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architectourism ISSN 1982-9930

Moana's Valley, Hawaii. Fotomontagem de Victor Hugo Mori

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Leia o artigo de Roney Cytrynowicz, relato de seu passeio no dia de abertura das novas estações Faria Lima e Paulista da Linha 4 do metrô paulistano


how to quote

CYTRYNOWICZ, Roney. Passeando pela nova linha do metrô (e a reconfiguração dos fluxos na cidade). Arquiteturismo, São Paulo, ano 04, n. 040.01, Vitruvius, jun. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/04.040/3493>.


Centenas de pessoas andavam pelas estações e corredores, passeavam, alegravam-se, confraternizavam, comentavam entre si, admiravam estruturas gigantes e pequenos detalhes, muitos fotografavam desde uma viga imensa até um parafuso minúsculo. Uma festa e tanto, verdadeira celebração: assim foi a abertura e o primeiro dia de funcionamento da nova linha do metrô, entre as estações Paulista e Faria Lima.

Havia pessoas que visivelmente já estavam utilizando a nova linha a trabalho ou outras obrigações, afinal, fazer o trajeto entre a Consolação e a Faria Lima em menos de dez minutos é impressionante. Mas havia, sobretudo, centenas, milhares de pessoas que foram passear – sim, passear! –, dar uma volta, xeretar e conhecer as novas estações, os trens, o trajeto e, enfim, curtir esse momento em que – rara oportunidade – São Paulo se torna uma cidade em que é possível gostar “dela” e de gostar de viver “nela”, apesar de todos os infinitos e insolúveis problemas. E havia realmente gente de todas as idades passeando.

A descida na estação Paulista parece uma viagem ao centro da Terra, nos lembrando a topografia paulistana e o espigão da Avenida Paulista: é preciso descer fundo para o metrô viajar nivelado até a Faria Lima. Pessoas sozinhas e em grupos paravam e olhavam, se maravilhavam com as soluções da engenharia e a decoração das estações, fotografavam sem fim tudo o que é possível e eram tantas pessoas fotografando que as fotos vão mostrar dezenas de... fotógrafos... Parafusos e paredes pareciam obras de museus. Funcionários do metrô, de todas as categorias, andavam pelas estações, muitas vezes confraternizando; afinal, eles eram os anfitriões da festa.

Sentando nos bancos dos vagões era irresistível não trocar uma palavrinha com o vizinho. Muitos mediam o tempo da viagem e apontavam o dedo para o relógio exaltando a rapidez e a pontualidade. O trem do metrô permite agora circular entre os vagões, interessante solução para remanejar os bolinhos de pessoas. Mas o que se viu neste primeiro dia era gente brincando de andar dentro do trem e passar de um vagão para o outro. Crianças com cara de sérias, sem saber se era permitido, e velhinhos com cara de sapeca, sabendo que não deviam, mas ahhh... quem resiste a brincar – por pelo menos um único dia na vida – dentro de um trem do metrô? A certa altura passou uma pessoa correndo com a bandeira do Brasil...

Duas imagens fortes me vieram enquanto eu viajava rumo à Faria Lima: muitas memórias de primeiras viagens de trem em estações do interior a partir do século 19, imagem celebrada em fotos belíssimas, a cidade inteira presente para testemunhar a chegada do trem, a conexão à cidade, a conquista do progresso, a possibilidade de visitar parentes; existem centenas de comoventes histórias assim. A outra imagem é a do meu pai e eu na primeira semana de funcionamento do metrô em 1974; eu tinha dez anos e meu pai provavelmente achou que me levar naquela semana de inauguração fazia parte dos acontecimentos históricos que eu deveria testemunhar na minha infância e que nós devíamos viver juntos como um momento especial entre pai e filho.

A festa de inauguração do metrô, por mais sentimental que seja esse relato, é a celebração da possibilidade de uma cidade melhor. Uma nova linha do metrô não é a abertura de um novo viaduto ou ponte, não é uma promoção de gasolina sem impostos (e sem Estado e sem metrô?) nos postos, não é a inauguração de um novo empreendimento comercial, é a vitória, em São Paulo, da circulação e do transporte coletivos, trens e vagões onde paulistanos, de todos os tipos, se encontram, se olham e se reconhecem. Unindo, em breve, a Luz ao Morumbi, ou seja, refazendo e superando um pouco a geografia das segregações sociais e urbanas na cidade. O que vai mudar? Não sabemos, mas existe agora um potencial de circulação e fluxos em direções e sentidos que antes não existiam. Em uma metrópole isso é básico, é condição de vida. E um dia de festa coletiva em São Paulo, como uma virada cultural, que reconfigura os fluxos e a circulação na cidade, colocando em contato lugares e pessoas que vão estar de alguma forma interligados, é sem dúvida uma bela conquista.

nota

Este relato foi escrito no dia 25 de maio de 2010 logo após a inauguração da nova linha de metrô em São Paulo.

sobre o autor

Roney Cytrynowicz é historiador e organizador de Dez roteiros históricos a pé em São Paulo e da coleção de guias de passeios a pé na cidade e no Estado de São Paulo da editora Narrativa Um (www.narrativaum.com.br).

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