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drops ISSN 2175-6716

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Lincoln Paiva, ativista social, conta como conversou com o prefeito de São Paulo sobre os valores que devem imperar no uso e controle dos espaços públicos das cidades.

how to quote

PAIVA, Lincoln. Eu, Haddad e a cidade de São Paulo. Drops, São Paulo, ano 17, n. 114.05, Vitruvius, mar. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.114/6479>.


Avenida Paulista e vão livre do Museu de Arte de São Paulo – Masp
Foto Abilio Guerra


Eu havia mandado um e-mail para o gabinete do prefeito, perguntando se ele poderia me receber por vinte minutos para eu que eu pudesse falar sobre a importância do espaço público na cidade. Alguns dias depois recebo um telefonema:

– Lincoln Paiva? Sim... Aqui é o Fernando –; paro alguns segundos para pensar (Fernando? Fernando???), e ele completa: – Fernando Haddad, recebi seu email, estou te ligando para marcar essa reunião que você pediu –. Fiquei pensando... O próprio prefeito de São Paulo me liga para marcar uma reunião? Isso foi inédito na minha vida.

Então chegou o dia. Fiz uma apresentação baseada no Trabalho de Elinor Ostrom, prêmio Nobel de Economia em 2009, de como o espaço público poderia ser tratado como um bem comum, não se pode impedir as pessoas de usá-lo. Ocorre que a tendência das pessoas é usar o bem público como um bem privado, de forma que quando uma pessoa usa, vai deixar sempre menos para os outros ou impedir que as pessoas usem de forma coletiva. Sabemos da microeconomia, que a teoria econômica prevê que os indivíduos racionais acabam fazendo o uso excessivo desses recursos, tais como privatizar o espaço público.

Elinor pesquisou sobre o “autogoverno”, que muitas vezes funciona bem. Esta seria uma terceira abordagem para resolver o problema dos bens comuns: o desenvolvimento de instituições cooperativas duráveis, organizadas e regidas pelos próprios usuários de recursos. O gerenciamento dos recursos para o espaço público deveria ser feito pelas pessoas e não pela gestão pública que usa como moeda política. Seria preciso se livrar destas amarras e estabelecer uma nova forma de administração regional de espaços públicos, onde as pessoas pudessem sentir que elas é que são donas destes espaços e que estes são um bem coletivo.

De qualquer forma deixei o meu recado para o prefeito que mais fez pelo espaço público da cidade. Ele escutou em silêncio, fez duas três perguntas, assimilou.

Agora como convencer o atual prefeito que o caminho da privatização de espaços comuns é um caminho sem volta? Que vai separar as pessoas da cidade? Que as pessoas é que devem gerir os recursos para bens comuns? Nunca estivemos tão longe da nossa própria cidade.

sobre o autor

Lincoln Paiva é autor do blog Mobilidade Sustentável, membro da SLoCat (Sustainable Low Carbon Transport), coordenada pelo Departamento desenvolvimento socioeconômico da ONU. É também membro da Cities-for-Mobility, rede mundial de mobilidade urbana coordenada pela Cidade de Stuttgart, e do GT de Meio Ambiente e Mobilidade do Movimento Nossa São Paulo. É sócio-diretor do escritório de Consultoria de Mobilidade Sustentável Green Mobility e idealizador do Projeto MelhorAr de Mobilidade Sustentável. É mestrando do programa de pós-graduação da FAU Mackenzie.

 

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114.05 espaço público
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