Sobre a arquitetura moderna no Brasil, durante décadas tivemos disponível pouca coisa além dos mitológicos Brazil builds (Philip Goodwin, 1943) e Arquitetura moderna no Brasil (Henrique Mindlin, 1956). Contudo, o que podemos constatar agora, observando os últimos 15 anos, é uma crescente e cada vez mais sólida produção historiográfica sobre a arquitetura brasileira do século XX (2). O surgimento e consolidação dos cursos de pós-graduação em São Paulo e no Rio de Janeiro, fenômeno depois acompanhado por outras importantes capitais e cidades brasileiras, acabou permitindo que, dentre outras temáticas igualmente relevantes, a abordagem monográfica (3) de arquitetos brasileiros fosse reiteradamente testada e desenvolvida.
Como era o esperado, os personagens mais expressivos de nossa arquitetura, como Oscar Niemeyer (4), Affonso Eduardo Reidy (5), Vilanova Artigas (6), Rino Levi (7), Oswaldo Bratke (8), Lucio Costa (9) e Burle Marx (10), foram alvos de mestrados e doutorados, alguns deles merecedores de duas ou mais pesquisas sobre aspectos variados de suas obras. Estas pesquisas vieram a se alinhar àquela que talvez seja a monografia precursora, ao menos em São Paulo – a sobre Flávio de Carvalho, de autoria de Luiz Carlos Daher (11) – e que viria a se transformar em livro marco de nossa historiografia. A seguir, tivemos uma profusão de trabalhos que escrutinaram arquitetos de nossa tradição moderna. A convergência geográfica se deu nas capitais de Rio e São Paulo, aonde temos o adensamento do debate cultural arquitetônico e conseqüente produção qualificada, como também o pioneirismo dos cursos de pós-graduação na área de arquitetura, a FAU-USP e a FAU-UFRJ.
Do universo carioca podemos mencionar, dentre outras, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre os arquitetos Attilio Correa Lima (12), Francisco Bolonha (13), Alcides da Rocha Miranda (14), Jorge Machado Moreira (15), Irmãos Roberto (16) e Severiano Porto (17). Do universo paulista é possível mencionar Paulo Mendes da Rocha (18), Pedro Paulo de Mello Saraiva (19), Abrahão Sanovicz (20), Carlos Millán (21), Eduardo Longo (22), Eduardo Kneese de Mello (23), Artacho Jurado (24) e Eduardo de Almeida (25). Algumas pesquisas monográficas mereceram uma versão publicada em livro, duas delas por nossas mãos – uma sobre o chamado Grupo Arquitetura Nova, formado pelos arquitetos Flavio Império, Sérgio Ferro e Rodrigo Lefrève, pesquisa de Ana Paula Koury (26); outra, de autoria de Luciana Tombi Brasil, sobre residências de David Libeskind (27). Mesmo arquitetos em plena atividade, como Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Brasil Arquitetura) e Marcos Acayaba, já estão merecendo a atenção acadêmica, com pesquisas atualmente em curso (28).
Também é flagrante o aumento quantitativo e qualitativo de centros emergentes de pesquisa, com destaque para as pós-graduações em São Carlos (EESC-USP), Porto Alegre (FAU-UFRGS) e Salvador (FAU-UFBA), onde é possível se encontrar pesquisas sobre arquitetos de inserção local ou nacional (29). Se há alguns anos o estudo de um arquiteto com atuação regional se dava necessariamente no eixo Rio–São Paulo – caso, por exemplo, da presença de Luiz Nunes no Recife (30) –,já há algum tempo é possível verificar que eles são estudados na própria região, o que melhora muito as condições de pesquisa devido à proximidade com a obra e o acervo, como se pode verificar nos casos dos arquitetos Fernando Corona em Porto Alegre (31), Assis Reis em Salvador (32) e Luiz Gastão de Castro Lima em São Carlos (33).
No caso de São Paulo, devido às circunstâncias específicas da imigração, temos ainda a presença de arquitetos estrangeiros como Gregori Warchavchik (34), Lina Bo Bardi (35), Giancarlo Palanti (36), Lucjan Korngold (37), Hans Broos (38) e Franz Heep (39), que também já mereceram suas teses e dissertações. Com exceção dos dois primeiros, que contam com inserções muito específicas no universo arquitetônico brasileiro – o papel pioneiro de Warchavchik e o imenso protagonismo de Lina –, as pesquisas sobre as obras dos estrangeiros é mais recente e só foi possível após uma mudança de ótica das pesquisas, que em um primeiro momento se estabeleceu nos limites dados pela visão de “arquitetura moderna brasileira” forjada por Lucio Costa e difundida por décadas de forma recorrente e crescentemente empobrecedora, ao ponto de virar axiomática (40). O processo de revisão crítica nos anos 1990 permitiu o surgimento de novas pesquisas menos comprometidas com um pretenso caráter nacional de nossa arquitetura, o que viabilizou não só a presença dos arquitetos estrangeiros nas monografias acadêmicas – corrigindo uma distorção constrangedora, pois a presença deles é um dos dados mais flagrantes na paisagem urbana de São Paulo –, mas também um novo olhar sobre os arquitetos brasileiros.
