Na véspera da decisão da Copa do Mundo de 1970, Clarice Lispector republicou no Jornal do Brasil (JB) um texto de meia página sobre Brasília, intitulado “Nos primeiros começos de Brasília” (1), o qual veio a se tornar um clássico na literatura acerca da nova capital. Construída como um conjunto de cinquenta e três aforismos encadeados em um parágrafo único, sem elementos de coesão evidentes entre os mesmos (com a óbvia exceção de todos tratarem de temas relacionados a Brasília), a crônica de Lispector tem contornos surrealistas, e transmite o intenso impacto que a paisagem da capital recém-inaugurada teria desenvolvido sobre a autora, principalmente a escala monumental da cidade e os amplos espaços vazios, característicos da cidade em formação.
A crônica em questão aparece na obra de Lispector em vários momentos, e com diferentes títulos. Barroso (2) e Nunes (3) estipulam 1962 como a data de publicação original do texto na coluna Children’s Corner da revista Senhor com o título “Brasília”. O texto foi então republicado em 1964 na seção Fundo de gaveta do livro A legião estrangeira com o título “Brasília: cinco dias”. Já na antologia de textos sobre Brasília organizada por Xavier e Katinsky (4) por ocasião do cinquentenário da capital em 2010, ela aparece com o título “Nos primeiros começos de Brasília”, por ter sido selecionada a partir da versão presente no JB.
Os relatos biográficos sobre Clarice Lispector permitem identificar que a escritora visitou Brasília ao menos três vezes: 1962, 1974 e 1976 – nessa última estada, pouco lembrada pelos biógrafos, ela recebeu um prêmio pelo conjunto da sua obra literária no Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. A primeira visita deu origem, ainda em 1962, à crônica “Brasília”, enquanto a segunda inspirou o texto “Brasília: esplendor”, publicado em 1974.
São múltiplas as interpretações da crônica referenciada, como é praxe na exegese de obras de Lispector. Para Gotlib (5), o retrato que Clarice delineia para a nova capital deve ser entendido a partir do contraste com um conjunto de textos relacionados aos outros espaços vivenciados pela autora, tais como o Rio de Janeiro, a Suíça ou a África. Por sua vez, Moser entende a crônica como um exercício de abstração, e acredita que “nenhuma outra descrição da cidade chegou tão perto de captar sua atmosfera sufocante e enigmática” (6). Já para Barroso (7) a estrutura fragmentada do texto dialoga com a monumentalidade da capital, na medida em que cada aforismo é uma frase que se monumentaliza, assim como o próprio modo de construção da cidade, enquanto para Spinelli, a autora revela um “sentimento de impotência frente ao projeto de modernização” e “desaprovação à elaboração de algo que não possui raízes na própria terra, nas entranhas do cerrado do Planalto Central” (8).
O trabalho presente busca apresentar uma nova possibilidade de interpretação desse texto. Assim, como exercício ensaístico, desenvolvemos uma paródia da crônica original (a qual se sugere a leitura prévia, para fins de melhor compreensão da estrutura textual aqui apresentada), buscando um diálogo crítico com o texto de Lispector e uma nova contextualização – quiçá atualização – das percepções levantadas pela autora nos anos 1960 com a realidade de Brasília, pois o momento presente da capital se revela bastante diverso daquele vivenciado por Clarice Lispector, residindo no caráter demográfico uma das principais diferenças.
Um conjunto de artigos acadêmicos, referências literárias, publicações jornalísticas e documentos oficiais, os quais estão correlacionados com diferentes percepções históricas e historiográficas de Brasília, foi usado como suporte na construção dessa paráfrase. Esse conjunto tem o propósito de apresentar um panorama dos variados temas de pesquisa e interesse que podem ser extraídos dos aforismos reconstruídos. Ressalta-se que a primeira pessoa do singular também foi usada ao longo da paródia, fazendo uso de um recurso que não seria recomendável em textos acadêmicos; entretanto, a singularidade da proposta apresentada nesse ensaio demanda – e, a nosso ver, justifica – tal utilização.
Nos constantes recomeços de Brasília
– A Brasília do século 21 é construída na linha do horizonte em cidades verticais regulares e condomínios horizontais irregulares (9).
– Brasília era artificial em 1970, mas agora se desenvolve com a naturalidade típica do crescimento urbano que se fez em um espaço desmatado e grilado (10). Quando Brasília foi criada, foi idealizado um homem racional especialmente para aquele espaço urbano de inspiração corbusiana. Nós, habitantes atuais da cidade, somos todos deformados pela adaptação a essa racionalidade idealizada, com uma identidade social e cultural ainda em formação. Temos origens diversas e sabemos exatamente como seríamos se tivéssemos sido criados em primeiro lugar, mas esse mundo deformado dificulta nossa adaptação e construção de uma nova identidade (11). Brasília já tem o homem e a mulher de Brasília, pois metade de nós já nasceu aqui (12).
– Se eu dissesse que Brasília é perfeita, veriam logo que não vivenciei a cidade. Mas se digo que Brasília é a melhor imagem construída de uma utopia modernista, veem nisso um exagero. Mas encontro sustentação em Jatobá: “o projeto conceitual da superquadra é a melhor experiência urbanística, em escala reduzida, produzida a partir de conceitos modernistas” (13). O urbanista (Costa) e o arquiteto (Niemeyer) pensaram sim em construir beleza: o contraste entre as edificações monumentais e o espaço vazio faz com que a Esplanada seja lida como uma obra de arte (14); o que eles ergueram, em tão pouco tempo em um lugar onde cronogramas raramente são cumpridos (15), nos causa espanto e mistério.
