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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O texto reflete sobre efeitos topológicos, estéticos e turísticos decorrentes da renovação de um sistema de iluminação pública na Praia de Cima da Pinheira, pequeno vilarejo e balneário do município de Palhoça, no entorno de Florianópolis (SC).

english
This text makes a reflection about the topological, aesthetic and turistic effects resulting of the renewal of the public lighting system on the Praia de Cima of Pinheira beach, small village and resort in the municipality of Palhoça (SC).

español
El texto reflexiona sobre los efectos topológicos, estéticos y de turismo como resultado de la renovación de un sistema de iluminación público en la playa de Cima da Pinheira, pequeño pueblo y complejo en el municipio de Palhoça (SC).


how to quote

CHEMIN, Marcelo. Noite, estrelas e luz. Reflexões sobre a iluminação pública da Praia de Cima da Pinheira – SC. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 203.00, Vitruvius, abr. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6515>.

Em um primeiro e rápido olhar, a instalação de um sistema de iluminação em um espaço público aparenta uma intervenção banal. Embora a oferta em grande escala da parafernália de postes, fios, lâmpadas tenha constituído um dos símbolos máximos de modernidade já experimentados, nos tempos atuais estes sistemas enquadram-se como serviço básico, presente em zonas urbanas e rurais. Segundo Edward Relph, perdeu-se com isso o status de novidade e inspiração futurista que lhe foi típico na transição do século 19 para o 20 (1).

Ao substituir meios de iluminação rudimentares, como os derivados de carvão, gás e óleo de baleia, a iluminação elétrica não apenas representou uma alternativa mais limpa, como superior em eficácia e capacidade de distribuição. Todavia, novas fontes de energia, recursos tecnológicos de captação, distribuição e design devem caracterizar este momento como embrionário da sua própria obsolescência.

Independentemente do estágio tecnológico, a popularização de sistemas de iluminação transformou a cidade em termos visuais e também a sua relação com a noite, como bem registrou Edward Relph (2). A visão é dominante no conjunto sensorial humano (3) e naturalmente se ressente à noite diante da redução acentuada de disponibilidade de luz. Justamente a superação deste imperativo, a partir da iluminação artificial, é que permitiu segundo Relph à vida social ocupar esse período. Definiram-se inúmeros outros arranjos de uso nos espaços públicos e no íntimo das edificações, o que trouxe novos contornos à realidade urbana, em termos de práticas, experiências e significados.

Há outros papéis a considerar para o ato de iluminar um espaço qualquer. Note-se, por exemplo, que a iluminação pública figura, em termos comuns de representação, como uma aliada da segurança, independentemente do porte da cidade. Espaços iluminados são avaliados por usuários como mais facilmente captados e lidos em termos de cálculo de ameaças, riscos e perigos. Quando minuciosamente direcionada, mediante projetos especializados, a iluminação é grande aliada da publicidade em vitrines, edifícios, centros comerciais e, em alguns casos, participa da espetacularização da noite com destaque de fachadas imponentes, monumentos e redutos de valor estético, histórico e cultural.

Em outra direção, não relacionada ao sistema de iluminação, há que se reconhecer também uma complexa carga semântica vinculada ao substantivo “luz”, ao verbo “iluminar” e variações. O uso corrente costuma sugerir passagem de condição, de avanço, de suplantação de um patamar inferior a um superior. Sugere-se elevação, melhoria, desde o sentido funcional de amenizar, vencer a escuridão ao sentido moral e espiritual. Na arte, especialmente a pintura da tradição cristã, revela a resplandecência como recurso visual notório. O jogo de cores e composições na representação da luz atua decisivamente na dramaticidade da arte sacra (4). No plano filosófico o Iluminismo francês do século 18 deu preponderância à razão e responde por uma época de “grande desenvolvimento das ciências físicas, químicas e biológicas” (5)

Este breve contexto busca demonstrar razões pelas quais imaginários sociais e sensibilidades coletivas tendem a serem receptivos e simpáticos ao acolhimento de signos que denotam a ação de se lançar luz sobre algo, seja por meio de um simples sistema de iluminação pública ou mesmo de significados outros, com associação simbólica que se dá por outros caminhos.

Todavia, considerando o inicial do texto – a instalação de um sistema de iluminação em um espaço público – há circunstâncias em que tal fato está longe do banal. A discussão propõe contemplar desde subjetividades até a gestão territorial e estratégica, e isto será ensaiado neste trabalho. No presente artigo problematiza-se a renovação de um sistema de iluminação pública na Praia de Cima da Pinheira, município de Palhoça – SC, pequeno vilarejo e balneário, nas imediações da Capital Florianópolis.

