Dentre os vários espaços que integram os complexos eclesiásticos produzidos pelos frades menores no Nordeste do Brasil durante o período colonial, a galilé figura como um dos mais importantes, já que constitui o primeiro compartimento do conjunto arquitetônico – aquele que antecede a igreja conventual e os demais setores que compõem a casa religiosa. Outras ordens católicas, a exemplo dos carmelitas e dos beneditinos, adotaram o espaço nas suas fundações na colônia, porém não da forma sistemática como ocorreu com os franciscanos no Nordeste. O convento carmelita de Santa Teresa, em Salvador BA, e o mosteiro dos beneditinos da cidade de João Pessoa PB, figuram entre os inúmeros cenóbios contemplados com o citado vestíbulo no contexto nordestino. No âmbito da metrópole não podia ser diferente; entre os séculos 16 e 17, jesuítas e agostinianos, dotaram suas igrejas do Espírito Santo, em Évora, e de S. Vicente de Fora, em Lisboa, respectivamente, com portentosas estruturas do gênero. (1)
Apesar de ter sido recorrente já na arquitetura cristã primitiva, o emprego da galilé foi intensificado no mundo católico a partir do Concílio de Trento (1545-1563), notadamente após a adaptação dos deliberações do referido fórum para o contexto da fábrica de edificações eclesiásticas por São Carlos Borromeo em 1577, quando publicou as Instructiones fabricae et supellectilis ecclesiasticae. (2) Na citada compilação de normas, o então arcebispo de Milão destacou a importância da provisão de um átrio precedendo a igreja, e, não sendo possível a construção do mesmo devido a limitações físicas do terreno ou à escassez de recursos, sugeriu que pelo menos fosse construído um pequeno vestíbulo com duas colunas que resguardasse a portada do edifício religioso. (3)
O presente trabalho trata da galilé no contexto da arquitetura produzida pelos franciscanos no Nordeste do Brasil, procurando destacar sua evolução entre a segunda metade do século 17, quando registros iconográficos do Brasil holandês apresentam sua linguagem primitiva, e o final do século seguinte, quando o referido espaço assume diferentes proporções de acordo com o sítio disponível, a função a ele atribuída, e a proposta de conferir à fachada do conjunto eclesiástico uma aparência inusitada.
Para tanto, o ensaio incursiona no emprego do compartimento em edificações cristãs primitivas, visita sua utilização em períodos distintos da história do edifício católico, aborda o seu uso no âmbito da metrópole de modo a atender às Instruções de São Carlos Borromeo, e trata da presença do espaço no contexto da colônia. Afinal, a produção da arquitetura religiosa no Brasil colonial, notadamente aquela vinculada ao clero regular, cuja missão evangelizadora foi determinante para o êxito do projeto colonizador português, se desenvolveu sob o signo da Contra-Reforma, e portanto, sob a égide tridentina.
Com base na literatura existente, nos parcos registros iconográficos disponíveis, e, principalmente, no inventário dos treze conventos franciscanos nordestinos, que integra a tese The Franciscan Convents of North-East Brazil 1585-1822: Function and Design in a colonial context, (4) a investigação aponta para três versões de galilé no contexto da arquitetura franciscana nordestina: a) uma primitiva, simplória, capucha, presente até a segunda metade do século 17, planejada como estrutura anexa para guardar a portada da igreja; b) outra mais elaborada, desenvolvida a partir do final do mesmo século, definida por tres arcos romanos e inclusa no próprio corpo do edifício; e c) uma versão final, evoluída com relação à anterior, fabricada a partir de meados do século 18, atendendo a um uso mais abrangente do espaço e a uma composição formal focada no embelezamento do frontispício da igreja. Afinal, mesmo no contexto de simplicidade e pobreza que caracterizava a Ordem dos frades menores, a arte não podia ser desconsiderada, principalmente após o fórum tridentino reconhecer seu potencial didático-pedagógico, e sugerir sua veiculação nas construções eclesiásticas por constituir eficiente instrumento de catequese e educação religiosa. (5)
No tocante à essa versão final da galilé franciscana, o ensaio identifica dois modelos, destaca o grau de segregação e/ou integração que os mesmos sugeriam, e aponta evidências que confirmam a natureza plural do ambiente sob o ponto de vista da função; e ambígua, se considerada a sua hierarquia espacial no complexo conventual dos frades menores no Nordeste colonial.