Com isso foi possível se constatar as múltiplas influências sofridas por nossa arquitetura ao longo das décadas, matizando de forma significativa o monocromatismo inicial que enxergava de forma míope (talvez seja mais apropriado dizer “daltônica”) apenas o filão corbusiano original, que seria a mola propulsora de um desenvolvimento particular, que muitas vezes ganhou os contornos de um processamento endógeno, sem vasos comunicantes com a produção externa. O afrouxamento inicial desses grilhões e seu posterior rompimento permitiram a comprovação de arquiteturas brasileiras ancoradas em outras produções do universo moderno, trazendo para a cena nacional figuras como Frank Lloyd Wright, Richard Neutra (41), Walter Gropius, Alvar Aalto, etc. Hoje já é corriqueiro se ouvir referências aos wrightianos (42) ou miesianos paulistas, o que é a face mais visível deste fenômeno ocorrido dentro das hostes acadêmicas. É nesse pano de fundo que o episódio das bienais de São Paulo ganha vulto e expressão, pois são momentos onde a interlocução com as idéias estrangeiras se potencializa, graças à presença ao vivo de importantes artistas e arquitetos da Europa e Estados Unidos. Não é possível ficarmos impassíveis diante das presenças de Le Corbusier, Walter Gropius, Mies van der Rohe, Marcel Breuer, Siegfrid Giedion, Kenzo Tange, Ernesto Rogers, etc. A extrema importância das diversas edições da Bienal tem ganhado cada vez mais presença nos trabalhos acadêmicos recentes e se apresentam como importantes assertivas nas argumentações centrais das hipóteses do nosso desenvolvimento cultural.
Em processo paralelo e provavelmente articulado a esta ampliação das referências externas pode-se observar igualmente uma crescente ampliação dos pontos de vista com os quais os arquitetos e suas obras são observados. Se há alguns anos havia uma clara predileção pela cobertura horizontal da obra de um determinado arquiteto, hoje tal atitude convive com aportes mais específicos, que podem variar da seleção de uma (43) ou algumas obras (44) a aportes ideológicos que elegem um aspecto da obra do arquiteto (militância política, programa específico, docência, etc.).
A interessante dissertação de mestrado de Eduardo Rocha Ferroni, intitulada Aproximações sobre a obra de Salvador Candia, pode ser inserida dentro deste último encaminhamento. Mesmo diante da constatação de que se trata da primeira aproximação mais sistemática da obra do arquiteto, o autor não pretende realizar uma cobertura extensiva e aprofundada da vida e obra do arquiteto, mas observá-la a partir de alguns critérios específicos – relação do edifício com o contexto urbano, a coerência formal e aspectos construtivos – e a partir de uma clara e assumida influência exercida pela obra do arquiteto alemão Mies van der Rohe – em especial a realizada durante seu longo exílio nos Estados Unidos – sobre a de Salvador Candia. O autor chega a mencionar em sua breve Considerações finais que a obra de Candia “procura ainda estabelecer uma interlocução com a arquitetura moderna produzida nos Estados Unidos no segundo pós-guerra, notadamente a realizada pelos arquitetos da Bauhaus, como Breuer, Gropius e Mies van der Rohe” (p. 221), mas acreditamos que a relação estabelecida de uma forma mais orgânica se dê apenas com o último.
Como é natural e esperado em trabalhos monográficos, o autor se preocupa em trazer à tona as vicissitudes particulares da trajetória do arquiteto, atendendo às expectativas de relacionar vida e obra ao longo do tempo. É possível assinalar aqui certa timidez no desenvolvimento das várias questões levantadas, que poderiam render – provavelmente – algumas constatações interessantes. Apenas para exemplificar, poderíamos citar a erudição do arquiteto – mencionada por algumas vezes ao longo do trabalho –, que poderiam render diversas relações intelectuais e afinidades eletivas, amparando inclusive a explicação para preocupações recorrentes e decisões estéticas particulares. Vale ainda realçar que tal erudição nem sempre é visível nos textos escritos pelo próprio arquiteto (em anexo no trabalho), alguns deles marcados pela extrema superficialidade e, em alguma medida, dogmatismo. Também sua sugerida vida de asceta não é comentada em suas derivações imediatas e mediatas que tal condição em geral implica. Nesse sentido, as abordagens do âmbito pessoal não vão muito além das curiosidades biográficas, e sua importância se concentra no rol de relações pessoais, aonde se verificam as presenças de nomes de arquitetos e artistas com os quais vai estabelecer vínculos profissionais de colaboração.
Vale assinalar que a intenção manifesta pelo autor de “compreender o processo de formação do arquiteto” só se realiza na acepção prosaica do termo, não se enveredando pela acepção culta consagrada entre nós pelas linhas de pesquisa inauguradas por Antonio Candido ou pela psicanálise de extrato freudiano. Também é flagrante a ausência de uma veia marxista na análise da origem de classe social (somente mencionada) e sua importância na conformação da visão de mundo pessoal do arquiteto. Não se trata de uma crítica específica ao presente trabalho, mas uma constatação de que há muito a ser feito neste tópico nas pesquisas em arquitetura no Brasil. Se houvesse uma preocupação mais transversal no balanço do ambiente cultural, talvez não passasse despercebida, no editorial “As quatro bestas” do primeiro número da revista Pilotis (da qual Candia foi um dos editores), a tardia discussão de quase três décadas acerca do papel da arte moderna, o que denuncia um ambiente intelectual um tanto desatualizado, ao menos na redação da revista.
Associando metaforicamente aspectos da visão retrógrada às quatro bestas do Apocalipse, –aqui denominadas de “Má fé”, “Presunção”, “Ignorância” e “Desonestidade” – o editorial do primeiro número da revista Pilotis, de 1950, afirma que “o barulho de suas patas ainda nos aborrece, aclamando pela arquitetura que nunca existiu, as do Grand Prix de Rome, pela única pintura à qual os ignorantes estão habituados, aquela que se assemelha à natureza por eles vista sem fantasia, sem coração e sem cérebro” (p. 35). A expressão parece ser uma paródia consciente ou inconsciente de famosa passagem de Oswald de Andrade no Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de 1924: “Copiar. Quadros de carneiros que não fosse lã mesmo, não prestava”. Não deixa de ser extemporâneo que uma temática tão antiga ainda sobreviva como preocupação intelectual um quarto de século depois...
