Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

projects ISSN 2595-4245


abstracts

how to quote

SMANIOTTO COSTA, Carlos. Metropol Parasol em Sevilha. Projeto de J. Mayer H. Architects. Projetos, São Paulo, ano 11, n. 130.02, Vitruvius, out. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.130/4066>.


Sevilha, a capital andaluza, conta desde março deste ano com uma nova atração e um novo ponto de encontro no seu Centro Histórico. A remodelação da Plaza de La Encarnación traz à luz uma gigantesca estrutura de madeira, obra do arquiteto alemão Jürgen Mayer. Denominada por ele de Metropol Parasol – guarda-sol metropolitano (1) – é popularmente conhecida como os Cogumelos (Setas de la Encarnación). A nova Plaza da Encarnación é considerada um marco, não só pela sua linguagem arquitetônica, ou porque a sua inauguração foi adiada várias vezes (até ser finalmente entregue ao público com um quase quatro anos de atraso), mas também porque tira Sevilha da lista das cidades grandes espanholas sem um ícone arquitetônico contemporâneo no chamado casco histórico (centro histórico). Sevilha, com 700.000 habitantes a quarta maior cidade do país, escapou até mesmo à “explosão” de novos museus. Talvez por isso a nova praça seja alvo de tanta controvérsia.

Metropol Parasol, maquete do projeto, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Uwe Walter [J. Mayer H. Architects]

Jürgen Mayer, vencedor do concurso internacional realizado em 2004, criou uma gigantesca estrutura madeira com treliças ortogonais de 1,5 x 1,5 m, com 150m de comprimento, 75m de largura e 28m de altura. Os seis cogumelos amorfos, mais altos que os edifícios vizinhos, parecem flutuar sobre a praça, jorrando sombras xadrez sobre ela. Inspirada nas cúpulas da catedral e na arborização (Ficus spec.) da vizinha Plaza del Cristo de Burgos esta megaestrutura é ancorada por seis troncos, com bases de concreto aparente, onde se encontram os elevadores e escadas que dão acesso aos outros níveis.

Metropol Parasol, maquete do projeto, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Uwe Walter [J. Mayer H. Architects]

O Metropol Parasol ocupa a área de um antigo convento (de la Encarnación, e daí o nome) e do Mercado Público, ambos demolidos em 1983. Este mercado, que já foi o maior da Espanha, tornou-se logo ineficaz, com problemas de trânsito e de higiene. A recuperação desta área já vinha sendo planejada desde 1968, mas até 1983 pouco se fez, e tampouco depois, já que nenhuma melhoria significante seguiu a demolição das edificações. A área caiu em descrédito e logo ganhou a fama de ser um dos lugares feios na cidade. Com o tempo e sem qualquer atrativo a área se transformou num mero estacionamento. A ideia de reconstruir no local um mercado municipal passou a ser constante nos planos da cidade.

Metropol Parasol, museu arqueológico, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto David Franck

Os seis cogumelos trazem para a praça não apenas sombra, mas também novos usos e atrativos, distribuídos em cinco níveis diferentes: no nível do solo se encontram lojas, lanchonetes e o novo Mercado Municipal, finalmente reinstalado. Sobre eles, a praça em si (Plaza Mayor), uma imensa laje com recantos, bares e restaurantes. Dentro do cogumelo central, a 22 metros de altura, se encontra um restaurante. O piso superior sobre os cogumelos abriga um mirante. No subsolo foi instalado um novo museu arqueológico (Museo Antiquarium de Sevilla), uma vez que com as escavações para a construção do estacionamento subterrâneo veio à tona a antiga urbe romana Hispalis, com ruínas de edificações e vielas e belos mosaicos que estavam sob as ruínas do convento. Clarabóias espalhadas pelo piso não só permitem passagem da luz, como também indicam a existência do museu no subsolo, além de estabelecerem a conexão entre o burburinho do mercado movimentado e a imobilidade das escavações arqueológicas.

Metropol Parasol, escadarias de acesso à laje superior, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Fernando Alda

A praça elevada responde à demanda de um grande ponto de encontro multifuncional no Centro Histórico. As largas escadarias ao ar livre que dão acesso à laje qualificam e identificam o espaço público. O projeto duplica a área original da praça, oferecendo assim mais usos e espaços de estar e circular.

