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PASSARO, Andres; BRONSTEIN, Laís. O final da trilogia. Resenhas Online, São Paulo, ano 02, n. 023.01, Vitruvius, nov. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/02.023/3203>.


Com o termo “trilogia” incorporo à esta resenha dois (2) livros anteriores publicados por Josep Maria Montaner, Depois do Movimento Moderno de 1993 (1) e a antologia realizada em colaboração com Jordi Oliveras e Pere Hereu intitulada Textos de arquitectura de la Modernidad de 1994 (2).

O primeiro livro desta trilogia, Depois do Movimento Moderno, foi algo que trouxe à tona, de maneira consistente, as linhas de atuação da arquitetura depois dos anos cinqüenta. Este livro nos ofereceu os instrumentos necessários para arrumar o caos que tinha se transformado a discussão modernidade / pós-modernidade / deconstrução, e o fez de maneira brilhante. Montaner colocou um rumo naquilo que estávamos impossibilitados de ordenar, dada as diferentes informações desencontradas que nos chegavam sobre estes temas. O autor superou aqui as limitações da tese de Kenneth Frampton e arriscou uma “classificação” a partir de “posturas”, empreitada que tampouco a crítica italiana havia conseguido realizar neste final de século. Este livro, tardiamente traduzido ao português, se caracteriza por enquadrar sistemas de pensamentos com atitudes projetuais, da teoria e sua prática estabelecida a partir de 1950 até quase a “atualidade”.

Textos de arquitectura de la Modernidad, o segundo livro da trilogia, (que escreve em colaboração) nos oferece uma antologia dos textos mais importantes que marcaram as correntes da arquitetura. Ainda que este inicie em Laugier, é significativa a parte que aborda os textos da “crise do movimento moderno”. Nesta parte (organizada por Montaner) encontramos as influências de outras áreas do conhecimento sobre os procedimentos e as fundamentações da arquitetura. Texto e Teoria se misturam e nos apontam diferentes direções. Mas, como se trata de uma antologia, não existe a intenção do enquadramento de uma lógica, da ida e da volta entre o texto e a arquitetura. Trata-se da ponta do iceberg, um mapeamento dos textos mais importantes que influenciaram o pensamento arquitetônico, cabendo a cada leitor determinar como, e de que maneira, foi concretizada essa influência.

As formas do século XX, o livro que situo no final desta trilogia, aborda a questão da predominância da forma como instrumento de ancoragem para unificar, não mais sistemas de pensamento, e sim, formas similares porém relacionadas à diferentes ideologias.

É nesta questão que encontra-se o grande salto em comparação aos outros dois livros. Textos de arquitectura de la Modernidad se apresenta com uma ordem temporal cronológica, ou seja, praticamente a data da publicação do texto original marca o lugar no livro. Em Depois do Movimento Moderno ainda que a cronologia não seja tão evidente, ela tem um peso bastante forte dentro da compartimentação do livro.

Mas, é neste último livro, As formas do século XX, que Montaner assume a impossibilidade pós-estruturalista de contar uma história linear como a soma de acontecimentos temporais. E o grande valor deste livro reside nas diferentes leituras que dele podemos realizar.

Intencionalmente, há duas leituras a fazer. A primeira está dada nas páginas ímpares, de cor azul, onde estão situadas imagens e reproduções de textos. A segunda, nas páginas pares que configuram um texto linear dentro de cada capítulo.

Entretanto, parece que há uma intenção de desvincular estas duas partes. Da mesma maneira que Julio Cortazar faz com Rayuela, também no livro de Montaner duas leituras podem ser feitas. Uma corrida e outra interrompida, feitas a cada duas páginas. Uma atitude conceitual que vai se distanciando dos formatos tradicionais de leitura.

Ainda considerando este mecanismo, devemos ter em conta que os cinco grandes temas que organizam o livro formam uma espécie de quebra-cabeças sobre a temática, ou seja; as formas do século XX.

E se bem é verdade que o fio condutor é uma questão de princípio formal que agrupa nomes e obras dentro de uma mesma temática, sabemos que em alguns casos se tratam de coisas diferentes. Neste procedimento Montaner sintoniza com as idéias da complexidade de Edgar Morin quando este diz “...é necessário o que chamarei de pensamento complexo, quer dizer, um pensamento capaz de unir conceitos que se rejeitam entre si e que são esmiuçados e catalogados em compartimentos estanques” (3). É esta a única maneira pela qual é possível entender a união, numa mesma temática e de uma maneira tão ampla, de personagens como Magritte, Ernst, Xul Solar, Buñuel, Hitchcock, Kiesler, Himmelb(l)au, Lewis Carrol, André Breton, Gehry e Clorindo Testa.

São cinco os temas principais: Organismos, Máquinas, Realismos, Estruturas, Dispersões, que, do mesmo modo que no Timeu de Platão, são abordados sem que haja preponderância de um sobre o outro. Trata-se de um mesmo fluido que submerge e emerge constantemente, que se transforma e aflora de uma maneira diferente em cada um destes momentos. Todos eles com a mesma importância, todos eles com a mesma dimensão e profundidade, sem sobressaltos, nem mesmo temporais.

Esta é a arqueologia de Foucault, os Mil Platôs de Guattari e a ausência de paradigma dos paradigmas de Kuhn. Mas também aparece aqui implícita a questão derrideana das margens não delimitadas.

O legado de Ignasi de Solá-Morales se faz aqui patente quando advertia: “A crítica não é o reconhecimento ou a manifestação de folhas, tronco e raízes senão que ela mesma é também uma construção, produzida deliberadamente para iluminar aquela situação, para chegar a desenhar a topografia naquele ponto no qual se produziu alguma arquitetura” (4).

Se trata disto. Mais do que uma estagnação compartimentada, uma fluidez de conteúdos.

notas

1
Traduzido ao português em 2001 também pela editora Gustavo Gili.

2
Da Editorial Nerea.

3
MORIN, Edgar. La noción del sujeto. In: SCHNITMAN Dora Fried. Nuevos Paradigmas, Cultura y Subjetividad.  Buenos Aires: Editorial Paidos, 1994

4
SOLÀ-MORALES, Ignasi. Diferencias. Topografía de la arquitectura contemporanea. Barcelona Editorial Gustavo Gili, 1995.

sobre os autores

Andrés Passaro é arquiteto, Mestre pela FAU USP e Doutorando pela ETSA de Barcelona. Atualmente é professor subsituto da FAUUFRJ e colaborador do PROARQ.

Laís Bronstein é Arquiteta Mestre pela FAUUSP e Doutora pea ETSA de Barcelona, professora da FAU UFRJ e do PROARQ na PUC/SP

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