– Quando morri, um dia abri os olhos e era o aeroporto privatizado de Brasília. Eu não estava sozinho no mundo – havia mais de dezoito milhões de usuários ao meu redor naquele ano (16). Havia um táxi parado. Com chofer e uma camiseta de Dom Bosco. Mas preferi usar o aplicativo do Uber.
– (Espaço) Lucio Costa (17) e (Espaço) Oscar Niemeyer, duas construções não mais solitárias, cercadas de palanques, estátuas, panteões e espelhos d’água protecionistas do patrimônio desse centro histórico modernista.
– Olho Brasília como olho Pruitt-Igoe (18): partes da capital não mais são uma simplificação final de ruínas, são a própria ruína da modernidade, com a hera já crescida e desenvolta. As demolições já estão em curso (19), tendo a Copa do Mundo como um algoz impávido.
– Além do vento há tantas outras coisas que sopram, como os vapores mefíticos e quase sobrenaturais que emergem das duas estações de tratamento de dejetos há mais de vinte anos. Mas pelo menos a eutrofização do lago diminuiu (20).
– Em qualquer lugar onde se está de pé, criança não pode mais cair, pois não há mais crianças no Plano Piloto, somente vovós e vovôs e netos espectrais. Crianças ainda podem ser avistadas no Sudoeste e em Águas Claras (21).
– Brasília, como qualquer cidade, é construída e reconstruída continuamente, a partir de um passado que, por definição, já não existe mais. Ainda há resquícios da civilização que lhe deu origem – seus pioneiros e candangos. Na segunda metade do século 20 d.C., era habitada por homens e mulheres de raças diversas, e que esturricavam ao sol que iluminava a construção da cidade. Eram todos guerreiros? Ou esse era só o nome da estátua? (22) É por isso que em Brasília não havia onde morar, levando ao nascimento das cidades-satélites. Os brasilienses desses primeiros tempos se vestiam como os trabalhadores braçais que eram. A raça não se extinguiu porque a taxa de fecundidade brasileira nos anos 1960 era de mais de seis filhos por mulher (23). Quanto mais pobres os brasilienses, menos alfabetizados e menos letrados e menos protegidos pela revolução da pílula, e mais filhos. Não havia como parar de se reproduzir. Décadas depois foi descoberta por um bando feroz de concurseiros que em nenhum outro lugar encontrariam tantas oportunidades de carreiras públicas; eles nada tinham a perder, aliás, só a ganhar, na forma de estabilidades, incorporações de cargos e afins. Ali abriram suas apostilas, armaram seus cursinhos preparatórios, pouco a pouco explorando as vagas que assolavam a cidade. Esses eram homens e mulheres com maior titulação acadêmica, de olhos rápidos e dilatados pelo cloridrato de metilfenidato (24), e que, por serem filhos da classe média-muito-alta, tinham em nome de que se aprovar e tomar posse. Eles habitaram os apartamentos de paredes de espuma vinílica acetinada nos arredores do Plano de Costa, e se multiplicaram menos que seus pais e avós, constituindo uma raça humana muito competitiva.
– Esperei pela noite, para ver esgueirar personagens andróginos pelas sombras das galerias, becos e viadutos do Setor Comercial Sul (25). Quando a noite veio, percebi com júbilo que no Beirute (26), onde eu me sentasse, eu seria visto. O que me intriga é: no panorama geral de embriaguez, serei reconhecido por quem?
– Foi construída sem lugar para ratos, mas com lugar sob encomenda para pombos no famigerado Pombal (27) da primeira-dama do Quadros e patos na lagoa dos finados pedalinhos do parque. Eles quiseram negar que a gente gosta de distribuir pipoca às espécies aviárias. Mas Clarice, você tinha razão: os ratos, todos muito grandes, estão invadindo a capital desde suas origens, trazendo leptospirose autóctone. Essa é uma manchete em um periódico acadêmico de patologia de 1979 (28).
– Aqui eu tenho muito medo, daí as grades, cercas-vivas e câmeras nos pilotis (29).
– O grande silêncio visual que você tanto amava, Clarice, substituiu o murmúrio das matas do cerrado, e nunca mais trouxe paz à fauna e flora. Também eu, como os hare krishnas candangos (30), meditaria nesse concreto. Onde não há lugar para os gambás (31), os lobos-guarás (32) e os tamanduás (33). Mas vejo naquela cobertura do Sudoeste os urubus fazendo seus ninhos (34). É o cerrado (ou a cidade) que está morrendo?
– Chorei muitas vezes em Brasília. Houve lugar de sobra no muro da Esplanada naquele início cáustico de seca em 2016 (35).
– É uma piscina de ondas sem ondas (36) e uma praça das fontes sem água (37).
– Sim, Clarice, em Brasília, “não há por onde entrar, nem por onde sair”, principalmente se houver alguma manifestação popular (legal ou ilegal?) (38) nas vias que ligam Brasília ao seu entorno.
– Juscelino, está bonito ver sua estátua em pé com o braço direito para o céu (É que morri, meu caro visitante), mas ainda acho que lembra a foice comunista, mesmo com a negação nada convincente de Niemeyer (39).
– Um condomínio-prisão, cercado por grades, cercas elétricas e guaritas. De qualquer modo não haveria para onde fugir – e por que fugir, se temos internet de alta velocidade e Netflix? Pois quem foge do centro urbano iria provavelmente para um condomínio ao longe – mas seria esse empreendimento um clube, uma favela ou uma cidade (40)? Prenderam-me na liberdade de escolha do controle remoto.
