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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
O estudo em foco é a cartografia (Nolli) representativa de Santiago Centro desenvolvida por José Rosas. Trata-se de entender os elementos dessa peça gráfica que se compõe a partir do contraste, para chegar a conclusões sobre esse espaço urbano histórico.

english
The study is based in the cartography (Nolli) of Downtown Santiago, developed by José Rosas Vera, with the final goal to better understating of the historical urban space of Santiago.

español
Estudiar los elementos de la cartografía (Nolli) representativa de Santiago Centro, desarrollada por José Rosas Vera, que se compone a partir del contraste, para que finalmente se puedan llegar a conclusiones.

how to quote

COSTA, Claudia Puzzuoli dos Santos. O Nolli de José Rosas Vera de 1970-1984. A construção da cidade a partir do contraste. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 191.01, Vitruvius, jun. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.191/6028>.


plano original “Manzana y tipo edificatorio en transformación El centro de Santiago. Lám. 9”


O elemento cartográfico do plano

Quadras cheias

Quadras penetradas

Edifícios públicos importantes

O conteúdo do “cheio” das quadras

O negativo, em foco o conteúdo público

Nolli de Rosas de 1883-1913

Nolli de Rosas de 1930-1960

Nolli de Rosas do estudo relativo às datas 1970-1984

 

O presente trabalho parte com o estudo do contraste e sua importância ao desenhar a cidade no plano feito pelo professor José Rosas nomeado Manzana y tipo edificatorio en transformación El centro de Santiago. Lám. 9. O estudo é parte de um amplo número de planos desenvolvidos por Rosas em sua tese doutoral Manzana y tipo edificatorio en transformación en el Centro de Santiago y las Constantes de la ciudad hispanoamericanas.

O famoso trabalho de Rosas foi um importante marco na cartografia e no registro da cidade de Santiago do Chile, o estudo se baseia na construção da cidade a partir do desenvolvimento morfológico da quadra. Nesse trabalho é um fato de que o próprio Rosas se baseou na construção cartográfica que estudava a quadra e seu conteúdo, sendo assim o sistema viário simples resultado desse desenvolvimento morfológico.

Dentro dessa ótica, o plano em foco registra o primeiro piso da cidade no período de 1970-1984, esse é o último de 3 planos que registram, assim, o desenvolvimento do setor histórico da cidade de Santiago. Com dimensões de 36x36cm, na escala de 1:250, o plano foi publicado em 1986 como parte do corpo de trabalho da tese doutoral na Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona e também é encontrado no Centro de Archivos y Documentación Sergio Larrain García Moreno, na biblioteca da Escola de Arquitetura da Pontifícia Universidad Católica de Chile em Santiago.

Conhecendo o conjunto de mapas do trabalho de Rosas, o plano eleito se destaca por sua expressão gráfica, ao tratar o térreo da cidade com a linguagem Nolli (1), a cartografia é um lindo registro da evolução morfológica (2) do piso térreo de Santiago.

Assim, o presente trabalho trata de discutir esse plano de José Rosas, pondo em tensão o tema foco do estudo de tal cartografia. Tema que tende a gesticular a evolução morfológica desse setor da cidade, entre a evolução do conjunto de quadras e a evolução do espaço público que articula os espaços privados. Portanto, ao tratar as quadras como um “cheio” preto que constrói o contínuo espaço público branco:

Qual é o foco de tal cartografia, a construção evolutiva da quadra ou a consolidação do espaço público?

Com intensão de responder a pergunta se inicia um aprofundamento no estudo gráfico que se divide em duas partes: O estudo do conteúdo gráfico das quadras da cartografia em questão, e o estudo do espaço público representado pelo branco do sistema viário, a fim então de chegarmos a conclusões.

Ao observar o conteúdo arquitetônico das quadras, se notam duas principais informações que tratam de construir tal registro: o cheio preto e a aparição do detalhe de alguns edifícios desenhados no nível térreo da cidade. Assim, como conteúdo arquitetônico está o desenho dos edifícios ai nomeados “importantes edifícios públicos”. Como metodologia, se faz um exercício ao distinguir tais edificações que compõem esse conjunto. Metodologia, que a sua vez, se resume em indicar a data de desenvolvimento de cada um dos projetos eleito por Rosas. Edifícios que então passam a ser localizados em planta baixa dentro de sua cartografia Nolli. É visível a partir dessa classificação que tal corpo arquitetônico é composto por arquiteturas de distintas épocas e distintas linguagens estéticas. Arquiteturas que vão do ano 1400 até 1980, porém representadas na cartografia de Rosas como um conjunto generalizado de edificações. O que as distingue dos demais edifícios existentes em cada uma das quadras do setor, e o motivo por serem especificamente elas evidenciadas por meio do desenho de sua planta baixa, é sua característica política/pública.

