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Esse artigo analisa o subcapítulo Feu Montmartre do livro Le piéton de Paris, de Léon-Paul Fargue, 1938, com a intenção de demonstrar que certos bairros, ainda que sejam profundamente alterados, têm uma sobrevida na memória dos seus moradores e habitués

english
The paper analyzes the subchapter Feu Montmartre, from Léon-Paul Fargue’s book Le piéton de Paris (1938), with the intent to demonstrate that certain neighborhoods, even if they are profoundly altered, have a survival in the memory of its residents

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LIMA, Adson Cristiano Bozzi Ramatis. As memórias de um bairro desaparecido: o falecido Montmartre. Resenhas Online, São Paulo, ano 11, n. 127.01, Vitruvius, ago. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/11.127/4404>.


“Eu descobri, me dizia recentemente um inglês, porque os parisienses não viajavam: eles tinham Montmartre.”
Léon-Paul Fargue. Le piéton de Paris

Introdução: sobre imagens e memórias

Não saberíamos exagerar a importância de Paris no imaginário do mundo ocidental, e, mais precisamente, no mundo francófono (1). Não foi, certamente, por acaso, que essa cidade, ao longo do século passado, conseguiu reunir em seu solo artistas das mais diversas procedências, que eram atraídos pela sua efervescência cultural – então ímpar – e pela sua vida boêmia atribulada e plural. Ora, poucas cidades no mundo já foram tema de tantos livros como Paris, mas, por economia de palavras, contentar-nos-emos em citar aqui apenas alguns livros redigidos por autores franceses (e íntimos dessa cidade): Les grands largeurs, de Henri Calet, Puissance de Paris, de Jules Romains, Faubourgs de Paris, de Eugène Dabit, e, finalizando o nosso brevíssimo inventário, Le piéton de Paris, obra maior do poeta e ensaista Léon-Paul Fargue (2). O tema desse artigo é um capítulo desse último livro citado, no qual o autor fez uma espécie de ode nostálgica ao bairro parisiense de Montmartre, descrito, em certo momento da narrativa, como “a Pátria das Pátrias noturnas.” (3) Com as análises que realizaremos, temos o objetivo de retraçar a vida urbana de um bairro parisiense, cujo passado ainda ecoaria vivo e presente nas memórias de Léon-Paul Fargue. (4)

Antes de iniciar o artigo, talvez seja importante realizar uma observação de caráter metodológico, e enfatizar o significado do termo lembrança ou, como grafamos no título, memórias. Tal empreendimento pode parecer óbvio – ou banal – e, portanto, estar fadado à inutilidade; todavia, algumas palavras correm o risco, pelo seu uso cotidiano, de nada significar por força de possuir muitos significados. Jean-Paul Sartre tratou essa questão, ao analisar a proximidade do conceito de “lembrança” com aquele de “imagem”:

Certamente que a lembrança, em muitos pontos de vista, parece muito próxima da imagem, e nós pudemos tirar os nossos exemplos da memória para melhor compreender a natureza da imagem. Há, contudo, uma diferença essencial entre a tese da lembrança e a da imagem. Se eu me lembro de um acontecimento da minha vida passada, eu não o imagino, eu me lembro. Isto é, eu não o coloco como um dado-passado, mas como um dado-presente no passado. (5)

Nesse extrato observa-se que o filósofo francês salienta o estatuto ontológico da lembrança e, dizendo de maneira mais simples, tanto a imagem quanto a lembrança são reais como modo de existência, mas somente a lembrança apresenta o caráter de “ter sido”, ou, como preferiu o autor: para lembrar-se é necessário dirigir “a consciência em direção ao passado no qual ele [o acontecimento lembrado] me espera como acontecimento real em retirada” (6). No caso do livro de Fargue, esse “acontecimento em retirada” é a vida boêmia de Montmartre, os seus noctâmbulos, os seus restaurantes, cafés e cabarets. (7) Nesse texto, o autor relembra e lamenta o desaparecimento – ou a morte – de todo um universo; ora, ainda que as estruturas materiais que permitiram a sua existência ainda perdurassem – ao menos em parte – quando o autor redigiu o livro, o diagnóstico não foi dos mais otimistas: “Montmartre morre com despreocupação. Brevemente nós seremos obrigados a criar centenários para lembrar à memória dos parisienses a existência desses bairros que desaparecem.” (8) Convém acrescentar que esse ensaio sobre Paris foi escrito no já longínquo ano de 1938, e se Fargue estivesse vivo (o nosso autor morreu em 24 de novembro de 1947) talvez tivesse ainda mais razões para lamentar o destino de Montmartre. De toda sorte, o que fez Fargue nesse capítulo foi “dirigir a sua consciência em direção” a um bairro parisiense cujas glórias resistem, intocáveis, no passado.

Montmartre

É quase um lugar-comum associar a cidade de Paris a uma vida boêmia, na qual poetas e pintores dividiriam os seus dias e noites entre o trabalho em atéliers e o ócio dos cafés; essa representação social faz parte, certamente, do imaginário de viajantes e turistas que se dirigem à capital francesa. Mas Fargue não está interessado nem em imagens e nem em fantasmagorias: para aquele senhor de sessenta e dois anos (a sua idade quando publicou, 1938, a versão ampliada desse livro) estava em questão evocar as suas nostálgicas memórias de um Montmartre de antanho, descrevendo, a partir de um ponto de vista parisiense, os seus habitantes e os espaços que estes frequentavam. Mas que bairro era esse do qual subsistiriam apenas fragmentos urbanos e memórias esparsas? Se não é lícito que se pergunte sobre a “essência” de um lugar, ao menos é justo indagar sobre a sua cartografia afetiva, isto é, perguntar qual teria sido o “Montmartre” idiossincrático e perfeitamente particular ao nosso autor. Em primeiro lugar, deve-se conceder que havia os cabarets, espaço importante na formação das legendas desse bairro, como se pode ler nesse extrato:

(...), para um velho parisiense, Montmartre, o verdadeiro Montmartre, era aquele dos cabarets e dos poetas, a começar pelo Le lapin à Gill – escrever-se-á Agile apenas mais tarde – onde cantavam e “diziam” Delmet, Hyspa e Montoya. Falava-se de Pierrot, de Mimi Pinson, de Belle Étoile e de Chevalier Printemps com muita seriedade, exatamente como se fala hoje de comunismo, de estratosfera e de radiofonia nos taxímetros. (9)

Essas lembranças, que foram evocadas sem que se tenha sido necessário recorrer a nenhuma madelaine, são a narrativa de um tempo mais feliz, e, certamente, menos preocupado e grave, no qual cantores e poetas mobilizavam mais atenção e despertavam mais debates do que, por exemplo, a situação da economia ou a política internacional. “Vivia-se em um mundo que se assemelhava simultaneamente a um quadro de Watteau e um dia de Micareta [Mi-Carême no original].” (10) O amálgama realizado pelo autor é revelador: de um lado, há a evocação das obras de Antoine Watteau, o pintor rococó das “festas galantes” e de uma aristocracia que buscava diversão em amores ligeiros; e, de outro lado, Fargue menciona uma festa em nada galante cuja origem é, não nos esqueçamos, religiosa. Aparentemente, é dessa maneira heteróclita que o nosso autor compreendia e evocava o universo do Lapin à Gill. Contudo, é certo que havia em Montmartre, para além dos cabarets, uma miríade de outros estabelecimentos para boêmios, como os cafés, e Fargue, zelosamente, os enumerou, realizando uma espécie de catálago:

(...) o Mirliton, o Carillon, a Ane Rouge, o Clou, Adèle, o Lapin Agile de Frédéric, já nomeado, o Clairon de Sidi-Brahim, que fazia Marc Orlan sonhar, o Billard en Bois, o Café Guerbois, chez le Père Lathuile, uma espécie de Academia de Belas-Artes presidida por Manet, a Nouvelle Athènes, (...). (11)

Segundo Fargue, nesses cafés morriam de fome artistas tão obscuros que nunca se soube exatamente qual teria sido o seu métier: se foram “pintores, escultores, xilógrafos, compositores, poetas ou filósofos” (12). Contudo, esse bairro sabia ser pródigo com os seus frequentadores: “Comia-se pagando um nada, disse-me um dia Forain, e até por menos do que isso.” (13) Nas suas memórias, o nosso autor evoca a “alta boemia” desaparecida, no qual duas casas de espetáculo bastante conhecidas, o Moulin de la Galette e o Moulin Rouge, eram frequentados por artistas como Lautrec e Utrillo, o primeiro primando pelas representações da própria boemia e o segundo sendo, reconhecidamente, o pintor de Montmartre (14). No momento em que redigia o livro o nosso autor lastimava que ambos os estabelecimentos tivessem sido “(...) colonizados por negras sem exotismo e por russas sem a Russia (...).” (15) O que Fargue lamentava é a emergência do que poderíamos nomear de “exotismo estereotipado”, aquele que deve necessariamente coincidir com que o turista já está esperando encontrar, isto é, uma imagem já muitas vezes entrevista nos meios de comunicação de massa; e o uso do termo “colonialismo” tem toda a carga semântica da ironia e do pessimismo, como se ele afirmasse que estrangeiros vieram e, hélas, tomaram o lugar dos autóctones. Contudo, os “estrangeiros colonizadores” dos dois Moulins podiam ser, igualmente, franceses, como podemos ler nesse extrato: “(...) pintores sem talento, paleta e cavalete, políticos sem partido e malandros sem ocasião, (...). Em suma, em Montmartre todo um universo morreu e foi implacavelmente substituído.

Para o nosso autor Montmartre não era apenas um bairro, com uma geometria precisa e com ruas cujos nomes foram fornecidos pela administração, mas era algo mais importante e dotado de um simbolismo mais impressionante: era uma “Paris dentro de Paris” (16), ou seja, tratava-se de uma cidade à parte, com as “fronteiras políticas” definidas pelo fato de estar em uma colina. Em outro capítulo de Le piéton de Paris ele vai ainda mais longe: “Quarenta anos de viagem a pé nesse país formado por fronteiras do dezoito e nono arrondissents, (...).” (17) É o reconhecimento explícito por parte do autor que, à força de se distinguir dos demais bairros parisienses, Montmartre teria se tornado uma espécie de “país” com os seus próprios cidadãos: comerciantes, garçons, proprietários de bares e de restaurantes e uma infinita miríade de artistas. E essa “nacionalidade” iria até conferir uma identidade própria: “(...) os comerciantes desse bairro privilegiado tem um falar e uma alma diferentes, um olhar deliciosamente misterioso e superior que os distingue dos seus colegas da Praça da Ópera ou do Rond-Point dos Champs-Élysées.” (18) Mas não se trata, nesse caso, de imaginar que, por metonímia, esse bairro teria se tornado todo um país, posto que, no imaginário de Fargue, Montmartre é um país como todos os outros, inclusive como a própria França. De toda sorte, é lírico imaginar Montmartre como uma espécie de “enclave europeu”, algo como o Vaticano, Mônaco ou Andorra. Como vimos, o autor escreveu sobre os cafés, os cabarets e as casas de espetáculo, mas as ruas de Montmartre foram tema da sua prosa, e escreveu com um entusiasmo pouco contido sobre uma rua em especial:

(...) a Rua Lepic, uma das mais célebres ruas do mundo: ter trabalhado com embutidos na Rua Lepic é tão honorável, senão tão histórico, quanto ter trabalhado em cinemas na Champs-Élysées ou sido comerciante de quadros na Rua Faubourg-Saint-Honoré. A Rua Lepic é como um rio de Montmartre que irriga o país, lança afluentes na espessura do bairro, mantém a flora e produz praças que tiveram mais importância na história da Terceira Republica que um bando de ministros ou de decretos. (19)

A lírica imagem criada por Fargue reforça o que escrevemos acima: o autor não se lembra nostalgicamente de um bairro, mas de uma espécie de “país mítico”, para o qual o autor reserva um epíteto, para dizer o mínimo, generoso: “terra prometida.” (20) Nesse espaço mítico que concentra tantas imagens e tantas lembranças, nesse Montmartre de souvenir antiturista, a rua metamorfoseia-se em rio, um rio caudaloso em quem os ribeirinhos depositam a confiança dos íntimos. E aos outros parisienses, estrangeiros em Montmartre, restariam apenas o turismo e a inelutável incompreensão da alteridade, e estariam fadados a conhecer desse bairro apenas as suas ruas e os seus jardins. Esse “país mítico”, todavia, não existe mais na dimensão temporal do presente: “Montmartre teve o mesmo destino dessas pequenas nações que não servem mais senão para a confecção de operetas, a Bósnia-Herzegovina por exemplo.” (21) Como muitos países, esse Montmartre (do qual Fargue é o seu “presidente”) conheceu a decadência e desapareceu – o uso do termo “transformou-se” seria menos drástico, porém menos poético –, e, apenas para parafrasear o autor, diríamos que teve o mesmo destino desses pequenos países que eram mais “artificiais” que os outros, a Tchecoslováquia por exemplo.

