Para a grande maioria da classe média brasileira Miami sempre foi o seu primeiro destino internacional. Talvez por ser o “primeiro mundo” mais próximo e a mais latina das cidades norte-americanas, quem sabe pela fantasia dos parques temáticos, dos filmes do passado, dos concursos de Miss Universo.
Para mim, Miami sempre foi um destino a ser evitado. Preconceito que deve ter surgido ainda na minha juventude estudantil. Ato inconsciente ou infantil de ignorar a “pequena Havana” que dava certo. Depois de cruzar o mundo várias vezes, América Latina, Europa, Ásia, Ásia Menor, África, e por dezenas de vezes ficar em Nova York, Washington, Chicago, São Francisco, Mineápolis e até Honolulu fui convencido pela Nina (minha esposa) de passar uns dias em Miami, que ela já tinha ido e gostado.
Por precaução escolhi um dos hotéis da rede Morgans, criadores do conceito de hotel-design como o Royalton de NY e o Delano de Miami concebidos por Philippe Starck. O Hotel Mondrian é o mais novo filhote do grupo em Miami. Outra precaução foi encomendar um vôo exclusivo de helicóptero pela cidade e apreciar Coral Gable, concebida em 1920 por George Merrick, a cidade-jardim que se transformou no padrão de bairro de moradia americana.
A impressão do primeiro dia avistada do terraço do hotel mostrou duas cidades diferentes. Nos outros dias descobri várias outras Miamis. A cidade é múltipla, latina, americana, caribenha, brasileira, bela, feia, brega e chic. Cabe também na definição de Sampa, é o avesso do avesso, uma síntese das Américas. Me peguei gostando.