O segundo dado que corresponde a informação do conteúdo da quadra, é a representação da “quadra fechada” ou “quadra cheia”, representada em um quadrado de cor preto sólido que correspondente a uma quadra. Ao escolher interpretar a quadra nessa linguagem representativa, o que é feito é neutralizar a informação das arquiteturas que aí existem. Apaga-se, assim, a composição morfológica do nível térreo da quadra e como tal quadra se compõe a partir de um acúmulo de distintas construções.

Como conclusões parciais, nesse momento, se pode dizer que:

1. O motivo de desenhar as edificações que constroem esse pavimento térreo da cidade não está ligado em seu significado arquitetônico, ou em como tais arquiteturas estão desenhando espaços públicos, mas sim sua importância e relevância pública/política para o setor.

2. A escolha na cor preta na cartografia, assim como na cartografia original de Giambattista Nolli, anula a informação do conteúdo das quadras representadas. Assim, a partir do contraste do “preto sólido” das quadras, o que se ressalta é o espaço público, branco, desenhado pelas quadras correspondentes.

3. Assim, o que se vê tensionado é o espaço público, que como desenhado por Rosas, começa a invadir o espaço do “preto sólido” privado das quadras ortogonais do centro histórico de Santiago do Chile.

“Se fraccionam as borgas do Centro, em outro momento limites e barreiras muito bem definidas. Respaldo do próprio sistema de penetrações exteriores nas quadras em suas bordas, se integram: o Cerro Santa Lucia e as quadras em seu entorno; a fronteira norte do rio Mapocho, apoiado no Parque Forestal e a sucessão de praças que se agregam. No caso dos limites ao norte e ao sul da Alameda, tendem cada vez mais desaparecer, e a desaparecer a Alamenda como calçada, ao criar-se cada vez mais conexões articulando ambos setores” (3).

Já, ao considerar o conteúdo desenhado pela cor branca, se ressalta o dado de que esse elemento corresponde ao uso público e que para Rosas, a sua vez, representa uma ruptura da quadra colonial. Ao descartar tal elemento, se evidencia que o curioso conteúdo contido nessa cartografia é na verdade essa ruptura, em outras palavras, a atribuição de qualidades públicas na quadra existente anteriormente predominantemente privada.

A imagem do conteúdo branco se ressalta por criar uma espécie de continuidade secundária ao sistema viário, desenhadas pelo cheio “preto sólido” das iniciais quadras coloniais.

Nesse jogo estético de cheios pretos e vazios brancos, mas que um registro cartográfico, se indica uma mudança na percepção da cidade. A intenção ao planejar o pavimento térreo representado pela cartografia Nolli é sugestivo por si próprio. Mas más que uma discussão sobre o modelo arquitetônico em evolução, quero dizer, como evoluiu o conjunto particular a cada uma das quadras, o que em verdade é registrado a nível de pavimento térreo, é uma mudança na morfologia do público versus o privado.

Um contraponto dos valores do preto versus o branco, que ganhou com o passar das décadas, outras características, outros valores.

“Além dos acertos morfológicos e estéticos que o conjunto de quadras apresenta, é destacável o feito de que todos os atores se somaram a uma mesma ideia de cidade e de centro” (4).

Soma-se ao foco dado a tal cartografia, desse jogo onde a partir do preto se constrói o branco, outras duas cartografias que tratam de embasar tal argumento, as cartografias que antecipam a posta em investigação, que são referentes as datas de 1883-1913 y 1930-1960.

Cartografias que registram esse sugestivo jogo entre cheios e vazios, que antecipam e já vem fazendo menção, em sua construção temporal linear, uma mudança nos princípios físicos privados desse setor. Nesse sentido fica evidente que com o passar das decas, é notável a desconstrução da quadra ortogonal tradicional, ao registrar um padrão de intervenção que vem sido repetido durante as décadas. Intervenções que sugerem mudar a forma de ler a cidade, mudando assim a forma que um se move nela. Onde a própria quadra termina por ser tomada de valores públicos, diminuindo percursos, criando assim permanências, novos espaços para trocas etc.

“Se demonstrou que a configuração mesma da malha tem um impacto sobre a distribuição do volume de movimento, porque as ruas <as quais se escolhe recorrer> em um percurso de uma viagem tende a ser aquele com as rotas mais diretas a través da rede” (5).