De qualquer modo, as passagens sobre a vida estudantil de Salvador Candia joga muita luz sobre a compreensão da conformação dos grupos de arquitetos que vão se constituindo a partir dos bancos escolares das duas faculdades de arquitetura – o Mackenzie, aonde se forma o arquiteto homenageado, e a USP. A relação de arquitetos e futuros arquitetos daquele período e que são vinculados ao Mackenzie aponta para uma qualidade intelectual surpreendente dos alunos – Oswaldo Bratke, Roberto Carvalho Franco, Plinio Croce, Miguel Forte, Roberto Aflalo, Jacob Ruchti, Carlos Millán, Jorge Wilheim, Carlos Lemos, etc. – e o papel de liderança de um professor, o excepcional Franz Heep. Esta “turma” se articula em contraponto à turma do outro lado, liderada por Vilanova Artigas, conformando um litígio que atravessa os anos e as décadas. Conflito que se mostra estéril, como de forma consistente assinala Julio Katinsky: “e assim perdeu-se grande parte da consciência de que suas utopias eram partes complementares de uma mesma generosa visão da cultura e da sociedade” (p. 50). Mesmo considerando que talvez haja uma exagerada acomodação das diferenças, tais palavras apontam para o beco sem saída da disputa. E o fato de serem tratados sem qualquer preconceito nesta dissertação, assinada por um arquiteto formado na FAU-USP e defendida na FAU-USP, merece a devida atenção, pois assinala por si só o ambiente atual de mútuo reconhecimento, que felizmente está ultrapassando períodos anteriores de pequenos e grandes ódios desagregadores fundados na intolerância ideológica.
Esta propensão “ecumênica” de Eduardo Ferroni, que identificamos como algo extremamente positivo, pode ser constatada em uma excelente passagem do trabalho, onde faz uma exegese corajosa das palavras de Christiano Stockler das Neves. A partir de um texto que uma leitura mais apressada só enxergaria um reacionarismo intelectual sem salvação (e é bom que se diga que em grande parte trata-se de uma visão verdadeira do personagem em questão), merece de Eduardo Ferroni a observação de que “as suas preocupações se mostraram até certo sentido pertinentes”, pois de fato o despojamento estilístico da arquitetura moderna implicou para o arquiteto, em alguma medida, a perda de conhecimentos específicos e de prerrogativas no campo profissional, como a própria vida profissional do odiado (pelos arquitetos modernos) diretor da FAU-Mackenzie acabou demonstrando.
Ainda sobre o grupo – ou “grupos” – de arquitetos mackenzistas, Eduardo Ferroni detecta uma interessante propensão ao trabalho colaborativo, com a pouca incidência de trabalhos individuais, uma vez que os projetos são quase sempre assinados por dois, três ou mais arquitetos. Tal propensão talvez explique também a maleabilidade com que se portam tais arquitetos, Candia dentre eles, na absorção das influências de arquitetos brasileiros mais velhos e dos arquitetos estrangeiros, como já comentamos acima. O autor menciona tais relações de forma enfática, afirmando que este grupo de arquitetos, buscando alternativas à forte presença carioca, tentava firmar “suas bases em um repertório distinto daquele empregado de forma hegemônica pelos cariocas, indo buscar suas referências nos Estados Unidos através de Wright, Mies, Gropius, Breuer, Neutra, e se aproximando de Oswaldo Bratke, Franz Heep e Rino Levi no Brasil” (p. 64). Tal comportamento gera situações de enorme importância cultural em São Paulo, não só na arquitetura, mas também em áreas contíguas, como é o caso do design, enriquecido com o surgimento do estúdio Branco e Preto, de propriedade de vários ex-mackenzistas (45).
As considerações apresentadas acima foram em grande parte sucitadas pelo primeiro capítulo da dissertação – “Formação e parcerias de trabalho” –, mas os outros três capítulos – “Emergência de novos programas”, “Questões recorrentes” e “Leitura de três projetos” – contam com diversos pontos de contato com os trabalhos mencionados, tanto na busca de uma conexão dos fenômenos arquitetônicos específicos com o pano de fundo histórico, econômico, social e cultural (relações transcendentes do objeto com o mundo), como no estabelecimento de critérios e juízos que permitam a compreensão do edifício arquitetônico em suas questões internas (relações imanentes do objeto artístico).
Como Eduardo Ferroni se propõe a estudar com especial cuidado três projetos de autoria de Salvador Candia – a Galeria Metrópole (co-autoria de Gian Carlo Gasperini), o Edifício Joelma e o conjunto de Perdizes (co-autoria de Plinio Croce e Roberto Aflalo) –, todos eles edifícios altos, se vê obrigado a relacioná-los ao processos de verticalização e metropolização da cidade de São Paulo, munindo-se de informações buscadas em bibliografia secundária contidas em trabalhos acadêmicos, em especial os de Regina Meyer, Nadia Somekh, Candido Malta Campos, Renato Anelli e Mario Figueroa. Neste ponto o trabalho fica mais sólido, pois as questões presentes nestes textos permitem ao autor circunscrever com mais acuidade os “novos problemas” detectados pela revista Pilotis n. 4, de 1950, ocasião na qual Salvador Candia e colegas editores descrevem os “novos programas” engendrados pelos processos de verticalização e metropolização e que caberiam aos arquitetos resolver: o “grande prédio de escritórios”, a “grande loja de departamentos” e o “grande prédio de apartamentos” (p. 75).
As diversas abordagens contidas na bibliografia manipulada – processos econômicos, evolução da legislação, mercado imobiliário, ação do Estado, etc. – explicam, em um sentido geral, o pertencimento do fenômeno arquitetônico aos processamentos mais amplos no âmbito da sociedade. Assim, a Galeria Metrópole se alinha tanto ao lado dos outros grandes edifícios multiuso dos anos 1950, como junto a uma série de galerias do centro da cidade. Com isso, as grandes qualidades verificadas no projeto de Candia e Gasperini – mix amplo de programas e permeabilidade ao nível do solo – são compartilhadas com outros edifícios da cidade, dando um caráter mais universal a características específicas. Contudo, é também visível uma carência bibliográfica da qual se ressente o trabalho em diversas passagens (a bibliografia que citamos até aqui está praticamente toda ausente), em especial nas observações referentes ao edifícios multiuso e galerias do centro da cidade, situações onde não se verifica o mesmo ecumenismo já destacado no trabalho ao se referir às gerações de arquitetos. Nesse ponto específico se detecta uma excessiva endogenia bibliográfica, com o argumentos retirados de dissertações recentes de um grupo muito estrito de arquitetos. Parece até que a relevância desses edifícios – Conjunto Nacional, Copan, Nações Unidas e outros –, das galerias – Metrópole, Califórnia, Ipê, etc – e até mesmo de diversos projetos ícones da cidade só foi notada por este grupo de jovens pesquisadores (46).
Há também algum descuido em relação à discussão internacional em voga no âmbito da arquitetura moderna, o que acaba prejudicando um tanto a passagem da quantidade constatada no processo de verticalização e metropolização para a qualidade contida nas discussões intestinas da arquitetura moderna. A total ausência da discussão presente no VIII CIAM, que discute o conceito de “coração da cidade” (Hoddesdon, 1951), impede uma compreensão mais funda das novas relações entre arquitetura moderna e cidade tradicional a partir dos anos 1950 e que na cidade de São Paulo terá como cena a necessidade de se construir em lotes estreitos e profundos, herança da divisão territorial fragmentária de períodos anteriores, e tendo como contexto um centro tensionado entre uma breve história consolidada e as forças de transformação constante.
A ausência desta discussão permite que fique apenas delineada a distinção entre a arquitetura moderna erigida dentro do lote urbano consolidado e no terreno livre, que poderiam – ou “deveriam”, no nosso entendimento – estruturar um estudo mais comparativo entre a Galeria Metrópole e o conjunto de Perdizes (dois dos três estudos de caso do quarto capitulo), pois estes são projetos que ilustram procedimentos urbanísticos completamente distintos: a intervenção na cidade consolidada (ou em processo de consolidação), cheia de referências, interferências e condicionantes de toda ordem; e a intervenção na cidade nova, da gleba livre, com ausência de referências urbanas mais fortes. A opção pelas torres livres neste último caso permitem a concepção do magnífico edifício João Ramalho, leitura específica dos arquitetos Candia, Aflalo e Croce para os encaminhamentos propostos por Le Corbusier e Mies van der Rohe para o chão desimpedido. Ao contrário, Candia e Gasperini tomarão outro caminho para resolver as múltiplas interferências presentes no terreno aonde será construído a Galeria Metrópole, chegando a um grau surpreendente de comprometimento com o existente. Sob esta ótica, o Edifício Joelma – o terceiro dos três estudos de caso e mais conhecido pela marca trágica do incêncio ocorrido em 1980 – torna-se mais desinteressante, pois trata-se de um projeto mais voltado para resoluções formais e programáticas e sua relação com a cidade se dá quase que exclusivamente por sua presença totêmica. Parece que o próprio autor não está convencido de sua importância protagônica, pois lhe dedica muito menos atenção, com breves comentários (47).
Deixamos para o fim a menção à maior qualidade que enxergamos na dissertação de mestrado de Eduardo Ferroni e que somada aos outros aspectos positivos já elencados conformam um trabalho de pesquisa que merece atenção. No trecho específico sobre a Galeria Metrópole são manipuladas informações de diversas instâncias – projetos anteriores de Gasperini e Candia, influências arquitetônicas, visões sobre urbanismo, agenciamento de programas, modificações em obra, relações com os agentes imobiliários, etc. –, gerando uma aprofundada compreensão da sua realização. Ao final da leitura do subcapítulo temos um panorama muito completo da sua qualidade arquitetônica e da sua importância para a cidade. Nas palavras de Roberto Piva e Maria Adelaide do Amaral se nota o simbolismo de sua presença na cena cultural dos anos 1960. Na descrição cuidadosa dos dois projetos iniciais, apresentados de forma independente por Candia e Gasperini, podemos observar as idéias principais que se materializarão posteriormente no conjunto construído, realização conjunta dos dois arquitetos, por imposição do júri do concurso, que os premiou igualmente com o primeiro lugar. Mais ainda: é possível constatar como a somatória das idéias gera um projeto que é muito melhor do que os dois originais – um pouquinho mais de água no moinho do trabalho coletivo e a recusa, por parte de Ferroni, em elevar em demasia seu objeto de estudo... Nas referências às obras dos arquitetos alemães Mies van der Rohe e Egon Eiermann podemos constatar não só o nível da interlocução estético-cultural em curso naquele momento, como também as predileções do arquiteto estudado. Na discussão sobre as soluções técnico-construtivas propostas pelos arquitetos e as que foram de fato assumidas pelos promotores temos um excelente desenho da cena civilizacional, onde as idéias esbarram em impossibilidades tecnológicas e financeiras. Tudo isso aliado a uma rica documentação iconográfica, com croquis, desenhos, fotografias de época, diagramas atuais, etc., que tornam a leitura do projeto não só possível, mas um prazer. A fartura documental é possível por ser Eduardo Ferroni o responsável pela organização inicial do acervo de Salvador Candia, que se encontra atualmente na Escola da Cidade. Sua intenção é, segundo suas próprias palavras, “constituir uma mostra organizada para consulta, e subsidiar a curadoria do material a ser posteriormente restaurado, digitalizado e disponibilizado ao público” (p. 15). Com isso, o autor acabou sendo responsável por uma pesquisa ampla, cujo escopo é muito maior do que os projetos efetivamente abordados em sua dissertação. Trata-se de uma qualidade que se pode observar em alguns poucos trabalhos pioneiros, merecendo portanto um reconhecimento especial, afinal ele se presta àquilo que todo trabalho acadêmico deveria se prestar: peça na montagem coletiva do conhecimento histórico e subsídio para futuros trabalhos de pesquisa.
