Jardim da Luz
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Jardim da Luz
Um museu a céu aberto
Ricardo Ohtake and Carlos Dias
Edições Sesc SP, Senac São Paulo, São Paulo; 1ª edição, 2011
original title: Ricardo Ohtake e Carlos Dias
edition: português
hardcover
240 p
25 x 25 x 1,8 cm
1210 g
illustrated
fullcolor
photos
drawings
ISBN
9788539600779
(patrimônio)
about the book
Construído a partir do horto botânico, um viveiro de mudas de plantas, de 1798, o Jardim da Luz foi o principal centro de convivência urbana até o final dos anos 1920, quando se iniciou sua decadência. No ano 2000, passou por uma grande restauração que devolveu ao local sua beleza arquitetônica e paisagística. O arquiteto e designer gráfico Ricardo Ohtake e o historiador Carlos Dias, dois dos principais responsáveis por essa reforma, escreveram Jardim da Luz – um museu a céu aberto, publicado pela Editora Senac São Paulo e Edições Sesc SP.
Com lançamento marcado para o dia 13 de abril, às 18h30, na Livraria Cultura (loja das artes) do Conjunto Nacional, o título conta a trajetória do parque e seu valor, além de registrar os trabalhos, os conceitos e estudos do restauro promovido durante a gestão de Ohtake como Secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo (1998 a 2001).
Ao documentar todo esse processo e a importância social do espaço para o lazer, os autores recompõem também a história da cidade de São Paulo. O título é uma referência à nova política introduzida para o Jardim da Luz, em 1998, segundo a qual o local foi considerado um museu a céu aberto, com edificações, paisagismo, fauna e flora, compondo um acervo permanente no coração da capital paulista.
O livro foi organizado como uma cronologia da trajetória do jardim, apresentando dados sobre o parque, o bairro da Luz, o crescimento urbano e cultural da cidade e a diversidade botânica do local, além de textos analíticos e reflexões de pesquisadores que abordaram a temática dos jardins públicos em seus trabalhos.
Para tornar a obra uma leitura agradável e leve, os autores optaram por um projeto gráfico pouco comum, mas surpreendente ao olhar do leitor. Ohtake criou uma linha do tempo, na qual são intercaladas imagens e informações históricas em cores : o vermelho destaca dados sobre o desenvolvimento do município e do bairro da Luz e o preto apresenta as informações sobre o jardim. As citações de autores e especialistas foram colocadas em boxes, que passeiam pelas páginas. Ao todo, estão reunidas 400 imagens, antigas e recentes. “A ideia é dar uma cara contemporânea, de forma que seja gostoso de ver. Os textos curtos mesclados às fotos permitem que se aprecie o livro aos pedaços”, afirma o arquiteto.
As origens do horto e sua evolução social e cultural
Com textos do historiador Carlos Dias, a obra mostra o nascimento do bairro da Luz e do jardim público. A escolha do local para a criação do horto foi influenciada pela tradição cultural centenária que a região da Luz carregava. “Segundo relatos dos jesuítas, a região se desenvolveu em torno de uma velha trilha indígena, o caminho do Guaré, na qual foi instalada a imagem de Nossa Senhora da Luz, um dos símbolos católicos mais antigos na cidade. Na área já eram realizadas procissões, paradas militares e corridas de cavalo”, aponta Dias.
São descritas em detalhes todas as mudanças pelas quais passou o local, como a transformação em jardim público, em 1825, e a história dos principais monumentos e construções arquitetônicas do parque, como o lago da cruz-de-malta, o coreto e a casa de chá. Ao falar desses aspectos, os autores contam também a relação do local com a população e como fonte de lazer, o que foi se perdendo com sua decadência, a partir de 1920. “Entre as atrações culturais promovidas lá, registraram-se apresentações de bandas, bailes, feiras e as primeiras exibições de inventos científicos na cidade, como a luz elétrica. Foi ainda alvo de manifestações políticas”, conta o historiador.
A arquitetura local e o restauro
Ao longo do livro, pode-se observar a importância arquitetônica do Jardim da Luz, sobretudo quando os autores detalham o restauro realizado, há 11 anos. O parque sobrepõe os estilos barroco e paysager, formando um conjunto eclético de gramados, canteiros, árvores centenárias, grutas e fontes, entre outros. Com o processo de degradação, quase todo o parque estava comprometido, muitas edificações poderiam ruir, longas raízes ameaçavam a flora e até as fundações.
No ano 2000, constatou-se que os reparos eram inevitáveis. Na época, ao lado de Carlos Dias, então seu chefe de gabinete, Ohtake, promoveu a maior restauração feita nos últimos 90 anos. “O mato invadia todos os espaços, não havia qualquer intervenção há pelo menos 50 anos”, afirma o arquiteto. A partir de um projeto do início do século XX, foram recuperados caminhos, calçamentos, canteiros, gradis, o coreto, a casa de chá, a cruz de malta e a gruta, e recomposto o piso original, entre outros. Com técnicas de arqueologia urbana, ressurgiram velhas atrações, foram encontrados um aquário centenário e as fundações de uma torre de 20 metros de altura, construída em 1874, chamada Canudo de João Deodoro, o primeiro arranha-céu da cidade.
Ao final da obra, há uma parte dedicada à fauna e à flora do parque. É possível ver uma grande diversidade de plantas, algumas com mais de 100 anos, como a jaqueira, o cipestre-do-japão e o cedro. Entre os animais que vivem no jardim estão bem-te-vi, sabiá e bicho-preguiça.
about the authors
Ricardo Ohtake
Arquiteto e designer gráfico, é diretor do Instituto Tomie Ohtake. Ex-secretário de Estado da Cultura de São Paulo e do Verde e Meio Ambiente do município de São Paulo, dirigiu o CCSP, o MIS e a Cinemateca Brasileira.
Carlos Dias
Historiador e doutor (USP), diretor do Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo, professor da Facamp. Foi chefe de gabinete da Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo e presidiu o Comitê de Cultura da Secom, em 2002.