– Todo um lado de calor humano que eu tenho, encontro em mim aqui no Conic (41), e floresce quente, intenso, força térmica dessa Metrópole terciária. Aqui é o lugar onde os meus vícios (discos, livros, quadrinhos, camisetas, tudo o que funciona como extensão de mim), onde os meus vícios são saciados com todo amor. Mas vou embora para os meus outros vícios (pois o Cine Atlântida virou uma igreja evangélica), aqueles que só outros nerds e eu compreendemos. Mas sei que voltarei. Sou atraído aqui pelo que há de alternativo em mim.
– Nunca vi nada igual no mundo, exceto todo o urbanismo inspirado pelas torres corbusianas: Chandigarh no Punjab, Park Hill em Sheffield, Gorbals em Glasgow, Pruitt-Igoe em St. Louis (42). Não mais reconheço esta cidade, não mais apenas modernista, no mais fundo de meu pesadelo. O mais fundo de meu pesadelo é uma manhã imerso no ruído do tráfego brasiliense (43).
– Pois como eu ia dizendo, Flash Gordon, Darth Vader, Batman, Thor, Son Goku e todos os outros geeks em seus cosplays...
– Se tirasse minha selfie em Brasília, quando postasse no Face nada sairia da paisagem.
– Onde estão as Giraffas ® de Brasília? Em Miami, Ft. Lauderdale e Orlando (44).
– Certa tensão minha, certos momentos de pausa, fazem meu filho dizer: véi, véi, vééééééi, sem noção! (45)
– É mais que urgente. Já foi povoada, superpovoada, hipermetropolizada. Nenhuma outra coisa veio habitá-la: bastou esperar o inevitável crescimento demográfico (46). E como Clarice previu, já é tarde demais: não há mais lugar para pessoas no Plano de Costa, resta apenas uma superquadra (47). E reina um paradoxo: a população do Plano diminuiu (48), e os filhos desse Plano foram tacitamente expulsos para Águas Claras (49).
– Alma de Brasília, o ipê faz sombra no chão, mas só depois de florescer em agosto e desflorescer a contragosto (50).
– Nos primeiros oitocentos e quarenta dias fiquei sem fome. Tudo me parecia que ia ser comida de food truck.
– De noite estendi meu corpo na varanda do bloco, que um dia foi proibida, para amenizar o intenso calor – desde 1985, as noites estão cada vez mais quentes (51). O maná foi substituído pelo aumento nas vendas de ventiladores (2%) e aparelhos de ar condicionado (5%) (52).
– É imperativo dar voz a Clarice mais uma vez: “por mais perto que se esteja, tudo aqui é visto de longe”, devido às vias largas, parques generosos e amplas distâncias entre as construções (53). Doutor Lucio só tornou monumental essa cidade porque havia muito espaço disponível (54). Um prédio só toca o outro através do vazio que os divide, e Frampton reclama: “Brasília se ressente de um excesso de espaço entre um edifício e o próximo” (55). Mas pelo menos essa disposição é bela, é rica, é pura: Barata (56) exclama que aqui, “a perspectiva não é propriamente um fim em si, mas uma consequência da sucessão de formas até o horizonte”.
– Nenhuma paráfrase se faz necessária aqui, basta a afirmação de Clarice e só: “a cidade de Brasília fica fora da cidade”. Duzentas mil pessoas moram no Plano Piloto de Lucio, mas dois milhões e trezentas mil moram nas outras áreas do Distrito Federal, sem contar o entorno goiano (57).
– “Brasília tem luz, Brasília tem carros (carros pretos nos colégios), Brasília tem mortes, tem até baratas (em tráfego linear), Brasília tem prédios, Brasília tem máquinas (servidores públicos ali), árvores nos eixos, a polícia montada (polindo chapas oficiais)...” (Brasília, Philippe Seabra, André X, Gutje e Jander Bilaphra, com Henrique Trompete no trompete em Seu Jogo) (58).
– Essa beleza arrebatadora, esta cidade traçada à mão em apenas cinco laudas de cartolina, mas o júri gostou tanto da grandiosidade...
– Já há samba nativo de Brasília, a ARUC (59) que faça as honras devidas, e o rock de Brasília tem mais de três décadas de história (60).
– Brasília me deixa muito cansado: a inatividade por aqui é baixa em relação às outras cidades brasileiras. Mulheres são bem-dispostas, bem-dispostas, bem-dispostas para caminhar, e os homens de IMC (61) alto são mal-dispostos, mal-dispostos, mal-dispostos para pedalar, correr, nadar e fazer exercícios com pesos (62), exceto a crescente horda de ciclistas de meia-idade vestidos com colantes. Mas sinto-me bem, pois afinal, sempre cultivei com afinco meu sedentarismo.
– Tudo isso são cinquenta e seis anos apenas (63). Mas já se sabe o que acontecerá em Brasília. É que o acaso aqui não é abrupto, na verdade, tal acaso pode ser antevisto: no centenário da cidade, haverá sete milhões de viventes por aqui (64).
– Brasília não é mal-assombrada – mas pode-se argumentar que ela é mal governada. É o perfil imóvel de várias coisas (ainda bem) desde sua listagem como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1987 (65).
– De minha insônia olho pela janela do prédio da minha cidade-dormitório periférica preferida (66) às duas horas da madrugada. Dou adeus à paisagem da insônia: o porteiro do prédio à frente sempre adormece.
– Aqui o ser orgânico não se decompõe. Veganiza-se (67).
– Eu queria ver espalhadas por Brasília 500 mil águas da mais densa chuva, de preferência em junho, julho ou agosto, no auge da abrasadora seca desse planalto (68).