Entre prós e contras, o trabalho tem um balanço bem positivo, o que justifica uma leitura atenta por parte dos interessados em um painel mais variado sobre nossa arquitetura moderna.
notas1
O presente texto é baseado na arguição feita durante a defesa da dissertação de mestrado, ocorrida na FAU Maranhão no dia 09 de maio de 2008, às 9h30, e que contou com a participação dos professores Regina Meyer, orientadora, Luis Antonio Jorte (FAU-USP) e Abilio Guerra (FAU Mackenzie).
2
O rol de teses e dissertações mencionado a seguir não é fruto de um levantamento exaustivo, mas do conhecimento prévio a partir de participação em bancas, de indicações de colegas e de consultas feitas por motivos diversos. Um levantamento mais sistemático seria necessário para um balanço mais preciso, o que poderia implicar em alguma correção nas afirmações aqui presentes, talvez excessivamente impressionistas. Também é bom destacar que há uma excessiva hegemonia de trabalhos desenvolvidos em São Paulo, cidade onde desenvolvemos nosso trabalho.
3
No dicionário de Aurélio Buarque de Holanda o termo monografia é definido como “dissertação ou estudo minicioso que se propõe esgotar determinado tema relativamente restrito”. No caso, consideramos para a finalidade específica desta resenha que a abordagem monográfica de um determinado arquiteto é a pesquisa que se detém sobre a totalidade ou a parte de uma determinada obra autoral.
4
VALLE, Marco do. Desenvolvimento da forma e procedimentos de projeto na arquitetura de Oscar Niemeyer (1935-1998). Tese de doutorado. Orientador Sylvio Barros Sawaya. São Paulo, FAU-USP, 2000; CASTOR, Ricardo Silveira. Considerações sobre a dimensão estética da obra de Oscar Niemeyer: o caso do Instituto Central de Ciências da UnB. Dissertação de mestrado. Orientador Matheus Gorovitz. Brasília, UNB, 2004; QUEIROZ, Rodrigo Cristiano. Oscar Niemeyer e Le Corbusier: encontros. Tese de doutorado. Orientador Lucio Gomes Machado. São Paulo, FAU-USP, 2007.
5
KAMITA, João Masao. Espaço moderno e ética construtiva: a arquitetura de Affonso Eduardo Reidy. Dissertação de mestrado. Orientador Ronaldo Brito Fernandes. Rio de Janeiro, PUC-RJ, 1994; CENIQUEL, Mario. Affonso Eduardo Reidy : ordem, lugar e sentido. Tese de doutorado. Orientador Abrahão Sanovicz. São Paulo, FAU-USP, 1996.
6
BUZZAR, Miguel Antonio. João Batista Vilanova Artigas: elementos para a compreensão de um caminho da arquitetura brasileira, 1938-1967. Dissertação de mestrado. Orientador Paulo Júlio Valentino Bruna. São Paulo, FAU-USP, 1996; THOMAZ, Dalva Elias. Um olhar sobre Vilanova Artigas e sua contribuição à arquitetura brasileira. Dissertação de mestrado. Orientadora Ana Maria de Moraes Belluzzo. São Paulo, FAU-USP, 1997; CORRÊA, Maria Luiza. Artigas: da idéia ao desenho. Dissertação de mestrado. Orientador Júlio Roberto Katinsky. São Paulo, FAU-USP, 1998; SUZUKI, Juliana Harumi. Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi em Londrina: uma contribuição ao estudo da arquitetura moderna no Estado do Paraná. Dissertação de mestrado. Orientador Lúcio Gomes Machado. São Paulo, FAU-USP, 2000; IRIGOYEN DE TOUCEDA, Adriana Marta. Frank Lloyd Wright e o Brasil. Dissertação de mestrado. Orientador Hugo Segawa. São Carlos, EESC-USP, 2000 (esta dissertação transformou-se no seguinte livro: IRIGOYEN, Adriana. Wright e Artigas: duas viagens. São Paulo, Ateliê Editorial, 2002). COTRIM, Marcio. Construir a casa paulista: o discurso e a obra de Vilanova Artigas entre 1967 e 1985. Tese de doutorado. Orientadores Fernando Alvarez Prozorovich e Abilio Guerra. Barcelona, DCA-ETSAB-UPC, 2008.
7
MACHADO, Lúcio Gomes. Rino Levi e a renovação da arquitetura brasileira. Tese de doutorado. Orientador Benedito Lima de Toledo. São Paulo, FAU-USP, 1992; ANELLI, Renato. Arquitetura e cidade na obra de Rino Levi. Tese de doutorado. Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo, FAU-USP, 1995; ARANHA, Maria Beatriz de Camargo. Rino Levi : arquitetura como ofício. Dissertação de mestrado. Orientadora Fernanda Fernandes da Silva. São Paulo, FAU-USP, 2003.
8
CAMARGO, Monica Junqueira de. Princípios de arquitetura moderna na obra de Oswaldo Arthur Bratke. Tese de doutorado. Orientador Paulo Júlio Valentino Bruna. São Paulo, FAU-USP, 2000.
9
GUERRA, Abilio. Lúcio Costa, modernidade e tradição – montagem discursiva da arquitetura moderna brasileira. Tese de doutorado. Orientadora Maria Stella Martins Bresciani. Campinas, IFCH-Unicamp, 2002; CARRILHO, Marcos. Lucio Costa, patrimônio histórico e arquitetura moderna. Tese de doutorado. Orientador Nestor Goulart Reis Filho. São Paulo, FAU-USP, 2003; RIBEIRO, Otávio Leonídio. Carradas de razões: Lucio Costa e arquitetura moderna. Tese de doutorado. Orientador João Masao Kamita. Rio de Janeiro, PUC-Rio, 2005. Esta última tese se transformou no livro: LEONÍDIO, Otavio. Carradas de razões. Lucio Costa e a arquitetura moderna brasileira. Coleção Ciências Sociais nº 38. Rio de Janeiro/São Paulo, Editora PUC-Rio/Loyola, 2007.
