dos principais marcos referenciais de orientação.
Na parte inferior traz espaço para mensagem institucional.
O conjunto sinalizador do logradouro interno à quadra
Dentro da quadra é identificado a alameda que compõe a quadra interna. É uma placa de alumínio 0,30 X0,60 metros disposta em altura de 3,50 metros em suporte metálico de perfil quadrado.
Disposto no cruzamento de alamedas identifica o nome da alameda e os números das unidade urbanas localizadas nesta alameda. A placa assume a cor do setor onde se encontra a quadra.
Considerações finais
A implantação de projetos urbanos governamentais e não governamentais, naturalmente só se concretiza se houver vontade política, firme propósito e objetivos concretos. Tanto a Avenida Angélica, quanto o complexo Turístico Itaipu e também Palmas, persistiram, por insistência coletiva de múltiplos interesses.
O projeto de identidade visual da Avenida Angélica foi proposto porém a sua implementação não se tornou necessária (por enquanto), com a despoluição visual efetuada só isto bastou para que a comunidade local respirasse aliviada e pudesse ter o direito de ver a paisagem.
O projeto do sistema de identificação urbana de Palmas foi por nós elaborado no período de janeiro a maio de 1997, é fruto de muitas discussões amadurecidos entre o então Excelentíssimo Governador do Estado de Tocantins, José Wilson Siqueira Campos; o Arquiteto de Palmas, Walfredo de Oliveira Antunes; vários colaboradores dos governos estadual e municipal ; a imprensa local e a população em geral. Foi executado o projeto piloto do Sistema de Identificação Urbana de Palmas, em maio de 1997, pelo Grupo Plamarc da Capital de São Paulo A implantação do mesmo ficou a cargo da Secretaria de Obras da Prefeitura de Palmas.
Palmas em maio de 2004.
nota1
Projeto contemplado com menção honrosa na categoria: Comunicação Visual Projeto Implantado da Premiação Anual -1996 do Instituto dos Arquitetos do Brasil Seção São Paulo – IAB-SP em julho de 1997 e na III Bienal Internacional de Arquitetura 1998.