– Brasília é panssexuada.
– O primeiro instante de dirigir é como certo instante de navegar: os pneus que não tocam no asfalto, porque a temporada de chuvas voltou e a tesourinha alagou (69).
– Como a gente tem dificuldade para respirar fundo em Brasília. É tanto material particulado, tão pouca dispersão de poluentes, tanto carro, tanto dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e óxido de enxofre (70). Quem se atreve a respirar, começa a querer um umidificador – a umidade por aqui, às vezes, é menor que a saariana (71). E querer, é que não pode – é pior ou melhor com a máquina? (72) Será que essa criança vai ter asma brônquica? Depende do nível socioeconômico (73).
– Não me espantaria cruzar com árabes, chineses, indonésios, canadenses, tanzanianos, bósnios, mexicanos e vanuatuenses. Mas os principais turistas em Brasília são mesmos os hermaños argentinos e os brothers norte-americanos (74).
– Aqui, nos pilotis dos blocos, tive minhas primeiras paixões. E ganhei uma lucidez no presente sobre esse ambiente, que segundo Oliveira (75), por muito tempo foi visto como as “varandas brasilienses”. Hoje, esse espaço fabuloso é quase inútil, pois paredes (11%), jardins (54%), cercas vivas (37%), arames (2%), grades (27%), e outros tipos de impedimentos (31%) impedem o livre flanar das pessoas.
– Se há algum crime que a humanidade já cometeu, esse crime velho será aqui repetido. E tão pouco público, tão mal adequado a qualquer planalto, planície e cordilheira, que todo mundo saberá, após algumas comissões parlamentares de inquérito e delações premiadas.
– Não é apenas neste lugar que o tempo se parece com o espaço, como Milton Santos uma vez articulou: as modificações na paisagem são apenas “trajetórias espaço-temporais da matéria”(76), em um paralelo com o conceito físico do espaço-tempo einsteiniano.
– Tenho certeza de que aqui é o meu lugar certo, pois nesse país lugar melhor não há (77). A terra vermelha e laterítica do planalto me viciou. Tenho bons hábitos de vida: faço uso do metrô e das ciclovias (78).
– As invasões de áreas públicas de preservação ambiental, a poluição e as perfurações desordenadas vão desnudar Brasília até o Aquífero Guarani (79).
– O ar religioso que sinto em todos os instantes é impossível de ser negado. Esta cidade é uma miríade de igrejas, sinagogas, terreiros, mesquitas, templos e afins. Dois homens beatificados a criaram – apesar do ateísmo de Niemeyer. Cavalos brancos soltos em Brasília não há, nem acorrentados, pois o trânsito de carroças é proibido no Plano Piloto, apesar de continuar existindo nas cidades que a envolvem. Nas noites de outubro, eles seriam róseos na Esplanada, e em novembro azuis (80).
– Eu não sei mais o que os dois quiseram: a lentidão do tráfego e o silêncio do ar condicionado, que também é a ideia que faço da eternidade que dura ir de Águas Claras até o Plano no horário de rush. Os dois criaram o retrato distorcido de uma cidade onde o tráfego nas tesourinhas ao meio-dia é eterno.
– Há muitas coisas aqui que me dão medo. Eu já descobri o que me assusta: por exemplo, as taxas de homicídio, que crescem mais rápido aqui que no resto do país (81). O medo sempre me guiou para onde eu quero morar; e, porque eu quero morar longe do medo, não estou no Paranoá, onde há 110 assassinatos por 100 mil habitantes. Não sou Clarice: o medo me leva para longe do perigo. E tudo o que eu amo não pode mais ser arriscado: não tenho mais vinte e poucos anos.
– Em Brasília não mais estão as crateras da Lua: elas estão no Vale da Lua e da Paolla Oliveira (82), logo ali na Chapada.
– A beleza de Brasília são seus monumentos visíveis na escala monumental e suas pessoas visíveis nas escalas habitacional e bucólica. A escala gregária não é assim tão bela, e muitos a preferem invisível.
Conclusões
A crônica original de Lispector foi elaborada em um momento da história brasiliense no qual a cidade poderia ser descrita como incompleta, pois a maior parte da estrutura urbana não havia sido construída. Logo, não surpreende que se destaquem no texto temas como o estranhamento frente ao urbanismo modernista, o isolamento dos prédios em relação ao seu entorno, o silêncio da cidade e a notória ausência de pessoas nas ruas. Ressaltamos que esses aspectos ainda ressoam no imaginário sobre a cidade: segundo Silva (83), algumas escolhas feitas no planejamento do espaço urbano de Brasília (como a valorização do tráfego de veículos em detrimento dos pedestres) influenciam o modo de se deslocar pela cidade, contribuindo para que uma representação prototípica da cidade como “fria, vazia e solitária”, adjetivos usados pela autora supracitada, mas que ressoam com alguns termos utilizados na crônica de Lispector (silêncio visual, paz do nunca, sozinha no mundo, entre outros).
Entretanto, as modificações que a cidade sofreu nas últimas quatro décadas foram intensas, conforme nossa releitura procurou demonstrar, levando a capital a possuir problemas similares aos que assolam as outras metrópoles brasileiras, como congestionamentos de veículos, taxas crescentes de criminalidade, decadência dos serviços e edifícios públicos, concentração da população em áreas periféricas de menor qualidade urbana (gentrificação), transporte público ineficiente, entre outros problemas. Ao mesmo tempo, o espaço urbano brasiliense passou a ser vivenciado pela população de novas formas: por exemplo, ciclovias foram construídas ao longo do Plano Piloto e vias arteriais de tráfego são fechadas aos domingos para atividades de lazer, contribuindo para novas formas da reinvindicação do espaço urbano por parte da população.
De forma quase paradoxal, o estranhamento que a crônica de Clarice Lispector trazia perante a cidade modernista em sua gênese parece hoje aliviado tanto pelas mazelas quanto pelas benesses trazidas pela metropolização quase súbita de Brasília. Nesse contexto, defendemos que o ensaio construído se apresenta menos como uma homenagem ao texto de Lispector e mais como um diálogo possível com a crônica original. Nesse aspecto, entendemos esse ensaio como uma resenha crítica do artigo de Clarice, na medida em que se busca confrontar o texto original – e seu contexto subjacente – com o momento atual da capital.
Nosso maior receio na construção desse ensaio foi o risco de anacronismo, inerente às releituras, sejam paráfrases ou paródias: ao buscar o estabelecimento de um diálogo com o texto original, assumimos o risco de desconstruí-lo ou desmerecê-lo a partir do entendimento presente sobre a capital. Assim, seria indefensável a crença de que nossa releitura revelaria um panorama mais preciso sobre Brasília do que a crônica original, na medida em que os dois textos representam percepções obtidas com paradigmas distintos. Acreditamos, entretanto, que uma contribuição dessa resenha se localize na apresentação de uma variada fundamentação teórica subjacente, apontando diversos temas e resultados atuais na pesquisa acadêmica sobre a capital de forma não usual, e oferecendo possibilidades para um eventual exercício metalinguístico por parte do leitor – a construção de uma “paródia da paródia”.
notas
1
LISPECTOR, Clarice. Nos começos de Brasília. Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, 20 jun. 1970, p. 2. Disponível em <https://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC&dat=19700620&printsec=frontpage&hl=pt-BR>. Acesso: 05/05/2016.
2
BARROSO, Eloísa. Brasília e Clarice: o olhar feminino sobre a cidade. Anais eletrônicos: Seminário Internacional Fazendo Gênero, v. 10, Florianópolis, 2013.
3
NUNES, Aparecida. Clarice Lispector jornalista: primeiros textos, páginas femininas e entrevistas. Anais do 3º Congresso ABRALIC – Limites (vol. 2). Niterói, Abralic, 1995, p.167-172.
4
XAVIER, Alberto; KATINSKY, Julio (org.) Brasília: antologia crítica. São Paulo, Cosac Naify, 2012, p. 179-182.
5
GOTLIB, Nadia. Clarice fotobiografia. São Paulo, Edusp/IOESP, 2008, p. 363.
6
MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. São Paulo, Cosac Naify, 2009, p. 407.
7
BARROSO, Eloísa. Brasília e Clarice: o olhar feminino sobre a cidade. Anais eletrônicos: Seminário Internacional Fazendo Gênero, v. 10, Florianópolis, 2013.
8
SPINELLI, Daniela. Desconstruindo Brasília: uma reflexão sobre as crônicas Brasília e Brasília: Esplendor, de Clarice Lispector. Anais do SILEL, v. 1, Uberlândia, Edufu, 2009, p. 5.
9
PINTO, Marizângela. Condomínios horizontais fechados e a ilegalidade urbana em Brasília: representações sociais do espaço urbano e as contradições de uma cidade planejada. Dissertação de mestrado. Brasília, Universidade de Brasília, 2009.
10
CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL. CPI da Grilagem – Relatório Final. Brasília, CLDF, 1995.
11
GRANDE, Carolina. O urbanismo como modo de construção das várias identidades dos moradores de Brasília. Interações – Cultura e Comunidade, v. 2, n. 2, Belo Horizonte, 2007, p. 119-135.
12
COMPANHIA DE PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL. Naturais e imigrantes do Distrito Federal – algumas características segundo os censos de 2000 e 2010. Brasília, Codeplan, 2016, p. 11.
13
JATOBÁ, Sérgio Ulisses. A síndrome de Brasília. Reflexões acerca de um rótulo questionável. Resenhas Online, São Paulo, ano 13, n. 146.02, Vitruvius, fev. 2014 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/13.146/5065>.
14
AZEVÊDO, Gabriela.; NEVES, Carolina; LIRA, Flaviana. A paisagem do Plano Piloto de Brasília em suas escalas. Anais do III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, Enanparq, 2014, p. 1-13.
15
HALL, Peter. Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto urbanos no século XX. São Paulo, Perspectiva, 2007, p. 241-286.
16
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17
LAUANDE, Francisco. Brasília: a Praça dos Três Poderes. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, 2008, p.126-146.
18
COMERIO, Mary. Pruitt Igoe and other stories. Journal of Architectural Education, v. 34, n. 4, New York, 1981, p. 26-31.
19
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20
ANGELINI, Ronaldo; BINI, Luís.; STARLING, Fernando. Efeitos de diferentes intervenções no processo de eutrofização do lago Paranoá (Brasília-DF). Oecologia Brasiliensis, v. 12, n. 3, Rio de Janeiro, p. 15, 2008.
21
MIRAGAYA, Júlio; PEIXOTO, Iraci; FERREIRA, Miriam; CORRÊA, Giuliana. Perfil dos idosos no Distrito Federal, segundo as regiões administrativas. Brasília, Codeplan, 2013.
22
VIDESOTT, Luisa. Os candangos. Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo, n. 7, São Carlos, 2008, p. 21-38.
23
CAMARANO, Ana; BELTRÃO, Kaizô. Distribuição espacial da população brasileira: mudanças na segunda metade deste século. Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2000.
