Nosso hotel em Lisboa era bem perto da Estação Saldanha do metrô e este foi o meio de locomoção que mais utilizamos, além dos nossos pés, evidentemente. Ficamos experts no metro lisboeta.... Aliás, as estações de metrô da cidade são bem interessantes – frases de escritores conhecidos e anônimos, poemas, versos, obras de arte, desenhos, painéis, esculturas. Uma paisagem interessantíssima para quem sabe olhar.
Mas, em geral, a primeira coisa que me perguntam quando falo da viagem é sobre a culinária portuguesa. De modo geral, e não só na capital, comemos muito bem (bacalhau, nas mais diversas versões, foi sempre minha pedida), bebemos vinhos saborosos e várias receitas de sangria que me levaram a uma viagem no tempo. Vou contá-la. Durante os natais da minha infância, meu avô italiano tomava vinho ou sangria e, como nós – seis ou sete netos – também queríamos provar a bebida, ele concordava e dizia que iria fazer uma bebida muito mais linda para nós e toda “cor-de-rosa”. Enchia nossos copos (altos) com soda limonada e colocava frutas picadas e um centímetro de vinho tinto. Era a glória para a criançada! Fazíamos parte do seleto grupo que tomava a linda bebida.... Aquelas foram as primeiras sangrias cor-de-rosa que tomei na vida...e as últimas! Portugal e em Sevilha, no entanto, me proporcionaram uma sangria bem mais saborosa e bem menos cor-de-rosa...
Ainda falando de gastronomia, impossível ir a Portugal e não querer provar aqueles doces, de comer com os olhos, feitos com massa folheada e recheios de coco, creme à base de ovos, amêndoas, sementes de chila (variedade de abóbora) entre outros recheios. Experimentamos vários deles: pasteis de Belém, de nata, de Santa Clara, ovos moles, barriga de freira, èclairs, queijadas, travesseiros de Sintra (os meus preferidos), sorvetes e aprovamos tudo. Mas, principalmente, gostamos da gentileza, da alegria e da disponibilidade dos portugueses. Nós nos sentimos bem, aceitos, seguros e respeitados pelas cidades e pelos cidadãos em geral: nas ruas, nos mercados, nos monumentos, nos restaurantes, no metrô.
Durante nossos passeios, constatamos que é um pouco difícil estacionar nas cidades maiores em Portugal – poucas vagas, trânsito confuso em alguns horários, ruas estreitas. Mas, convenhamos, se alguns motoristas não são especialistas em balizas, por outro lado, eles pareceram tranquilos e sabem conviver e compartilhar os espaços públicos – carros, bicicletas, pedestres, tudo a uma velocidade adequada e segura, sem estresse, sem buzinas, todos respeitando o espaço comum de todos... Nada como a civilidade ao vivo e em cores!
Uma observação à parte. Impossível ir a Portugal e não se maravilhar com os diversos pavimentos usados nas ruas, calçadas e praças, e, principalmente, com os azulejos. Em sua riqueza, profusão de temáticas e cores, são usados como revestimentos internos, externos, pisos, paredes, frisos e decoração, em geral. Introduzidos pelos árabes, no início do século 15, com o nome de al-zulaicha, esses revestimentos, inapelavelmente, conquistaram o universo português da construção.
No nosso primeiro dia em Lisboa, encontramos uma amiga querida de Três Pontas, Juliana Veloso, agora, cidadã portuguesa, que nos levou à região da Baixa-Chiado. O Chiado tem todo um valor especial por ter renascido, depois do grande incêndio do final da década de 1980 que destruiu uma área da cidade equivalente a dezoito campos de futebol. O arquiteto Álvaro Siza é o responsável pelo longo trabalho urbanístico e arquitetônico de recuperação, projeto detalhado no livro Chiado em Detalhe (Babel, 2014). Aos poucos, o bairro renascia e se transformava em um dos mais badalados de Lisboa. Bairro da intelectualidade, das livrarias, dos cafés, dos artistas e do comércio tradicional. E de memórias. Muitas.
Passeamos pelos Armazéns do Chiado, batemos um papo com Fernando Pessoa em frente ao café A Brasileira, fomos conhecer a Igreja do Carmo e o projeto de Siza, admiramos o elevador de Santa Justa, construído em 1902.
Sem a menor pressa, fomos descendo a Rua Augusta até chegar ao Arco da Augusta, símbolo do renascimento de Lisboa após o terrível terremoto de 1755, e à imensa Praça do Comércio, chamado de o Terreiro do Paço, entrada de Lisboa para quem vinha do mar e onde ficavam o Palácio Real e a Biblioteca, destruídos pelo mesmo incêndio.
Continuamos a descer até as margens do Tejo. Às margens do rio, fugimos de nuvens negras que prenunciavam uma tempestade (que nunca chegou) e caminhamos bastante pela região do Cais do Sodré. Sempre importante para a cidade, a região caracterizava-se como zona de construção de navios, embarque e desembarque de marujos, lojas de produtos ligados à pesca, hotéis baratos, bares e boates. Depois de um período de decadência, foi revitalizada e hoje tem um uso intenso e vibrante, com muitos bares e restaurantes, dentre eles o famoso Mercado da Ribeira.
Durante o caminho, comemos castanha assada, iguaria típica do outono e terminamos o dia, saboreando um ótimo vinho em um dos exóticos bares da rua cor-de-rosa. Diz a lenda que, depois de uma bem-sucedida revitalização na antiga área portuária, uma intervenção artística transformou uma das mais movimentadas vias da época, a rua Nova do Carvalho, na Rua Cor-de-rosa com um sem número de bares e restaurantes. O trecho em rosa é fechado ao tráfego de automóveis.
No segundo dia em Lisboa, fomos visitar o Centro Histórico, mas antes um passeio pela Praça Marques de Pombal, figura política que se destacou após o terremoto de 1755, reurbanizando a cidade. Afinal, a cidade, a casa de todos, é o nosso foco. Tomamos o famoso bondinho amarelo e fomos ao Castelo de São Jorge, que data do século 6 a.C. e foi reconquistado pela coroa portuguesa em 1147, que venceu os mouros numa batalha. Do Castelo, muralhas, torres, escadas e as belas vistas panorâmicas sobre Lisboa.
Percorremos as ruelas pitorescas e as escadas da Alfama, da Mouraria, visitamos igrejas e o final do dia nos encontrou no delicioso calçadão à beira do Tejo, em outro restaurante da zona ribeirinha. Pausa para descanso e para apreciar o ambiente, o entorno e um bom vinho! Aliás, como é agradável permanecer ou passear perto de grandes corpos d’água! Os portugueses souberam aproveitar bem seus rios que valorizam a paisagem, acolhem, distribuem beleza e ordenam espaços, quando limpos e bem aproveitados. Sábios e generosos são aqueles que olham, percebem, agradecem e salvam os rios de suas aldeias. Fernando Pessoa, na voz mansa de seu heterônimo Alberto Caieiro, sabia disso e, em 1914, já cantava as belezas do rio de sua aldeia:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia... (1)
O bairro de Belém, a sete quilômetros do Centro, nos aguardava no nosso terceiro dia na capital. Tomamos o metrô até a Estação do Cais Sodré e de lá, o trem que nos levaria até Belém. Fomos contando as estações: 1 – Santos, com suas lojas de design, bares, discotecas e palacetes; 2 – Alcântara, com a LX Factory, espaço industrial revitalizado e o aqueduto das Águas Livres que abastecia a cidade desde meados do século 18; e 3 – Belém, chamada região dos descobrimentos.
Da estação, levados pela ponte de pedestres, fomos direto ao Museu dos Coches, já conhecido dos brasileiros e projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928). Visita feita, atravessamos a passarela de volta sobre a avenida e a linha férrea, e nos dirigimos ao recém-inaugurado e arrojado Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – MAAT. O museu é parte do complexo do Museu da Eletricidade, a Central Tejo, toda em alvenaria e antiga central termoelétrica da cidade, e o novo edifício moderno todo revestido de azulejos brancos. Projeto da arquiteta britânica Amanda Lavete (1955), o MAAT explora as linhas curvas e o edifício surge naturalmente no horizonte, sem agredir a paisagem, nem se impor. Ao contrário, molda-se ao entorno de forma privilegiada, destacando as vistas para o rio, que lhe faz pano de fundo e moldura. Além disso, a visita ao topo do museu é imperdível. O novo postal de Lisboa estava fechado e não podíamos esperar. Fica para a próxima.
