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architectourism ISSN 1982-9930

Panorâmica das ruínas de Roma. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Com apoio de Vanessa Sanches, o turismólogo registra sua viagem pelo sul do Brasil, com suas visitas a Balneário Camboriú, Blumenau e Florianópolis.


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SANTOS JR, Sérgio Antonio dos; SANCHES, Vanessa. Diário de um arquiteturismólogo em Santa Catarina. Arquiteturismo, São Paulo, ano 04, n. 046.01, Vitruvius, dez. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/04.046/3667>.


O sul do Brasil é um lugar particularmente incrível em vários aspectos: a viagem a Santa Catarina, a hospitalidade das pessoas, o ambiente em si... A ansiedade já se apresenta no aeroporto, com os pés tremulantes inquietos, um bom sinal que há outras emoções envolvidas: não gosto de voar.

Navio pirara, montanha ao fundo local do complexo Unipraias, quebra mar da Barra Sul, molhe
Foto Sérgio Jr.


A cidade escolhida para estadia e ponto de partida para os demais destinos foi o Balneário Camboriú. Durante o traslado – e chamo a atenção para informar o nome correto desta função, visto que a maioria das pessoas diz “translado”, e este “n” faz toda a diferença, pois traslado é para pessoas vivas e translado é o ato de transportar pessoas mortas –, o guia explicava aspectos importantes da história da cidade. Mas o que me surpreendeu foram os aspectos econômicos: a cidade mantém seu foco no turismo e na construção civil.

Praia Larangeiras, Larangeiras SC
Foto Sérgio Jr.


Atualmente Balneário Camboriú recebe pouco mais que o dobro de visitantes que a capital Florianópolis e, devido a este fato, a infraestrutura turística – que envolve redes hoteleiras, bares e restaurantes, opções de lazer etc. – foram fortemente desenvolvidas pelo setor imobiliário. A cidade dispõe de inúmeros arranha-céus, alguns acima de vinte andares, na orla da praia. Como arquiteturismólogo pergunto ao guia sobre a construção e ele informa que para se erguer edifícios tão altos, utiliza-se areia do próprio local e de mesma gramatura no cimento. Técnica semelhante foi utilizada em uma residência na Califórnia para resistir às ações do tempo e aos terremotos.

A cidade de Balneário Camboriú possui alguns atrativos turísticos de lazer, como os barcos temáticos, que lembram navios piratas. A equipe de recreação faz um trabalho muito bom, desde a caracterização dos piratas, lutas a bordo e interatividade com o público. O transporte público da cidade que liga a Barra Norte à Barra Sul é feita pelo Bondindinho, carinhosamente chamada pelos habitantes locais de “dindinho”. Ele passa pelas avenidas Brasil e Atlântica, onde o ponto final é o quebra-mar conhecido como Molhe da Barra Sul e o Parque Unipraias. O complexo Unipraias dispõe de 47 bondinhos, transporte aéreo por cabos, considerado o sistema mais avançado existente atualmente.

Transporte público, Bondindinho; Barra Sul SC
Foto Sérgio Jr.


De bondinho, chegamos à primeira parada no Parque de Aventuras, onde passei uma tarde agradável. Para quem curte um turismo de aventura, deve ir ao maior trenó da América do Sul, o Yahoo, brinquedo que lembra um carrinho de montanha russa, com a diferença de ser possível controlar a velocidade. Há também o Parque Ambiental, com suas “trilhas” – percursos calçados com blocos de paralelepípedos que nos levam até mirantes, onde é possível observar o “molhe”, um quebra onda que fica além da orla da praia. Para finalizar, há também o percurso de arvorismo, com doze obstáculos, e que leva aproximadamente trinta minutos para ser percorrido. Tanto o bondinho quanto as embarcações piratas levam ao mesmo destino – a praia de Laranjeiras. Esta praia, além de ser a mais bonita, é apropriada ao banho de mar. Advirto que não vi ninguém se banhar na praia de Balneário Camboriú, a praia Central, ao menos não os moradores, pois – apesar das placas afirmarem o contrário – não é adequada devido ao esgoto.

Cristo Luz, Morro da Luz, Balneário Camboriú
Foto Sérgio Jr.


Nesse mesmo dia, com transporte oferecido pela cidade, fomos visitar o Cristo Luz, que mede cerca de 33 metros e fica situado na montanha mais alta da cidade. Cada dia da semana ele, é iluminado por uma cor diferente, com significado particular.

O dia foi marcado pelo maior parque temático da América Latina, o Beto Carrero World. O parque é dividido por áreas temáticas, como a Ilha dos Piratas, Faroeste, Ilha da Fantasia, dos Gigantes, entre outros. Além de shows temáticos durante o dia, sempre gostei de clássicos medievais e não podia deixar de comparecer ao Excalibur, onde cavalheiros estão numa arena combatendo entre si em cima de cavalos; a trama é muito bem elaborada. Em relação aos brinquedos, há duas atrações imperdíveis para quem gosta de uma adrenalina, como a Big Tower, de 100m de altura despencados em 4 segundos, e a montanha russa Firewhip, seu design faz menção à tradução literal de seu nome “chicote de fogo”, a mais nova montanha russa e a primeira do Brasil a ser invertida. O Beto Carrero comprou muitas áreas verdes que fazem parte do terreno do parque, mas que são apenas isso, intocadas para não serem destruídas.

Sitio Beto Carrero, Beto Carrero World
Foto Sérgio Jr.

