Quando olhamos para trás, no momento da morte, a experiência desta vida vai parecer um sonho.
E, exatamente como com os nossos sonhos noturnos, vai parecer inútil colocar tanto esforço para isso. O medo que experimentamos em um sonho terá desaparecido. Quando acordarmos, o medo que sentimos terá sido apenas um esforço inútil nos fazendo perder o sono!
Com a morte, quando olharmos para trás em nossas vidas, a quantidade de tempo que passamos em hesitação, agressão, ignorância, egoísmo, inveja, ódio, autopreservação e arrogância vai parecer um esforço igualmente inútil de energia.
Então, seremos capazes de considerar todos esses pensamentos e conceitos como sonhos ilusórios. Dentro dessa existência ilusória, o que, se alguma coisa, é a lógica por trás de qualquer teimosia, distração, hesitação, ou emoções habituais de agressão, o desejo, o egoísmo e a inveja? Qual é a utilidade de manter-se emoções inúteis dentro desta impermanência?
Impermanência é a natureza de tudo.
notas
NA – O presente texto do meu querido amigo Luiz Cláudio Marigo foi mandado por e-mail para mim, para sua esposa e para seus filhos. Ele morreu de infarto, em frente ao Hospital Cardiológico de Laranjeiras, considerado um centro de excelência em cardiologia, que lhe negou socorro sob a alegação de não dispor de setor de emergência. Sua morte foi triste, frustrante, dramática. Mas foi, sobretudo, um desperdício!
NE – Fotografias de Luiz Cláudio Marigo podem ser vistas nos seguintes artigos publicados no portal Vitruvius:
BARRA, Eduardo. Paisagismo brasileiro perde Sérgio Treitler. Drops, São Paulo, ano 11, n. 038.08, Vitruvius, nov. 2010 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.038/3669>.
GUERRA, Abilio. José Tabacow. Entrevista, São Paulo, ano 07, n. 028.02, Vitruvius, out. 2006 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/07.028/3299>.
GUERRA, Abilio. Modernistas na estrada. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 008.02, Vitruvius, out. 2007 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.008/1366>.
TABACOW, José. O nascimento de uma paisagem. Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 139.01, Vitruvius, out. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/12.139/7133>.
TABACOW, José. Pedra portuguesa. Ascensão e queda de uma tradição. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 065.01, Vitruvius, jul. 2012 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.065/4431>.
sobre o autor
Luiz Claudio Marigo (1950-2014), fotógrafo autodidata, começa a carreira em 1974, colaborando desde então com diversas publicações voltadas para os problemas ecológicos. Estuda fotografia de cinema com Fernando Duarte, na EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 1978, tendo trabalhado nos dois anos seguintes como assistente de câmara de filmes de curta metragem. A partir dos anos 1980, concentra-se na fotografia de natureza. É autor ou ilustrador de diversos livros, dentre eles Mata Atlântica (1984), Pantanal (1985), Chapada Diamantina (1986), Floresta Atlântica (1992), Bromélias na natureza (1993) e As matas da Várzea do Mamiruá (1993).