Antecedentes
No âmbito da arquitetura, o termo galilé é comumente “usado para designar o alpendre ou galeria encostado numa igreja”, constituindo “um recinto coberto e lateralmente delimitado por colunatas ou arcarias”. (6) Outra definição dada ao ambiente, sob o ponto de vista histórico e de função, é aquela de um nártex ou grande espaço entre o exterior e a extremidade ocidental da nave da igreja, onde penitentes e mulheres eram admitidos, defuntos eram velados antes do sepultamento, e onde monges coletavam donativos antes e depois de procissões. Também conhecido como paraíso, o termo ainda podia designar um atrium fechado, ou o terraço coberto situado a oeste de uma igreja. (7) Em resumo, a figura da galilé se aplica a diferentes tipos de espaços cobertos agregados externamente a uma igreja cristã, mas que convergem sob um aspecto: aquele de estarem situados na sua extremidade ocidental, resguardando sua porta de entrada, via de regra oposta à cabeceira da casa de oração. (8)
Nesses termos, a aludida estrutura, fosse ela saliente ou reentrante em relação ao plano da fachada do edifício, funcionava como um espaço de intermediação entre o recinto sagrado – o templo cristão propriamente dito, cujo ponto focal, o altar, ficava orientado para leste, para Jerusalém – e o ambiente externo – o mundo, voltado para oeste. O sobredito compartimento, conhecido no contexto da arquitetura cristã como nártex, na sua essência, carregava um forte componente simbólico de segregação, na medida em que separava o sagrado do profano, a virtude do pecado, o bem do mal. (9) Com efeito, o espaço retinha os penitentes, que não podiam ter acesso ao recinto sagrado por estarem em pecado, e os catecúmenos, os quais ainda não estavam qualificados para aceder à igreja por não serem batizados. (10)
Esse caráter de segregação era reforçado na própria adoção do termo galilé para significar o espaço em questão, já que o Evangelho de São Mateus por três vezes se refere à Galiléia como uma região de pagãos. (11) A igreja cristã nos seus primórdios já empregava o referido espaço de transição, tanto através do partido quadrangular de átrio traduzido através de galerias perimetrais cobertas, quanto na versão linear de nártex, esta última com espacialidade similar àquela da galilé. A primitiva basílica de S. Pedro, em Roma, construída sob ordem do imperador Constantino no séc. IV (demolida em 1450), (12) e a igreja românica de S. Ambrósio, em Milão (1088), constituem importantes exemplares do primeiro caso; (13) enquanto as basílicas bizantinas de S. Vitale (547 AD) e S. Apolinário-o-Novo (561 AD), ambas em Ravena; e Santa Sofia (537 AD), em Constantinopla, contemplam o segundo, sendo suas galilés salientes, anexas às fachadas das respectivas igrejas. (14)
Segundo a tradição, no contexto da igreja cristã primitiva, esses espaços cumpriam com sua função de segregação na medida em que retinham pessoas não batizadas. A cerimônia de batismo – o passaporte para o ingresso à igreja e suas celebrações litúrgicas – não ocorria no interior dos templos, mas nos batistérios, que eram edificações de planta central providas de tanque circular, onde ocorriam os batismos por imersão.Tais edifícios eram localizados em sítios independentes das igrejas, a exemplo do Batistério Neoniano, e dos Arianos, do século V, ambos em Ravena. (15)
À parte da supracitada função de abrigar pessoas não qualificadas a ingressar na igreja durante a cerimônia religiosa, a literatura destaca que o nártex também funcionou como espaço para o sepultamento de mortos, notadamente durante o período bizantino, quando ritos funerários eram igualmente desenvolvidos no recinto. (16) Não obstante, é oportuno lembrar que o nártex bizantino acolhia mortos comuns; nobres e benfeitores da igreja aspiravam por sepulturas na nave do templo católico, próximo a altares de santos protetores, e principalmente no presbitério, zona adjacente à cabeceira da igreja, onde ficava o altar-mor, via de regra voltado para o Oriente, como já foi dito.
No contexto quinhentista português, a literatura se refere à galilé com uma terceira função além de historicamente abrigar catecúmenos e penitentes, e de sediar sepulturas – aquela de acolher festivais religiosos. Registros datados de 1564 fazem menção de uma procissão organizada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento na cidade de Évora, que terminaria com uma peça teatral de conotação religiosa na galilé da Igreja de S. Mamede – o assassinato de Abel por Caim. (17) Tal registro sinaliza para a prática de encenações congêneres no referido espaço, que inclusive podiam ser atreladas à coleta de donativos supramencionada, até porque sua localização privilegiada na parte anterior da igreja e os componentes eruditos de sua linguagem – arcos ou entablamento clássico – via de regra dispostos sobre altivo embasamento, sugeriam uma espécie de palco ou cenário para espetáculos teatrais.
Com relação à morfologia, a galilé assumiu diferentes composições, quer adossada externamente à fachada anterior do edifício religioso (saliente em relação ao plano do frontispício), quer inclusa no volume edificado (reentrante em relação ao mesmo plano). Um dos exemplos clássicos do primeiro caso, além da igreja jesuíta eborense (apresentada no início deste artigo), é a casa franciscana também em Évora, que, apesar de ter sido fundada na primeira metade do século XIII, teve sua igreja provida de galilé durante intervenção empreendida a partir do final do século XV por ordem do rei D. Manoel. (18) A imponente estrutura adossada à fachada ocidental da igreja, concebida com cinco arcos frontais e dois laterais de leitura eminentemente mudéjar, reflete a linguagem gótica manuelina, recorrente em Portugal à época.