10
OLIVEIRA, Ana Rosa de. Hacia la extravasaria. La naturaleza y el jardín en Roberto Burle Marx. Tese de Doutorado. Orientador Dario Alvarez Alvarez. Valladolid, Universidad de Valladolid, 1998.
11
DAHER, Luiz Carlos. Arquitetura e expressionismo: notas sobre a estética do projeto expressionista, o modernismo e Flavio de Carvalho. Dissertação de mestrado. Orientador Nestor Goulart Reis Filho. São Paulo, FAU-USP, 1979. Esta dissertação se transformou no seguinte livro: DAHER, Luiz Carlos. Flávio de Carvalho: arquitetura e expressionismo. São Paulo, Projeto, 1982. Temos dois outras pesquisas importantes sobre o arquiteto: LEITE, Rui Moreira. A experiência sem número: uma década marcada pela atuação de Flávio de Carvalho. Dissertação de mestrado Orientador. Walter Zanini.São Paulo, ECA-USP, 1988; LEITE, Rui Moreira. Flávio de Carvalho entre a experiência e a experimentação. Tese de doutorado. Orientador Walter Zanini. São Paulo, ECA-USP, 1995.
12
ACKEL, Luiz Gonzaga Montans. Attílio Corrêa Lima. Uma trajetória para a modernidade. Tese de doutorado. Orientador Paulo Júlio Valentino Bruna. São Paulo, FAU-USP, 2007.
13
MACEDO, Oigres Leici Cordeiro de. Francisco Bolonha, ofício da modernidade. Dissertação de mestrado. Orientador Hugo Segawa. São Carlos, EESC-USP, 2003.
14
NOBRE, Ana Luiza de Souza. O passado pela frente: a modernidade de Alcides da Rocha Miranda. Dissertação de mestrado. Orientadora Berenice Cavalcante. Rio de Janeiro, PUC-Rio, 1997.
15
MORAES, Paulo Jardim de. Por uma nova arquitetura no Brasil – Jorge Machado Moreira (1904-1992). Mestrado em Arquitetura. Orientador Mauro César de Oliveira Santos. Rio de Janeiro, FAU-UFRJ, 2001.
16
PEREIRA, Cláudio Calovi. Os irmãos Roberto e a arquitetura moderna no Rio de Janeiro (1936-1954). Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Eduardo Dias Comas. Porto Alegre, FAU-UFRGS, 1993.
17
LIMA, Mirian Keiko Luz Ito Rovo de Souza. O lugar da adequação em Severiano Porto: aldeia SOS do Amazonas. Dissertação de mestrado. Orientadora Beatriz Santos de Oliveira.Rio de Janeiro, FAU-UFRJ, 2004.
18
ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura Brasileira, Escola Paulista e as casas de Paulo Mendes da Rocha. Mestrado em Arquitetura. Orientador Carlos Eduardo Dias Comas. Porto Alegre, FAU-UFRGS, 2000.
19
MENDONÇA, Fernando de Magalhães. Pedro Paulo de Melo Saraiva – 50 anos de arquitetura. Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Leite. São Paulo, FAU Mackenzie, 2006.
20
SILVA, Helena Aparecida Ayoub. Abrahão Sanovicz: o projeto como pesquisa. Tese de doutorado. Orientador Eduardo Luiz Paulo Riesencampf de Almeida. São Paulo, FAU-USP, 2004.
21
FAGGIN, Carlos Augusto Mattei. Carlos Millán: itinerário profissional de um arquiteto paulista. Tese de doutorado. Orientadora Marlene Yurgel.São Paulo, FAU-USP, 1992; MATERA, Sergio. Carlos Millan: um estudo sobre a produção em arquitetura. Dissertação de mestrado em arquitetura e urbanismo. Orientador José Eduardo de Assis Lefèvre. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2006.
22
CARRANZA, Edite Galote Rodrigues. Eduardo Longo na arquitetura paulista: 1961-2001. Dissertação de mestrado. Orientadora Gilda Collet Bruna. São Paulo, FAU Mackenzie, 2004.
23
REGINO, Aline Nassarala. Arquitetura moderna paulista e a habitação coletiva. Análise da contribuição do arquiteto Eduardo Kneese de Mello. Dissertação de mestrado. Orientador Rafael Antonio Cunha Perrone. São Paulo, FAU Mackenzie, 2006; MONTENEGRO FILHO, Roberto Alves de Lima. Pré-fabricação e a obra de Kneese de Mello. Dissertação de mestrado. Orientadora Maria Lucia Bressan Pinheiro. São Paulo, FAU-USP, 2007.
24
FRANCO, Ruy Eduardo Debs. A obra de João Artacho Jurado. Dissertação de mestrado. Orientadora Gilda Collet Bruna. São Paulo, FAU Mackenzie, 2004.
25
IMBRONITO, Maria Isabel. Procedimento de projeto com base em retículas: estudo de casas de Eduardo de Almeida. Dissertação de mestrado. Orientadora Marlene Yurgel. São Paulo, FAU-USP, 2008.
26
KOURY, Ana Paula. Grupo Arquitetura Nova. Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Alberto Ferreira Martins. São Carlos, EESC-USP, 1999. Esta dissertação se transformou no livro: KOURY, Ana Paula. Grupo Arquitetura Nova. Flávio Império, Rodrigo Lefèvre e Sérgio Ferro. Coleção Olhar Arquitetônico, volume 1. São Paulo, Romano Guerra Editora / EDUSP, 2003.
