Em 1952, o arquiteto Oswaldo Arthur Bratke (1907–1997) foi convidado pelo amigo Oscar Americano para construir a residência da família. A obra foi edificada no bairro do Morumbi em uma gleba de 75.000 m². Bratke – que presidiu o IAB/SP em duas gestões, nos anos de 1951 a 1954, e projetou diversas residências na cidade de São Paulo – projetou uma casa marcada por uma volumetria que não conflita com a natureza e se adapta ao perfil natural do terreno. A predileção pela horizontalidade tem como intenção que os futuros moradores usufruíssem a vegetação e os jardins.
A entrada da propriedade localiza-se na parte baixa do terreno, enquanto que a construção está na parte superior, para que assim possa propiciar maior privacidade. A setorização é claramente demarcada na obra, dividida em três partes básicas: a área íntima e a de serviços nas extremidades, e a área social.
O projeto segue um extenso programa, com cinco quartos, salas de recreação e de projeção, etc., sendo que o programa principal está distribuído no piso mais alto, deixando o inferior para lazer e serviços.
A obra é marcada por uma volumetria que não conflita com a natureza e se adapta ao perfil natural do terreno. Logo, o desenho é horizontalizado a fim de usufruir a vegetação e dos jardins. A entrada da propriedade localiza-se na parte baixa do terreno, enquanto que a construção está na parte superior, para que assim possa propiciar maior privacidade.
A residência apresenta uma relação forte com as áreas externas através dos seus grandes planos de vidro. O projeto de interiores conseguiu desenvolver uma linguagem condizente e integrada entre o espaço interior e a casca arquitetônica através da criação de um mobiliário exclusivo que enfatizava um ponto forte do projeto, que é a criação dos visuais através das transparências e fluidez.
Pode-se observar que, assim como no projeto arquitetônico, as linhas retas e a horizontalidade predominam também no projeto da mobília.
Seus interiores foram mobiliados com peças da loja Branco & Preto. que era constituída por um grupo de arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie Miguel Forte, Jacob Ruchti, Plínio Croce, Roberto Aflalo e Carlos Millan, além do chinês I Chen Hwa (formado na Pensilvânia). O design do mobiliário da loja prescrevia como material-chave madeiras como jacarandá-da-bahia, caviúna, cabreúva ou pau-marfim, a utilização de estofamento com os desenhos de estamparia criados pelo grupo, além de materiais como mármore, vidro e ferro.
A Branco & Preto utilizou nesse projeto peças do seu catálogo que eram produzidas em série, mas algumas delas foram desenvolvidas exclusivamente para essa casa. Os quartos possuíam peças que se encaixavam perfeitamente com as dimensões da arquitetura. Infelizmente o mobiliário original da loja Branco & Preto não se encontra exposto na residência. A seguir podemos observar a maquete que reconstitui o layout original da sala de estar da residência.
Ao se analisar a distribuição dos móveis nas fotos da maquete da sala de estar, é possível constatar a busca pelos eixos, explicitada pelo alinhamento do banco e do sofá de dois lugares no eixo das janelas e da relação de peso na composição, que tem, no centro, uma mesa de vidro e, na lateral esquerda o sofá de três lugares e no lado oposto, um banco. Nas duas extremidades observamos duas estantes que foram desenhados com exclusividade para o projeto da residência.
Pode-se observar uma transparência possibilitada pelo grande fechamento em vidro e no mobiliário as estantes com seus núcleos principais não chegam até o teto, o que a princípio poderia ser a solução mais usual para uma estante. Os sofás e bancos não são totalmente fechados e a mesa de centro evidencia essa transparência com o uso do vidro, o que possibilita maior integração entre os espaços interno e externo da residência.
A residência hoje é ocupada pela Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, que recebe diariamente estudantes e apreciadores de arte e se tornou uma referência da arquitetura residencial moderna paulistana. Foi construída uma estrutura metálica na lateral da residência, que pode ser montada para receber eventos como formaturas e casamentos, cujo valor arrecadado é convertido para a manutenção da edificação e o pagamento dos funcionários. Atualmente, a residência expõe obras de arte e seus interiores são ocupados por móveis que fazem parte do acervo da família.
notas
NA
A Fundação Maria Luísa e Oscar Americano esta localizada Av. Morumbi, 4077 – São Paulo –SP – Brasil. Esta aberta ao publico de terça a domingo, das 10:00 às 17:30. Os ingressos custam R$ 10,00 sendo que estudantes e maiores de 60 anos pagam meia entrada e todo primeiro sábado de cada mês a entrada é gratuita.
sobre os autores
Bruno Dias é formado em Design de Interiores pela Academia Brasileira de Arte (ABRA); Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Nove de Julho e, tem como área de atuação o desenvolvimento de mobiliário. Atualmente cursa Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Eunice Helena S. Abascal é professora da área de Teoria e História da Arquitetura; Coordenadora e Docente do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUSP).