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research

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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
Analisamos o uso e ocupação do solo do Bairro Cohab em Porto Velho/RO, relacionando a infraestrutura urbana, serviços urbanos a partir da sua evolução morfológica. O assentamento se expande agregando áreas adjacentes com diversos tipos de uso e ocupações.

english
We analyze the use and occupation of the land of Cohab neighborhood in Porto Velho/RO, relating the urban infrastructure, urban services from its morphological evolution. The settlement expands by aggregating adjacent areas with types of use and occupatio

español
Analizamos el uso y ocupación del suelo del Barrio Cohab en Porto Velho/RO, relacionando la infraestructura urbana, servicios urbanos por su evolución morfológica. El asentamiento se expande agregando áreas adyacentes con diversos tipos de uso y ocupacion


how to quote

ANDRADE, Roberto Carlos Oliveira de. Uso e ocupação do solo urbano. Uma análise sobre o bairro Cohab (Porto Velho RO). Arquitextos, São Paulo, ano 18, n. 216.03, Vitruvius, maio 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.216/6965>.

Ponto de ônibus da rua Pitanga, Porto Velho RO
Foto divulgação

A pesquisa teve por objetivo analisar o processo de uso e ocupação do solo do bairro Cohab (1), localizado na zona sul do município de Porto Velho (RO). A área foi objeto de uma reflexão socioespacial do lugar, a partir da investigação do seu contexto histórico, tendo em conta as etapas sequenciais de consolidação do espaço, a incluir: a. inauguração do conjunto habitacional, b. conversão em bairro; c. desenvolvimento no início da década de 1980 e d. contexto contemporâneo. 

Portanto, pretendeu-se explorar aspectos de infraestrutura urbana e serviços urbanos, de modo a identificar as necessidades diacrônicas da comunidade. De acordo com o Plano Diretor do Município de Porto Velho, o bairro Cohab situa-se no Setor 25 na zona sul deste Município, no qual está localizado a capital do Estado de Rondônia, situado na Região Amazônica, sendo delimitado pelo bairro Eldorado e Nova Floresta ao norte, Avenida Jatuarana a Oeste, Avenida Pau Ferro a Leste e Rua Algodoeiro ao Sul.

Com aprovação do Plano Diretor (2) vigente, o bairro passa configurar não só o conjunto de casas populares, mas, agregam-se áreas adjacentes de vizinhanças ao conjunto habitacional, consolidando o uso residencial predominante e ocupações de comércios e serviços no eixo principal que delimita o bairro, somando-se numa área ainda maior.

Esse crescimento dinâmico faz o espaço social - que antes era dominado por residências populares -, a tornar uma contingência de outros usos, implicando a reprodução de capital. Isto é, a necessidade humana em consumir produtos e serviços fez da relação espaço e sociedade, transformações econômicas e sociais significativas implicando outros usos e ocupações no lugar.

Todavia, analisamos os subsistemas de infraestrutura urbana e os serviços urbanos implantados no bairro, de forma a apontar quantativamente os fatores positivos e negativos na comunidade. O trabalho está divido em três seções, a saber: 1. referências históricas e teóricas; 2. metodologia e 3. análise dos resultados. Estas etapas fazem parte da estruturação do trabalho, onde buscamos informações e dados históricos do lugar, bem como as teorias que subsidiaram a fundamentação da pesquisa. O processo metodológico com auxílio da ciência estatística direcionou as diretrizes para alcançar resultados empíricos. Com os resultados tabelados em forma de gráficos, prosseguimos as análises entre os dados encontrados e, por conseguinte, os representamos espacialmente em forma de mapa.

Contexto histórico

No início da década de 1980, mais precisamente em abril de 1983, foi criada a Companhia de Habitação Popular de Rondônia – Cohab-RO. Naquele período se promoveu as primeiras construções das casas populares no Estado de Rondônia - que na ocasião -, faziam parte das metas governamentais denominadas: Habitação para todos (3). No auge de seu funcionamento em 1984, houve a inauguração da primeira etapa com habitações de 37,10m² de área construída, distribuídos em uma sala de estar/jantar, dois dormitórios, um banheiro social e uma cozinha e lotes a partir de 250m², completando assim um ciclo e iniciando novas conquistas na área social.