No século seguinte, o emprego da referida estrutura na metrópole se deu com maior intensidade, principalmente contemplando o segundo caso – a galilé reentrante. Na cidade de Coimbra, por exemplo, as igrejas de dois colégios da tradicional universidade utilizaram sugestivas estruturas do gênero – a igreja do Colégio de São Pedro, de 1540, e a igreja do Colégio de N. S. do Carmo, de 1597. A primeira apresenta solução com três arcos romanos, sendo o central mais alto que os colaterais, numa composição inspirada no modelo palladiano, o qual foi fielmente reproduzido na porção central do segundo exemplar, cujo vão principal em arco pleno é flanqueado por dois colaterais em verga reta. (19) Já a igreja do Convento da Graça (1532-1540), em Évora, é também provida de galilé de tres vãos, mas sob entablamento reto, em sintonia com as soluções de inspiração maneirista recorrentes em Portugal à época. (20)
É importante lembrar que as galilés das igrejas lusitanas seguiam criteriosamente as Instruções de Borromeo, tanto com relação ao comprimento, como no tocante aos materiais construtivos, que deviam ser nobres e resistentes. Sobre a estrutura em pauta, a normativa rezava: “Este pórtico, erigido mediante colunas de mármore, pilares de pedra ou de tijolo, deve coincidir seu comprimento com a largura da igreja”. (21)
A metrópole procurava honrar as recomendações tridentinas sobretudo por gozar dos privilégios do Padroado Régio, acordo através do qual a Igreja Católica dava poderes ao Rei de Portugal de decidir sobre todas as questões eclesiásticas nos seus domínios, inclusive aquelas relacionadas com a construção de igrejas e conventos. (22) Nesse sentido, a orientação era sempre proteger a porta principal do templo com pórtico (aqui denominado galilé), mesmo aqueles menos ambiciosos em termos formais, como a Igreja Santa Maria de Alcáçova, em Santarém, cuja intervenção do século 16 lhe conferiu curioso pórtico de arco único.
No Brasil, os primeiros registros de galilé podem ser contemplados em gravuras que retratam aspectos gerais de vilas e povoações nordestinas ocupadas pelos holandeses entre 1630 e 1654. Nelas o espaço aparece sob forma de alpendre adossado à fachada do edifício religioso, fosse este de caráter secular ou vinculado a alguma ordem religiosa.
A galilé só apresenta linguagem alusiva àquelas adotadas na metrópole no século 16, nas edificações eclesiásticas fabricadas no século seguinte, como pode ser comprovado na igreja beneditina de N. S. dos Prazeres, nos Montes Guararapes, em Pernambuco, e na igreja do conjunto carmelita de São Cristóvão, em Sergipe. Os referidos templos apresentam galilé com três arcos plenos, conforme solução recorrente em Portugal, cujo repertório compreende, além dos exemplos citados anteriormente, e de incontáveis outros, a Igreja dos Remédios (1606), em Évora, desenhada por Francisco de Mora, (23) que teria inspirado a solução adotada no convento dos carmelitas descalços de Salvador (1686), apresentada no início deste ensaio.
É importante registrar que, apesar das duas galilés brasileiras acima destacadas serem providas de tres arcos romanos alinhados com o plano geral das respectivas frontarias, apresentam sutis diferenças: a primeira acha-se inclusa no volume da igreja tendo suas extremidades ‘abafadas’ pela porção inferior das torres sineiras, conferido-lhe o caráter reentrante. Já a segunda, por ter suas extremidades livres, cada uma definida por um arco pleno, remete a um pórtico saliente (como aqueles das igrejas eborenses do Espírito Santo e de São Francisco), porém concordante com o pavimento superior da edificação, que se estende até sua arcada frontal de modo a compor a linguagem do frontispício.
No contexto franciscano nordestino, este modelo de galilé foi amplamente empregado a partir do final do século XVII, porém ainda evoluiria, assumindo uma dimensão mais ambiciosa, caracterizada por elaborados componentes formais e materiais traduzidos estruturalmente na cantaria de pedra calcárea, e, em termos de acabamento interior, no revestimento azulejar das paredes e na aplicação de xilopinturas nos forros.
A galilé no contexto da arquitetura franciscana nordestina
Do repertório total de treze cenóbios franciscanos fundados no Nordeste entre 1585 e 1660, apenas um não teve sua igreja guarnecida de galilé – curiosamente o maior complexo seráfico da região, o convento de Salvador, Bahia. Todavia, a ausência do compartimento ocorreu na construção da segunda versão da igreja, iniciada no primeiro decênio do século 18, já que a estrutura confinaria sua lateral norte com a quina de uma residência situada do outro lado da rua. (24) Os raros registros sobre a primeira edificação, a segunda fundação franciscana na Colônia, iniciada em 1587, atestam a presença do ambiente, quando assim se referem sobre as obras executadas entre 1621 e 1624, durante a guardiania de Frei Bernardino de Santiago: “No seu tempo, se alongou o coro da porta da igreja até os arcos”. (25) Tal assertiva comprova que o coro alto, adjacente à parte superior do plano de fachada onde ficava a portada principal, fora ampliado para fora, até distorcer com os arcos que delimitariam frontalmente a galilé, caracterizando uma disposição similar àquela da igreja conventual de N. S. do Carmo de São Cristóvão, apresentada na seção anterior.
