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architectourism ISSN 1982-9930


abstracts

português
Neste artigo, a autora comenta a complexidade de uma cidade de matriz espanhola, que se construiu sobre as ruínas do império azteca. Graças ao trabalho dos arqueólogos, presenciamos os sinais dessas presenças

english
In this article, the author comments on the complexity of a city with Spanish roots built over the ruins of the Aztec empire. Thanks to the work of archaeologists we can witness the evidence of those Aztec settlements

español
En este artículo, la autora comenta la complejidad de una ciudad de matriz española que se construyó sobre las ruinas del imperio azteca. Gracias al trabajo de los arqueólogos, presenciamos las señales de la presencia azteca


how to quote

CELANI, Gabriela. Andando pela calzada de los muertos. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 010.06, Vitruvius, dez. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.010/1388>.


Estive na cidade do México em outubro para participar do congresso da Sociedade Ibero Americana de Gráfica Digital – SIGRADI e aproveitei para conhecer a região.

Apesar de ser paulistana (ou talvez ate por isso) sempre tive preconceito contra as grandes metrópoles, achando que são todas sujas, mal-cheirosas e perigosas.

Mas se até mesmo São Paulo possui áreas bonitas e agradáveis, não poderia ser diferente com a cidade do México.

A grande diferença entre as duas, contudo, está no fato de que quando São Paulo ainda não passava de um pequeno vilarejo, a cidade do México já era capital do vice-reinado espanhol e já possuía palácios e igrejas de uma riqueza que a metrópole brasileira do século XX nunca viria a conhecer em todo o período colonial.

Não se pode dizer que os espanhóis tenham fundado a cidade do México. Quando a expedição de Cortes chegou ao planalto central mexicano já existia lá uma cidade asteca grande e organizada, chamada Tenochtitlan, governada pelo imperador Montezuma.

A cidade original, que se situava sobre uma ilha lacustre, tinha um traçado ortogonal, marcado por eixos monumentais, com grandes templos em forma de pirâmide e palácios de pedra pintados em cores vivas, e era circundada por um sistema de canais que permeavam hortas e plantações de milho.

Depois de vencerem os astecas, os colonizadores espanhóis arrasaram essa cidade e construíram uma nova capital sobre suas ruínas, utilizando grande parte das pedras dos antigos monumentos nos novos edifícios.

Essa parte trágica da história da cidade do México fica aparente quando se visita o Zócalo, praça central da cidade, de onde se pode ver, bem atrás da capela do Sacrário (que fica ao lado da catedral), as escavações do que sobrou do antigo templo asteca, hoje denominado Templo Mayor.

Nesse sitio arqueológico em pleno centro da cidade há um pequeno museu onde se pode ver a maquete da antiga cidade asteca, além de outras maquetes e dioramas que explicam a povoação da região, a construção das pirâmides em camadas sucessivas: cada geração construía uma nova pirâmide sobre a anterior, tornando-a cada vez mais alta.

Há outra maquete da cidade asteca ao ar livre, em frente à entrada lateral da capela do Sacrário, porém mais interessante ainda são as maquetes que ficam em exposição permanente na estação de metrô do Zócalo, que mostram a evolução desse importante espaço público desde o período asteca até meados do século XX.

A praça, que hoje é seca, possuindo apenas um mastro com a bandeira do México, já teve um jardim em estilo francês e já foi cruzada por linhas de bonde. Dois lados do Zócalo são ocupados por edifícios comerciais, com amplas arcadas.

Os outros lados são ocupados respectivamente pela catedral e pelo Palácio Nacional, construído para servir de residência oficial dos vice-reis coloniais.

Se por um lado o Zócalo lembra muito uma praça espanhola, tanto em escala como em tratamento das fachadas, por outro a apropriação que a população faz desse espaço é tipicamente mexicana: o local é povoado por vendedores de artesanato, pedintes e desempregados que oferecem seus serviços por meio de tabuletas, além de acomodar grandes eventos populares e manifestações políticas, sempre encenadas por um povo que lembra muito mais os astecas que os colonizadores.

Uma das características mais marcantes da cidade do México é a pintura mural. Ela está por toda a parte, em especial nos edifícios públicos do centro da cidade, onde é possível entrar e tirar fotos (desde que sem flash).

As pinturas mais impressionantes estão no Palácio Nacional e na Secretaria de Educação Pública, mas há também murais no Palácio de Bellas Artes, no castelo de Chapultepec, na Casa de los Azulejos, e na cidade universitária.

As obras principais são de Rivera, de Orozco, de Siqueiros e de O'Gorman, mas também há trabalhos de jovens talentos que o governo contrata para decorar paredes de edifícios públicos que ainda não foram pintadas, como as escadarias da Suprema Corte de Justiça, onde é possível ver artistas trabalhando.

A primeira vista, é difícil entender por que o governo da elite conservadora teria financiado murais cheios de referencias à revolução dos camponeses (1910-1920) e a símbolos comunistas nas décadas de 20 e 30.

Segundo o guia de viagem da National Geographic, apesar das boas intenções por parte dos artistas nacionalistas, o movimento muralista teria sido usado como um “placebo” para acalmar o povo após a revolução.

O centro da cidade está cheio de construções antigas, algumas delas coloniais, em sua maioria restauradas, que são utilizadas como edifícios públicos, lojas, museus e cafés.

A Casa dos Azulejos é um caso exemplar de patrimônio histórico vivo, com um disputadíssimo restaurante instalado em seu pátio interno.

A Alameda Central era o parque em que a elite elegante do final do século XIX passeava nos finais de semana. Em uma de suas extremidades situa-se o palácio de Bellas Artes, cuja construção teve início na década de 1910 e terminou na década de 1930. Por esse motivo seu exterior é em estilo Art Nouveau, enquanto seu interior é decorado em estilo Art Déco. Além de abrigar um museu, o edifício possui um belíssimo auditório. Na área da Alameda chama a atenção, em termos de arquitetura contemporânea, a nova sede da Secretaria de Relações Exteriores, dos arquitetos Ricardo e Victor Legorreta.

O Paseo de la Reforma é uma longa avenida que vai do centro da cidade até o bosque de Chapultepec, um enorme parque urbano. As largas calçadas dessa avenida são mobiliadas com bancos-escultura, lembrando um museu ao ar livre: mais uma mostra da tradição de mecenato do governo mexicano. Entre a Alameda e o Paseo há alguns edifícios altos, como a Torre Mayor e o hotel Sheraton, ambos em estilo internacional.

No parque, a principal atração é o Museu de Antropologia, projetado nos anos 1960 pelos arquitetos Rafael Mijares e Pedro Ramírez. Além da instigante cobertura de concreto armado sustentada por cabos e apoiada em um único pilar central, o museu se destaca por sua cuidadosa museugrafia, que valoriza cada peça da enorme coleção de arte pré-hispânica.

Finalmente, a 40km ao Norte da cidade do México, as pirâmides de Teotihuacan (“onde os homens se tornam deuses”) são um passeio obrigatório para quem visita a capital mexicana. Ao caminhar pela Calzada de los Muertos é impossível não se lembrar da esplanada dos ministérios e do eixo monumental de Brasília.

O nome desse eixo central da cidade, construída por um povo sobre o qual pouco se sabe, foi dado pelos astecas, que acreditavam que as construções ao longo dessa avenida eram mausoléus.

sobre o autor

Gabriela Celani é professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP.

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