24
MORENO, Ana. Candidatos de concursos relatam uso de tarja preta para ‘render mais’. G1 Concursos e Emprego, 29 jul. 2012. Disponível em <http://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2012/07/candidatos-de-concursos-relatam-uso-de-tarja-preta-para-render-mais.html>. Acesso: 30/04/2016.
25
SOUSA, Cinthya. Trabalho e exploração: categorias de compreensão análoga para as travestis que atuam na prostituição do Setor Comercial Sul em Brasília. Monografia de bacharelado em Serviço Social. Brasília, Universidade de Brasília, 2008.
26
Beirute é o nome de um dos bares mais tradicionais de Brasília, inaugurado na década de 1960, o qual é famoso pela diversidade do público que o frequenta. A história de diversos bares de Brasília está relatada em BARRAL, Gilberto. Nos bares da cidade: lazer e sociabilidade em Brasília. Tese de doutorado. Brasília, Departamento de Sociologia, Universidade de Brasília, 2012.
27
LAUANDE, Francisco. Brasília: a Praça dos Três Poderes. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, 2008, p.126-146.
28
SANTOS, Vitoríno; SANTOS, Balbino; MONTECHI, Nailée; JOHN, Ignacio. Leptospirose: primeiro relato de casos autóctones de Brasília. Revista de Patologia Tropical, v. 8, n.1 e n. 2, Goiânia, 1979.
29
LAUANDE, Francisco. Uso do pilotis em Brasília: do protótipo ao estereótipo. Minha Cidade, São Paulo, ano 07, n. 075.01, Vitruvius, out. 2006 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/07.075/1938>.
30
JORNAL DE BRASÍLIA. Doutrina do Hare Krishna segue viva na capital. Brasília, Jornal de Brasília, 24 fev. 2015. Disponível em <www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/603861/doutrina-do-hare-krishna-segue-viva-na-capital>. Acesso: 27/04/2016.
31
G1 DISTRITO FEDERAL. Gambá invade restaurante de colégio na Asa Sul, em Brasília. Brasília, Portal G1, 07 abr. 2015. Disponível em <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/04/gamba-invade-restaurante-de-colegio-na-asa-sul-em-brasilia-video.html>. Acesso: 27/04/2016.
32
G1 DISTRITO FEDERAL. Lobo-guará morre atropelado na subida do Colorado, no DF. Brasília, G1 Distrito Federal, 19 ago. 2014. Disponível em <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/08/lobo-guara-morre-atropelado-na-subida-do-colorado-no-df.html>. Acesso: 27/04/2016.
33
CORREIO BRAZILIENSE. Em três dias consecutivos Batalhão Ambiental da PM recupera três tamanduás. Brasília, Correio Braziliense, 07 jan. 2016. Disponível em <www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/01/07/interna_cidadesdf,513141/em-tres-dias-consecutivos-batalhao-ambiental-da-pm-recupera-tres-taman.shtml>. Acesso: 27/04/2016.
34
CÉO, Rafaela. Urubus fazem ninho em cobertura de apartamento em Brasília. Brasília, G1 Distrito Federal, 06 maio 2011. Disponível em <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/urubus-fazem-ninho-em-cobertura-de-apartamento-em-brasilia.html>. Acesso: 27/04/2016.
35
JORNAL DE BRASÍLIA. Muro na Esplanada transforma-se em muro de Berlim através de projeções. Brasília, Jornal de Brasília, Cidades, 15 abr. 2016. Disponível em <www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/678505/muro-na-esplanada-transforma-se-em-muro-de-berlim-atraves-de-projecoes>. Acesso: 21/04/2016.
36
A piscina de ondas foi um elemento do Parque da Cidade muito popular nos anos 1980, mas encontra-se abandonada há mais de uma década. Para imagens, ver <www.lugaresesquecidos.com.br/2014/11/volta-piscina-com-ondas-do-parque-da.html>. Acesso: 24/03/2016.
37
G1 DISTRITO FEDERAL. Praça das Fontes, no Parque da Cidade, está abandonada. Brasília, G1 Distrito Federal, 31 out. 2012. Disponível em <http://g1.globo.com/distrito-federal/videos/v/praca-das-fontes-no-parque-da-cidade-esta-abandonada/2217928>. Acesso: 02/02/2016.
38
VASCONCELOS, Keila. Manifestações Populares Constitucionais e a PL nº 572/2011. Âmbito Jurídico, v. 18, n. 142, Teresina, 2015.
39
BREIER, Ana. Os espaços de exposição de Oscar Niemeyer em Brasília. Tese de doutorado. Brasília, Universidade de Brasília, 2013, p. 237-254.
40
MOURA, Cristina. Condomínios no DF: clubes, favelas ou cidades?. In: PAVIANI, Aldo; BARRETO, Frederico; FERREIRA, Ignez; CIDADE, Lúcia; JATOBÁ, Sérgio. Brasília 50 anos: da capital à metrópole. Brasília, Editora UnB, 2010, p. 281-306.
41
NUNES, Brasilmar. Elementos para uma sociologia dos espaços edificados em cidades: o “Conic” no Plano Piloto de Brasília. Cadernos Metrópole, n. 21, São Paulo, 2009, p.13-32.
42
HALL, Peter. Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto urbanos no século XX. São Paulo, Perspectiva, 2007, p. 241-286.
43
NUNES, Mônica; RIBEIRO, Helena. Interferências do ruído do tráfego urbano na qualidade de vida: zona residencial de Brasília/DF. Cadernos Metrópole, n. 19, São Paulo, 2008, p. 319-338.
