about the book

O arrasamento do Morro do Castelo, intervenção cruel numa das regiões mais simbólicas e importantes do Rio de Janeiro, iniciado por volta de 1920/1921, solidifica uma visão de graves consequências para o nosso patrimônio, sendo ato terrivelmente desfigurador de nossa paisagem urbana.

A cidade do Rio de Janeiro, retrato inconfundível da pujança paisagística nacional, sentada em posição nobre, estrategicamente soberba, do alto do Morro do Castelo, à beira da Baía de Guanabara, desenhou os primeiros passos do seu traçado.

Lá foram construídos o colégio e a igreja dos jesuítas, a sé, o Forte de São Sebastião e a primeira muralha, que propiciava ares medievais à nascente cidade maravilhosa.

Estes monumentos, agrupados na sinuosidade belíssima do Morro do Castelo, são apenas alguns elementos que lhe davam inegável importância histórica, fazendo com que vejamos, com olhos de hoje, que a solução encontrada para o completo arrasamento do morro foi tão somente absurda e nociva para a cidade.

Certamente o IPHAN, criado depois de pouco mais de uma década dessa intervenção destruidora, não tem condições de divagar sobre a história do que não foi feito, ou de dissertar a respeito de alternativas que não foram viabilizadas, e sim procurar buscar entender as condições determinantes desta demolição e trazer ao público os múltiplos registros que podem auxiliar o melhor conhecimento da história do patrimônio do Rio de Janeiro.

A fotografia original dos nossos 500 anos mudou. E muito. O sentido da preservação, com seus valores históricos e estéticos, foram coadjuvantes de rumos políticos, ideológicos e artísticos num país em formação contínua, sendo o Morro do Castelo um exemplo típico de quanto a simplificação é perigosa.

Este livro, Era uma vez o Morro do Castelo pretende levantar a diversidade de questões que envolvem a decisão de preservar ou não e mostrar fatores que interagiram para a demolição do Morro do Castelo.

Era uma vez o Morro do Castelo organizado pelos pesquisadores do IPHAN, José Antônio Nonato e Nubia Melhen Santos, contou com a colaboração especial de muitos estudiosos do tema. Em cada página deste livro, o Castelo renasce como documento.

São centenas de imagens e textos que recuperam a memória do quê representou o morro e seus habitantes, no percurso iniciado no século XVI e interrompido no começo do século XX, quando o morro foi totalmente arrasado.

Era uma vez o Morro do Castelo é um grito de alerta que não pode dormir em nossas gargantas. Com este livro, o IPHAN cumpre mais uma de suas tarefas fundamentais, divulgar o resultado de nossas mais contundentes pesquisas e contribuir para a identificação dos processos que envolvem a trajetória de nossos bens culturais.

about the authors

José Antonio Nonato

Nubia Melhem Santos

how to quote

NONATO, José Antonio; SANTOS, Nubia Melhem. Era uma vez o morro do castelo. 2ª edição, Rio de Janeiro, Iphan, 2000.

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