Outro detalhe que nos chama a atenção em Lisboa é a imensidão dos espaços, nessa região da cidade, especificamente. Longas caminhadas para se chegar a cada um dos edifícios simbólicos, ao longo do Tejo, grande altura das estátuas e monumentos.... Será herança das construções góticas, nas quais o olhar se dirige, naturalmente, para cima?
Na sequência e continuando a caminhada pelas margens do Tejo, chegamos ao Padrão dos Descobrimentos, construção moderna (1940) que se destaca pela implantação e pela altura de quase 60 metros. A obra é de Cottineli Telmo e as figuras, de Leopoldo de Almeida. Mais algumas dezenas de metros margeando o rio, num agradável passeio (não se esqueçam do protetor solar, ao menos no rosto), e nos encontramos diante da Torre de Belém (ou Torre de São Vicente), outro Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Sem necessidade de maiores explicações e outro cartão postal do país, a torre, iniciada no século 14 para proteção da capital, também faz referência ao estilo manuelino e mostra a robustez de sua construção.
Terminada a visita ao longo do Tejo, cruzamos novo pontilhão para visitar o Centro Cultural de Belém – CCB. Só quando me vi no topo do pontilhão é que percebi que não havíamos ido à Fundação Champalimaud, um centro de referência, pesquisa e diagnóstico ligado ao Instituto do Câncer, a uns 500 metros adiante da torre de Belém. A Fundação fazia parte da minha lista de edifícios modernos a visitar, mas acabou ficando para trás. O projeto é do premiado arquiteto de Goa, Charles Correa (1930-2015), e tem, como destaque, a ponte tubular de vidro que une dois blocos e um jardim. Há pouco, foi lançado um documentário sobre o edifício (2).
De volta ao Centro Cultural de Belém. Projeto do português Manuel Salgado e do italiano Vittorio Gregotti, foi construído para receber a presidência portuguesa da União Europeia 1992. Razões para visitar o lugar não faltam: exposições constantes, eventos, mercado, café, lojinha do museu e a fantástica coleção de obras de arte moderna da Coleção Berardo.
Do Centro Cultural de Belém, fomos ao Mosteiro dos Jerônimos e à Igreja Santa Maria de Belém. A Torre de Belém e o mosteiro, este inaugurado em 1601 para comemorar o êxito da viagem de Vasco da Gama à Índia, são as mais conhecidas obras em estilo manuelino, em Portugal – colunas em espiral, profusão de elementos decorativos, ricos e incontáveis detalhes. A igreja Santa Maria de Belém guarda os restos mortais de Vasco da Gama e de Camões, além de vários membros da família real; é imponente e um aperitivo para o que virá a seguir: o Mosteiro propriamente dito que levou quase 100 anos para ser terminado e é considerado, sem dúvida, um dos maiores e mais belos do país.
Após a habitual espera na fila, as inevitáveis conversas (algumas bem agradáveis) com os demais turistas (acabei falando em inglês, italiano, espanhol, francês, menos em alemão e português) e após a visita, passamos pela antiga Confeitaria de Belém, existente no lugar desde 1837, no edifício de uma antiga refinaria de açúcar. Os toldos azuis são uma marca registrada. Dessa vez, não paramos para comer os inconfundíveis pasteis de Belém daqui (com seu ingrediente secreto). Depois, viemos a saber pela amiga Ruth Verde Zein, expert em viagens arquitetônicas, que
“A casa dos Pastéis de Belém só tem fila para quem vai comprar para levar e comer na rua. Quem conhece sabe que o melhor é entrar e sentar-se! É enorme lá dentro, mil salas, cheias de mesas e cadeiras, tem sempre lugar! Paga-se um pouco mais, mas o pastel pode ser acompanhado por um cálice de vinho do Porto…”
Ótima dica e mais uma razão para voltar. O fato é que, desde que chegamos ao país, já havíamos comido pastéis de nata em número mais do que suficiente. A essa altura, o estômago reclamava algo salgado e fomos caminhando até um dos agradáveis restaurantes da região onde paramos e saboreamos outro almoço delicioso, regado a vinho e bacalhau.
