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architectourism ISSN 1982-9930

Bela Vista, São Paulo. Foto Victor Hugo Mori

abstracts

português
Exposições de encerramento do ano letivo de 2010-2011 na Escola de Belas Artes de Paris nos colocam muita coisa a pensar.


how to quote

ZAKIA, Silvia Palazzi. Exposições parisienses. Arte e arquitetura na École des Beaux-Arts. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 064.06, Vitruvius, jun. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.064/4029>.


Por ocasião do término do ano letivo, a instituição acadêmica organiza e promove uma grande exposição nominada Portas Abertas. O nome diz tudo!

Cartaz da exposição "Portes Ouvertes 2011"
Imagem divulgação

Durante dois dias consecutivos, sexta-feira e sábado, respectivamente 24 e 25 de junho de 2011, os portões da escola ficaram abertos à visitação pública. Os trabalhos de diferentes técnicas e adotando os mais variados tipos de materiais preencheram os edifícios seculares da Beaux-Arts. Alguns recintos sombrios tornaram-se rejuvenescidos com a incorporação das obras contemporâneas. Uma alegria jovial invadiu todos aqueles ambientes austeros e solenes, quer fosse pela presença da “moçada”, do público leigo ou das próprias obras.

Palais des Études, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

É uma daquelas oportunidades imperdíveis para se conhecer os espaços internos da instituição, no momento, compartilhados com obras instigantes: o impressionante Palais des Études com seu pátio coberto, que foi recentemente restaurado; o edifício mais antigo da escola, a capela, construída no século XVII; o pátio de entrada, Cour Bonaparte; o acolhedor jardim interno, Cour du Mûrier, antigo claustro do convento Petits-Augustins; o anfiteatro de honra, Amphithéâtre d’honneur, sala revestida pelo espírito sacro que a instituição emana, os ateliers, jardins, enfim arte por toda parte (escusas pelo trocadilho).

Exposição "Portes Ouvertes 2011", Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

As obras são as mais inusitadas possíveis, mesclam-se instalações, esculturas, pinturas, vídeos, performances. Uma miríade de trabalhos que seduzem o público. Nas visitas aos ateliês era também possível a interlocução com alunos e monitores a respeito dos trabalhos e técnicas ali desenvolvidos.

A exposição além de aproximar a escola do público promove a integração entre o curso de artes e o de arquitetura, que também é ministrado nesse mesmo complexo de edificações, mas ocupando outros prédios, o Perret, o Lenoir e o Mûrier.

Pátio Mûrier, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

Os alunos circulam, convivem e compartilham os mesmos prédios, o que facilita a integração entre as muitas experiências artísticas. Fato que amplia e enriquece a formação acadêmica dos futuros arquitetos. È um valioso contato direto com as discussões artísticas contemporâneas, estendidas a todos os alunos das duas escolas.

Exposição "Portes Ouvertes 2011", Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

Ainda fazendo parte da exposição Portes Ouvertes, aconteceu conjuntamente a mostra que reúne os melhores trabalhos dos formandos da Escola de Belas Artes de 2011, intitulada este ano Le vent d’après. Sua duração se estendeu por dois meses, entre 27 de maio e 10 de julho. Os vinte e dois jovens artistas laureados apresentaram obras especialmente concebidas para a mostra, que teve como tema o verso de Roger Gilbert-Lecomte, que a nomeia. A exposição revela a diversidade e abundância das práticas ensinadas pela escola: fotografia, vídeo, escultura, instalações, pintura.

Exposição “Le vent d’après”, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

Momento de celebração e de retorno da escola à sociedade, que comparece, aprecia e prestigia o evento. Uma via de duas mãos. A instituição não é encapsulada em si mesma. Experiência que nos faz refletir sobre as nossas escolas e o papel que podem assumir junto à sociedade, apresentado ao público os resultados dos trabalhos e discussões acadêmicas.

Exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Edifício Lenoir, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

Mas, não foi só o evento acima reportado que me interessou. Paralelamente à exposição Portes Ouvertes 2011, ocorreu nos domínios da Beaux-Arts, precisamente no anfiteatro de honra, Hémicycle d’honneur, um evento de arquitetura: e exposição de três projetos de bibliotecas realizados pelo escritório OMA, que durou um mês (17 de junho a 20 de julho).

