Contexto
Até a metade do século 20, o problema do Nordeste brasileiro estava circunscrito às chamadas medidas de combate às secas. No âmbito internacional, a Comissão para Econômica para a América Latina e o Caribe – Cepal, advertia ao mundo desenvolvido o crescente hiato que existia entre os países ricos e os países pobres, localizados na periferia do sistema econômico. Nos seus discursos, a Cepal enfatizava a necessidade de se criar no Nordeste uma política de desenvolvimento regional, que ampliasse o seu produto interno, dinamizando o mercado de trabalho local, afim de promover uma melhoria nas condições de vida da população, com geração de emprego e renda (1).
Contudo apesar das iniciativas dos governos nordestinos e da Superintendência de Desenvolvimento para o Nordeste – Sudene, entre os anos de 1950 e 2000, na tentativa de capitar recursos produtivos para a região, o problema da seca e da pobreza nunca foi satisfatoriamente resolvido, e ainda é visível em vários municípios do Nordeste, em especial, no município de Currais Novos RN. Como a estratégia de promover a industrialização não tem surtido muito efeito na referida região, torna-se necessário encontrar outras atividades que dinamizem a economia local sem, contudo, prejudicar a cultura e o meio ambiente.
Neste contexto, a proposta da criação do Geoparque Seridó contribuirá para dinamizar a atividade do turismo, usando o segmento geoturismo: “A visitação a sítios geológicos pode proporcionar o encontro com a história evolutiva do planeta e, ao mesmo tempo, a descoberta de algo totalmente novo aos sentidos dos visitantes” (2). Adicionado a este fato, estas áreas podem ser utilizadas como opção de lazer, educação, recreação e contemplação da beleza cênica, além de promover a divulgação, preservação e conservação da natureza.
Sendo assim, a seguir, apresentaremos os atrativos turísticos naturais do Geossítio Pico do Totoró, localizado a 10 km, a NW, do centro de Currais Novos. O município de Currais Novos apresenta um grande potencial turístico a ser explorado economicamente no sentido de desenvolver a região de forma sustentável, pois possui diversos serviços e equipamentos turísticos, tais como: hospedagem, alimentos e bebidas, agências de turismo, transportes turísticos, eventos e lazer (3). Mas, em temos de estradas, ainda é preciso muitos investimentos públicos para melhorar o acesso ao referido Geossítio, afim de garantir a segurança dos turistas. De fato, para se chegar ao Geossítio Pico do Totoró, é preciso realizar trilhas por estradas não pavimentadas (4).
Diante do exposto, é importante destacar que, ante a carência de investimentos produtivos no município de Currais Novos, tal como ocorre nos demais municípios da região do Seridó, aliado ao problema da seca que castiga os nordestinos, a proposta da criação de um Geoparque reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco, constitui-se num meio de valorização da região nordeste, a qual no contexto nacional sempre foi vista como a região problema do país. Vale salientar que o Pico do Totoró é considerado um Geossítio de relevância internacional, dados as suas características naturais (5).
notas
NE – Sobre o Geoparque do Seridó, dos mesmos autores, ver: COSTA, Simone da Silva; NASCIMENTO, Marcos Antônio Leite do; MELO, Andrea. Reflexões sobre o projeto de implantação do geoparque no Rio Grande do Norte. Desafios e perspectivas para o desenvolvimento do Seridó. Arquiteturismo, São Paulo, ano 11, n. 127.02, Vitruvius, out. 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/11.127/6724>.
1
CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil (1930-1995). Campinas, IE/Unicamp, 1998.
2
NASCIMENTO, Marcos A. L.; RUCHKYS, Úrsula A. MANTESSO-NETO, Virginio. Geodiversidade, geoconservação e geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. São Paulo, Sociedade Brasileira de Geologia, 2008.
3
SILVA, Rodrigo Cardoso da (Coord.). Inventário turístico 2016 – Currais Novos/RN. Currais Novos, EDUFRN, 2016 <www.geoparqueserido.com.br/inventarios-e-planos-municipais/#>.
4
CARDOSO, Cristiane Soares. Geoparque Seridó RN: valores turísticos e gestão. Dissertação de mestrado em Turismo e Desenvolvimento Regional e Gestão em Turismo. Natal, PPGT UFRN, 2013.
sobre os autores
Simone da Silva Costa é graduada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestrado em Economia do Trabalho pela Universidade Federal da Paraíba. Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora Substituta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Marcos Antônio Leite do Nascimento possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1998), com mestrado e doutorado em Geodinâmica pela UFRN. Professor Efetivo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.