O outro convento atualmente desprovido do referido nártex – São Francisco, em Sirinhaém, Pernambuco – na verdade gozou do ambiente até idos do século XIX, quando o frontispício da igreja desmoronou. (26) Como a estrutura vestibular compreendia a base da frontaria, a perda foi total, e irreversível, na medida em que sua reconstrução não contemplou mais o espaço, ficando a porção anterior da igreja delimitada pela parede da portada, que, por ocasião da intervenção, fez uso de um dos arcos em pedra remanescentes da primitiva galilé.
A comprovação da presença original do pórtico no referido cenóbio é confirmada na literatura, ao tratar da mesma como segue: “Tem o frontispicio sobre tres arcos de pedra lavrada pela parte dianteira, e hum por cada lado, ficando sobre estes huma parte do coro”. (27) Tal descrição arquitetônica também remete à morfologia da casa religiosa carmelitana supra mencionada, sobretudo quando descreve os tres arcos frontais e os dois laterais que definiam espacialmente o espaço vestibular.
Considerando os onze conventos atualmente providos de galilé, cumpre destacar que a linguagem que ora apresentam remete ao final do século XVIII, quando os cenóbios foram concluídos baseando sua nova aparência na última configuração de nártex com a qual foram contemplados. Não obstante, como foi dito acima, até atingir tal aparência, a literatura revela que houve duas versões anteriores. A primeira delas se configurou entre 1585, quando a primeira casa franciscana foi fundada em Olinda, e 1654, quando os holandeses se retiraram do território nordestino.
Nessa fase, a galilé consistia num pequeno alpendre adossado à fachada da igreja conventual, o qual protegia sua porta do exterior, notadamente das intempéries. Tal evidência pode ser confirmada num clássico registro iconográfico de autoria de Frans Post, artista que integrou a comitiva artístico-científica do governador do Brasil holandês, o Conde Maurício de Nassau. (28) A pintura de Post apresenta um panorama da então Vila de Igarassu, situada na capitania de Pernambuco, onde aparece em primeiro plano a igreja paroquial de São Cosme e Damião, e, ao fundo o cenóbio franciscano com a fachada da igreja conventual provida de alpendre definido por duas colunas e telhado cerâmico aparente. A igreja é simples, coberta com duas águas, com empena frontal marcada por duas aberturas superiores flanqueando óculo central; o corpo do convento se desenvolve à sua esquerda, em cuja extremidade se eleva a chaminé da cozinha. (29)
Oportunamente, é importante destacar que essa linguagem simples de arquitetura eclesiástica, desprovida de elementos decorativos, foi recorrente na colônia, haja vista outros registros que Post fez das vilas e povoações brasileiras na segunda metade do século XVII. As próprias edificações dos jesuítas reproduziam o modelo, que na verdade reverberava a morfologia dos prédios religiosos erigidos na metrópole durante o período da União Ibérica (1580-1640). As igrejas jesuítas de São Roque, em Lisboa (1586), e de São Paulo, em Braga (1589), assim como a ermida de Nossa Senhora da Conceição, em Tomar (1573), apesar de não apresentarem alpendre externo, constituem expressivos exemplares desse Maneirismo quinhentista português. (30) A linguagem, denominada de chã pelo estudioso George Kubler, remetia a um repertório de edifícios guarnecidos, entre outros traços maneiristas, de frontão triangular que coroava fachada com portada em pedra com duas aberturas simétricas dispostas na sua porção superior. (31)
No contexto franciscano, esse componente de simplicidade adotado na arquitetura chã se aplicava sem maiores dificuldades. Afinal, a Ordem dos frades menores era mendicante, e como tal, exaltava a Santa Pobreza como conceito basilar que devia reger todas as esferas da sua atuação, inclusive aquela das edificações religiosas por eles construídas. Os próprios estatutos da entidade à qual os conventos do Nordeste estavam subordinados – a Província de Santo Antônio do Brasil – rezavam no capítulo relativo aos edifícios e casas: “Encomendase muyto que nos edifícios e obras resplandeça sempre a santa pobreza, não fazendo curiosidades supérfluas, e desnecessárias”. (32)
A segunda linguagem de galilé adotada nos conventos em pauta ainda carregava traços da arquitetura chã portuguesa. Desenvolvida entre o final do século XVII e meados do seguinte, ela coincidiu com a necessidade da ampliação do coro alto devido ao aumento do número de frades nos cenóbios. (33) Como esta estrutura era construída na porção anterior da nave da igreja conventual, a ampliação do recinto se deu para fora da mesma, sendo apoiado em três arcos plenos em pedra lavrada externos à portada do templo, arcos esses que definiriam a linguagem da galilé (no caso, similar àquela adotada no supracitado convento carmelita de São Cristóvão).