27
BRASIL, Luciana Tombi. A obra de David Libeskind : ensaio sobre as residências unifamiliares. Dissertação de mestrado. Orientador Luis Antônio Jorge. São Paulo, FAU-USP, 2004. Esta dissertação se transformou no livro: BRASIL, Luciana Tombi. David Libeskind – ensaio sobre as residências unifamiliares. Coleção Olhar Arquitetônico, volume 2. São Paulo, Romano Guerra Editora / EDUSP, 2007.
28
NAHAS, Patricia Viceconti. Intervenções em edifícios e sítios históricos na obra do escritório Brasil Arquitetura. Dissertação de mestrado. Orientador Abilio Guerra. FAU Mackenzie (início: 2008; previsão de defesa: 2009); HALEVY, Albert. A arquitetura sustentável de Marcos Acayaba. Dissertação de mestrado. Orientador Abilio Guerra. FAU Mackenzie (início: 2008; previsão de defesa: 2009).
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É curiosa a concentração de pesquisas sobre Lina Bo Bardi na UFBA, seguramente induzida pela atuação da arquiteta italiana na cidade. CHAGAS, Mauricio de Almeida. Modernismo e tradição. Lina Bo Bardi na Bahia. Dissertação de mestrado. Orientador Antônio Heliodório Lima Sampaio. Salvador, FAU-UFBA, 2002; BIERRENBACH, Ana Carolina de Souza. Os restauros de Lina Bo Bardi e as interpretações da história. Dissertação de mestrado. Orientador Pasqualino Romano Magnavita. Salvador, UFBA, 2001; ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Tensão moderno/popular em Lina Bo Bardi: nexos de arquitetura. Dissertação de mestrado. Orientador Pasqualino Romano Magnavita. Salvador, UFBA, 2003.
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VAZ, Rita de Cassia. Luiz Nunes: arquitetura moderna em pernambuco, 1934-1937. Dissertação de mestrado. Orientador Ruy Gama. São Paulo, FAU-USP, 1989.
31
CANEZ, Anna Paula de Moura. Fernando Corona e os caminhos da arquitetura moderna em Porto Alegre. Dissertação de mestrado. Orientador Fernando Freitas Fuão. Porto Alegre, FAU-UFRGS, 1997.
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NERY, Pedro Aloisio Cedraz. Assis Reis: arquitetura, regionalismo e modernidade. Dissertação de mestrado. Orientadora Esterzilda Berenstein de Azevedo. Salvador, UFBA, 2002.
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BERNARDI, Cristiane Kröhling Pinheiro Borges. Luiz Gastão de Castro Lima: trajetória e obra de um arquiteto. Dissertação de mestrado. Orientador Renato Anelli. São Carlos, EESC-USP, 2008.
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FARIAS, Agnaldo Aricê Caldas. Gregori Warchavchik: introdutor da arquitetura moderna no Brasil. Dissertação de mestrado. Orientador Nicolau Sevcenko. Campinas, IFCH-Unicamp, 1990.
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OLIVEIRA, Olivia de. Sutis substâncias da arquitetura de Lina Bo Bardi. Tese de doutorado. Orientador Josep Quetglas. Barcelona, ETSAB-UPC, 2002 (transformou-se no seguinte livro: OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi – sutis substâncias da arquitetura. São Paulo, Romano Guerra Editora / Gustavo Gili, 2006); RUBINO, Silvana Barbosa. Rotas da modernidade: trajetória, campo e história na atuação de Lina Bo Bardi, 1947-1968. Tese de doutorado. Orientador Antonio Augusto Arantes Neto. Campinas, IFCH-Unicamp, 2002; LUZ, Vera Santana. Ordem e origem em Lina Bo Bardi. Tese de doutorado.Orientador Rafael Antonio Cunha Perrone. São Paulo, FAU-USP, 2004; COSTA NETO, Achilles. A liberdade desenhada por Lina Bo Bardi. Dissertação de mestrado. Orientador Fernando Freitas Fuão. Porto Alegre, FAU-UFRGS, 2004; COSULICH, Roberta Daniela de Marchis. Lina Bo Bardi, objetos e mobiliário: do pré-artesanato ao design. Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Guilherme Mota. São Paulo, FAU Mackenzie, 2007; OLIVEIRA, Raíssa. Permanência e inovação: o antigo e o novo nos projetos urbanos de Lina Bo Bardi. Orientadora Fernanda Fernandes. São Paulo, FAU-USP, 2008.
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ROCHA, Angela Maria. Produção do espaço em São Paulo: Giancarlo Palanti. Dissertação de mestrado. Orientador Júlio Roberto Katinsky. São Paulo, FAU-USP, 1991; SANCHES, Aline Coelho. A obra e a trajetória de Giancarlo Palanti: Itália e Brasil. Tese de doutorado. Orientador Renato Anelli. São Carlos, EESC-USP, 2004.
37
FALBEL, Anat. Lucjan Korngold: a trajetória de um arquiteto imigrante. Tese de doutorado. Orientador Paulo Júlio Valentino Bruna. São Paulo, FAU-USP, 2003.
38
DAUFENBACH, Karine. Hans Broos: a expressividade da forma. Dissertação de mestrado. Orientadora Giselle Arteiro Nielsen Azevedo.Rio de Janeiro, FAU-UFRJ, 2006.
39
BARBOSA, Marcelo Consiglio. A obra de Adolf Franz Heep no Brasil. Dissertação de mestrado. Orientador Ubyrajara Gonsalves Gilioli.São Paulo, FAU-USP, 2002.
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Acreditamos que, ao menos em parte, este seja o motivo da ausência de uma monografia mais sistemática sobre a trajetória do arquiteto francês Jacques Pilon. Este, além de estrangeiro, teria ainda contra si sua arquitetura inicial de tom neoclássico, algo inaceitável para a visão crítica hegemônica em nossa historiografia. Atualmente está em curso uma pesquisa monográfica sobre o arquiteto: FRANCO, Tiago Seneme. A obra do escritório de Jacques Pilon no centro de São Paulo. Dissertação de mestrado. Orientador Abilio Guerra. FAU Mackenzie (início: 2008; previsão de defesa: 2009).
