Maurício Azeredo
Maurício Azeredo
A construção da identidade brasileira no mobiliário
Adélia Borges
Série Pontos sobre o Brasil
Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, São Paulo; 1ª edição, 1999
edition: português
120 p
26 x 26 x 0,5 cm
1000 g
illustrated
fullcolor
ISBN
85-85751-13-4
(arquiteto e obra, design)
about the book
Será que devemos bater continuamente na tecla do particular para atingir o universal? Parece óbvio, mas é preciso dizer que sim. É assim que a produção de conhecimento, verdadeiro, se transforma em testemunho e herança de toda a humanidade. As singularidades, quando genuínas, alcançam valor universal. Assim é o trabalho do arquiteto Maurício Azeredo: batendo em sua tecla, no seu canto — que também é nosso, na sua madeira — que também é nossa, em um ritmo todo seu — seu tempo "hispânico" ou "goiano", que deveria ser o nosso, ele abre caminhos e aponta saídas que são, na verdade, entradas para um mundo melhor. Nele, tudo deve ter o seu sentido explicitado, franqueado, alcançável, mas nem por isso, desprovido de fantasia, criatividade e poesia.
Neste livro, Adélia Borges nos conta, com seu texto cristalino e preciso, não cifrado para especialistas, como Maurício Azeredo trabalha para produzir seus móveis e objetos, nos deixando a sensação de que tudo que povoa nosso dia-a-dia também assim deveria ser feito: trabalho criado com honestidade de propósitos, respeito pela natureza e pela cultura dos povos; trabalho feito com a crença na instigante e desafiadora possibilidade de "avançar", ir adiante, que, na nossa profissão, significa CONSTRUIR.
A história do mobiliário no Brasil passa, necessariamente, por Maurício Azeredo, e a maneira de contar esta história não poderia ser melhor do que a utilizada por Adélia Borges: aquela que passeia do produto para o criador, seus tempos de produção, seus amigos, lembranças, preferências e escolhas. É precisa e rica como são os encaixes ou as combinações das madeiras nos móveis de Maurício.
Ao realizar sua obra, Maurício nos ajuda a fazer o levantamento do país. Neste caso, das técnicas do construir, dos costumes do "usar", dar formas e, principalmente, das nossas madeiras — suas possibilidades infinitas de uso, sua riqueza de cores e texturas. São estas experiências "particulares" ou "locais" que nos encorajam a lutar contra a corrente avassaladora do consumo fácil, rápido e descartável, do mundo que nos é imposto, resgatando o verdadeiro "sentido das coisas". E resgatar o sentido das coisas é ter senso estético, que, cada vez mais, na era pós-industrial, é passaporte fundamental para todo cidadão no acesso a uma vida menos sofrida e mais justa.
O trabalho de Maurício Azeredo é um libelo contra a mediocridade, que hoje em dia está infiltrada em toda discussão, seja sobre a produção do industrial design ou sobre a preservação ecológica. Maurício não se seduz pelo caminho fácil e batido, "é madeira que cupim não rói".
(Marcelo Carvalho Ferraz – Arquiteto)
about the author
Adélia Borges
Graduada pela Escola de Comunicações e Artes da USP, é jornalista especializada em design. Escreve sobre design no Brasil para publicações nacionais e internacionais e edita o Boletim da Associação dos Designers Gráficos.