É importante lembrar que, o comprimento da galilé devia corresponder à largura da nave da igreja, conforme orientação de Borromeo. Com relação à frontaria do templo, a mesma compreendia três níveis definidos por marcações horizontais, sendo o térreo, o pórtico de três arcos, o superior correspondendo às três janelas do coro alto ampliado, e o terceiro, o frontão clássico arrematando todo o plano do frontispício.
Não há registros iconográficos de época desses frontispícios, porém Frei Jaboatão, nomeado cronista da Província de Santo Antônio do Brasil, a exemplo da descrição que fez sobre o cenóbio de Sirinhaém (acima transcrita), menciona os três arcos frontais quando se refere aos conventos de Igarassu, Ipojuca, Paraguaçu e Cairu. (34) O convento de Ipojuca é o único que ainda mantém a aludida leitura, provavelmente por não ter sido contemplado com os recursos financeiros necessários para o embelezamento porque passaram os seus pares na fase seguinte, e por o conjunto edificado oferecer limitações físicas no tocante a futuras ampliações. A adição de pequenas volutas superpostas ao frontão clássico, no entanto, deve ter acontecido posteriormente.
A terceira e última versão de galilé, definida a partir de meados do século XVIII, constituiu a mais elaborada, contemplando cinco arcos romanos no plano frontal da estrutura: os três pré-existentes, e mais dois adicionados um em cada lado, imprimindo-lhe um caráter reentrante, se considerada a portentosa frontaria de essência triangular apoiada sobre ela. Como foi dito anteriormente, essa versão conferiu literalmente as bases para a composição da nova fachada da igreja conventual, que se tornou marca da arquitetura dos frades menores no Nordeste à época – aquela de um monumental triângulo de contornos curvos, coroado por uma cruz, e assentado sobre um elaborado pórtico de cinco arcos romanos.
O cronista da província, na sua incumbência de registrar, em meados do século XVIII, toda a história dos franciscanos e seus feitos desde o final do século XVI, menciona a presença dos cinco arcos de volta perfeita nos conventos da Paraíba (atual João Pessoa) e do Recife. (35) Tal evidência sugere que foram esses cenóbios os pioneiros a adotar a galilé com cinco arcos romanos, pois ao referir-se aos outros conventos, como Igaraçu, Ipojuca, Cairu e Paraguaçu nessa mesma época, o cronista menciona a presença de apenas tres arcos no plano dos respectivos frontispícios (como foi dito acima).
A rigor, a versão da galilé com cinco arcos romanos, no entanto, só pôde ser adotada em cinco casas conventuais: Paraíba, Recife, Cairu, Paraguaçu e São Francisco do Conde. Os outros sete conventos providos do pórtico, principalmente por questões de disponibilidade de espaço, não puderam ter o ambiente ampliado para os lados (o que corresponderia aos dois arcos colaterais acrescentados à estrutura original de tres arcos plenos). A ocupação das extremidades da galilé de tres arcos por construções do próprio complexo religioso impediu tal ampliação.
Não obstante, nessa última fase de construção, a ideia do partido triangular ascendente provido de contornos curvos foi, na medida do possível, aplicado a todos as igrejas conventuais, gerando uma relativa unidade formal às respectivas fachadas, onde as volutas de base, as curvas e contracurvas constituíram elementos determinantes da molduragem da composição, mesmo aquelas providas de tres arcos plenos, como os conventos de Igarassu e Olinda, em Pernambuco, onde a anexação lateral de volutas à altura das janelas do coro sugeriam a concordância com a base larga das galilés de cinco arcos. Já os frontispícios das igrejas de Marechal Deodoro e Penedo, em Alagoas, e de São Cristóvão, em Sergipe, só puderam ser contemplados com contornos curvos e espiralados nos respectivos frontões; a implantação e a altura da estrutura conventual anexa impossibilitaram a tentativa de aproximação com o novo modelo, alcançada nas igrejas de Olinda e Igarassu.
Vale ressaltar que o comprimento a que chegaram as galilés com cinco arcos plenos variou entre 14m e 18m, contra a variação de 8m a 10m das estruturas providas de três arcos, esta última variação correspondendo à real largura das respectivas naves das igrejas conventuais (como determinção tridentina). A profundidade da galilé, no entanto, permaneceu a mesma adotada na segunda versão, variando de 3m a 3,5m, tendo sido, no caso olindense e de Penedo, integrada à nave da igreja devido à necessidade de ampliação desta para atender a crescente demanda de fiéis nos atos litúrgicos.
Segregação ou integração na galilé dos conventos nordestinos?