Moradia popular, 1988
Cláudio Pereira Santos

Habitação construída na década de 80
Imagem divulgação

Com área de 1.907,93 km², o bairro Cohab está situado na zona sul do município de Porto Velho no Estado de Rondônia. Sendo delimitado, pela Rua Anari ao Norte, Avenida Jatuarana e Rua Miguel Calmon à Oeste, Rua Pau Ferro ao Leste e Rua 18 de Janeiro, ao Sul. O que antes se resumia apenas a um conjunto habitacional constituído por casas populares no início da década de 1980 se expandiu morfologicamente na zona sul da cidade. E, com a nova configuração espacial do município de Porto Velho (4) o bairro Cohab que ora foi iniciado com objetivo de políticas públicas a fim de atender o déficit habitacional das décadas de 1980 e 1990, passa a constituir além de nova configuração, diversos usos e ocupações tanto interno quanto externamente (nos limites) do bairro.

Área urbana de Porto Velho/RO, Brasil
Imagem divulgação

Área do bairro Cohab
Prefeitura Municipal de Porto Velho. Adaptado pelo autor, fevereiro de 2018

Referências teóricas

No início da década de 1980, foram construídas casas populares para classe social de baixa renda, justamente para atender àqueles que necessitavam de uma habitação referindo-se não apenas à moradia no sentido construtivo, mas à organização e estruturação socioespacial num determinado lugar na capital do Estado de Rondônia.

Neste período, o processo de implantação de um assentamento urbano por meio de um conjunto habitacional, na região sul do município de Porto Velho (RO), expressava com muita propriedade a abordagem socioespacial no que diz respeito às classes sociais e à configuração do tecido urbano, isto é, “Esse processo de descentralização, originava um novo sub centro comercial interurbano, ao mesmo tempo em que surgem novos bairros, fortemente segregados” (5).

Para Lefebvre o bairro só não pode ser pensado de forma isolada, pois é parte de um todo urbano, sem o qual não poderia existir (6). Portanto, o bairro Cohab surge a partir da expansão urbana da cidade enquanto realidade concreta, e, só pode ser entendido a partir da história e da evolução e consolidação morfológica determinante do lugar. Logo, o surgimento de uma nova configuração urbana se desenvolve conforme parâmetros econômicos, político e idealista, conforme defende Holanda, influenciado diretamente pelo poder do Estado (7). Este complexo conjunto é, em realidade, a organização espacial da cidade ou, simplesmente, o espaço urbano (8) segundo Corrêa.

O lugar, neste caso o bairro, pode ser considerado uma manifestação espacial da implementação edílicia da arquitetura, isto é, a construção das unidades individualizadas propriamente dita. Construção descrita como Lúcio Costa, concebida com o propósito de organizar e ordenar espaços e volumes em função de uma determina época, de um determinado meio, de uma determinada técnica (9), promovendo ambientes para abrigar diversos tipos de atividades humanas, e da natureza pelo homem, que é inseparável da transformação da sociedade no tempo e no espaço (10), enfim, pode ser entendido como pontos de concentração de condições gerais como aponta Limonad.

A conexão entre estrutura, processo, função e rede urbana, enquanto conjunto que determinam a forma-espaço na arquitetura, referente não apenas ao que havia sido construído anteriormente, mas também ao agora através de suas heranças culturais e políticas, constituindo a relação entre o segregado e a cidade, podemos considerar que:

“O espaço se define como conjuntos de formas representativas de relações sociais do passado e do presente, que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que manifestam através de processos e funções. Contudo, o espaço é um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual. Daí porque a evolução espacial não se faz de forma idêntica em todos os lugares” (11).

A velocidade em que se constitui um assentamento urbano não deve ser atribuída à complexidade inerente aos fenômenos que o envolvem, mas, as determinações pertinentes relacionadas ao sistema como o todo e como essa contextualização política, econômica e social se relaciona na trama do sítio natural. Isto é, as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo mais amplo e, em consequência disso, a relação entre as partes concentram-se não em blocos de construção básicos, mas em princípios de organização básicos (12).