Praia de Cima da Pinheira
Foto Marcelo Chemin, 2016

Tal fato será alvo de reflexão em três direções, cada qual com objetivo de analisar consequências da presente intervenção: a) na perspectiva da praia como lugar e sítio; b) na paisagem e, por fim; (c) considerando-se a condição de destinação turística. Em boa medida a motivação desta crítica se sustenta na experiência do autor que frequentou com assiduidade praticamente anual a localidade em temporadas de verão de 1996 a 2008, tendo regressado em 2016, oportunidade na qual pode confrontar a memória, sendo especialmente instigado pelo novo sistema de iluminação – embora uma das poucas mudanças identificadas, de cunho marcante.

Pinheira (SC) e a Praia de Cima

A Pinheira integra o Distrito Enseada de Brito, o qual pertence à Palhoça, município com população estimada em 158 mil habitantes (6) e conurbado com São José, Santo Amaro da Imperatriz, Paulo Lopes e a capital Florianópolis. Trata-se de um território de reconhecida tradição açoriana (7). Está acomodada no que se define geograficamente como enseada, cuja etimologia remete a seio, dada a morfologia curva desse tipo de reentrância de costa, também popularizada como baía. Situa-se a 50 km ao sul de Florianópolis, entre a Guarda do Embaú, difundido recanto do surf brasileiro e a Praia do Sonho.

Praia da Pinheira em seu contexto geográfico: 1. BR 101; 2. Pinheira, Praia de Baixo; 3. Pinheira, Praia de Cima; 4. Vale da Utopia; 5. Guarda do Embaú; 6. Fortaleza N. Sra. da Conceição de Araçatuba (séc. 18); 7. Praia do Sonho; 8. Praia de Naufragados
Google Earth, adaptado pelo autor, 2016

O arco de aproximadamente 7,3 km subdivide-se na parte sul, interrompido por uma pequena elevação, que demarca a divisão entre o que se conhece por Praia de Baixo e Praia de Cima, esta última possuindo núcleo urbano assentado junto a uma pequena faixa de praia de 650 metros. Em contagem realizada via setores censitários do IBGE (8) a população total da Pinheira é de 2.310 moradores. Na Praia de Cima são 341 residentes, 120 domicílios particulares permanentes ocupados e 196 domicílios de uso ocasional.

Em linhas gerais a Pinheira ilustra o histórico de formação social e urbana de inúmeros outros antigos povoados na linha da costa marítima. Inicialmente um pequeno povoado, nas imediações de cidades históricas maiores, organizado ao redor de atividades de produção de subsistência (pesca, agrícola), laços comunitários e com certo grau de isolamento, características que passam a enfraquecer e se alterar a partir da instalação de meios de acesso e da frequência de turistas em busca de rotinas de lazer, relaxamento e afastamento do cotidiano.

A paisagem, antes de traços pitorescos, com casas e arranjos de infraestrutura rudimentares, de escala aparentemente inofensiva ao meio natural, transforma-se gradativamente em uma acelerada, ambiciosa e especulativa urbanização, impulsionada por segundas residências, verticalização (mesmo que abreviada em alguns casos), pressões sobre recursos naturais, rede comercial e de serviços direcionadas a visitantes, processo que, habitualmente, desloca moradores para zonas periféricas. Supostas tradições desaparecem ou passam a figurar como remanescência.

Há registros de que até a década de 1960 os residentes da Pinheira permaneceram em grau considerável de isolamento e que até a década de 1970, em pleno verão, a Pinheira se caracterizava como comunidade de pescadores. Em 1968 instala-se a luz elétrica na localidade e em 1971 a BR 101 é inaugurada (9), infraestrutura essa que facilitou o deslocamento próximo à costa marítima, motivou o crescimento das cidades lindeiras, sobretudo a capital Florianópolis, e permitiu a chegada de fluxos de turistas em diversas localidades como a Pinheira. A imagem da praia como recanto de lazer ganha força e estas localidades, estabelecidas em pontos de águas abrigadas, mais calmas, se tornam destinos cobiçados e de fácil acesso.

De acordo com Severo:

“As praias da região passaram a receber um número cada vez maior de visitantes, principalmente hippies, surfistas, estudantes universitários e aventureiros. Eles abriram as portas para a entrada de outras camadas da sociedade [...] Ao lado deste aumento de fluxo, surgem empreendedores que investem em diversos ramos da atividade turística. Os próprios moradores foram pouco a pouco deixando suas atividades tradicionais e passaram a investir em atividades ligadas ao turismo.

No início da década de 1970 o processo de expansão da especulação imobiliária tornou-se intenso em todo litoral catarinense; a região da Praia da Pinheira passou a ser loteada nesse período, quando começaram também muitos conflitos judiciais que se estendem até a atualidade, relativos à posse de terra e títulos de propriedade falsos” (10).

Em 1975 a criação do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro freou uma ocupação mais intensa da região. Estabelecido em área que corresponde a 1% do Estado de Santa Catarina, este Parque abrange 7 municípios, e inicialmente contemplou a Pinheira, sendo seu perímetro redefinido em 1979, processo que desanexou-a em 500 metros da linha do mar para o continente. Sua nova classificação passou a Área de Preservação Especial (Portaria 021/05 –FATMA/SC), na qual o uso da terra é restrito (11).

