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architectourism ISSN 1982-9930


abstracts

português
Leia a entrevista com Francisco Fanucci, especialista em turismo, em que o arquiteto comenta sobre lugares inesquecíveis, jeitos de viajar com surpresas e descobertas, a experiência de projetar no exterior, projetos que atraem turistas e o Museu do Pão

english
Read the Interview with Francisco Fanucci, an expert on tourism, where the architect speaks about unforgettable places, ways to travel making discoveries, the experience of projecting to the exterior, projects that attract tourists and the Bread Museum

español
Lea la entrevista con Francisco Fanucci, donde el arquitecto habla sobre lugares inolvidables, maneras de viajar haciendo descubrimientos, la experiencia de proyectar en el exterior, proyectos que atraen turistas y el Museo del Pan


how to quote

FANUCCI, Francisco. Arquitetura em sítios históricos. Arquiteturismo, São Paulo, ano 02, n. 020.03, Vitruvius, out. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/02.020/1466>.


Quais os lugares mais inesquecíveis que conheceu?

Caminhar pela paisagem do cerrado na viagem por uma estrada vicinal próxima a Pirenópolis, com o sol da tardinha sobre a terra vermelha, as pedras e a vegetação do lugar; entrar no salão do Pantheon, em Roma, com a luz mágica que penetra pelo vazio circular do centro da abóbada de seu teto; a primeira vez que fui a Brasília ver o entardecer na Praça dos Três Poderes; subir no Pão de Açúcar e olhar...

Pantheon, Roma
Foto Francisco Fanucci


Como foi projetar para comunidades de imigrantes?

Nós nunca projetamos para comunidades de imigrantes. O que tentamos fazer, seja no caso do KKKK em Registro, ou no Museu do Pão e dos moinhos na serra gaúcha, foi projetar a partir das ricas experiências de interação cultural que os imigrantes japoneses e italianos nos revelaram.

Novo projeto em sitio histórico é um risco?

Pode ser, mas reinserir um edifício histórico com novo uso na vida urbana pode ser a chance que garantirá sua sobrevida e da memória que porta.

Qual a melhor forma de se conhecer uma cidade?

Creio que seja caminhando por suas ruas. Estar pela primeira vez numa terra desconhecida é sempre uma experiência que aguça todos os nossos sentidos. Cada detalhe é percebido: o comportamento das pessoas, os cheiros, a luz, os sons, o gosto da comida  tudo é novidade, tudo faz parte da experiência. Nosso sentimento de cada lugar acaba sendo o conjunto destas sensações.

Exposição Brasil Arquitetura, Tóquio
Foto Brasil Arquitetura


Os guias de arquitetura ajudam ou atrapalham?

As dicas de conhecidos do lugar ou de amigos que já viajaram antes costumam ser mais eficientes do que a consulta a guias. Os guias nos revelam em geral aquilo que já é reconhecido como marca da terra e trazem informações úteis que podem nos ajudar a decidir por conhecer algum lugar – em geral tomado por multidões de turistas apressados e ávidos por registrar em fotos sua própria presença. O prazer maior para mim, sem dúvida, é o da descoberta. Nada pode substituir o contato direto e a experiência única e pessoal que podemos viver em cada situação, às vezes prosaica e simples.

Qual a diferença em projetar para uma cidade antiga e uma cidade nova?

Nenhuma. Creio que as cidades nunca são tão novas a ponto de sua preexistência não representar o sentido mais profundo a que devemos nos reportar e, especialmente no caso do Brasil, nunca são tão antigas a ponto de nos intimidar e impedir que possamos olhá-las como artefatos vivos e em permanente transformação.

Francisco Fanucci em Tóquio, Japão
Foto divulgação


Onde encontrou mais surpresas magníficas?

Retornei a pouco de minha primeira viagem a Tóquio. No avião, havia lido um pequeno livro chamado Elogio da Sombra de Junichiro Tanizaki, que ganhei de um amigo. Tanizaki fala do amor, na estética tradicional japonesa, pelas infinitas nuances das sombras e pelos pequenos, distantes e misteriosos sons que o silêncio da natureza pode nos proporcionar. Mostra que a casa tradicional japonesa é antes de tudo uma grande cobertura que delimita no espaço luminoso um universo de sombra e silêncio.

Reagia, em 1933, contra a ocidentalização de seu país. Eu não podia imaginar com clareza o que me esperava. O ônibus do aeroporto até a estação onde tomaria o trem para o meu destino foi adentrando, num crescendo, uma complexa estrutura urbana, que foi nos cercando por todos os lados, por baixo e por cima, com trens, metrô, carros, barcos e gente em constante movimento em todas as direções... Na estação Shinjuku uma multidão apressada se movimentava como num formigueiro em alvoroço, em um shopping center cheio de restaurantes e de escadas rolantes que levavam a plataformas de embarque pra todos os lados.

