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architectourism ISSN 1982-9930

Vista panorâmica do Bacino di San Marco, com a ilha da Giudecca ao fundo. Foto Abilio Guerra

abstracts

português
Anualmente, a cidade de Toronto realiza um grande evento que celebra uma de suas mais ilustres residentes, Jane Jacobs. Trata-se de uma série de caminhadas guiadas entitulada Jane’s Walk, que leva as pessoas às ruas e mantém vivo o legado da jornalista.

english
Every year, Toronto promotes a series of waking tours to celebrate a notorious citizen, Jane Jacobs. These tours, called Jane’s Walk, bring people to the streets and keep her legacy alive.


how to quote

GERIBELLO, Denise Fernandes. Em Toronto com Jane Jacobs. Arquiteturismo, São Paulo, ano 07, n. 076.03, Vitruvius, jun. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/07.076/4784>.


Anualmente, a cidade de Toronto realiza um grande evento que celebra uma de suas mais ilustres residentes, Jane Jacobs (1916-2006). Bibliografia básica para arquitetos e urbanistas, Jane Jacobs vem acompanhando minha vida acadêmica desde a graduação. Tempos depois de ter lido e relido, discutido e assistido a diversas aulas sobre “Morte e vida nas grandes cidades” (em inglês Life and death of great american cities), livro que ela escreveu no início da década de 1960, me descubro vivendo em uma grande cidade, a grande cidade em que Jane viveu a maior parte de sua vida. Toronto não é a great American city que inspirou seu mais famoso livro, mas a cidade para qual Jane se mudou no final da década de 1960 e onde permaneceu até o final de sua vida.

Jane Jacobs não só morou em Toronto. Ela, de fato, viveu a cidade e lutou para deter seu processo de “morte”. O combate à via expressa Spadina foi, provavelmente, sua luta mais emblemática na metrópole canadense. A cidade voltada para pedestres e não para carros foi uma das principais questões levantadas nesse embate e, também, em muitos outros que o seguiram.

Até hoje, não encontrei um livro sequer que trate do legado de Jane Jacobs em Toronto. Entretanto, sua atuação na cidade é muito presente nas falas e ações de muitos torontonianos. O mais interessante é que este público não se resume a planejadores urbanos, estudiosos da cidade e arquitetos. Trata-se de um legado que se espalha por toda a população. Acredito que o engajamento na vida da cidade seja o responsável pela difusão do pensamento de Jane. Além disso, as questões colocadas por ela não emergem apenas em discussões nos centros comunitários, na universidade ou na prefeitura. Uma vez por ano seu legado é comemorado nas próprias ruas de Toronto.

Toda primavera, na primeira semana de maio (neste ano, foi no dia 4 de maio de 2013), acontece a Jane’s Walk – caminhada da Jane, em português. Basicamente, são caminhadas guiadas, que se realizam em várias regiões da cidade, com os mais diversos temas, abordando desde as marcas deixadas por comunidades imigrantes, até a variedade de pássaros presente nos parques. Crianças, jovens, adultos, idosos, moradores de todas as partes de Toronto, ou mesmo de outras cidades, são todos bem-vindos, inclusive os animais de estimação. A programação não é apenas destinada a todos, mas é também criada por todos. Para propor uma caminhada basta escolher um tema, estabelecer o percurso, com ponto de encontro e horário definidos e apresentar uma descrição do roteiro à Jane’s Walk, instituição que organiza as caminhadas (1). Em cada passeio há, pelo menos, um guia. Alguns apresentam seus objetos de estudo ou de trabalho. Outros apoiam suas informações em sua bagagem cultural, seus hobbies ou nas causas pelas quais lutam.

Toronto, Caminhada Guiada “Revitalization or displacement? A critical look at the idea of mixed neighbourhoods”
Foto Denise Fernandes Geribello

A iniciativa faz com que as pessoas saiam às ruas, vivam a cidade e conversem sobre ela. Às vezes, as pessoas são levadas a cantos da cidade que não conheciam, outras vezes olham de forma diferente lugares que frequentam cotidianamente, o que leva a novas perguntas e novas respostas. Esses diálogos retomam problemas colocados por Jane Jacobs, bem como trazem novas questões que afetam a cidade e seus habitantes. O mais interessante disso tudo é que o ativismo da jornalista é resgatado por meio de ruas, bairros e edifícios (ou por meio da ausência de ruas, bairros e edifícios) que estão mergulhados em memórias urbanas.

A Jane’s Walk, entretanto, não é mais um privilégio exclusivo de Toronto. Diversos lugares do mundo abraçaram a ideia de ir para as ruas e pensar a cidade. Nós, brasileiros, que já vínhamos participando das caminhadas pelo mundo a fora, como bem narra Octavio Lacombe (2), tivemos nossa primeira Jane’s Walk em 2011, no centro da cidade de São Paulo (3). Agora, cabe a nós expandir a ideia e levar as caminhadas e as discussões para outros pontos de São Paulo, bem como para outras cidades do país.

notas

1
Website Jane's Walk <www.janeswalk.net>.

2
LACOMBE , Octavio. Jane's Walk. Passeando com Jane Jacobs. Arquiteturismo, São Paulo, n. 05.049.01, Vitruvius, mar. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.049/3809>.

3
GUERRA, Abilio; JORGE, Luís Antônio; BELIK, Laura. Passeio pelo centro de São Paulo. Visita guiada a pé e de metrô. Minha Cidade, São Paulo, n. 12.133.02, Vitruvius, ago. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/12.133/3998>.

sobre a autora

Denise Fernandes Geribello é arquiteta e urbanista formada pela PUC-Campinas, mestre em História pela Unicamp e Doutoranda em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo pela USP.

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