Metodologia

Tratando-se de uma quantidade considerada de habitações e apenas o autor para executar todo levantamento, fez-se necessário pensar uma metodologia que pudesse ser dinâmica e dar vigor e robustez aos resultados simultaneamente e, diante essa realidade e a limitação de habilidades à softwares, o método foi composto por três etapas, sendo: a) revisão bibliográfica e histórica; b) digitalização do mapa do bairro através de um software (AutoCad) e a organização dos dados em forma de planilhas e gráficos por meio do Office Excel; e c) aplicação de questionário aleatório envolvendo questões abertas e fechadas para uma amostra de 280 (duzentas e oitenta) unidades habitacionais, tendo como objetivo, analisar o perfil socioeconômico, a infraestrutura local e principalmente, qual a ideia da população sobre o bairro em que reside?

Após o levantamento histórico e digitalização computacional da área, desenvolveu-se a leitura comunitária a partir da elaboração de questionários dirigidos às unidades habitacionais (sorteadas) do bairro. Para isto, o processo estatístico (13) contabilizou um universo estudado de 2.045 unidades habitacionais, 72 quadras residenciais e oito quadras distribuídas entre lazer, segurança, educação e afins. As medidas estatísticas de análise tiveram uma média tem 27 unidades habitacionais por quadra e um desvio padrão de 14,5 unidades habitacionais por quadra. Para este cálculo, utilizou-se a fórmula estatística para quantificar o número de unidades habitacionais da amostra.

Onde:

Z = É o valor da tabela de distribuição normal com 95% de confiança (zα/2=1,96);
σ = É o desvio padrão das unidades habitacionais (14,5);
N = É o tamanho da população estudada, ou seja, o total de unidades habitacionais (2045);

e = É o erro de contagem, ou seja, 10% da média (2,8).

N 2045
Média 27,62162162
Desvio padrão 21,4439097
Erro 2,762162162
Numerador 1661118,578
Denominador 6458,142383
N 257,2130622

Amostra dos resultados da amostragem estatística

Depois do emprego da fórmula, o tamanho da amostra foi de 257 (duzentos e cinqüenta e sete) unidades habitacionais a serem escolhidas aleatoriamente, resultando em média de 28 (vinte e oito) unidades habitacionais por quadra.

Desse modo, aplicamos na forma de amostragem aleatória, um questionário semiaberto com vinte e oito questões a um responsável de cada unidade habitacional sorteada. A partir daí, realizamos entrevistas abertas relacionadas com perguntas do questionário, procurando compreender a forma como os moradores do bairro apreendiam as vantagens e as desvantagens do ambiente urbano em que residem. Os resultados possibilitaram analisar precisamente o uso e ocupação do solo bem como os serviços urbanos e a infraestrutura urbana que a população tem a usufruir no bairro em que vivem (parcialmente e/ou integralmente). Isto é, o absorvimento categórico desse levantamento previu a utilização, basicamente, de quatro tipos de indicadores, que são: densidade demográfica; renda; infraestrutura urbana e serviços urbanos.

Por fim, através do auxílio ferramental do Software Surf, fizemos um cruzamento de dados entre os dados obtidos pelo questionário com o mapa do lugar de forma a facilitar a visualização dos resultados no tecido urbano do bairro, buscando assim, uma técnica que proporcionasse maior visibilidade dos resultados encontrados em relação à configuração espacial investigada.

Análise dos resultados

Infraestrutura

Verifica-se que o bairro Cohab apresenta distribuição populacional concentrada nas áreas ao norte e ao oeste, ambas tangenciadas pela Avenida Jatuarana e Rua Miguel Calmon, respectivamente. A análise aponta que, uma das áreas com maior concentração populacional, está localizada à margem do Igarapé Gurgel que iniciam a margem de uma via pública (Av. Jatuarana) e finaliza a beira do igarapé. Esses lotes são ocupações ilegais que, caracterizam a cultura de assentamento em áreas proibidas como ocorre em linhas férreas, leito de rios, linhas de transmissão etc., implicando edificações de estruturas vulneráveis.