44
Giraffas é o nome de uma cadeia de lanchonetes iniciada em Brasília na década de 1980, tendo se espalhado pelo país e exterior pelo sistema de franquias. Suas sedes no exterior podem ser consultadas em <http://giraffas.com/locations>. Acesso: 20/03/2016.
45
Véi é uma das expressões mais marcantes no sotaque (ou dialeto) brasiliense, o qual já está em fase de delineamento e convergência. Ver, por exemplo, MAIA, Flávia. Sem traços estereotipados, o sotaque do brasiliense começa a ser desenhado. Correio Braziliense, Brasília, 18 maio 2011. Disponível em <www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/05/18/interna_cidadesdf,252682/sem-tracos-estereotipados-o-sotaque-do-brasiliense-comeca-a-ser-desenhado.shtml>. Acesso: 26/04/2016.
46
BRITO, Fausto. O deslocamento da população brasileira para as metrópoles. Estudos Avançados, v. 20, n. 57, São Paulo, p. 221-236, 2006.
47
A única superquadra em que nenhuma projeção foi ainda edificada é a SQN 207, área pertencente à Universidade de Brasília. Para mais detalhes, consultar PARONETTO, Fernanda. SQN 207: uma proposta contemporânea para a Superquadra moderna de Brasília. Trabalho final de Graduação. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2015. Disponível em <https://issuu.com/fernandaparonetto/docs/tfg_2_final_fernanda>. Acesso: 24/04/2016.
48
ROMERO, Marta. Planejamento de Brasília. Anais: Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, v. 7, n. 2, Rio de Janeiro, 2012.
49
A cidade de Águas Claras é oriunda do desmembramento da região administrativa de Taguatinga. Segundo o Anuário do DF, o perfil demográfico predominante é composto por jovens famílias de classe média. Fonte: <www.anuariododf.com.br/regioes-administrativas/ra-xx-aguas-claras>. Acesso: 27/04/2016.
50
ALMEIDA PRADO, Lucília. O ipê floresce em agosto. São Paulo, Scortecci, 2009.
51
SANTOS, Luiz; LUCIO, Paulo; REBELLO, Expedito; DE PAULA, Tiago. Caracterização de extremos climáticos utilizando o software Rclimdex. Estudo de caso: sudeste de Goiás. Brasília, Instituto Nacional de Meteorologia, 2006.
52
RANGEL, Priscila. Venda de ar-condicionado cresce 5% no Distrito Federal. Rádio Agência Nacional, Brasília, 20 jan. 2015. Disponível em <http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2015-01/vendas-de-ar-condicionado-crescem-5-no-distrito-federal>. Acesso: 27/04/2016.
53
GNECCO, Germán (1995). Brasília, ontem e hoje. In: XAVIER, Alberto; KATINSKY, Julio (org.) Brasília: antologia crítica. São Paulo, Cosac Naify, 2012, p. 294-298.
54
COSTA, Lúcio (1963). Depoimento à comissão do Distrito Federal. In: XAVIER, Alberto. Lúcio Costa – obra escrita. Brasília, UnB, 1966-1970, parte 4, p. 4.
55
FRAMPTON, Kenneth (2010). O destino de Brasília. In: XAVIER, Alberto; KATINSKY, Julio (org.). Brasília: antologia crítica. São Paulo, Cosac Naify, 2012, p. 434-441.
56
BARATA, Mário (1960). Ponto de vista de um brasileiro. In: XAVIER, Alberto; KATINSKY, Julio. (org.) Brasília: antologia crítica. São Paulo, Cosac Naify, 2012, p. 78-82.
57
RIBEIRO, Rômulo. A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE – DF) no Censo 2010. Observatório das Metrópoles, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em <www.observatoriodasmetropoles.net/download/DF_Censo_2010.pdf>. Acesso: 25/02/2016.
58
Os autores citados eram os integrantes da banda Plebe Rude por ocasião do lançamento do álbum O concreto já rachou, em 1985. Brasília é a faixa de encerramento do álbum.
59
ARUC é a sigla para uma agremiação tradicional do carnaval brasiliense, a Escola de Samba Unidos do Cruzeiro.
60
LICHOTE, Leonardo. Turnê que celebra os 30 anos da Legião Urbana chega ao Rio. O Globo, Rio de Janeiro, 17 jan. 2016. Disponível em <http://oglobo.globo.com/cultura/musica/turne-que-celebra-os-30-anos-da-legiao-urbana-chega-ao-rio-18491164>. Acesso: 01/04/2016.
61
IMC significa “índice de massa corpórea”, sendo calculado pela divisão da massa de uma pessoa (em quilogramas) pelo quadrado da sua altura (em metros).
62
THOMAZ, Priscilla; COSTA, Teresa; SILVA, Eduardo; HALLAL, Pedro. Fatores associados à atividade física em adultos, Brasília, DF. Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 5, São Paulo, 2010, p. 894-900.
63
É praxe entre os órgãos de imprensa brasilienses a publicação de edições especiais comemorativas no aniversário de inauguração da cidade, em 21 de abril. Um exemplo pode ser verificado em <www.metropoles.com/materias-especiais/brasilia-56-anos>. Acesso: 22/04/2016.
64
MIRAGAYA, Júlio. Dos bandeirantes a JK: a ocupação do Planalto Central brasileiro anterior à fundação de Brasília [2010], in PAVIANI, A. BARRETO, F.; FERREIRA, I.; CIDADE, L.; JATOBÁ, S. Brasília 50 anos: da capital à metrópole, p. 55-93, Brasília, Editora UnB, 2010.
