O escopo do projeto para readequação considerou uma valiosa carga de história acumulada desde o início desta região de Itaquera, no sentido de adequar o espaço público às novas necessidades do nosso tempo e visando o futuro.
Para a elaboração da proposta de estudo preliminar de arquitetura, foram observadas as possibilidades de intervenção sutis que respeitassem e articulassem os elementos do passado com novas necessidades propostas, como, por exemplo: pisos, escadas, rampas e outras adaptações que foram desenhadas de forma a manter as intervenções preexistentes, valorizando o patrimônio histórico desta área, assim, revelando o antigo e incluindo o novo.
A diferença fundamental desta nova reforma é o conceito de desenho universal e acessibilidade, inexistente nas reformas anteriores, e que se insere para atender o público presente, bem como as futuras gerações que frequentarão o espaço público da cidade. Junto a isso, o estudo também prevê que o desenho universal dialogasse com a preservação da memória, do meio ambiente e qualificasse o espaço para a comunidade.
Utilizamos o conceito de desenho universal para que o espaço público possa ser utilizado pelo maior número de pessoas, independente de idade, habilidade, estrutura ou condição física, sensorial e cognitiva, oferecendo maior segurança e autonomia nos espaços públicos da cidade.
Neste sentido, foi desenvolvida uma rota acessível feita em concreto, junto à alameda principal existente, que havia sido executada em paralelepípedo em 1995/1996. Esta rota acessível, projetada em concreto, é a estrutura norteadora do projeto, é por meio desta rota que todos os equipamentos se interligam, bem como conduz a pessoa a novos espaços criados a partir dela.
Assim, o novo projeto promove a inclusão permanecendo em harmonia com a antiga reforma. É possível verificar as duas intervenções lado-a-lado, cada uma com suas especificidades devido à época em que foram executadas, revelando as transformações do espaço durante o tempo e as necessidades de cada época. Através da rota acessível pode-se ter acesso, por meio de planos inclinados, rampas e escadas, a todos os equipamentos e edifícios do parque, além de ter acessibilidade em outros espaços como a nova praça de concreto, parquinho acessível e labirinto.
As intervenções na Casa de Cultura foram executadas de modo a garantir o máximo de acessibilidade, preservando o bem tombado, os novos elementos não danificaram a volumetria da edificação e podem ser verificadas as diferenças entre aquilo que é patrimônio e aquilo que é a nova intervenção.
Além disso, foram estudados novos mobiliários para o parque executados em concreto aparente. Os novos mobiliários constituem espaços de estar que dialogando com a rota acessível e novos pisos em áreas do parque em que antes havia baixo uso e baixa permanência de pessoas.
É importante ressaltar o novo olhar sobre as dinâmicas e necessidades desta geração, projetando as perspectivas para o futuro, a fim de colher frutos com as transformações físicas do espaço. No entanto, é preciso transmitir para as novas gerações, as escolhas realizadas no passado, fazendo com que a construção da paisagem sirva de forma pedagógica a um projeto de cidadania e responsabilidade social com o meio ambiente e o espaço público.
ficha técnica
projeto
Readequação do Parque Municipal Raul Seixas
arquitetura/ paisagismo
Arquitetos Lucas Lavecchia, Fabiana Lodi, Luiz Paulo M. Sacchetto Jr., Sofia Robbie Bender, Pedro Nigro, Renata Cruz, Gabriela Fuganholi, Leonardo Pequi, Isabella Maria D. Armentano, Tamires Carla de Oliveira, Matheus de V. Casimiro, Brigite Baum e Carolina Penna (autores) / Secretaria do Verde e Meio Ambiente – Departamento de Implantação, Projetos e Obras/ Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência
local
São Paulo SP Brasil
ano
2019
área
2.600 m²
foto
Leon Rodrigues/ Secom