Uma vez apresentada a versão final da galilé franciscana nordestina com três e cinco arcos romanos, cumpre analisá-la sob o ponto de vista das funções a ela atribuídas, da sua estrutura interna, dos materiais utilizados e dos elementos decorativos nela empregados. Com relação à função, a alegação de representar um espaço de segregação entre o sagrado e o profano é válida para todas as tres versões adotadas, até porque remete a uma base conceitual tridentina: aquela de proteger o recinto eclesiástico – a igreja – contra o componente adverso do mundo exterior.
O componente de integração do espaço se aplica apenas aos casos da galilé de cinco arcos, que realmente aproximava as instalações das duas ordens presentes no complexo conventual: a Ordem Primeira, dos frades propriamente ditos, cuja entrada ficava de um lado da(s) porta(s) da igreja; e a Ordem Terceira, dos irmãos leigos que abraçavam a causa franciscana, cuja entrada ficava do outro lado do(s) acesso(s) ao templo. O exemplar da Paraíba traduz com categoria esse caráter de integração que a última versão de galilé imprimiu à arquitetura conventual franciscana. Não obstante, é importante ressaltar que o tratamento das portadas, via de regra em pedra calcárea, sugeria uma hierarquia, traduzida na maior elaboração artística daquelas centrais, que davam acesso à igreja, o recinto mais importante do cenóbio.
No tocante às efetivas funções do espaço, aquele de sepultamento ficava muito claro, inclusive no exemplar supracitado, o qual ainda exibe marcas muito nítidas de campas funerárias no seu piso, disposto sob forma de uma grade de pedra calcárea cujos espaços retangulares internos correspondem aos perímetros das antigas urnas onde os defuntos eram colocados. O mesmo desenho de piso era adotado na nave da igreja franciscana, guardando uma recomendação do regimento eclesiástico em vigor na colônia – as Constituições do Arcebispado da Bahia – cujo título 53 (Livro Quarto) assim rezava: “É costume pio, antigo, e louvavel da Igreja Catholica, enterrarem-se os corpos dos fieis Christãos defuntos nas Igrejas”. (36)
É importante frisar que, a exemplo do que ocorrera no nártex bizantino citado em seção anterior, a galilé franciscana não era tão cobiçada como ‘morada eterna’ pelos fiéis benfeitores – aqueles que em vida contribuíam com doações para as obras de manutenção e embelezamento da igreja – pois o espaço ficava distante da capela-mor, o setor mais sagrado da casa de oração. Essa evidência constitui mais um elemento de reforço à ideia de segregação que o ambiente sugeria, pois eram os mais ‘fracos’ que ali podiam ser sepultados.
Nesse sentido, não se pode subestimar uma inscrição que existia numa campa de pedra adjacente à porta principal do templo paraibano com os seguintes dizeres: “Aqui jaz Pedro Monteiro de Macedo, que por governar mal esta capitania quer que todos o pisem, e a todos pede um Padre Nosso, e Ave-Maria pelo amor de Deus. 1744”. (37) Tal inscrição na lápide sugere uma confissão do titular da sepultura, que teria escolhido para seu jazigo perpétuo no complexo conventual um lugar inferior, pelo menos sob o ponto de vista do prestígio do local enquanto espaço para sepultamento.
Essa inferioridade da galilé era simbólica desde o cristianismo primitivo, sobretudo sob a ótica litúrgica, uma vez que o foco das celebrações religiosas era a capela-mor, tradicionalmente voltada para o Oriente. Com efeito, a partir do século XVI, a normativa de Borromeo para construções eclesiásticas ratificou a recomendação da cabeceira voltada para leste, porém ofereceu flexibilidade para casos especiais, desde que houvesse aquiescência por parte da autoridade eclesiástica. (38)
Assim, independentemente da real orientação do templo católico, sua capela-mor sempre ficaria voltada para leste, no caso o leste litúrgico. A galilé, por conseguinte, estaria invariavelmente no oeste litúrgico do templo, sempre na extremidade oposta ao local sagrado. Nesse sentido, é importante ressaltar que, dos doze conventos franciscanos nordestinos contemplados com galilé, apenas seis tiveram a dita estrutura voltada para o oeste verdadeiro, os outros seis, ficaram a oeste, mas o litúrgico.
Com relação ao tratamento das demais superfícies internas das galilés dos conventos em pauta, além do piso demarcado com campas, é importante registrar os tetos e as paredes, que procuravam compensar sua inferioridade através de acabamentos elaborados. Afinal, a galilé era a entrada do complexo eclesiástico. Com efeito, os tetos foram expressos tanto através de abóbadas de arestas de alvenaria, como pode ser visto em Recife, Paraguaçu e Cairu; quanto através de forro plano em madeira pintada, como em Igarassu, São Francisco do Conde e Paraíba. Nestes últimos, a pintura do brasão da Ordem Franciscana toma lugar de destaque, marcando o ‘território católico’ onde o fiel estaria penetrando.