Desde a época que estudava oceanografia, tinha vontade de observar baleias. Nos meses de setembro e outubro acontece a visita das baleias francas ao sul catarinense, especialmente em Imbituba. Peguei o ônibus de viagem na rodoviária e fui. A cidade é tida como berçário destes cetáceos. Com o objetivo de proteger os animais, foi criada em 2002 a APA – Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, como informa as placas espalhadas em diversos pontos da cidade. O passeio ocorre logo pela manhã por volta das oito horas, sendo necessária estadia anterior ao passeio. É importante lembrar e seguir as recomendações dos guias, como não jogar alimentos, afinal elas não são carpas! Nos avisam que o barco ficaria a pelo menos cem metros de distância das baleias, mas a maré e o próprio nado do animal garantem fotos mais próximas. Era um desejo antigo, realizado após anos.

Postos para observação de baleias, Imbituba SC
Foto Sérgio Jr.


No trajeto de volta a Balneário Camboriú, não há um ponto de ônibus fixo – espera-se em ponto incerto na estrada – e, após perder dois ônibus e fazer inúmeras reclamações, a companhia nos enviou um ônibus de resgate, que nos levou para a capital Florianópolis e de lá para Balneário Camboriú. Se fosse meu passeio de último dia certamente teria perdido o vôo.

Apresentação parcial das fachadas da prefeitura de Blumenau, Vale do Itajaí, Blumenau SC
Foto Sérgio Jr.


Minha viagem aconteceu no último final de semana do mês de outubro e, para fechar com chave de ouro, fomos a um evento de turismo. A cidade de Blumenau abriga um dos eventos mais conhecido por todos os brasileiros – a Oktoberfest, festa tipicamente alemã na nomenclatura, no ambiente com estilo germânico, na arquitetura, mesmo que só por fachada. O estilo enxaimel ou germânico, não é mais aplicado nas construções dos tempos atuais, visto que envolviam grandes toras de madeira e placas apoiadas para o fechamento estrutural. Hoje em dia o tijolo assim como a estrutura metálica substitui a madeira para este fim. Conversando com os moradores de Blumenau, fiquei surpreso ao saber que a festa tem muito mais participação do turista que dos moradores. Para elitizar a festa, os preços foram elevados, o que afastou o morador com menor poder aquisitivo.

Desfile Oktoberfest, Av. Quinze de Novembro, Blumenau SC
Foto Sérgio Jr.


O ônibus turístico tem seu ponto de parada na Prefeitura de Blumenau – em estilo germânico, com quatro fachadas iguais e uma réplica da Macuca, trem que circulava pela cidade, na frente da fachada principal – e, enquanto ele taxiava, era possível ver o rio que transbordou no ano de 2008 devido às fortes chuvas. Questionei um senhor de meia idade que ali passava sobre as enchentes e ele comentou que a mídia não divulgou o período pós-enchente, que afetou muito o fluxo turístico até recentemente, pelo menos dois anos após o ocorrido. Por ser uma das maiores colônias alemãs no Brasil, Blumenau recebeu recursos significativos de Berlim, afirmou o alemão, que acena após finalizar a frase, seguindo em direção às pessoas trajando roupas típicas.

Na avenida principal – a Quinze de Novembro, com suas diversas atrações turísticas, como o Castelinho, em estilo enxaimel, o Mausoléu do Sr. Blumenau, a Fundação Cultural, o Memorial dos 100 anos de imigração, o Museu da Cerveja, além de uma igreja – acontece o desfile, que começa pontualmente no horário marcado. São distribuídos doces para as crianças e cerveja para os adultos; os carros alegóricos são bem mais simples do que os de carnaval, mas a população se diverte na mesma medida. É interessante assistir os descendentes se caracterizando para manter a cultura dos antepassados; não imaginava que fosse desta forma, com a participação de idosos, jovens e crianças. Terminada a festa, a equipe de limpeza inicia o serviço e em pouco tempo a cidade está limpa, praticamente sem registro do desfile que ocorreu momentos antes.

Igreja Nossa Senhora do Desterro, Centro Histórico, Florianópolis SC
Foto Sérgio Jr.


O último ponto a ser visitado no percurso desta viagem é a Capital Florianópolis. Quando o ônibus ainda trafegava pela estrada e se aproximava do centro, presenciamos algumas favelas, mas que não são parecidas com as de São Paulo e Rio de Janeiro, pois se assemelhavam a casas populares. O pequeno centro histórico e o mercado não são as principais atrações do dia, mas, como bom turismólogo, tudo tem que ser conferido e registrado: o museu da cidade ainda mantém fachada no estilo historicista e abriga obras do autor negro Cruz e Souza; a igreja Nossa Senhora do Desterro – situada no ponto mais alto da cidade, núcleo do qual cidade começa a se desenvolver para seu entorno – abriga a padroeira da cidade, com mesmo nome da igreja. Ao reembarcar seguimos em direção à Praia da Joaquina, com direito a uma parada no mirante para avistar a Lagoa da Conceição. Eu não sabia disso, mas não é só no Nordeste que temos dunas; no Sul também tem! A vista é muito bonita, o sol é muito forte, mas os ventos gélidos confundem os sentidos.

Visto da Igreja Nossa Senhora do Desterro o Museu de Florianópolis, Centro Histórico, Florianópolis SC
Foto Sérgio Jr.


sobre os autores

Sérgio Antonio dos Santos Jr é bacharel em turismo e graduando em arquitetura e urbanismo. Desenvolveu trabalhos acadêmicos referentes ao planejamento organizacional do turismo nos estados do sul do Brasil. Atualmente dedica-se ao "Arquiteturismo", elaborando pesquisas científicas conceituais, envolvendo aspectos da interação entre arquitetura e turismo.

Vanessa Sanches é bacharel em turismo, atua como atendente de viagens nacionais e internacionais, desenvolve projetos experimentais turísticos para estados do sul do Brasil.

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