É parte desta localidade a imagem de reduto alternativo, em parte alimentada por moradores como Wilson Galvão Rio Apa e Vilmar Godinho, dois ícones deste pretenso “refúgio” e de um estilo de vida paradigmático. W. Rio Apa é apresentado pelo renomado escritor Cristóvão Tezza, seu ex-aluno e colaborador entre os anos 1967 e 1984, como “uma das figuras mais originais da literatura paranaense” (12).

Depois de formado, em Direito pela UFPR no ano de 1949, W. Rio Apa viajou como marinheiro pelo mundo por dois anos e conheceu dezenas de países. Na sequência exerceu atividade jornalística dedicada a relatar as experiências da vida de marinheiro e ilhéu aventureiro. É também reconhecido como teatrólogo e dramaturgo, fundador do Centro Capela de Artes Populares, na cidade de Antonina – e que funcionou também em Florianópolis – entre o final da década de 1960 e a década seguinte, influenciado por movimentos de vanguarda brasileira e europeia e que segundo Tezza inspirou uma comunidade que partilhava de um projeto existencial, cujo teatro representava uma das faces. Reside na Pinheira desde a década de 1990.

O gaúcho Vilmar Godinho ganhou projeção nacional na mídia nos meses de abril e maio de 2016 como “homem que vive na caverna”, no que se convencionou chamar de Vale da Utopia, encravado na elevação sul da enseada da Pinheira e que a divide da Guarda do Embaú. Vilmar tornou-se ermitão, após se estabelecer no local há 26 anos (13), em um pequeno abrigo de menos de 5m² sob uma rocha. É retratado como pessoa que cultiva uma vida simples, junto ao meio natural. Em 2016 passou a enfrentar um imbróglio judicial após uma Ação de Despejo do Ministério Público, que alega incompatibilidade da residência dele em Área de Preservação Permanente.

Vale da Utopia, entre Praia de Cima da Pinheira e Guarda do Embaú
Foto Marcelo Chemin, 2016

Nesse contexto, com alguma brevidade de diálogo com moradores e seus visitantes mais frequentes, afloram relatos de que se trata de um lugar mítico, reconhecido como polo onde se pode viver e experimentar uma rotina peculiar, de vida simples, afastada dos edifícios e valores de uma sociedade hegemonicamente urbana, centrada em produção, consumo e entretenimento. São frequentes os epítetos de paraíso ecológico e santuário.

Seja na Praia de Baixo como Praia de Cima não há a típica orla, composta de avenida atlântica, ciclovia, largos passeios, redes de estabelecimentos comerciais, edifícios. Ainda que em 2016 seja possível encontrar quadro diferente da década de 1990 e anos anteriores, nas ruas ainda são comuns estabelecimentos comerciais de alimentação natural, integral, produtos hippies e esotéricos, muitos de traços orientais. Há um clima cultural acolhedor e persistente aos motes: ecológico, surf e meios alternativos de vida.

O novo sistema de iluminação pública da Pinheira (SC)

A renovação descrita neste texto corresponde ao processo de substituição de postes, fios, luminárias, acessórios e design do sistema de iluminação pública, com ampliação da potência e, consequentemente, maior cobertura das áreas iluminadas por luz artificial. Antes desta renovação, iniciada em 2014, a Praia de Cima dispunha de um sistema bastante simplificado. Na parte intermediária da praia, junto à encosta e elevações naturais, alguns poucos postes rudimentares, de madeira, que embora reprodutores da típica parafernália, ofertavam baixa potência e escala compatível ao gabarito. A área de cobertura da iluminação era reduzida em relação ao território da praia.

O novo sistema de iluminação pública da praia em panorama noturno
Foto Marcelo Chemin, 2016

Com o cair da noite a faixa de areia e a parte inicial do espelho da água recebiam incidência moderada de luz artificial. Havia também incidência de luz desviante das poucas casas e pousadas que se acomodam nas encostas beira mar, além de contato com inúmeros pontos de luz mais distantes, como as da Praia de Baixo, Praia do Sonho e também uma suave aura de luz, pouco mais distante, da capital Florianópolis. Naufragados, ao sul da Ilha de Florianópolis e defronte a Praia de Cima, é isolada, de difícil acesso e sua fonte de luz artificial mais significativa era a do farol na ponta próxima à Fortaleza N. Sra. da Conceição de Araçatuba. Ou seja, quem lá frequentou percebia um quadro tímido de “enfrentamento” da escuridão da noite, e farta disponibilidade de breu, entre os postes e especialmente na ponta junto ao morro que dá acesso ao Vale da Utopia. Neste canto, a partir do Bar do Passarinho e Camping Pinheira, predominava a escuridão e o exercício sensorial se tornava menos concentrado na visão e mais intenso em seu conjunto.