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Sobre as relações de Richard Neutra com o Brasil, ver: RIBEIRO, Patrícia Pimenta Azevedo. Teoria e prática: a obra do arquiteto Richard Neutra. Tese de doutorado em arquitetura e urbanismo. Orientador Adilson Costa Macedo. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2007.
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Sobre os "wrightianos" em São Paulo, ver: FUJIOKA, Paulo Y. Princípios da arquitetura organicista de Frank Lloyd Wright e suas influências na arquitetura moderna paulistana.Tese de doutorado. Orientador Lucio Gomes Machado. São Paulo, FAU-USP, 2004. Outra tese que aponta para uma influência wrightiana difusa no nosso país é: TINEM, Nelci. El caso de Brasil en la historiografía de la arquitectura moderna: 1936-1955. Tese de doutorado. Orientador Fernando Alvarez Prozorovich. Barcelona, ETSAM-UPC, 2000.
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Caso, por exemplo, das seguintes dissertações de mestrado, que envolvem um único edifício dos arquitetos Álvaro Vital Brazil e David Libeskind, mas fazendo considerações sobre suas trajetórias profissionais: ATIQUE, Fernando. Memória de um projeto moderno: a idealização e a trajetória do Edifício Esther. Dissertação de mestrado. Orientadora Telma de Barros Correia. São Paulo, FAU-USP, 2002; VIÉGAS, Fernando Felippe. Conjunto Nacional: a construção do espigão central. Dissertação de mestrado. Orientador Eduardo Luiz Paulo Riesencampf de Almeida. São Paulo, FAU-USP, 2003.
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É o caso de duas dissertações de mestrado sobre obras de Oscar Niemeyer em São Paulo e Minas Gerais: LEAL, Daniela Viana. Oscar Niemeyer e o mercado imobiliário de São Paulo na década de 1950: o escritório satélite sob direção do arquiteto Carlos Lemos e os edifícios encomendados pelo Banco Nacional Imobiliário. Dissertação de mestrado.Orientador Marco do Valle. Campinas, IFCH-Unicamp, 2002; Danilo Matoso Macedo. A matéria da invenção – criação e construção das obras de Oscar Niemeyer em Minas Gerais, 1938-1954. Dissertação de mestrado. Orientador Luiz Alberto do Prado Passaglia. Belo Horizonte, EAU-UFMG, 2002. Sobre este último trabalho cabe ressaltar a excepcional qualidade, com um levantamento sistemático dos projetos mineiros de Niemeyer e leituras argutas e multifacetadas realizadas pelo autor. Com um recorte programático, podemos mencionar o seguinte trabalho: ALMEIDA, Marcos Leite. As casas de Oscar Niemeyer. Dissertação de mestrado. Orientador Carlos Eduardo Dias Comas. Porto Alegre, FAU-UFRGS, 2005.
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Sobre o assunto, ver: ACAYABA, Marlene Milan de Azevedo. Branco e Preto: uma história de design brasilerio nos anos 50. Tese de doutorado. Júlio Roberto Katinsky. São Paulo, FAU-USP, 1991. Esta tese transformou-se no seguinte livro: ACAYABA, Marlene Milan. Branco & Preto: uma história de design brasileiro nos anos 50. São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1994.
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Lembramos a série imensa de trabalhos orientados por Regina Meyer e seu grupo de pesquisa no TFG da FAU-USP, alguns deles publicados na revista Urbs da Associação Viva o Centro, que se enfrentam com esta dupla temática (como exemplo dos trabalhos de graduação desenvolvidos na FAU-USP mencionamos o seguinte: GUZZO, Fábio Lopes. Edifícios multifuncionais verticalizados na cidade de São Paulo. Trabalho de Final de Curso de Graduação em Arquitetura. Orientação de Maria Ruth Amaral de Sampaio. São Paulo, FAU-USP, 2006). O mesmo acontece com o grupo de trabalho liderado por Luis Espallargas Gimenez na PUC-Campinas, que durante mais de 15 anos se defrontou com os temas, gerando centenas de trabalhos acadêmicos onde edifícos multiuso e galerias eram estudados com muita acuidade. O belo mapa de permeabilidade do solo feito por Eduardo Ferroni e que compreende a área do início da Avenida São Luis conta, portanto, com dezenas de versões semelhantes para esta e outras áreas do centro da cidade de São Paulo. Além dos trabalhos de graduação, merecem lembrança um trabalho acadêmico e uma exposição: CAHEN, Nádia. O edifício como qualificador do espaço urbano no centro novo de São Paulo. Avenida São Luís, interpretação e proposta. Dissertação de mestrado. São Paulo, FAU-Mackenzie, 2004; exposição “Fazendo a cidade. Espaços privados, usos públicos”, curadoria de Luis Espallargas Gimenez, promoção AsBEA, 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, São Paulo, 22 de outubro a 11 de dezembro 2005.
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São apenas quatro páginas de texto sobre o edifício, uma delas inteiramente dedicada ao episódio do incêndio. Esta opinião não foi compartilhada por Luis Antonio Jorge, membro da banca da defesa da dissertação, que defendeu a pertinência dos 3 edifícios selecionados e apontou para o papel cumprido pelo Joelma na articulação das idéias, pois trata-se de um edifício original em sua resolução geométrica e programática. Ele também aponta como muito interessante a seleção de projetos mais comuns, menos “excepcionais”, abrindo perspectivas de uma compreensão menos heróica de nossa arquitetura. Linha de raciocínio muito interessante, com a qual concordamos no geral, mas continuamos a entender que a presença do edifício Joelma mais atrapalha do que ajuda na argumentação central do trabalho.
sobre o autor Abílio Guerra, arquiteto, professor da FAU Mackenzie, editor do Portal Vitruvius.