Seguimos até a estação de metrô do Cais Sodré. Como já disse, a estação é muito frequentada e é também uma galeria de arte. O projeto é do arquiteto Nuno Teotônio Pereira e a arte do pioneiro do surrealismo em Portugal, o poeta, crítico de arte e pintor português Antonio Dacosta (1914-1990). Enormes painéis de azulejos mostram a figura do coelho de Lewis Carroll (1832-1898) em Alice no País das Maravilhas: sempre atrasado, sempre sem tempo e sempre a correr. A intenção do artista era chamar a atenção para o corre-corre do dia a dia.
Um vídeo-reportagem da Fundação Calouste Gulbenkian fala dos 100 anos de António Dacosta e apresenta os desenhos do artista que adornam as paredes da estação (3).
À tarde, pretendíamos ir à Fundação Calouste Gulbenkian, passear pelos seus jardins, visitar a sede, e conhecer o museu, outro projeto de A. Siza, mas acabamos desistindo. Lembrando-nos do coelho de Lewis Carroll, mais valia o prazer de caminhar observando os edifícios, a paisagem, as cores e o céu de Lisboa do que ficar, justamente, correndo de um lado para outro.
Fomos, então, direto até a Estação do Oriente que desemboca no Parque das Nações, nosso destino final daquele dia. De ferro, aço e vidro, a estação é projeto do espanhol Santiago Calatrava, o mesmo arquiteto-engenheiro da Ponte da Mulher em Puerto Madero (Buenos Aires) Ponte Alamillo (Sevilha), e do Museu de Amanhã (Rio de Janeiro), entre tantas outras obras. A impactante estação intermodal foi inaugurada em 1998 para a Expo. Internacional de Lisboa.
Cruzamos o shopping Vasco da Gama, inundado de aço, vidro e luz natural e logo na saída, avistamos o Homem Sol, última escultura do artista lisboeta Jorge Ricardo Vieira (1922-1998), que faleceu no mesmo ano em que a obra foi construída.
Diante de nós, o Parque das Nações, cinco quilômetros de extensão ao longo do Tejo, com áreas verdes e de lazer, construções singulares, pavilhões, museus, centros culturais, edifícios residenciais e comerciais, extensos espaços e amplas vistas. Parecia que estávamos em outro tempo em Portugal.
Como primeira parada, o inconfundível Pavilhão de Portugal, projeto do arquiteto Álvaro Siza para a Expo. 1998. Sua laje em concreto protendido, como uma folha de papel apoiada em dois tijolos, é um dos grandes feitos da arquitetura mundial. Hoje, a obra está em processo de recuperação. Aqui cabe uma pausa. Como arquiteta, já tinha estudado e admirado a obra de Siza, inclusive o pavilhão, mas nada se compara à emoção da experiência real. Grandiosa, admirável, ousada e brilhante, como seu criador.
Além do Pavilhão de Portugal, fazem parte do parque o Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva, projeto do arquiteto João Luís Carrilho da Graça (1952); a Altice Arena, imensa área para shows e espetáculos, do arquiteto Regino Cruz (1954), associado a Skidmore, Owings & Merril (SOM), escritório que também participou do projeto da Torre Vasco da Gama; o teleférico (telecabine para os portugueses) que, do alto, criava um interessante contraponto com os caiaques no imenso recuo do rio Tejo, e o Oceanário, um dos maiores da Europa e construído em 1998, com projeto (conceitual, de arquitetura e de exibição) do arquiteto Peter Chermayeff (1932).
De longe, via-se a Ponte Vasco da Gama, atirantada sobre o estuário do Tejo, na área que liga Lisboa a Montijo e Alcochete. Foi construída como opção à Ponte 25 de Abril, bem próxima a Belém e que lembra a Golden Gate de São Francisco, pelos pilares e pela cor vermelha. A Vasco da Gama, mais recente ponte de Lisboa, foi inaugurada pouco antes da Expo 1998 e é a mais longa da Europa ocidental com 17,2 quilômetros de extensão, sendo 13,2 sobre o estuário do Tejo. O tabuleiro central, a 155 metros de altura, tem um vão de 420 metros de extensão. A título de comparação, a nossa Ponte Rio-Niterói, inaugurada em 1974, tem 13,3 quilômetros de extensão. A Lusoponte, consórcio de empresas portuguesas, inglesa e francesa, ganhou concurso público internacional para o projeto, construção, financiamento e exploração da ponte, que se destaca como um dos maiores e melhores projetos de engenharia civil do século 20, conforme o Instituto de Engenharia.