O novo sistema de iluminação pública da praia em panorama diurno, ao lado de antigo poste
Foto Marcelo Chemin, 2016

A intervenção resultou na instalação de um sistema de iluminação anunciado como moderno, típico a qualquer orla densamente urbanizada mundo afora. A luz artificial, agora de alta potência, priva a percepção do breu, o marginaliza aos morros lindeiros e estabelece uma situação de alto contraste entre o que é ou não iluminado. Pouco se diferencia entre a iluminação de uma praia de 650 metros de extensão, uma praça ou avenida encravada numa metrópole.

A presente renovação é celebrada nas notícias encontradas na rede. É exaltada como moderna (14), compatível com legislação e ao meio ambiente. Segundo periódico regional, na inauguração da primeira etapa em 2014, já havia menção à expansão do sistema, “a administração municipal pretende iluminar toda a orla, da Pinheira até a Ponta do Papagaio, numa extensão de mais de sete quilômetros, com um poste a cada 48 metros, obra que deverá ser concluída até o final de 2015” (15). São postes de metal, cor branca, 16 metros de altura, com dois projetores de 1mil watts e uma luminária de 400watts.

Os periódicos consultados indicam a instalação de um total de 82 postes, “posicionados estrategicamente para melhorar segurança e conforto de moradores e turistas”. Na Praia de Cima foram instalados 6 postes, de metal, cor branca, mais baixos se comparados aos da Praia de Baixo, e com 2 projetores de 1 mil watts cada (16). Embora os novos postes tenham sido instalados próximos aos antigos, de madeira (aprox. 6m de altura), a alta potência alterou sobremodo a percepção do terreno à noite, principalmente em termos de alcance e cobertura da área iluminada. No período noturno a praia agora se relaciona mais com a luz artificial do que com a noite e todas as suas características.

Fiat lux: três contrapontos

A renovação do sistema de iluminação da Praia de Cima da Pinheira será avaliada na sequência em três perspectivas. A primeira aborda a praia como lugar e sítio, perspectiva na qual são considerados os efeitos para a dimensão de uso social e simbólica. O segundo campo de avaliação é estético, prioriza o sentido visual, por isso discute a paisagem. Concluem esta avaliação ponderações a respeito das consequências da intervenção em se tratando de uma praia balnearizada, que figura geograficamente também como destinação turística.

a) a praia como lugar e sítio

Múltiplas relações históricas definem e configuram espaços. Já os lugares dependem da incidência de valores e significados por parte de pessoas e grupos, por isso conceitos costumam estabelecer que percepções e experiências expressam sua essência. Coelho Netto (17), em leitura semiótica, entende que o conteúdo simbólico é suscetível a discursos e práticas estabelecidas, que podem ser físicas ou imaginárias. A primeira se relaciona aos aspectos úteis e funcionais ao passo que a (prática) imaginária se refere aos elementos subjetivos, tais como os relativos às impressões, sensações e valores.

Marc-Augé (18), ao tratar do conceito de lugar antropológico, reconhece como fundamental o entrelaçamento de práticas sociais e culturais e descreve três características comuns aos lugares: são identitários, relacionais e históricos. No caso dos sítios, Hassan Zaoual os apresenta como um patrimônio coletivo cuja consciência se enraíza no espaço vivido dos atores, o que os torna impregnados de segredos, comportamentos individuais e coletivos, além de manifestações materiais: paisagem, habitat, arquitetura, saber-fazer e técnicas, modo de coordenação e de organização econômica, outros (19).

O conceito de sítio compõe a Teoria dos Sítios Simbólicos, defendida por Zaoual como perspectiva paradigmática e um meio de enfrentamento à preponderância da dimensão econômica nos assuntos da vida social e cultural, que conduzem a processos de padronização e uniformização de referências (20). Segundo esta teoria o sítio é uma cosmovisão, um espaço onde crenças partilhadas, concepções e as práticas dos seus atores tecem a realidade. Nesta linha, abordar um sítio corresponde a ter contato com crenças, conhecimentos e comportamentos nele instalados, além de saber que sua decodificação extrapola o plano físico, visual e funcional.

Poder, economia, política, símbolos, crenças são conhecidas forças que parametrizam a ação do homem, suas intervenções e registros territoriais. Contudo, o ponto a dedicar atenção é que elas, as intervenções, em se tratando de lugares e sítios, interferem numa composição de relações, estabelecida por uma costura de fios mais aparentes como os usos e funções e outros não visíveis, embora componente, como as subjetividades. As intervenções têm este poder, instauram ou apagam usos e funções, e estendem efeitos diretos na experiência e na atribuição de significados.

Em direção complementar, quando se pensa em termos de memória, pode-se defender as intervenções como uma folha em branco, para novas inscrições, renovação, mas também priorizar análises em suas consequências, riscos, de um alongado e profundo rasgo no palimpsesto. Ao estabelecer cuidadosamente as diferenças entre história e memória, Pierre Nora reconhece, dentre outras características, a vulnerabilidade da memória:

“A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações [...] Porque é afetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam: ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura ou projeções [...] há tantas memórias quantos grupos existem; que ela é, por natureza, múltipla e desacelerada, coletiva, plural e individualizada” (21).

A ocupação das costas marítimas por processos particulares de urbanização decorrem de vários fatores, muitos dos quais melhor compreendidos por meio dos conceitos de lugar e sítio. Neste movimento histórico de apropriação das costas há elementos de ordem política, econômica, segurança territorial, todavia, estudos como os de Anne Cauquelin (22) e Alain Corbin (23) demonstram outro lado menos evidente, o dos significados atribuídos a estes territórios.

Passaram-se centenas de anos do medo em relação ao mar aos significados que o ligam a prazer e uma ideia de frescor. Mais do que autorizar, estes significados estimularam a apropriação desses ambientes. Experiências, práticas e representações moldaram o antes território perigoso e insalubre, depois palco de rituais de cura e, mais tarde, a praia como ambiente de exibição e badalação (24).

Praias balnearizadas e urbanizadas são retratos muito nítidos da sociedade ocidental da segunda metade do século 20 em diante. Na geografia brasileira e de tantos outros países e regiões, estes ambientes se constituíram em lugares de veneração, terreno de inúmeras experiências de férias e lazer para turistas e de organização da vida e do trabalho para quem vive, por isso olhá-los como lugar e sítio é uma maneira de compreendê-los em maior alcance.

Realizadas estas reflexões conceituais, para o contexto da Praia de Cima da Pinheira, interpreta-se que a renovação do sistema de iluminação, com ampliação acentuada de sua potência, interferiu severamente na relação entre a praia e o período noturno, mais precisamente nas formas de percepção, de uso e de potenciais experiências.

Nesse sentido, o invólucro de luz artificial que agora recobre a praia:

  • anula possíveis atos de observação astronômica e contemplação da noite e do céu noturno;
  • dificulta práticas e experiências de aprendizagem sobre astros, constelações e do ambiente natural sob efeito da noite, desde afastamento de animais até outros aspectos da operação sensorial;
  • deturpa o contato sensorial, sobretudo a visão, em seu “enfrentamento” natural da noite;
  • atenua a figura fantástica e de mistério que a noite exerce na esfera criativa e imaginária, de adultos e especialmente de crianças, como também a figura romântica e produções poéticas feitas à luz da lua;
  • expande o alcance sensorial da visão e dificulta a situação de se estabelecer sem ser nitidamente visto, o que interfere no contato mais solitário e íntimo com o ambiente;
  • atenua a aura transcendente e primitiva da iluminação pelo fogo em confraternizações, luaus e outras celebrações;
  • viabiliza a realização de práticas e brincadeiras típicas do período diurno na noite e inviabiliza brincadeiras que tem na noite e na escuridão recursos importantes de sua efetivação;
  • suprime a sensação de transição entre áreas iluminadas, pouco iluminadas e não iluminadas, especialmente nos cantos da praia, por onde se acessa ambientes “mais naturais” como os morros que definem as fronteiras naturais da praia.

b) paisagem

A pequena Praia de Cima comporta quatro quadros de paisagem. O primeiro envolve trecho de aproximadamente 150m de extensão e vai da ponta leste, junto ao morro, que dá acesso ao Vale da Utopia, até o camping Pinheira. Predomina neste quadro uma paisagem composta por elementos naturais: vegetação, rochas, curso d’água e o morro como elemento dominante. Há também trilhas rudimentares e dois antigos ranchos de pesca, um recentemente transformado em bar.

O segundo quadro, trecho de 280m, revela maior número de elementos antrópicos. Entre o camping ‘Pinheira’ e a Rua do Mar, acesso principal, acomodam-se na encosta duas residências e duas pousadas. Próximo ao camping ‘Pinheira’, corta a faixa de areia pequeno curso d’água, lindeiro ao tradicional Bar do Passarinho. O terceiro quadro, trecho de aproximadamente 230m, entre a Rua do Mar e a encosta oeste, que divide Praia de Cima da de Baixo, é terreno onde não se vê edificações próximas à faixa de areia, todavia ocupado por estacionamento.

A última situação a compor o conjunto da paisagem trata do morro oeste, recurso natural ocupado por sobrados e residências de considerável incidência e participação no contexto da paisagem. Além destes quatro quadros, há outras duas situações a contemplar. Em toda a extensão da faixa de areia tem-se o habitual aparato que dá suporte ao uso turístico, como lixeiras, posto de salva-vidas, acesso, trilhas, comércio ambulante, duchas, entre outros. Por fim, no que diz respeito ao contexto mais amplo, tendo por base a posição na areia em direção ao mar, tem-se contato dominante com o espelho d’água e o horizonte, composto por ilhas, Praia de Naufragados, Praia de Baixo e a elevação da Serra do Tabuleiro, este último com acentuada participação visual.

Diante do descrito percebe-se evidentemente que a Pinheira escapa ao padrão de orla densamente balnearizada repleta de sofisticadas edificações, avenida e calçadão beira-mar, redes comerciais, lojas glamorosas, letreiros eletrônicos e dinâmicos, o que caracterizaria obviamente uma fisionomia citadina marcante em privilegiada posição beira-mar. Apesar disso o contexto fisionômico que esta localidade projeta enquadra-se como paisagem urbana e é na literatura deste tema que se encontram elementos para dar suporte a uma crítica mínima sobre o assunto. Tome-se como referência Gordon Cullen: “Se me fosse pedido para definir o conceito de paisagem urbana, diria que um edifício é arquitectura, mas dois seriam já paisagem urbana, porque a relação entre dois edifícios próximos é suficiente para libertar a arte da paisagem urbana” (25).

Embora Cullen contemple outras referências empíricas, especialmente espaços urbanos consolidados e mais densos, os princípios por ele cunhados mostram-se adequados ao desenvolvimento desta crítica sobre os efeitos na paisagem da renovação do sistema de iluminação pública na Praia de Cima. Mais dedicado a demonstrar a instigante e curiosa arte do relacionamento na paisagem e a suposta trama emocional entre conjuntos urbanizados e usuários, também abordou o tema da iluminação pública.

Gordon Cullen expressou preocupação com o impacto destes sistemas e suas modernizações, anotando a importância de considerar o desenho das peças em si e a instalação em relação aos contextos. Criticou instalações rígidas em cidades e vilas classificando-as como inescrupulosas e incompatíveis. Sendo assim, há três parâmetros traçados pelo autor com potencial de referenciar esta análise. O primeiro corresponde à desatenção com a unidade de escala, uma vez que os equipamentos instalados na Praia de Cima distorceram ainda mais a relação de escala entre os elementos que integram a paisagem. O autor sugere que a instalação deve acompanhar a escala do ambiente, para que a rede de iluminação não chame atenção por si só, mediante uma envergadura excessiva cujo resultado pode ser a miniaturização do que está a sua volta.

O segundo e terceiro parâmetros não atendido é a unidade cinética, que se ocupa das exigências relacionadas à posição e distribuição do sistema no ambiente de modo a não interferir severamente no contexto visual e, rigor, que correlaciona o design e os diferentes modos e estratégias de proporcionar iluminação às qualidades do elemento e ambiente alvo da iluminação. O resultado alcançado não traduz qualquer direcionamento neste sentido ou adaptação ao ambiente, uma vez que se estabeleceu a partir de equipamentos padronizados e dispostos na solução mais simples conhecida, lado a lado e em linha (26).

Além destes contrapontos é possível ainda considerar que o atual sistema, diante da alta potência:

  • suprime a ocorrência do breu e com isso hegemoniza a claridade artificial como elemento dominante da paisagem noturna;
  • reduz o efeito visual de entrelaçamento da praia com o entorno da paisagem noturna e seus elementos dominantes (por exemplo, a Serra do Tabuleiro como “moldura” da Praia de Baixo;
  • ameniza a incidência da luz de estrelas e da lua, e praticamente anula da paisagem da noite a participação de luz desta natureza.

c) destino turístico

Destinações turísticas cintilam no mapa de desejos sociais como territórios propícios ao relaxamento, fuga do cotidiano e fruições diversas. John Urry foi um dos pesquisadores que demonstrou a complexa relação que se estabelece entre práticas sociais típicas do turismo e determinadas localidades (27). O “olhar do turista” de Urry diz respeito a uma ampla categoria de análise que se ocupa de descrever historicamente desde a produção de significados cotidianos associados ao turismo até a transformação de espaços como resposta a tais projeções. Também descreveu a competição entre balneários ingleses ainda no século 19 em busca de atrações que lhes diferenciasse.

As atrações eram inicialmente naturais, a praia e seu entorno pouco ou nada habitado. Com o tempo necessidades decorrentes da estada passaram a demandar a instalação de equipamentos, serviços, instituições e programações específicas. Aqui e ali passam a surgir edificações para funções de suporte ao turismo, novos negócios, melhores acessos e o que se vê como resultado síntese é um processo multifacetado na apropriação do território. Este processo de expansão territorial do turismo foi também demonstrado por Jean Marie Miossec, ainda 1977 (28). Em seu ensaio chega-se a um ponto de “turismo total”, reflexo de apropriações irreversíveis das dinâmicas que definem o espaço.

Em determinado aspecto, a literatura técnica parece refletir este processo. Se as destinações foram configuradas mediante dinâmicas muitas vezes espontâneas, aleatórias, não muito claras, o tempo e principalmente os estudos dedicados a captar a estrutura desses novos territórios, legaram uma lógica conceitual que prioriza os elementos principais que compõem as destinações. Assim é comum observar destinos turísticos sendo caracterizados em relação à sua abrangência territorial (vila, bairro, cidade, região, outros) e, sobretudo, em sua constituição (atrativos, equipamentos e serviços, facilidades, marca, outros), com variações, é verdade (29), mas que pouco alteram a substância. Como o conceito regula um modo de compreender o que ele define, as destinações são prioritariamente interpretadas por aquilo que permite correlacionar entre disponibilidade efetiva e teor conceitual. É um modo de ver constitutivo, propício a um viés quantitativo.