Fachada do edifício Lenoir com cartaz da exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

O arquiteto Rem Koolhaas, chefe do escritório de arquitetura OMA (Office for Metropolitan Architecture), sediado em Rotterdam, organizou com apoio da École Nationale Supériure d’Architecture Paris-Malaquais (ENSA Paris-Malaquais) e com a participação de uma quinzena de estudantes, a exposição nominada (IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France. Um evento da maior consistência que propõe a reflexão sobre a arquitetura da atualidade a partir da apresentação de projetos específicos de bibliotecas em solo francês, sendo que entre eles somente o último está em construção, os outros ficaram no papel.

Cartaz da exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Edifício Lenoir, Escola de Belas Artes, Paris
Imagem divulgação

Com essa perspectiva de debate em mente, Koolhaas apresentou três projetos que seu escritório havia elaborado para a França, o primeiro deles para o concurso da grande biblioteca nacional, projeto de 1989, merecedor de menção honrosa; o segundo projeto, de 1992, é composto por duas bibliotecas para o campus universitário de Jussieu, também não realizado e, o último, ganhador do concurso apresentado em 2010 para a Bibliothèque Multimédia à Vocation Régionale de Caen (BMVR), com inauguração prevista para 2015.

Salientaria quatro fatores sobre a exposição: o primeiro deles sobre a pertinência do tema escolhido: o programa das bibliotecas, questão que por si só já enseja grandes debates. Como comenta o arquiteto, as bibliotecas tornaram-se os últimos espaços públicos fora do sistema de mercado. “A biblioteca é um dos últimos lugares onde o público se reúne sem comprar. (...) Ela é sempre o único espaço aberto a todos, gratuito, oferecendo um acesso direto, sem mediações obrigatórias. As bibliotecas são a expressão de um desejo de democratização da cultura” (Koolhaas, 2011).

Exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Edifício Lenoir, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

O segundo aspecto importante da exposição é tornar compreensível o processo de concepção projetual do escritório. Uma série de esboços, desenhos, imagens e maquetes desnudam o processo criativo e intelectualmente complexo do escritório OMA. No piso do anfiteatro sob uma base de placas acrílicas estavam dispostos inúmeros croquis, imagens, anotações variadas e estudos volumétricos que alocados especificamente pelos três temas da exposição (IM)pur, (IN)forme, (IR)réel, incitavam a curiosidade. Podia-se percorrer de forma indistinta por sobre os desenhos na busca pela compreensão da trajetória de concepção dos edifícios. Não havia um caminho previamente definido.

O terceiro ponto destacável, diz respeito à adequação e cuidado da montagem da exposição organizada especificamente para ocorrer neste local. Discutir rumos da arquitetura atual em paralelo ao peso histórico do Hemicycle d’honneur, local solene de sagração das artes ocidentais, parecia ser uma premissa da mostra. A exposição dialogava com espaço em que estava inscrita, de uma arquitetura que é marcada pelo grandioso afresco mural de Paul Delaroche, pintado em 1841, composição que retrata 74 figuras, entre artistas, pintores, escultores, arquitetos e pensadores. A representação das gerações de sábios parece atender à interlocução que a mostra se propunha trazer. Nossas concepções são e/ou ainda serão tributárias dos pensamentos daqueles que ali figuram?

Exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Edifício Lenoir, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

Por fim gostaria de destacar o quarto e último ponto a respeito da exposição: seu intento de aproximar público leigo, meio acadêmico e meio profissional ao promover reflexões sobre a arquitetura contemporânea, assunto de interesse de todos cidadãos. A cidade é tema para todos. Afinal, com quais dilemas os arquitetos se defrontam no momento atual?

Completando a exposição, alguns catálogos explicativos estavam dispostos nas arquibancadas, bem como vídeos contendo entrevistas de nove profissionais que estiveram envolvidos nos projetos apresentados.

Ainda bem que existem os arquitetos “celebridades”, ao meu ver, verdadeiros arquitetos.

“Alguns pensam que os arquitetos ‘celebridades’ (estrelas) são megalomaníacos indiferentes ao social. (...) Ora, é justamente por esta razão (caráter social) que estamos na profissão” (Koolhaas).

Que final de semestre enriquecedor as duas escolas proporcionaram aos seus alunos e ao público interessado. Portas abertas ao conhecimento resume tudo.

Deixo aqui o convite para que nossas instituições se abram.

Exposição “(IM)pur, (IN)forme, (IR)réel: 3 bibliothèques pour la France, OMA”, Edifício Lenoir, Escola de Belas Artes, Paris
Foto Silvia Palazzi Zakia

sobre a autora

Silvia A. Palazzi Zakia é arquiteta, doutoranda pela FAU-USP e bolsista Fapesp.

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