Representação espacial da densidade demográfica
Imagem divulgação

Considerando o indicador de renda - o valor do Salário Mínimo (S.M.) em 2010, de R$ 510,00, foram construídas doze classes de valores. A pesquisa mostra que a faixa de quatro a oito moradores por unidades habitacionais encontra-se nas áreas de invasão ou em áreas ilegais corroborando com o perfil sócio econômico de 1 a 4 (S.M). Porém, verifica-se que a menor concentração de renda se localiza em regiões espalhadas e, a maior, em pequenos aglomerados distribuídos na região central do bairro. Isso, leva-nos a entender que, as primeiras habitações do bairro - do início da década de 1980 -, são as que mais concentram renda quando relaciona a moradias mais recentes.

Renda familiar
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Representação espacial da renda
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O abastecimento de água no bairro Cohab tem predominância em 64% das unidades habitacionais entrevistadas. Para compreender melhor a espacialização, se fez necessário enumerar índices numéricos para diferenciar os tipos de abastecimento de água no bairro, ou seja, enumeramos: 1) para abastecimento de água através de poço “amazônico” tipo cacimba, 2) para poço artesiano e semi artesiano e 3) para água encanada (Caerd) (14).

De acordo com a representação espacial, fica evidenciado que a realidade do bairro não é muito diferente dos registros apontados pelo censo demográfico (15). A região sul em dois pontos e a leste, tem aglomerados que são abastecidos por poços “amazônicos” do tipo cacimba, isto é, mesmo com rede de abastecimento de água, ainda há domicílios sendo abastecidos através de poços semi artesianos e artesianos e poços “amazônicos” do tipo cacimba com 4%, 7% e 25%, respectivamente.

Abastecimento de água por residência
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Para quantificar os diferentes níveis de coleta de esgoto, fez necessário gerar três indicadores: 1. para fossa séptica, 2. para fossa séptica com sumidouro e 3. para outros (rede pública). Eles representam as variáveis rela­cionadas ao indicador que foram passíveis de observação no campo de estudo. Contudo, a ausência de serviços de saneamento tem resultado em precárias condições de saúde de uma parte significativa da população (16) brasileira, com a incidência de doenças, destacando-se as de veiculação hídrica, tais como diarreias, hepatite, cólera, parasitoses intestinais, febre tifoide, entre outras.

Representação espacial do abastecimento de água
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A pesquisa mostrou que 57% dos domicílios têm sua coleta de esgoto através de fossa séptica e, o registro é intrigante quando os dados são cruzados com a variável de abastecimento de água no bairro, pois, ao tempo que o bairro tem água tratada falta a drenagem do esgoto sanitário – o que poderia ter sido executado simultaneamente. Fica evidente que pequena parte da região norte e grande parte da região sul e leste do bairro apresentam habitações com fossa sépticas com sumidouros e com tendência a outros tipos (17). Com a ocupação posteriori ao conjunto habitacional, onde essas mesmas regiões - embora abastecidas com água encanada -, tem uma parte que é atendida por poços “amazônicos” e/ou artesianos o que compromete o estado de saúde de seus moradores como aponta a 23º CBESA.

Rede coletora de esgoto
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A disseminação de fossas domésticas no bairro passa de 50% dos domicílios investigados, e este procedimento inadequado promove a contaminação das águas subterrâneas. Segundo Campos, o solo urbano apresenta camada argilosa com mais de 10 metros de espessura, em algumas regiões da cidade [...] as precárias e ineficientes perfurações de poços fazem com que o solo tenha uma vulnerabilidade natural baixa, e consequentemente se tornem potenciais vetores de contaminação (18).

Representação espacial da rede de esgoto
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Serviços urbanos

Os serviços urbanos investigados são os que atendem a população nas necessidades cotidianas e garantem em certo grau na qualidade de vida. Por uma razão sintética em não intensificar o trabalho com todos os serviços investigados, procuramos considerar os mais convenientes à população e exploraremos apenas três do total de cinco, a saber: a. rede de saúde; b. rede de ensino e c. transporte coletivo público.

Rede de saúde

O acesso dos moradores do bairro Cohab referente ao serviço público de saúde, analisando com isso os condicionantes geográficos e socioeconômicos, e a própria qualidade do serviço prestado. A pesquisa registra numericamente o acesso da comunidade ao serviço público de saúde e, constatamos que as especificidades médicas disponíveis na UBS (19) do bairro são compatíveis quando comparado ao nível municipal (20).