Do ponto de vista mercadológico, em um rápido panorama, o tom competitivo entre destinações turísticas parece se subdividir em duas tendências mais claras. Para as grandes destinações, com maior capital instalado, apela – se para o jogo do “edifício mais alto”, ou seja, sucedem-se iniciativas diferenciadoras, derivadas de altos investimentos e ações de amplo espectro. Para as destinações de menor porte, e menor capital instalado, o apelo é para excitações de rotina, como os eventos, por exemplo, e as novidades pontuais, que costumeiramente retratam um claro processo de emulação do que se tem implantado nas concorrentes, o que inclui de obras físicas à reprodução de símbolos.

Multiplicados mundo afora os processos de intervenção que priorizam o território como destino turístico redesenharam as estratégias de entender, planejar e administrar cidades e demais territórios (30). Em geral procuram estimular novas experiências aos usuários e potencializar a imagem da destinação. Trata-se de um contexto em que a esfera política e a gestão pública se habituaram a discutir ações que priorizam não residentes.

Visto isso, embora a Pinheira figure geograficamente como destinação turística, sua exposição à lógica constitutiva (conceitual) e competitiva (mercado), tende a posicioná-la em um caminho arriscado. Considerando o turismo como um modo que determinados territórios possuem de se submeter ao olhar alheio e se relacionar com o mundo, avalia-se que a busca por notabilidade sem critérios e articulada em emulações reproduzem uma estratégia viciada e fatigante, cujos resultados mais evidentes são a marginalização de referências culturais, enfraquecimento de elementos com alguma originalidade e autenticidade, a ameaça do patrimônio ambiental e a reprodução de padrões e modismos no comércio, na arquitetura, relações, entre outros.

Sendo assim, avalia-se que no que se refere à Praia de Cima como destinação turística, a renovação do sistema de iluminação:

  • representa uma intervenção com influência negativa à imagem da Praia de Cima como uma praia “pequena e graciosa”, salvaguardada de acelerados e irrefreáveis processos de ocupação;
  • introduz um marco típico de qualquer outra destinação de orla de médio e grande porte submetida a intensos processos de urbanização turística;
  • estabelece um novo e confuso recurso à percepção ambiental e ao conteúdo simbólico do local;
  • agride laços emotivos e de pertencimento de fluxos turísticos fidelizados;
  • impregna o ambiente com elementos difusos e de baixa aderência identitária.

Considerações finais

Em pequenas vilas balneárias, situadas no entorno de unidades de conservação e submetidas a imperativos como o alto nível de restrições ambientais e de uso e ocupação do solo, ações aleatórias e descontextualizadas têm consequências potencialmente mais nocivas do que em cidades médias ou grandes, onde os ritmos são outros e os resultados se diluem mais facilmente. Este perfil de localidade aumenta a exigência da dimensão estratégica como referência de decisões. Além disso, curiosamente, a qualidade de vida ambiental e das dinâmicas do turismo, parece se guiar mais seguramente no terreno dos vetos do que no das intervenções.

Sem a sorte da população de 250 habitantes da vila de Surrein, região remota dos Alpes Suíços, que recentemente prescindiu da escuridão da noite e da luz das estrelas e aderiu à iluminação pública de suas ruas (31) a partir de um sistema inteligente de led (regulável conforme horário e uso), a Pinheira optou por um sistema com design padrão e alta potência.

Diante disso, oportuno frisar que intervenções com tal grau de influência requerem a contraposição de um pensamento ambiental ampliado, que considere em primeiro momento a necessidade de ensaios prospectivos. Mais do que recursos inteligentes e criativos, ensaios prospectivos têm caráter estratégico diante do espectro de consequências de determinadas interferências ambientais. Em destinações turísticas este tipo de ensaio favorece a operação de uma lógica de planejamento e gestão centrada na projeção de experiências desejáveis e compatíveis, ou seja, parte-se do que turistas podem vivenciar neste perfil e porte da localidade e daquilo que está no ritmo e/ou ao alcance do que está instalado. O desenho de cenários permite interpretar os resultados, correção de rotas e ajustes em soluções, sem contar as facilidades de comunicação para agendas decisórias participativas.

No caso da Pinheira, em meios aos diferentes cenários potenciais, um possível a trilhar seria o movimento slow (cities, travel, food, life). Ao mesmo tempo em que ilustra alternativas de contracorrente, favorece deliberações que priorizam vetos. Desse modo, estagnações pontuais e ponderadas passam a ser opção natural frente a determinadas obras e intervenções pretensamente modernizadoras.