A própria ideia de um registro histórico fortalece esse argumento. Ao não analisar a cidade em um espaço limitado no tempo, se criam maiores possibilidade para constatações. Comentar o que foi, gera conclusões com menor quantidade de equívocos ao se analisar o que está, bem como comenta Sakia Sassen: “A observação de etapas anteriores serve para elevar o nível de complexidade das análises das transformações atuais” (6).

Assim, mais importante que a própria representação, que se realça a partir do contraste que trata de registrar o espaço público de um devido setor, está a importância que ganhou tal espaço na construção de uma imagem de cidade como identidade urbana. Santiago, diferente de tantas capitais sul-americanas, tem como potência um centro urbano histórico ainda vivo e super-utilizado. Resultado de uma série de intervenções na quadra que multiplicaram a capacidade e uso do espaço público do setor. Tal importância desse setor central foi discutida de maneira precisa por Jan Gehl em seu livro A humanização do espaço urbano. A vida social entre os edifícios:

“A vida nos edifícios e entre os edifícios parece se considerar quase em todas as circunstâncias mais essencial e relevante que os próprios espaços e edifícios” (7).

Assim, o espaço tão claramente desenhado por José Rosas em seu Nolli, espaços de continuidade, parecem fazer alusão a tal vida. Mais importante que desenhar todos os espaços de todos os edifícios, o que se evidencia é uma nova qualidade à vida do setor. O exercício de José Rosas na cartografia Manzana y tipo edificatorio em transformación. El centro de Santiago. Lám. 9, é um acúmulo histórico de mudanças, que somadas representam tal época. Representam essa imagem de Santiago de fluxos, de novos percursos, que se transformaram ao final a uma identidade de cidade. Tal intervenção somente tem força exatamente por ter essa característica urbana, esse tom pluralista, que não é um-porém múltiplo. Que não é simplesmente um corredor comercial, porém constrói diferentes possíveis caminhos a serem explorados.

Assim, com a consistência de décadas, que registram uma consistência histórica, fazendo parte de gerações de usuários, essa bela cartografia de Rosas faz menção a uma Santiago que reside na memória de todos.

“O existente era, basicamente uma estrutura urbana consolidada como trama de ruas e quadras, que em seu desenvolvimento permitia a intervenção e, não era obstáculo para os requerimentos das novas demandas de uso” (8).

notas

1
Giambattista Nolli (9 de abril de 1701 – 1 de julio de 1756) Arquitecto Italiano conocido por su cartografía iconográfica de Roma. El trabajo tenía el objetivo de levantar las informaciones de los principales espacios públicos y primer piso de las principales edificaciones importantes del centro de Roma.

2
Los mapas desarrollados por Rosas en su tesis de doctorado registran la ciudad en los periodos 1883-1913, 1930-1960 e 1970-1984.

3
ROSAS VERA, José. Manzana y tipo edificatorio en transformación: El centro de Santiago y las constantes de la ciudad hispanoamericana. Barcelona, Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, 1986, p. 190.

4
GREENE, Margarita; SOLER, Fernando (2001). Santiago: de un proceso acelerado de crecimiento a uno de transformaciones. In: DE MATTOS, Carlos; DUCCI, María Elena; RODRÍGUEZ, Alfredo; YÁÑEZ WARNER, Gloria (org.). Santiago en la Globalización ¿una nueva ciudad?. Santiago de Chile, Ediciones SUR, 2004, p. 74. Disponível em: <http://www.sitiosur.cl/publicaciones/Ediciones_Sur/02santiago.pdf>.

5
Idem, ibidem, p. 49-50.

6
SASSEN, Saskia. Territorio, autoridad y derechos: De los ensamblajes medievales a los ensamblajes globales. Série Conocimiento. Buenos Aires, Katz, 2010, p. 32.

7
GEHL, Jan. La Humanización del espacio urbano. La vida social entre edificios. Barcelona, Reverté, 2009.

8
ROSAS VERA, José. Manzana y tipo edificatorio en transformación: El centro de Santiago y las constantes de la ciudad hispanoamericana. Barcelona, Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, 1986, p. 187.

sobre a autora

Claudia Puzzuoli é Arquiteta e Urbanista Brasileira graduada na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. É Mestre em Arquitetura pela Pontifícia Universidad Católica de Chile, com tese titulada: “Inversión inmobiliaria y construcción del valor socio cultural en el plan del primer piso de la ciudad: Los espacios colectivos en Santiago Centro, 1992-2012”.
Colaborou nos últimos anos em alguns escritórios que desenvolvem principalmente projetos arquitetônicos públicos de grande porte. Hoje trabalha no seu estúdio em projetos particulares e segue na investigação sobre o espaço coletivo dos centros metropolitanos.

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