Serviço de saúde: geriatria
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O comportamento da comunidade e sua interação com os equipamentos de saúde puderam ser avaliados através da pesquisa de amostragem com níveis de satisfação, entre péssimo, regular, bom, ótimo e excelente, que representava péssimo como resultado muito insatisfeito e excelente como muito satisfeito. Diante aspecto qualitativo e entre as variáveis (21), veem-se a geriatria e vacinação as especialidades como maior grau de aprovação, ou seja, os serviços são apontados com 41% e 55% satisfatoriamente bom, respectivamente.

Serviço de saúde: vacinação
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Compreendendo a questão. Enumeramos as variáveis entre zero a cinco, onde zero consideramos os domicílios que não frequentam e/ou nunca frequentaram a UBS e 5 aos frequentadores assíduos à unidade de saúde do bairro. Contudo, os dados apontam que 58% dos domicílios por raras vezes utiliza-se desse tipo de serviço e 32% não ou nunca frequentou e, 9 % usam pelo menos uma vez por mês.

Uso e frequência do posto de saúde
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Efetuando o cruzamento de dados percebemos que a mesma população que usa e frequenta os serviços básicos de saúde, mesmo que raramente, são os domicílios com menor poder econômico, assentadas em desacordo com legislação e com uma densidade demográfica elevada. Conforme a representação espacial, a população que mais frequenta a UBS está localizada em alguns aglomerados espalhados no bairro, mas o ponto mais evidenciado está na região central e outros diversos na região sul, próximo do Igarapé do Gurgel e lotes posteriores a construção do conjunto habitacional, respectivamente. São domicílios com densidade demográfica mais elevada e com renda entre dois a quatro salários mínimos, isto talvez comprove parcialmente as razões necessárias desta constante frequência.

Representação espacial do serviço de saúde
Imagem divulgação

Rede de ensino

De acordo com o levantamento educacional foram constatados dois níveis de ensino: 1. ensino infantil e 2. ensino fundamental.

O ensino infantil está localizado na Rua Camomila, entre as ruas Abóbora e São Miguel, no setor centro - leste do bairro. Esta creche é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação – Semed Porto Velho (RO) e tem denominação como creche Moranguinho.

Como ensino fundamental, temos a Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquim Vicente Rondon, que está localizada na Rua Garopaba, entre a Avenida Jatuarana e Rua Angico, no setor oeste do bairro, sob administração da Secretaria Municipal de Educação – Semed. E a escola e Jorge Vicente Salazar, que está localizada na Rua Jerônimo Santana com a Rua Algodoeiro, na região sul do bairro, sob administração da Secretaria Estadual de Educação – Seduc.

Diante os níveis de ensino público no bairro, vale ressaltar que parte dos alunos que completam o ensino fundamental das escolas citadas anteriormente, alguns migram para a escola João Bento da Costa e/ou para a Escola Eduardo Lima e Silva, ambas de responsabilidade da Seduc. Mesmo fora da limitação do bairro, essas escolas são as que recebem alunos das escolas fundamentais do bairro e região sul da cidade.

Na intenção de investigar como os moradores do bairro se relacionam com os serviços educacionais, foram abordadas questões voltadas ao uso desses serviços, por razão sintética, exploraremos apenas duas, a saber: 1. grau de escolaridade e 2. se estudam na rede pública de ensino no bairro.

Grau de escolaridade
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Quanto ao grau de escolaridade verificamos que 1% da comunidade investigada não estudou, outros 4% tem especialização, sendo 1% para especialização tipo Script Sensu e, 3% para especialização tipo Latu Sensu,. Verificamos que o 16% da população tem o ensino superior incompleto e, 7% com o curso superior completo. Documentamos ainda, que mesmo não tendo escola de ensino médio disponível dentro da limitação do bairro, a maior parte dos estudantes encontra-se no ensino médio com 44% e, com 24% são estudantes que integral o ensino fundamental.

Filhos que estudam no bairro
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A pesquisa aponta que apenas 23% dos filhos estudam na escola do bairro e, 77% não usufruem desses serviços educacionais no bairro.