No tocante às superfícies laterais, a arcada frontal do pórtico era via de regra guarnecida de robustos portões de madeira torneada que garantiam a segurança do conjunto religioso, enquanto o lado oposto era marcado pelas aberturas de acesso ao templo e instalações anexas. As poucas superfícies desprovidas de aberturas eram revestidas com azulejos, a exemplo das galilés de Cairu e da Paraíba, que apresentam peças figurativas, já que não havia paredes livres para a colocação de grandes painéis historiados, recorrentes nas superficies parietais dos claustros e das naves das igrejas.
Considerações finais
A partir do que foi exposto neste texto, pode-se perceber uma nítida evolução de função e de forma nas três versões da galilé franciscana do nordeste colonial, as quais sugerem segregação e/ou integração, uma vez consideradas suas particularidades. A primeira versão basicamente traduzia o conceito de observância próprio da Ordem, na medida em que o diminuto alpendre com coberta própria, devidamente representado na iconografia holandesa, guardava uma recomendação tridentina – aquela de proteger a porta de acesso à edificação sagrada contra as intempéries e os apelos do mundo exterior.
A segunda, além de observar o preceito tridentino com mais propriedade, já que a citada proteção se dava através de pórtico de três arcos plenos com comprimento correspondente à largura da nave da igreja, servia de base para parte do coro alto, ampliado com o aumento do número de frades no convento. Nessa versão, o componente da segregação espacial era notório, sendo a galilé a barreira física que separava o exterior profano do interior sagrado, sugerindo um esquema ascensional que partia do mundo, atravessava o aludido recinto, e seguia em direção ao altar-mor.
Já a terceira (e derradeira) versão da galilé, teve grande impacto na produção da arquitetura franciscana sob o ponto de vista formal, pois, além de constituir a extensa base de cinco arcos plenos sobre a qual ficava assentado o monumental frontispício de partido triangular, garantiu a linguagem inusitada do modelo adotado nos conventos nordestinos, inclusive inspirando a repaginação daquelas frontarias calcadas em tres arcos, impossibilitadas de ampliação para cinco.
Sob o ponto de vista da função, essa galilé atendeu plenamente às novas demandas do cenóbio, emprestando ao mesmo a integração necessária para o seu funcionamento. A ampliação de seu comprimento, correspondendo aos dois arcos adicionados à esquerda e à direita da antiga estrutura, abrigou os acessos às instalações dos dois grupos religiosos que compunham o complexo conventual: de um lado a Ordem dos frades do coro – a Ordem Primeira – e do outro, aquela dos franciscanos leigos – a Ordem Terceira.
Essa solução promoveu uma relação horizontal entre as duas famílias seráficas sem interferir na sua independência física, já que estavam separadas pela nave da igreja. Não obstante, aquele componente vertical, de segregação espacial continuaria garantido na medida em que a galilé separava transversalmente, e de forma simbólica, a sacralidade da igreja e das instalações das duas Ordens ali presentes, da profanidade do exterior.
Por fim, não se pode relevar o componente ambíguo da galilé no cenário da arquitetura franciscana do Nordeste colonial. Se por um lado constituía um ambiente desprestigiado no tocante à hierarquia de espaços da igreja destinados a sepultamentos, e ao acolhimento daqueles inaptos ao acesso ao seu interior; por outro, gozava do prestígio de ser de fato o recinto principal de acesso ao complexo eclesiástico, além de constituir a estrutura basilar para a composição plástica do frontispício do templo, que no contexto da fábrica de edificações dos frades menores no Brasil, impingiu ineditismo e singularidade num desenho recheado de erudição.
notas
1
PAIS DA SILVA, Jorge Henrique. Páginas de história da arte. Lisboa, Estampa, 1993, p. 153.
2
BLUNT, Anthony. Teoria artística na Itália 1450-1600. São Paulo, Cosac Naify, 2001, p. 168.
3
BORROMEO, Carlos. Instrucciones de la Fabrica y del Ajuar Eclesiasticos. Mexico, UNAM-Imprenta Universitaria, 1985, p. 9.
4
CAVALCANTI FILHO, Ivan. The Franciscan convents of North-East Brazil 1585-1822: Function and design in a colonial context. Orientador Andrew Spicer. Tese de doutorado. Oxford, School of Arts and Humanities, Oxford Brookes University, 2009.
5
RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia. Prior Velho, Paulinas, 2006, p. 95.
6
CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos A. C. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo, Pini, 1972, p. 236.
7
CURL, James Stevens. A Dictionary of Architecture. Oxford, Oxford Press, 1999, p. 262 e 481.
8
Vale ressaltar que, primitivamente, as igrejas cristãs tinham sua cabeceira (area do altar) voltada para o Oriente, ficando a porta de entrada localizada na extremidade oposta da nave.