Por fim, que a reflexão contida neste texto permaneça registrada como um alerta, pois numa intervenção mais sensível a praia de Cima da Pinheira poderia ter sido preservada como sítio em que o acesso às estrelas e ao céu fosse uma atração distinta para aqueles que ainda querem manter-se conectados com as belezas e mistérios da noite.

notas

1
RELPH, Edward. A paisagem urbana moderna. Lisboa, Edições 70, 1987.

2
Idem, ibidem, p. 22-25.

3
RAPOPORT, Amos. Aspectos humanos de la forma urbana: hacia uma confrontación de las Ciências Sociales com el diseño de la forma urbana. Barcelona, Gustavo Gili, 1978.

4
CHENEY, Sheldon. História da arte. São Paulo, Rideal, 1995.

5
MORIN, Edgar. Para além do Iluminismo. Famecos , v. 12, n. 26, Porto Alegre, PUC-RS, 2005 <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3299/2556>.

6
IBGE Cidades@. Disponível em: <www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php>. Acesso em 08/08/2016.

7
SEVERO, Christiane Marques. Pesca artesanal em Santa Catarina: evolução e diferenciação dos pescadores da Praia da Pinheira. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, UFRGS, 2008; MURIALDO, Myrna Swoboda. Subsídios para a implementação de um programa de gestão costeira integrada para a praia da Pinheira – município de Palhoça (SC). Dissertação de Mestrado. Florianópolis, UFSC, 1999.

8
Sinopse por Setores. Disponível em <www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores>. Acesso em 09/08/2016.

9
SEVERO, Christiane Marques. Op. cit., p. 68.

10
Idem, ibidem, p. 69.

11
Idem, ibidem, p. 70.

12
TEZZA, Cristovão. W. Rio Apa: As trilhas da utopia. Letras, n. 50, Curitiba, Editora da UFPR, 1998, p. 59.

13
PORTAL G1. Justiça manda morador desocupar caverna onde vive há 26 anos em SC. Florianópolis, G1 Santa Catarina, 22 abr. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2016/04/justica-manda-morador-desocupar-caverna-onde-vive-ha-26-anos-em-sc.html>. Acesso em 10/08/2016.

14
PORTAL DA ILHA. Orla da praia da Pinheira recebe iluminação moderna. Florianópolis, Portal da Ilha Comunicação Digital Ltda, 25 jan. 2016 Disponível em: <www.portaldailha.com.br/noticias/lernoticia.php?id=38105>. Acesso em 08/08/2016.

15
FLORIPA NEWS. Prefeitura inaugura moderna iluminação na Praia da Pinheira. Florianópolis, Floripa News, 04 fev. 2014. Disponível em <www.floripanews.com.br/noticia/2483-prefeitura-inaugura-moderna-iluminacao-na-praia-da-pinheira>. Acesso em 08/08/2016.

16
Portal da Ilha, op. cit. s/p.

17
COELHO NETTO, José Teixeira. A construção do sentido na arquitetura. São Paulo, Perspectiva, 2007.

18
AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas, Papirus, 1994.

19
ZAOUAL, Hassan. Do turismo de massa ao turismo situado: quais as transições? Caderno Virtual do Turismo, v. 8, n. 2, Rio de Janeiro, 2008. p. 1-14.

20
Idem, ibidem. 

21
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, n. 10, São Paulo, 1993, p. 9.

22
CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. Lisboa, Edições 70, 2008.

23
CORBIN, Alain. O território do vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo, Companhia das Letras, 1989.

24
CAUQUELIN, Anne. Op. cit., p. 27-76; URRY, John. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo, Nobel, 2001.

25
CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. Lisboa, Edições 70, 1971, p. 135.

26
Idem, ibidem, p. 146-152.

27
URRY, John. Op. cit.

28
MIOSSEC, Jean Marie. Un modele de l’espace touristique. L’Espace géographique, n. 1, Paris, 1977, p. 41-48.

29
COOPER, Chris; FLETCHER, John; WANHILL, Stephen; GILBERT, David; SHEPHERD, Rebecca. Turismo: princípios e práticas. Porto Alegre, Bookman, 2001; VALLS, Josep-Fransesc. Gestão integral de destinos turísticos sustentáveis. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2006.

30
PRADO, Roberto Goycoolea. Imaginarios turísticos y configuración del espacio. México em la Guia Verde. Revista de Filosofia A Parte Rei, n. 44, 2006.

31
PINHEIRO, Luís Bulcão. Luz nos Alpes. Povoado suíço troca estrelas por lâmpadas de led. Piauí, n. 120, São Paulo, set. 2016. Disponível em <http://piaui.folha.uol.com.br/materia/luz-nos-alpes>. Acesso em 07/09/2016.

sobre o autor

Marcelo Chemin, Doutor em Geografia (UFPR). Professor da Universidade Federal do Paraná. Atua nos cursos de graduação em Gestão Ambiental e Gestão de Turismo e mestrados em Turismo (PPGTUR) e Desenvolvimento Territorial Sustentável (PPGDTS).

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