Um lugar ruidoso e exageradamente iluminado que causaria o desespero de seus ancestrais. No entanto é uma cidade que funciona para seus milhões de habitantes. É assim porque dispõe de uma inacreditável estrutura de transporte público de massa, de ruas limpas e confortáveis e porque sua população parece ter uma profunda consciência dos códigos necessários para a convivência, uma educação que veio de experiências de terremotos e guerras e, mais distante no tempo, veio também do Japão de Tanizaki.

Genetics of Brazilian Architecture – Encounter and Renaissence. Exposição Brasil Arquitetura em Tóquio, Japão
Fotos Brasil Arquitetura


Comente algumas intervenções em sítios históricos.

O trabalho de Lina Bo Bardi no centro histórico de Salvador, apesar de ter sido abruptamente interrompido e depois abandonado, pode ser considerado um belo exemplo. O que ela procurava naquela paisagem desolada era restaurar e preservar não só os edifícios, mas o que ela chamou de alma popular da cidade. Sua estratégia, além de solidarizar as velhas construções com a solução técnica genial dos pré-moldados do Lelé, era principalmente fixar as pessoas, juntando as habitações com pequenos comércios, criando uma estrutura de trabalho ligada à habitação, que pudesse garantir a manutenção das pessoas na cidade que é sua, antes de qualquer coisa. O que foi feito do Pelourinho, anos depois, nos oferece um eloqüente mau exemplo. Um ambiente artificial, com um comércio totalmente voltado aos turistas e ao consumo, que expulsou seus moradores e precisa ter seus limites permanentemente vigiados pela polícia. Arrombaram a velha estrutura urbana portuguesa dos quintais de miolo de quadra, contrapontos protegidos das ruas, transformando-os em desajeitados e barulhentos espaços “públicos” cercados pelos fundos do velho casario.

Novos equipamentos induzem ao turismo?

A visitação turística é uma forma de garantir a sustentabilidade econômica, a visibilidade e o reconhecimento de valores históricos ou culturais de um lugar. Para isso, estes valores devem ser claramente identificados, ressaltados e protegidos.

Artigo em La Vanguardia, com matéria sobre obras do Brasil Arquitetura e Álvaro Siza no Rio Grande do Sul
Foto divulgação

Como pensar o Museu do Pão em Ilópolis à luz da Fundação Iberê?

Embora ambos estejam atraindo visitação turística, guardadas as proporções, a belíssima obra de Álvaro Siza em Porto Alegre tem muito pouco a ver com o Museu do Pão, de Ilópolis. Talvez a grande sensibilidade e receptividade de Siza para o que lhe diz o lugar, em seu sentido mais amplo, seja um ponto de aproximação, uma vez que é uma referência para nós. Há um artigo de Josep Maria Montaner e Zaida Muxi para a revista La Vanguardia do mês de julho de 2008, chamado “Paraíso Urbano en el Rio Grande del Sur” que traça um paralelo entre os dois projetos.

Projetar no exterior foi uma experiência especial?

Sem dúvida. E cada uma à sua maneira. Tivemos o privilégio de duas oportunidades de projetos no exterior, frutos de concursos. Na primeira, em 1997, oito anos após a queda do muro, desenhamos a recaracterização do bairro chamado Gelbes Viertel (Bairro Amarelo), em Hellersdorf, zona leste de Berlim. Trata-se de uma região da cidade inteiramente construída em um sistema de pré-moldados de concreto de origem soviética, parte de uma paisagem urbana totalmente estandartizada que se iniciava ali e parecia se estender até a Rússia... No outro caso, uma casa na Finlândia, numa reserva florestal às margens do Báltico, em região próxima a Helsinqui. Em ambos os casos estivemos trabalhando em circunstâncias um pouco diferentes das nossas, seja do ponto de vista climático, tecnológico ou cultural. Se, por um lado, estas experiências reforçaram em nós algumas convicções, por outro apresentaram também a necessidade de nos abrirmos para outras formas de construir e de habitar.

sobre o autor

Francisco de Paiva Fanucci, arquiteto (FAUUSP, 1977), sócio do escritório Brasil Arquitetura e da Marcenaria Baraúna e professor de projeto na Escola da Cidade. Ganhador dos prêmios da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (1993 e 2006), Rino Levi IAB/SP (1997), Bienal Internacional de Arquitetura de Quito (1998 e 2006), IAB/SP (1998 e 2002), Bienal Internacional de Brasília (2006), Rodrigo Mello Franco IPHAN (2008) e O Melhor da Arquitetura (2008)

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020.03 Entrevista
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