O projeto teve como partido a valorização do coreto como centralidade da praça, buscando integrá-lo a um novo desenho contemporâneo desse importante local de convivência cultural. Dele partem os eixos de definição dos ambientes e dos pisos que propicia uma requalificação urbano-paisagística de toda a área de intervenção, de forma a resgatar o prestígio da praça.
Para compor com o estilo Art Decô que predomina no entorno da praça, foram usados pisos de diversas cores e desenhos inspirados na forma arquitetônica do Cine Estrela. O uso de pisos e materiais escuros foi evitado, a fim de reduzir a formação de “ilhas de calor”.
A proposta tem a intenção de evidenciar o significado do nome da cidade IPAMERI, cidade entre rios, cidade entre águas, que faz alusão a existências dos rios do Braço e Ribeirão Vai e Vem, pertencentes ao município. O desenho orgânico com duas linhas, compostas por vários jatos d’água, envolve o centro do coreto resgatando a memória desses rios.
A água necessária para a alimentação dos jatos d’água poderá ser reaproveitada por um sistema de captação através de um piso-grelha, filtragem e reuso no próprio sistema. A captação de água das chuvas de verão, que caem sobre o plano rebaixado da arena circular, proposta em frente ao coreto, tem por objetivo o abastecimento parcial dos jatos d’água. De forma lúdica e educativa, eles propiciam bem estar e melhoria no conforto ambiental da praça. Desse ponto partem passadas circulares de concreto aparente que conduzem o público infantil de forma divertida à área de play ground.
O novo desenho propõe a incorporação de uma área de pequeno fluxo de carros, ampliando o espaço físico da praça e garantindo maior destaque a árvore-marco do local, o Ipê Rosa, e conforto para a área de alimentação ali localizada. Seis módulos destinados aos “pitdogs” são cobertos por uma estrutura de concreto, voltada para a face norte, onde serão dispostas placas de captação de energia solar, através de painéis fotovoltáicos. A escolha do local da área de alimentação junto ao play ground amplia as possibilidades de convívio entre diversas faixas etárias, além de atender as necessidades de carga e descarga e facilitar a disposição de lixeiras para coleta seletiva de lixo.
Duas outras coberturas de mesmo formato foram propostas, a fim de obter uma leitura única dos diversos ambientes. Elas foram destinadas a uma área com jogos de tabuleiro e ponto de apoio aos taxistas.
O desenho proposto teve como objetivo preservar ao máximo as espécies arbóreas existentes. As áreas com maior concentração de exemplares arbóreos foram definidas como canteiros. As demais espécies mantidas foram valorizadas como elementos únicos no decorrer dos percursos. Alguns exemplares de palmeiras foram transplantados com o objetivo de valorizá-los na forma de conjuntos.
As espécies escolhidas para revestimento do solo, forrações e herbáceas, são perenes e pouco exigentes hidricamente. Todos os demais elementos propostos para requalificação do espaço foram pensados com o objetivo de garantir a sustentabilidade ambiental da praça.
Critérios adotados para definição das espécies vegetais
O principal a acesso à praça, em eixo radial foi marcado por uma linha de grande visibilidade formada por Palmeiras (Carpentaria acuminata – Palmeira Carpentaria). O acesso do lado oposto, foi pontuado por uma sequencia de árvores colunares e altas (Calycophyllum spruceanum - Pau-mulato), disposta ao longo de uma das linhas curvas que faz menção ao formato dos rios da cidade, demarcando seu desenho, ambos garantindo visibilidade e transparência, com pouca sombra.
O Ipê Rosa (Tabebuia pentaphylla – Ipê Rosa), árvore marco da Praça da Liberdade, ganhou maior destaque e visibilidade com a incorporação de uma área de pequeno fluxo de carros e com o transplantio de algumas palmeiras existentes no seu entorno que, na forma de maciços homogêneos, tiveram sua forma escultural valorizada em outro local de destaque na praça.
Uma linha de frutíferas (Eugenia pyriformis - Uvaia) e outra de árvores de pequeno porte
(Bixa orelana - Urucum) foram utilizadas para dar um fechamento semi-circular e gerar conforto aos usuários da área de eventos, junto ao coreto. Essas espécies nativas, além de atrativas para pássaros, exercem um fascínio pela coloração de seus frutos.
Junto à área lúdica de piso-grelha, de onde saem os jatos d’água, partem passadas circulares criando um caminho sinuoso feito de concreto aparente, com volumes de diversas alturas e diâmetros, conduzindo o público infantil de forma divertida à área de play ground.
Esse espaço dedicado as crianças é rodeado por frutíferas nativas, como Goiabeiras
(Psidium guajava - Goiabeira) e Jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora - Jabuticabeira), proporcionando a possibilidade de escaladas em seus troncos, que além de resistentes são extremamente atrativos por seus desenhos, manchas e flores. Estando junto à área de alimentação, o play ground amplia as possibilidades de convívio do público acompanhante das crianças.
O ponto de apoio aos taxistas foi marcado por uma única Sapucaia (Lecythis pisonis – Sapucaia), outra espécie nativa, um espetáculo à parte.
Atrás da área de alimentação foi criado um bosque de palmeiras altas, de folhagem leve e transparente (Syagrus oleracea – Guariroba) com forração de Agapanto azul (Agapanthus umbelathus). Esse bosque é capaz de criar um fundo gerador de conforto aos usuários dessa área de permanência, sem obstruir a vista privilegiada do Ipê Rosa (Tabebuia pentaphylla – Ipê Rosa), quando em flor.
A escolha das forrações objetivou minimizar as despesas com manutenção, priorizar o uso das mais resistentes a pisoteio e de grande eficiência hídrica, e oferecer um colorido com contraste permanente.
A escolha das palmeiras e espécies arbóreas e sua distribuição tiveram por meta garantir tanto espaços ensolarados, como sombreados, com temperaturas mais amenas. Bancos foram distribuídos em ambas as situações, para atender a diversos públicos.
A escolha de um tipo único de piso – cimentício intertravado em várias cores – procurou, além de valorizar a questão da permeabilidade e acessibilidade, viabilizar a permanência das espécies existentes ao longo de todos os percursos.
Espécies vegetais especificadas
Porte Alto
1. Caesalpinia leyostachia – Pau-ferro
2. Caesalpinia pluviosa - Sibipiruna
3. Calycophyllum spruceanum - Pau-mulato
4. Carpentaria acuminata – Palmeira Carpentaria
5. Caryota urens – Palmeira Cariota
6. Eugenia pyriformis - Uvaia
7.Lecythis pisonis - Sapucaia
8. Murraya exótica – Murta
9. Myrciaria cauliflora - Jabuticabeira
10. Psidium guajava - Goiabeira
11. Plumeria rubra - Jasmim manga
12. Scheelea phalerata - Palmeira Bacuri
13. Syagrus oleracea - Palmeira Guariroba
14. Tapirira obtusa – Pau pombo
Porto Médio
1. Agapanthus umbelathus – Agapanto branco
2. Dietes bicolor – Moréia amarela
Forrações
1. Arachis repens – Amendoim amarelo
2. Ophiopogon japonicus - Grama Preta comum
3. Zoyzia japonica var. imperial – Grama Esmeralda imperial
4. Casca de árvore – revestimento que valoriza a visualização da forma de inserção das folhas da Moréia
ficha técnica
Projetista líder e Responsável Técnico
Cássia Regina Dias Ribeiro
Demais Componentes do Grupo
Maria Helena Brito Lagoa - Engenheira Agrônoma
Rosana Batha Alonso – Arquiteta
Valéria Aparecida Costa Bonfim - Estudante de arquitetura