Sintra
O último dia em Lisboa foi reservado para Sintra, Patrimônio Mundial pela Unesco, desde 1995, e seus monumentos: Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, entre outros. Partimos da imponente estação de trens do Rossio e, depois de uma agradável viagem de 45 minutos, chegamos à cidadezinha. Sintra é uma joia, encravada nas montanhas, cheia de verde, arte, igrejas, lojinhas e cafés.
Após uma breve caminhada pela cidade, subindo e descendo ladeiras e escadas, paramos para reabastecimento antes da ida aos monumentos e fomos à tradicional Pastelaria Periquita, em funcionamento desde 1850, e, é claro, experimentamos os doces típicos locais: queijadas e o travesseiro de Sintra!
A seguir, tomamos o ônibus local (434) que nos levaria ao Castelo da Pena e ao castelo dos Mouros. Primeiro, o castelo, ou melhor, as ruínas do castelo dos Mouros, fortificação militar provavelmente edificada entre os séculos 8 e 9, e ampliada depois da reconquista. Do alto, as muralhas da fortificação muçulmana, suas torres, inúmeras escadas e vistas de tirar o fôlego. Um dos meus favoritos! O dia estava lindo, céu azul, temperatura agradável e nada de nevoeiro na serra. Surpresas boas do tempo!
Próxima parada, o parque e o Palácio da Pena, no topo da Serra de Sintra. O palácio, construído no século 19 a partir de um mosteiro existente do século 16, mistura elementos, estilos, cores e detalhes decorativos. O mais interessante são as vistas que dali se descortinam.... A essa altura, já não tínhamos fôlego para a Quinta da Regaleira. Tomamos o trem das 16 horas para Lisboa. De volta à capital, fomos ao nosso supermercado preferido e conhecido já desde Porto, o Pingo Doce, e compramos algo para comer e beber no hotel. Nosso cansaço foi regado a vinho, pão português, presunto de Parma e uvas. Para que mais?
No dia seguinte, nos despedimos de Lisboa com destino a Sevilha, a única cidade espanhola que fazia parte do nosso itinerário. Aliás, é fundamental, em algum momento, interromper o roteiro. Caso contrário, nunca mais voltamos e ficamos eternamente viajando e conhecendo esse nosso lindo mundo.... É importante, sim, valorizar o ir, mas também o voltar. Só assim pode-se avaliar de fato o privilégio de uma viagem dessas.
[continua na parte 4]
notas
NA – Diversas das informações foram pesquisadas em websites especializados em turismo:
https://www.cultuga.com.br
https://www.oportoencanta.com
https://viajenaviagem.com.br
https://dicasdeportugal.com.br
https://manualdoturista.com.br/arquitetura-portuguesa
http://www.monumentos.gov.pt
NE – Terceiro artigo da série da série “Na península ibérica”. Os artigos publicados são os seguintes:
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Porto e arredores (parte 1). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 140.07, Vitruvius, nov. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/12.140/7176>.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Aveiro, Coimbra e a rota dos mosteiros (parte 2). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 141.03, Vitruvius, dez. 2019 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/12.141/7201>.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Lisboa e Sintra (parte 3). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 142.01, Vitruvius, jan. 2019 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/12.142/7221>.
DI MARCO, Anita. Na península ibérica. Sevilha (parte 4). Arquiteturismo, São Paulo, ano 13, n. 144.01, Vitruvius, mar. 2019 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/13.144/7281>.
1
Poema completo:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Alberto Caieiro (Fernando Pessoa). O Guardador de Rebanhos. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Nota explicativa e notas de João G. Simões e Luiz de Montalvor. 10aedição. Lisboa, Ática,1946. 1993.
2
Into the Unknown, vídeo de Sankalp Meshram, Champalimaud Foundation, Lisboa, 2015 <www.youtube.com/watch?v=mVdcNRNPQa4>.
3
Os 100 anos de Antonio Dacosta, vídeo com reportagem de Patrícia Bentes, imagem de Pedro Mendes e edição de Miguel Pinheiro Vídeo, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa <www.youtube.com/watch?v=XEsKwq4lgdU>.
sobre a autora
Anita Di Marco é arquiteta e tradutora.