9
O nártex a que se refere este artigo é aquele espaço empregado no templo católico a partir do alvorecer da igreja cristã, não aquele usado nos templos romanos da antiguidade, equivalente ao pronaos grego.
10
PAIS DA SILVA, Jorge Henrique. Op. cit., p. 153.
11
CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., p. 99; BAZIN, Germain. A arquitetura religiosa barroca no Brasil. Rio de Janeiro, Record, 1980, p. 148.
12
Ver PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo, Martins Fontes, 2002, p. 10.
13
Ver KRÜGER, Kristina. Órdenes Religiosas y Monastérios. Koln, H. F. Ullmann, 2008, p. 58.
14
Ver PEVSNER, Nikolaus. Op. cit., p. 12, 19 e 23.
15
PALOL, Pedro de. Arte paleocristã do Ocidente (séculos III, IV e V). História da Arte, v. 3, São Paulo, 1978, p. 22-28
16
CRACIUM, Maria. Apud Ecclesia: church burial and the development of funerary rooms in Moldávia. In COSTER, Will; SPICER, Andrew (org.). Sacred Space in Early Modern Europe. Cambridge, Cambridge University Press, 2005, p. 150.
17
CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., p.99; KUBLER, George. A arquitetura portuguesa chã: entre as especiarias e os diamantes 1521-1706. Lisboa, Vega, 2005, p.73.
18
HAUPT, Albrecht. A arquitetura do renascimento em Portugal. Lisboa, Presença, 1986, p. 261.
19
CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., p. 98.
20
SERRÃO, Vítor. História da arte em Portugal: o renascimento e o maneirismo (1500-1620). Lisboa, Presença, 2002, p. 73-76.
21
BORROMEO, Carlos. Op. Cit., p. 9.
22
AZZI, Riolando. A Instituição Religiosa durante a Primeira Época Colonial. In HOORNAERT, Eduardo (org.). História da igreja no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1979, p. 163.
23
Ver HORTA CORREIA, José Eduardo. Arquitetura portuguesa: renascimento, maneirismo, estilo chão. Lisboa, Presença, 2002, p.61-62.
24
JABOATÃO, Frei Antonio de Santa Maria. Novo orbe seráfico ou crônica dos frades menores da província do Brasil. Rio de Janeiro, Typografia Brasiliense de Maximiano Gomes Ribeiro, 1859, p. 268.
25
IPHAN. Livro dos Guardiães do Convento de São Francisco da Bahia 1587-1862. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura/Iphan, 1978, p.7.
26
SILVA, Leonardo Dantas. pernambuco preservado: histórico dos bens tombados no Estado de Pernambuco. Recife, L. Dantas Silva, 2002, p. 258.
27
JABOATÃO, Frei Antonio de Santa Maria. Op. cit., p. 509.
28
SOUSA-LEÃO, Joaquim. Frans Post 1612-1680. Amsterdam, A.L. Van Gendt, 1973, p. 16-17.
29
Para confirmar a descrição, ver imagem em SOUSA-LEÃO, Joaquim. Op. cit., p. 114.
30
Sobre as citadas igrejas, ver SANTOS, Paulo F. O Barroco e o jesuítico na arquitetura do Brasil. Rio de Janeiro, Kosmos, 1951, p. 142; SERRÃO, Vitor. Op. cit., p. 208; HORTA CORREIA, José Eduardo. Op. cit., p.31.
31
Sobre a arquitetura chã, ler KUBLER, George. Op. cit.
32
Estatutos da Província de Santo Antônio do Brasil. Lisboa, Impressor da casa Real, 1683, p. 113.
33
Sobre o assunto, ver CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., p. 78.
34
JABOATÃO, Frei Antonio de Santa Maria. Op. cit., 1861, p. 325, 480, 542 e 567.
35
Idem, ibidem, p. 372 e 440.
36
VIDE, Sebastião Monteiro da. Constituições do arcebispado da Bahia … anno de 1707. São Paulo, Typographia 2 de Dezembro de Antonio Louzada Antunes, 1853, p. 295.
37
CAVALCANTI FILHO, Ivan. Op. cit., p. 100; BURITY, Glauce Maria Navarro. a presença dos franciscanos na Paraíba através do Convento de Santo Antônio. 2ª edição. João Pessoa, Gráfica JB, 2008, p. 116; BARBOSA, Florentino. Monumentos históricos e artísticos da Paraíba. João Pessoa, A União Editora, 1953, p. 53; JABOATÃO, Frei Antonio de Santa Maria. Op. cit., 1861, p. 374.
38
BORROMEO, Carlos. Op. cit., p. 15.
sobre o autor
Ivan Cavalcanti Filho é professor associado do Depto de Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba. Tem PhD na Oxford Brookes University, Inglaterra (2009); é autor de Franciscans and the Parish in Early Modern Brazil in Parish churches in the Early Modern World (Ashgate, 2016) e co-organizador do livro Entre o rio e o mar: arquitetura residencial na cidade de João Pessoa (Editora UFPB, 2016).