Mas talvez o maior atrativo do local seja o mirante e as espécies de pontes que serpenteiam os cogumelos (Sky Walks) e que permitem às pessoas caminharem entre eles ou sobre eles, oferecendo um tour panorâmico com vistas deslumbrantes sobre os telhados do Centro Histórico de Sevilha.

Metropol Parasol, vista da estrutura e da cidade a partir da laje suspensa, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Fernando Alda

Nas seis colunas e no corpo dos cogumelos, foram utilizados cerca de 3.000 metros cúbicos madeira de abeto laminado (Picea abies), fixados com suportes de aço e unidos com um adesivo de alto desempenho, o que torna esta estrutura a maior estrutura de madeira do mundo, e a única mantida por adesivo. Como medida de proteção contra as intempéries, todos os elementos foram revestidos com uma camada de poliuretano de cor creme, o que confere a esta gigante treliça um aspecto de continuidade e uniformidade, como se fosse feita de um único material. O tom neutro, segundo o arquiteto, ajuda a harmonizar o forte contraste da estrutura ultramoderna com o ambiente medieval de Sevilha.

Embora a madeira tivesse que ser trazida da Finlândia e os encaixes importados da Alemanha, o uso da praça permanece bastante andaluz. Aqui sevillanos e turistas se encontram para o callejear (o passear pela cidade depois da siesta), ir às compras, beber algo ou encontrar amigos. A ideia de criar sombra é uma conveniência valiosa numa cidade quente como Sevilha, considerada a mais quente da Europa. No verão, temperaturas acima de 45° C à sombra são freqüentes, e somente no final da tarde, quando o calor paralisante diminui, as pessoas deixam suas casas.

Metropol Parasol, vista da cidade por cima da cobertura de madeira, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Fernando Alda

As obras começaram no verão de 2005, com um custo estimado de 50 milhões de euros, e se prolongaram até março de 2011. No final, foram necessários 86 milhões de euros para concluir o projeto. Várias razões vêm sendo citadas para justificar este aumento, considerado exorbitante por muitos. Entre os motivos, são citadas a instalação do museu e as escavações, obras não previstas originalmente. Outra causa foi a demora na busca de uma solução construtiva para a estrutura, pois tanto os arquitetos quanto os engenheiros e a empresa construtora não tinham experiência neste tipo de construção. Enquanto se faziam testes, a obra ficou mais de um ano parada. O elevado custo do projeto, a sua arquitetura e a localização dentro do Centro Histórico já causaram muita polêmica.

Metropol Parasol, estrutura de madeira visível a partir do arruamento próximo, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto David Franck

Para muitos, a linguagem arquitetônica e a estrutura dos cogumelos agride as reminiscências históricas, principalmente medievais, góticas e barrocas, que cunham o centro histórico de Sevilha. Os mais coniventes acham que estes projetos “modernos” se encaixam melhor do outro lado do Rio Guadalquivir, na Ilha La Cartuja, local da Expo de 1992. Observando somente fotos aéreas, se tem a impressão que foi cometido um erro de escala - este corpo estranho se encrava quase de maneira brutal na composição familiar do Centro Histórico. Mas é precisamente essa aparente megalomania que o torna um novo marco arquitetônico tanto em Sevilha como na Espanha, já consagrada com centenas de ícones arquitetônicos contemporâneos.

Metropol Parasol, vista dos cogumelos estruturais, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Fernando Alda

Jürgen Mayer criou uma enorme escultura urbana que define um espaço inteiramente novo, estabelecendo um contraste deliberado. E seguindo o exemplo da vizinha Córdoba onde um espaço para feiras foi transformado no Centro Abierto de Actividades Ciudadanas (2) com a construção de guarda-sóis coloridos, talvez até possamos falar de uma nova tipologia de espaços urbanos e de outra maneira de tratar o espaço público.

Metropol Parasol, cobertura sobre a Plaza de La Encarnación, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto David Franck

Os cogumelos são resultado de uma daquelas visões que, de tão mirabolantes, precisam se materializar tecnicamente, o que gera novas tecnologias. É claro que os usos e atividades necessárias poderiam ser alojados de maneira consideravelmente mais simples, mas aqui se aproveitou a oportunidade para se tomar uma posição. Como muitas outras obras criticadas na sua época e não aceitas por todos, os cogumelos de la Encarnación, por serem tão peculiares e únicos, vão sempre estar sujeitos a opiniões divergentes. No entanto, a infraestrutura bem desenvolvida torna o lugar mais vivo e, atraindo mais usuários, constrói um novo pólo econômico, além de criar para os sevilhanos um potencial para uma melhor qualidade de vida (3).

Metropol Parasol, estrutura de madeira visível a partir do arruamento próximo, Sevilha. J. Mayer H. Architects, 2004
Foto Fernando Alda

Notas e Referências

1
No website Architekturvideo há alguns vídeos do Metrol Parasol, inclusive com imagens tiradas de um helicóptero – aqui se percebe bem as suas proporções e a situação no Centro Histórico de Sevilha.

2
Ver Designboom. Este website também apresenta além de várias fotografias um vídeo sobre a praça.

3
O projeto também aparece nas seguintes publicações:

Baunetz, Wolkenpromenade in Sevilla, edição de 26.04.11, www.baunetz.de/meldungen/Meldungen-Bildstrecke_zum_Metropol_Parasol_von_J._Mayer_H._1587015.html, acessada em 27.06.11

Polémica urbanística en Sevilla – Los problemas crescen bajo las “setas”. El País, Madrid, 25 jul. 2010.

Kölner Stadtanzeiger, Die Ganze Stoltz der Sevillanos, edição de 20.02.08

The Observer, Metropol Parasol - Seville's flashy new showcase is held together by extra-strong glue – but not quite enough to make its many parts connect, 27 mar. 2011.

www.sevillaactualidad.com, acessada em 27.06.11

ficha técnica

projeto
Metropol Parasol – Revitalização da Plaza de la Encarnación, Sevilha, Espanha

cliente
Prefeitura de Sevilla e Sacyr

dados gerais
Sítio arqueológico, mercado de fazendeiros, praça elevada, bares e restaurantes múltiplos
Área do terreno: 18000 m2
Área de construção: 5000 m2
Área total: 12.670 m2
Número de pisos: 4
Altura da construção: 28,50 m
Estrutura: concreto, madeira e aço
Materiais principais do exterior: madeira e granito
Materiais principais do interior: concreto, granito e aço
Projetando período: 2004-2005
Período de construção: 2005-2011
Projeto: : J. Mayer H. Architects
Custo de construção: 90 milhões de Euros

projeto arquitetônico
Jürgen Mayer H
Andre Santer
Marta Ramírez Iglesias

equipe de projeto
Ana Alonso de la Varga
Jan-Christoph Stockebrand
Marcus Blum
Paul Angelier
Hans Schneider
Thorsten Blatter
Wilko Hoffmann
Claudia Marcinowski
Sebastian Finckh
Alessandra Raponi
Olivier Jacques
Nai Huei Wang
Dirk Blomeyer (consultor na primeira fase)

equipe de concurso
Jürgen Mayer H
Dominik Schwarzer
Wilko Hoffmann
Ingmar Schmidt
Jan-Christoph Stockebrand
Julia Neitzel
Klaus Küppers
Georg Schmidthals
Andre Santer
Daria Trovato

suporte técnico para plantas (concurso e segunda fase)
Coqui Coqui-Malachowska e Thomas Waldau

consultoria técnica para construção
Arup

gerentes de projeto
José de la Pena e Jan-Peter Koppitz

equipe de projeto de engenharia
Romain Buffat
Kayin Dawoodi
Steffen Janitz
Andres Garzón
Enrique González
Carlos Merino
Estrella Morato
Victor Rodríguez Izquierdo
Volker Schmid

equipe de projeto de serviços
Salvador Castilla
Alborada Delgado
Marta Figueruelo Calvo

equipe de projeto de proteção contra incêndios
George Faller
Benjamin Barry Otsoa
Jimmy Jonsson

engenharia da madeira e detalhes de design
Finnforest, Aichach

Fotógrafos
David Franck e Fernando Alda

plexi-model
Werk 5

fotógrafo de maquetes
Uwe Walter

maquete de madeira
Finnforest, Aichach

international competition
1 Prêmio, 2004

projeto
2004-2011

início da construção
Março 2005

inauguração
Abril 2011

comments

130.02 crítica
abstracts
how to quote

languages

original: português

source
J. Mayer H. Architects
Berlim Alemanha

share

130

130.01 crítica

Edifício público e espaço urbano

Daniele Vitale

130.03 habitación

Casa H

130.04 workshop

Repensando o espaço público no entorno do Museu da Casa Brasileira

Abilio Guerra, Álvaro Puntoni and Nina Dalla

130.05 restauro

Edifício residencial em Fanqueiros

José Adrião

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided