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drops ISSN 2175-6716

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Artigo de Guilherme Mazza Dourado trata da vida e obra do paisagista Luiz Portugal, falecido prematuramente no dia 3 de julho de 2014.

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DOURADO, Guilherme Mazza. Homenagem a Luiz Portugal. Drops, São Paulo, ano 15, n. 082.01, Vitruvius, jul. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.082/5214>.


Parque do Povo, São Paulo. Detalhamento de paisagismo de Luiz Portugal e equipe
Foto Rudge [wikimedia commons]


A comunidade paisagística paulista entristeceu com a inesperada partida de Luiz Portugal Albuquerque (1956-2014), na madrugada de 3 de julho de 2014, derrubado em pleno vigor criativo por uma embolia pulmonar associada a um ataque cardíaco.

Formado arquiteto pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em 1981, Portugal lançou-se à carreira-solo de paisagismo em 1984, abrindo seu próprio escritório, após dois anos de trabalho com Rosa Grena Kliass. Paralelamente à consolidação de seu pequeno ateliê de projetos que completaria três décadas de atividade neste ano, ele buscou alargar e diversificar suas perspectivas de atuação no decorrer do tempo, com a criação de uma nova sociedade com Maria Cecília Barbieri Gorski, entre 1985 e 1989; com a associação a Annamaria Cavallari, no Atelier de Paisagismo, de 1990 a 1994; com o trabalho de assessor da Diretoria de Obras e Serviços da FDE, entre 1997 e 2001; como chefe da Divisão Técnica da 9ª Superintendência Regional do Iphan, de 1998 a 2001; com uma intensa participação nos quadros administrativos da Abap em prol da valorização e do aprimoramento da profissão no Brasil.

Nome destacado de sua geração, Luiz Portugal foi autor de uma respeitável folha de serviços, que se estende por mais de duas centenas de projetos paisagísticos com diferentes escalas e complexidades. Seu trabalho materializou-se em belos espaços em âmbitos tão distintos quanto o residencial, o público, o institucional e o comercial – caso do sítio de veraneio em Porto Feliz; dos espaços de ingresso do edifício Nações Unidas, da proposta para o Sesc Avenida Paulista, da praça Amadeu Amaral, do detalhamento do Parque do Povo, todos em São Paulo; do paisagismo de várias unidades do Sesi e do Senai, pelo interior paulista; e outros exemplos.

De personalidade avessa à ribalta, ele cultivava a simplicidade como traço de comportamento profissional e pessoal. Tinha sangue de arquiteto nas veias. Embora muito prezasse suas origens, não fazia alarde sobre o fato de pertencer a dois dos mais notáveis clãs de engenheiros, arquitetos e paisagistas, cuja história se confunde com a própria construção da São Paulo moderna – as famílias Portugal e Albuquerque. Entre seus ilustres antepassados, figura o avô materno Heitor Portugal, engenheiro civil e proprietário de uma das maiores construtoras da capital paulista e do país entre os anos 1920 e 1960. Trata-se da Sociedade Comercial e Construtora, responsável pela execução de diversos cartões postais com a importância do viaduto do Chá; do prédio do Mappin; da sede do Jóquei Clube; da Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi; da sede do Itaú, da av. Paulista, de Rino Levi e equipe; e extensa lista de realizações. Frederico Guilherme de Albuquerque é seu bisavô paterno, uma das autoridades do paisagismo, da horticultura e do comércio vegetal brasileiros da segunda metade do século 19, que foi pai de Alexandre Albuquerque. Avô paterno de Luiz, Alexandre notabilizou-se como engenheiro-arquiteto, professor e chefe da biblioteca da Escola Politécnica, autor e construtor de vários marcos arquitetônicos na região central de São Paulo – caso do edifício Glória, da sede da Caixa Econômica Federal, da Catedral da Sé, entre outros.

Nesse ambiente familiar em que fervilhavam encontros e conversas de pais, avós, tios e primos atuantes na arquitetura, engenharia, construção e paisagismo, e que contava com sofisticadas bibliotecas especializadas, Luiz tomou gosto pelas plantas ornamentais e pelos espaços ajardinados. Quando garoto, recordava-se de passear com Heitor Portugal em meio à coleção de palmeiras raras dele, nos exteriores da casa à rua Groelândia, e de ter nesse avô uma das primeiras referências inspiradoras de seu futuro rumo profissional. Amador de jardins e colecionador de vegetação ornamental, Heitor interessava-se especialmente por palmeiras, buscando adquirir ou trocar sementes e mudas com nomes referenciais da cultura botânica brasileira, como Hermes Moreira de Sousa, do Instituto Agronômico de Campinas. Essas e outras experiências foram decisivas para que Luiz, mais tarde, abraçasse e trilhasse intensamente a carreira de paisagista, enriquecendo o histórico familiar de importantes serviços prestados à sociedade e à cultura.

As qualidades do profissional eram indissociáveis das virtudes do ser humano. Possuidor de um temperamento dinâmico, comunicativo, alegre e otimista, era mestre em construir amizades duradoras, de aproximar as pessoas ao seu redor, de animar discretamente qualquer ambiente onde estivesse. De fato, era uma criatura especial que imprimia beleza em tudo o que fazia – do trabalho às relações pessoais. Sua ausência prematura abriu um triste vazio. No entanto, conforta reconhecer a intensidade de seu legado em obras paisagísticas, trabalhos de assistência social e exemplo de vida.

nota

NA – Missa de sétimo dia em sua memória acontece no dia 10 de julho de 2014, às 12h, na Igreja de São José, rua Dinamarca, n. 32.

sobre o autor

Guilherme Mazza Dourado é arquiteto, historiador de paisagismo e autor do livro Modernidade verde – jardins de Burle Marx (Edusp/Senac São Paulo, 2009).

 

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