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architectourism ISSN 1982-9930

Panorama de Edinburgh, Escócia. Foto Abilio Guerra

abstracts

português
O artigo versa sobre viagem realizada para o estado de Goiás. Pudemos visitar Pirenópolis, Goiás Velho e Goiânia, no intuito de conhecer as características arquitetônicas de cada lugar. Ao fim, notamos a cronologia dos estilos na evolução da cidade.


how to quote

ANDERSEN, Téo Dalla Pria. Viagem a Goiás. Um paulistano indo mais ao centro do Brasil. Arquiteturismo, São Paulo, ano 17, n. 195.02, Vitruvius, jun. 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/17.195/8808>.


Pirenópolis, vista da igreja matriz
Foto Christian Andersen, 2019

Entre os dias 22 e 29 de janeiro de 2019 fiz uma viagem ao estado de Goiás com meu pai. No primeiro dia, voei de São Paulo até Goiânia, e lá nos encontramos (ele estava de carro). Ao desembarcar no aeroporto, percebi que este tinha um padrão de construção baseado mais na estrutura metálica do que no concreto armado, diferentemente do de Congonhas, e isso me fez pensar que poderia ser um projeto mais recente.

Saímos de Goiânia em direção à Pirenópolis. Lá, onde já havia estado, pude rever as casas térreas em estilo colonial e suas ruas pavimentadas por lâminas de pedra irregulares, com postes de luz antigos nas calçadas.

Uma das presenças mais marcantes na arquitetura da cidade é a igreja matriz, à época recém-inaugurada após um processo de restauro, expressão de um colonial mais singelo, sem, no entanto, deixar de ocupar posição topográfica privilegiada.

Ainda em Pirenópolis, pude visitar o Museu de Arte Sacra, cujo acervo é marcado por peças de grande valor artístico, no que diz respeito à madeira talhada e ao ferro fundido. O destaque ficou a cargo do altar de madeira pintada.

Também pude visitar uma das sedes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan (de características janelas de madeira vermelhas) onde encontrei maquetes de construções locais, bem como uma biblioteca de acesso público, com títulos que perpassavam tanto o patrimônio, como restauro e arquitetura moderna.

Saindo de Pirenópolis, fomos para Goiás (ou Goiás Velho, para os de fora). Essa cidade também apresenta uma arquitetura predominantemente de casas térreas em estilo colonial, porém com algumas construções também ecléticas.

Um dos pontos turísticos principais é a Casa de Cora Coralina, que se encontra de frente para um rio. Além de cortar o vale da cidade, ele é transposto por uma série de pontes de madeira, uma delas parcialmente sombreada por uma das árvores mais características: o flamboyant.

Nesta cidade também há um museu de arte sacra, e ao visitá-lo pude conhecer um pouco das obras de um escultor que poderia ser chamado de o “Aleijadinho goiano”: Veiga Vale. Segundo especialistas do museu, o estilo do artista aproximava-se mais do neoclássico, em contraposição ao maneirista mineiro.

Obra exposta de Veiga Vale no museu de arte sacra de Goiás Velho
Foto Christian Andersen, 2019

No alto do museu (uma antiga igreja) pode-se avistar um dos principais centros da cidade, com uma praça central e uma série de comércios ao redor.

Edificação térrea em estilo eclético em Goiás Velho
Foto Christian Andersen, 2019

Depois de Goiás, seguimos para Goiânia, capital do estado. Cidade historicamente planejada, dentro da concepção radial-perimetral, um dos marcos de sua arquitetura é o Teatro Goiânia, projeto do arquiteto Jorge Félix dos anos 1940. O teatro é um dos espaços mais tradicionais de apresentações de dança, teatro e música erudita e popular. O estilo do edifício é o art déco.

Na parte de trás do teatro, numa cota mais baixa, está localizada a Vila Cultural Cora Coralina, onde há uma sequência de galerias expositivas, marcadas por um passeio sombreado por uma laje em balanço.

Não muito longe dali outro espaço, de relevância arquitetônica, infelizmente encontrava-se em estado de abandono e especulação: a Sede Social do Jóquei Clube de Goiás, de Paulo Mendes da Rocha.

Vista externa do Teatro Goiânia
Foto Christian Andersen, 2019

Ainda na parte central da cidade, pude visitar a praça Cívica, com edifícios institucionais públicos, como a sede da polícia civil, um museu zoroastro, um centro de administração financeira e o palácio do governador.

Em termos estilísticos, todos são vinculados ao que se poderia chamar de protomoderno. Em termos de desenho urbano, a praça apresenta uma divisão entre passeios arborizados e com bancos, e uma parte mais monumental, dedicada à visualização.

Também tivemos a oportunidade visitar dois parques: o Parque das Rosas e o Parque Flamboyant. Ambos se caracterizam por terem a presença de prédios verticais ao redor. O primeiro, de menores dimensões, localiza-se mais próximo ao Centro, e possui um padrão de árvores mais baixas e caminhos internos sinuosos. Ainda que seja um respiro para a cidade, seu padrão de manutenção deixou a desejar.

O segundo, de maiores dimensões, localiza-se num bairro que recebe o nome do parque. A verticalização ao redor deste é proporcionalmente maior, ainda que no seu interior o parque apresente algumas estruturas de apoio mais na escala dos usuários. Do ponto de vista estético e de diversidade de usos, este padrão de urbanização talvez possa ser repensado, mas não há como negar os benefícios do parque para os moradores.

Parque das Rosas, em Goiânia
Foto Christian Andersen, 2019

A última visita da viagem foi ao Centro Cultural Oscar Niemeyer. Localizado em frente a uma rodovia, o projeto caracteriza-se pela proximidade de quatro estruturas, cada uma com um uso específico: um auditório, uma biblioteca/galeria, um museu de arte e uma sede administrativa subterrânea. Ele destaca-se pela diversidade na paisagem, com traço característico de Niemeyer, e lembra propostas como a do Memorial da América Latina para São Paulo.

A viagem para Goiás foi uma oportunidade para conhecer melhor um estado mais ao centro do Brasil, mais próximo de Brasília do que de São Paulo. Com o roteiro, pude conhecer cidades históricas e a capital, podendo comparar em retrospectiva as diferenças de arquitetura e urbanismo entre elas.

O que descobri é que as cidades históricas goianas têm semelhanças com as mineiras, revelando uma singeleza, em contraponto, um tanto maior. São cidades em que, mesmo sem um padrão mais moderno de arquitetura, apresentam uma vida ativa de pedestres, comerciários e turistas (talvez pelo conforto gerado pelo alinhamento das edificações e pelo bloqueio ao automóvel).

Já a capital goiana tem um planejamento urbano moderno, com ruas denominadas por números ao invés de nomes, com parcelamentos mais claros e definidos em relação à São Paulo. A cidade constrói cada vez mais na vertical, sem, no entanto, deixar de considerar respiros necessários, como se verificou na visita aos dois parques da cidade.

Por último, foi interessante poder fazer uma espécie de viagem no tempo dos estilos arquitetônicos, começando pelo colonial, depois pelo eclético, depois pelo protomoderno, indo do art decó ao moderno. Eu, como paulistano, posso afirmar que experiências como estas, que fogem do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, mostram o quanto o Brasil é vasto e possui uma diversidade cultural-arquitetônica, paisagística e urbanística muito rica a ser descoberta por nós.

Panorâmica do Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia
Foto Téo Andersen, 2019

 

sobre o autor

Téo Dalla Pria Andersen é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2020). Desde o final da graduação tem se dedicado às atividades de pesquisa, tendo o artigo “A pedra na arquitetura contemporânea” publicado na XVI Jornada de Iniciação Científica do Mackenzie. É também pesquisador voluntário no grupo de pesquisa Projeto, Produção e Gestão da Habitação Social da mesma instituição, e já ministrou um minicurso próprio vinculado ao tema da política habitacional brasileira. Também atua de forma autônoma e com colaborações em projetos para concursos e particulares, e no ateliê O desenho.

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