E como teria ocorrido esse desaparecimento? De uma forma brusca ou, ao contrário, lentamente? E teria ocorrido tão lentamente que as pessoas sequer teriam tido a oportunidade de perceber o que estava acontecendo em torno de si? Ora, Fargue nos narrou o fato de que o solo de Montmartre teria se tornado “estéril”, no qual não brotavam mais cantores e caricaturistas, mas malandros e burgueses (22); a chamada “Terra prometida”, então, não mais se prestava mais às exuberantes colheitas de antanho. Quanto as suas mulheres, que outrora “inspiravam alguns homens e posavam para outros, agora querem votar, acabar na Ópera ou se casar com um garagista maçon capaz de ganhar na Loteria.” (23) Como reconhece o nosso autor, com uma ponta de tristeza, ao se recordar do seu “país”: “Mas os anos passarão.” Os anos, certamente, passarão, mas jamais trarão de volta a vida despreocupada da boemia de Montmartre, que está definitivamente enterrada. E este fato é, ao menos, um consolo – ainda que parco – pois pensando nas frases de certo filósofo, diríamos que Montmartre, assim como a História, só se repetiria como farsa. Nesse sentido, o autor concede sem rancor que os cafés, uma das instituições mais prósperas da vida boêmia, desaparecerão, sendo substituídos por instituições burguesas, como “sucursais de bancos e garagens.” (24) E, ainda segundo o autor, as modelos que outrora posavam para os pintores se tornarão atrizes de cinema, os poetas comprarão roupa a crédito e trabalharão em agências de publicidade, e, quando tudo isso acontecer (apenas para lembrar, Fargue publicou esse livro em 1932 e, posteriormente, em versão ampliada, em 1938), então, “Não haverá mais nada.” (25)

Últimas considerações

Muitos já lamentaram o desaparecimento de pessoas, de cidades e até mesmo de civilizações, e Léon-Paul Fargue não foi, certamente, o único a deplorar as modificações pelas quais passaram os bairros de Paris, uma cidade que, como sabemos, foi submetida aos impiedosos trabalhos do Barão de Haussmann ao longo do século XIX. Nesse sentido, o capítulo intitulado Montmartre falecido poderia ser compreendido apenas como uma ode nostálgica ao Le bon vieux temps? Seria, então, uma espécie de complainte cujo tema seria certo lugar falecido? (26) Veremos que, nesse capítulo, o autor abre certo espaço para a contemporização, ao admitir que esse bairro francês ainda estava vivo em algumas das suas partes:

Há um Montmartre que não cederá senão com dinamite: a Praça do Tertre e o seu Cuco, onde se reuniam antigamente os manifestantes da Pátria francesa; os restaurantes com seus terraços nessa paisagem que é, simultaneamente, artística, alpina, política, católica, virgiliana e burguesa, e todos os europeus célebres, sem exceção, ao menos uma vez beberam ali. (27)

Fargue nos indica que o antigo Montmartre existirá sempre que houver alguém para dele se lembrar, e os seus resíduos urbanos não cessarão de despertar memórias felizes de um tempo pretérito, e a parte citada desse bairro, que o autor compreende como diverso e plural, somente não resistiria à dinamite. E são, justamente, esses poucos resíduos que evocarão o Montmartre do tempo dos artistas e dos poetas, dos boêmios e dos dissolutos, que com assiduidade frequentavam os cafés, restaurantes e cabarets. Mas não apenas estes os frequentavam – embora houvesse sido os principais responsáveis pela “cor local” – mas o frequentavam, igualmente, os chamados “manifestantes da Pátria francesa” e todos os “europeus célebres”. Para Fargue, todavia, não haveria mais muitas razões para que o fizessem, posto que uma única praça jamais poderia possuir – nem mesmo por uma improvável metonímia – a complexidade de todo um bairro.

notas

1
Tomando as cidades de uma maneira geral, pode-se afirmar que há uma ligação visceral entre a cidade e a literatura, como se pode ler nesse extrato: “A cidade não apenas será fomentadora do novo gênero como também, em determinado momento da história literária, substituirá a Natureza como elemento fundamental da narrativa.” FERNANDES COSTA, Ronaldo. “Narrador, cidade, literatura”. In: LIMA, Rogério; FERNANDES COSTA (orgs.). O imaginário da cidade, Brasília: UnB, 2000, p. 19.