65
A listagem de Brasília como patrimônio pela Unesco é fonte de intensos debates acadêmicos, por exemplo, pela aparente “imobilização” que essa inclusão traria à estrutura urbana da capital. Os contornos desse debate podem ser consultados em ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Brasília-patrimônio: desdobrar desafios e encarar o presente. Arquitextos, São Paulo, ano 14, n. 159.02, Vitruvius, ago. 2013 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.159/4845>.
66
Uma história da ocupação periférica de Brasília pode ser encontrada em VASCONCELOS, Adirson. As cidades satélites de Brasília. Brasília, Edição do Autor, 1988.
67
O veganismo é um movimento associado aos direitos dos animais. Entre as múltiplas (e por vezes controversas) ideologias defendidas por seus adeptos, está o não consumo de carne animal. Uma lista de restaurantes veganos em Brasília pode ser consultada em <https://distritovegetal.wordpress.com/o-grande-guia-vegano-brasilia-2013/>. Acesso: 24/03/2016.
68
O período de seca mais severa no Distrito Federal compreende os meses entre maio e setembro, nos quais o índice pluviométrico médio se localiza abaixo de 50 mm mensais. Para mais detalhes, consultar: MARCUZZO, Francisco; CARDOSO, Murilo; FARIA, Tiago. Chuvas no Cerrado da região Centro-Oeste do Brasil: análise histórica e tendência futura. Ateliê Geográfico, v. 6, n. 2, Goiânia, 2012, p. 112-130.
69
CORREIO BRAZILIENSE. Chuva forte atrasa voos, alaga tesourinhas e até o Salão Verde do Congresso. Correio Braziliense, Caderno Cidades, Brasília, 08 mar. 2016. Disponível em <www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/03/08/interna_cidadesdf,521153/chuva-forte-atrasa-voos-alaga-tesourinhas-e-ate-o-salao-verde-do-cong.shtml>. Acesso: 15/04/2016.
70
CARVALHO, Carlos. Emissões relativas de poluentes do transporte motorizado de passageiros nos grandes centros urbanos brasileiros. Brasília, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2011.
71
FORMIGA, Isabella. DF iguala recorde de calor e tem umidade menor do que a do Saara. G1 Distrito Federal, 25 set. 2015. Disponível em <http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/09/df-iguala-recorde-de-calor-e-tem-umidade-menor-do-que-do-saara.html>. Acesso: 27/04/2016.
72
HASSELMAN, Caroline 'Umidificador pode ser tão prejudicial à saúde quanto o ar seco', diz médico. G1, Rio de Janeiro, 16 set. 2010. Disponível em <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/09/umidificador-pode-ser-tao-prejudicial-saude-quanto-o-ar-seco-diz-medico.html>. Acesso: 26/04/2016.
73
FELIZOLA, Maria; VIEGAS, Carlos; ALMEIDA, Marcelo; FERREIRA, Fernando; SANTOS, Martinho. Prevalência de asma brônquica e de sintomas a ela relacionados em escolares do Distrito Federal e sua relação com o nível socioeconômico. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 31, n. 6, São Paulo, 2005, p. 486-491.
74
MINISTÉRIO DO TURISMO. Brasília é a cidade onde os estrangeiros mais gastam a lazer no país, revela estudo. Brasília, Ministério do Turismo, 18 nov. 2015. Disponível em <www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/5697-bras%C3%ADlia-%C3%A9-a-cidade-onde-os-estrangeiros-mais-gastam-a-lazer-no-pa%C3%ADs,-revela-estudo.html>. Acesso: 15/04/2016.
75
OLIVEIRA, Cristina. Debaixo do bloco: o pilotis e o seu significado em Brasília. Dissertação de mestrado. Brasília, Universidade de Brasília, 2014.
76
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4ª edição. São Paulo, Edusp, 2006, p. 57-71.
77
MANFREDINI JR. (RUSSO), Renato. Faroeste Caboclo. Álbum: Legião Urbana: Que país é este 1978/1987, 1987.
78
CARVALHO, Diego. Mobilidade urbana e cidadania no Distrito Federal: um estudo do Programa Brasília Integrada. Dissertação de mestrado. Brasília, Universidade de Brasília, 2008.
79
GRAF, Ana. Água, bem mais precioso do milênio: o papel dos Estados. Revista CEJ, v. 4, n. 12, Florianópolis, 2000, p. 30-39.
80
Nos meses de outubro, os monumentos brasilienses são iluminados com lâmpadas cor-de-rosa, em alusão à campanha de conscientização sobre o câncer de mama. Já nos meses de novembro, em alusão à campanha sobre o câncer de próstata, os mesmos monumentos ganham iluminação em tons azulados.
81
COSTA, Arthur; SOUZA, Dalva. A violência no eixo Brasília – Goiânia. Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 6, n. 2, São Paulo, 298-311, 2012.
82
Exibida pela Rede Globo em 2015, a minissérie Felizes para Sempre? se passava em Brasília e seus arredores. As cenas da atriz Paolla Oliveira no Vale da Lua ganharam grande destaque na imprensa. Consultar, por exemplo, <http://www.opopular.com.br/editorias/magazine/paisagem-goiana-em-cenas-t%C3%B3rridas-de-paolla-oliveira-1.772371>. Acesso: 18/04/2016.
83
SILVA, Inaê. Utopia e silêncio: vida pedestre, imagem e emoção em Brasília. Cronos, v. 9, n. 1, Natal, 2012, p. 35-64.
sobre o autor
Jair Lúcio Prados Ribeiro é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências na Universidade de Brasília. A linha de pesquisa de sua tese é voltada para as interações entre a arquitetura e o ensino da óptica.