Período que estudam no bairro
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O bairro sofre com uma carência no que diz respeito à rede de ensino necessitando mais precisamente de vagas destinada ao ensino médio. A pesquisa comprova que havendo estrutura (vagas) para estudantes do bairro, esses certamente estudariam mais próximo de seus lares. Essa afirmação condiz com as respostas quando perguntado sobre o tempo que os estudantes usufruem desses serviços no bairro. Contudo, podemos analisar que a quantidade dos alunos vem aumentando desde 2007. Porém, os estudantes do ensino médio, nível educacional predominante com 44% da sua população são levados a buscar escolas fora dos eixos perimetrais do bairro.

Transporte coletivo público

O bairro é servido de transporte coletivo público e foram constatadas oito linhas regulares, todas com percurso sobre a Avenida Jatuarana, sentido zona norte e/ou zona oeste da cidade. Dessas oito linhas regulares, apenas uma percorre o interior do bairro Cohab, que é a linha Cohab.

Mobiliário urbano
Foto divulgação

Nas vias inerentes ao percurso do transporte coletivo no bairro, identificamos apenas seis abrigos para embarque e desembarque de passageiros, cobertos e compostos de assentos, sendo todos localizados na Avenida Jatuarana. São eles: a) no trecho rua três e meio à Rua Anarí, sentido zona norte da cidade, encontramos: um em frente à escola Joaquim Vicente Rondon, um em frente ao Caerd e, um em frente à igreja evangélica.

Mobiliário urbano
Foto divulgação

Os demais pontos de parada para embarque e desembarque de passageiros no interior do bairro são identificados por uma placa, em alguns casos instalados no poste de luz e/ou por uma estrutura construída por particulares em meio ao passeio público.

Ponto de ônibus da rua Abóbora
Foto divulgação

Embora no bairro sejam ofertadas por oito linhas de ônibus, foram detectadas, através da leitura comunitária, que o transporte coletivo urbano ainda gera insatisfação ao morador do bairro, tanto na qualidade dos serviços quanto na infraestrutura dos pontos de ônibus.

Uso do transporte público
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Analisando este serviço, percebemos que pouco mais de 50% dos moradores são usuários do transporte público e seus deslocamentos, quando executado é ou são para o comércio, trabalho, lazer, família, escolas faculdades, proporcionalmente (22).

O transporte público atende a necessidade?
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Muito embora, a maior parte das linhas trafeguem apenas pela Avenida Jatuarana, isto é, mais de 900 metros do morador do setor oeste do bairro geometricamente, os usuários se dão por satisfeitos, quando perguntados sobre o serviço oferecido ao bairro. Satisfação essa, talvez por parte da linha Cohab, que percorre todo seu interior, quase no eixo central da área, no sentido leste – oeste do bairro. Porém, os pontos de abrigos de embarque e desembarque de passageiros, praticamente são inexistentes. Quando existem, estão em estados precários e quando não existe, são improvisados por particulares e/ou pelos próprios usuários do transporte coletivo público do bairro.

Pontos de ônibus
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Conclusões

A interdisciplinaridade (23) entre os campos de conhecimento permite identificar e enxergar outros olhares sobre o espaço investigado, mesmo quando se faz sobre um mesmo tecido urbano, uma mesma área, uma mesma configuração espacial. A espacialização dos dados em forma de mapas favoreceu certas interpretações que técnicas tradicionais de pesquisa com aspectos indutivos e ou dedutivos, por exemplo, tendem a ter dificuldade de representar.

Com esse mecanismo, constatamos que os subsistemas de infraestrutura investigado possuem índices positivos no que diz respeito ao abastecimento de água, porém, se faz necessário a manutenção ou providências para esgoto sanitário. Verificou-se que a maioria dos serviços urbanos explorados neste trabalho como rede de saúde, rede de ensino e transporte público, atendem o mínimo necessário (24), porém, os serviços de saúde e transporte público são apontados como os mais deficitários, necessitando de uma reformulação por não cumprirem com sua função social satisfatoriamente.