2
Há outro livro de Fargue sobre Paris e que é menos conhecido: D’après Paris. Paris: Gallimard, 1932.

3
FARGUE, Léon-Paul. Le piéton de Paris. Paris: Gallimard, 1993, p. 31. Não por acaso, esse se tornou o epíteto de Fargue: le piéton de Paris.

4
Em um século em que a ideia republicana da França parece correr risco, com a emergência e o crescimento – aliás, em toda a Europa – de forças políticas ligadas à extrema-direita, talvez seja interessante lembrar o encanto que esse bairro possuía em tempos menos difíceis.

5
SARTRE, Jean-Paul. L’imaginaire. Paris: Gallimard, 2007, p. 348. Tradução nossa do Francês para o Português. No seu ensaio A poética do espaço Bachelard, ao contrário, tende a amalgamar a memória e a imaginação, isto é, lembranças e imagens, como se pode ler nesse extrato: “Todo um passado vem viver, pelo sonho, numa casa nova. A velha locução: ‘Levamos para a casa nova nossos deuses domésticos’ tem mil variantes. E o devaneio se aprofunda de tal modo que, para o sonhador do lar, um âmbito imemorial se abre para além da mais antiga memória. A casa, como o fogo, como a água, nos permitirá evocar, na sequência da nossa obra, luzes fugidias de devaneio que iluminam a síntese do imemorial com a lembrança. Nessa região longínqua, memória e imaginação não se deixam dissociar. Ambas trabalham para o seu aprofundamento mútuo.” A poética do espaço. Trad.: Antonio de Padua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 25. Embora Sartre e Bachelard possam ter tido uma semelhante (a filosofia que se lecionava na França, então, tinha como base Descartes e Bergson), é certo que tinham motivações e influências bastante distintas: Sartre, como psicólogo estudava a imaginação e Bachelard, nesse livro, preocupa-se com a imagem poética dos espaços narrados.

6
SARTRE, Jean-Paul. Op. Cit., p. 348. Tradução nossa do Francês para o Português.

7
Essa enumeração, todavia, não pode ser confundida com uma simples descrição, como critica Brissac Peixoto: “Hoje em dia, a descrição está substituindo a paisagem. Não se pode, na maioria das vezes, dizer nada a respeito de uma cidade além do que os seus próprios habitantes repetem. O que já se disse recobre os seus contornos e nuances. Nas cidades, os olhos não veem coisas, mas figuras de coisas que significam outras coisas. ícones, estátuas, tudo é símbolo. Aqui tudo é linguagem, tudo se presta de imediato à descrição, ao mapeamento.” BRISSAC PEIXOTO, Nelson. Paisagens urbanas. São Paulo: Senac, 2004, p. 26. Ademais, Fargue não via, mas se lembrava de um universo urbano que já não existia quando redigiu o seu livro, e, como sabemos, a memória é uma repetição na diferença.

8
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 32.

9
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

10
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

11
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

12
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

13
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 33. Tradução nossa do Francês para o Português.

14
 “(...) e Maurice Utrillo, um dos fabricantes de imagem mais verdadeiro de Montmartre, o pintor da história dessa colina que se apresenta hoje aos cérebros espantados dos nossos futuros bacharéis com todo o charme e mistério do Egito dos Faraós.” FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 34. Tradução nossa do Francês para o Português.

15
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 34. Tradução nossa do Francês para o Português.

16
Frase atribuída a Léon Daudet. FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 34. Tradução nossa do Francês para o Português.

17
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 39. Tradução nossa do Francês para o Português.

18
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 36. Tradução nossa do Francês para o Português.

19
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 34. Tradução nossa do Francês para o Português.

20
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 32. Tradução nossa do Francês para o Português.

21
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

22
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

23
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

24
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 36. Tradução nossa do Francês para o Português.

25
Idem. Ibidem. Tradução nossa do Francês para o Português.

26
Ou, como preferiu Sartre, o “dado-presente no passado”, o qual, em tempos mais estéreis e difíceis, somente se poderia lamentar.

27
FARGUE, Léon-Paul. Op. Cit., 1993, p. 36. Tradução nossa do Francês para o Português.

sobre o autor

Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima, arquiteto e urbanista, Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo, Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, autor do livro: Arquitessitura; três ensaios transitando entre a filosofia, a literatura e arquitetura. Professor Assistente da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

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Le Piéton de Paris

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