Além do mais, o uso misto das edificações entre residência, comércio e serviços, tende a ser um garantidor de qualidade, em oposição aos espaços zoneados modernos, como Brasília (DF). Percebemos que na falta de alternativas viárias, os moradores do bairro ficam “ilhados” e/ou isolados quanto ao acesso às demais zonas urbanas da cidade, gerando deficiência urbana, como congestionamento e pouca fluidez no trânsito, ou seja, a hierarquização viária não atende a realidade contemporânea e a quantidade de veículos coletivos é considerada relativamente insuficiente para a demanda.

Em resposta ao questionamento do trabalho, o estudo diz que as condições da infraestrutura urbana e serviços urbanos encontram-se nos mais diferentes estágios de evolução e, em quantidade reduzida para demanda da comunidade, no que se refere ao transporte e ao ensino público.

Logo, a relação entre unidade habitacional, o conjunto das quadras – entendida aqui, a configuração como um todo -, quando correlacionados à infraestrutura e aos serviços urbanos do bairro, proporcionaram uma leitura socioespacial da forma e do espaço através do dinâmico processo de urbanização. Implicou ainda, uma compreensão ampliada do quanto a arquitetura e urbanismo pode contribuir com o tema em questão ou ser beneficiada com esta pesquisa.

notas

1
ANDRADE, Roberto C. Oliveira de. Uso e ocupação do solo: uma análise sobre o bairro Cohab.  Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fundação Universidade Federal de Rondônia, 2012, Porto Velho, p. 96.

2
PORTO VELHO, Prefeitura Municipal. Plano Diretor de Porto Velho: Lei Complementar nº 311, de 30 de junho de 2008.

3
CRUZ, Waldilson. Palavra do presidente. Habitação. Porto Velho, 1985, p. 1.

4
PORTO VELHO, Prefeitura Municipal. Plano Diretor de Porto Velho: Lei Complementar nº 311, de 30 de junho de 2008.

5
CORRÊA, Roberto Lobato. A rede urbana. São Paulo,  Ática, 1989, p. 37.

6
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo, Documentos, 1969, p. 52.

7
HOLANDA, Frederico de. 10 mandamentos da arquitetura. Brasília, FRBH, 2014.

8
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo, Ática, 1989, p. 7.

9
COSTA, Lúcio. Arquitetura. Rio de Janeiro, José Olympio Ltda, 1962, p. 22.

10
LIMONAD, ESTER. Os lugares da Urbanização: O caso no interior fluminense. Tese de Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996, p. 28.

11
SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo, Hucitec-Edusp, 1978, p. 122. Grifo dos autores.

12
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo, Pensamento-Cultrix, 2003, p. 41.

13
O procedimento estatístico foi orientado pelo Professor Dr. Gilson Medeiros e Silva do Curso de Ciências Contábeis da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, bem como o auxílio da aplicação e interpretação da fórmula estatística.

14
CAERD – Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia.

15
Censo demográfico IBGE 2000.

16
ANDRADE, Roberto C. Oliveira de. Op. cit.

17
Entender rede pública como distribuir em diversos meios aleatoriamente.

18
CAMPOS, C.V & MORAIS, P. R. C. Morfologia dos aqüíferos da área urbana de Porto Velho (RO). Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Belo Horizonte, 1999.

19
Unidade básica de saúde – UBS.

20
Na dissertação de mestrado do autor, encontra-se a relação do diagnóstico local do município de Porto Velho de 2008 com o bairro. ANDRADE, Roberto C. Oliveira de. Op. cit.

21
Entendida como diferentes especialidades como: pronto atendimento, pediatria, ginecologia, clínica geral, vacinação e geriatria.

22
Dados referentes aos deslocamentos dos usuários, ver na dissertação de mestrado do autor.

23
A interdisciplinaridade é entendida aqui pelas ciências envolvidas neste trabalho que foram a Arquitetura e Urbanismo, a Geografia e Ciências Contábeis.

24
Entender rede pública como distribuir em diversos meios aleatoriamente.

sobre o autor

Roberto Carlos Oliveira de Andrade possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (2004) e mestrado em Geografia pela Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR (2012). Atualmente é professor colaborador na Fundação Universidade Federal de Rondônia no curso de Engenharia Civil. 

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